Unihipili e suas Funções

 

Índice:

 

Ação dos Arquétipos Sombra, Anima e Animus no Unihipili e Uhane

Conceitos básicos formados pelas raízes da palavra unihipili.

Funções, motivação e mecanismos de ação do unihipili (uhinipili) ou Ku:

Memórias e seus mecanismos de ação

 

Introdução[1]

 

Ação dos Arquétipos Sombra, Anima e Animus[2] no Unihipili e Uhane

 

O ser humano para atingir seu estado de individuação (compreensão de si mesmo, auto-realização) necessita harmonizar seus dois arquétipos individuais: Sombra e Anima (condição feminina) no homem, assim como Sombra e o Animus (condição masculina) na mulher, para que predomine o Animus no homem e o Anima na mulher; fazem parte do subconsciente, portanto pertencem à área do unihipili. Fazem conexão com o Aumakua que funciona como um guia que orienta nas fases difíceis e em outras necessidades ligadas ao sonho básico de vida; fornecem os dados necessários, através da percepção, para o  desenvolvimento do uhane.

Em outras palavras, esses três arquétipos são representados pela memória genética programada que pelas experiências e ações desenvolvem a memória aprendida no decorrer da vida.

A MGP traz em potencial o desenvolvimento do sonho básico de vida possibilitando o crescimento e evolução pelo conhecimento e mudanças de padrões. Posteriormente com as mudanças nos padrões básicos, tira da conserva cultural os subsídios para esse crescimento, quando o intelecto representado pelo uhane e sua vontade são capazes de formar cordões-aka que conduzem as memórias para serem transformadas em pensamentos, sentimentos e ações. Dessa forma estamos subordinados ao unihipili que possui em seu kino-aka as lembranças de todo nosso passado, tanto as que desfrutaremos nessa vida como as que já vivemos em vidas anteriores.

 Na condição de homem, a parte feminina subconsciente das MGPs, atua de acordo com o uhane masculino manifestado e, quando há discordância, a desarmonia causa um desequilíbrio que é aproveitado pela sombra (carma), atuando em detrimento do crescimento espiritual, pelas projeções que formam as formas-pensamentos de fixação (complexos). Por isso, a busca da harmonia entre unihipili e uhane ser muito importante.

O crescimento e a evolução do unihipili e uhane é o caminho para o surgimento do ser triuno, no encontro com Aumakua. Atingindo a condição do homem ideal, não está mais subordinado ao ciclo do nascer e morrer do homem comum, por estar livre das imagens simbólicas trazidas pela Sombra, Animus ou Anima. Passa a viver da  essência representada pelo Aumakua, tendo assim, uma grande ou total compreensão de si mesmo com a possibilidade da reintegrar-se na teia-aka, quando perde os limites e a separação, tornando-se um ser holístico capaz de viver compartilhando como verdadeiro transeunte e encontrar as outras moradas da Casa do Pai.

No sentido prático, como pensar, sentir e agir para pelo menos se aproximar dessa condição?

Quando o unihipili é formado de Sombra e Anima, o uhane (Animus) tem que procurar no aprendizado, primeiramente na vida instintiva que mantém sua estrutura física e psicológica nos primeiros anos de vida, com as ações acompanhadas pela orientação dos pais ou responsáveis pela criança, que também fazem parte dessa genética programada como facilitadores ou dificultadores de seu desenvolvimento, criando as primeiras regras arquivadas nas memórias aprendidas, através de estímulos fortes e repetitivos (filtros fisiológicos) dando-lhe defesas capazes de ajudá-lo em seu desenvolvimento geral. Gradualmente o uhane vai entrando em ação e desenvolvendo sua vontade no sentir e agir, iniciando as imaginações com as ideações e os pensamentos que vão se constituindo em memórias aprendidas, baseadas nas memórias genéticas programadas que agem no nível fisiológico, usando os pensamentos dedutivos. Na mulher o unihipili é formado de Sombra e Animus, sendo a Anima (uhane).

A integração no meio dá ao individuo as condições de acompanhar seu progresso físico-mental adaptando-o ou não às suas matrizes de identidade no mundo que atua. Podemos chamar essas condições de meios de desenvolver os papéis trazidos na genética programada e que agora, pelas experiências, cria condições de atuar conforme seu potencial cármico através dos valores que formam os padrões fornecidos pela conserva cultural, segundo suas ações.

A educação age como um fator que contribui ou dificulta o desenvolvimento dos papéis, com os quais vai atuar adaptadamente ou não. O modelo de pai e mãe exerce uma influência na atuação de sua sombra e anima criando as condições de formar uma personalidade com possibilidades de aproveitar todo o aprendizado efetuado antes de sua concepção quando surgiu para essa vida atual na condição de homem e na atuação de sua sombra e animus, na condição de mulher.

Voltando ao estudo das raízes, a palavra unihipili significa:

 

Conceitos Básicos Formados pelas Raízes da Palavra Unihipili

 

Na palavra unihipili, as raízes significam:

U – Significa o eu, espírito ou entidade, mas sempre como uma entidade separada e independente.

Tem também o sentido de:

Projetor: Indica a projeção dos cordões-aka do kino-aka e o fluir de mana através deles.

Impregnador: Mistura ou tinge com alguma outra coisa; mostra a mistura de kino com os kino-aka do unihipili e uhane.

Gotejador: Aquele que goteja, chuvisca ou pinga vagarosamente água; simbolicamente é o produtor de mana do unihipili e o seu fornecedor para o uso durante a vida. Nos momentos de oração, pode acelerar esse fornecimento ao uhane e Aumakua, armazenando uma sobrecarga para enviar ao Aumakua como pedido do uhane, quando há uma crença sem dúvida.

Nihi - significa estar magro e fraco, com aparência de partido; simboliza os cordões-aka quando não estão carregados de mana ou ativados, quando estão bloqueados e sem ação.

Hi - significa o fluir de mana, como gotículas de água em determinadas condições.

Hini - simboliza tudo que se refere a uma vinha e água.

Uhi - essa raiz dupla (u e hi), significa véu, pele ou coisas que cubram. Simboliza a cobertura dos unihipili nos corpos físicos (kino) e sombreados (kino-aka). Após a morte, os kino-aka do unihipili e uhane permanecem interligados e agem como coberturas para os eus e entidades, mas nunca ao Aumakua.

Nihi ou Hini - significam também falar fracamente; são as possíveis vozes dos fantasmas. Dão ainda a idéia de silencioso, cuidadoso e de ação secreta, assim como o de se restringir da prática de certas ações, com medo de descontentar os que são revestidos de autoridade. Esse significado é o que contribui para a formação das formas-pensamentos não filtradas pelo uhane, formando os complexos, nas situações de tensão e estresse.

Pi - significa água caindo gota a gota; simboliza a mana em forma de gotículas arredondadas, quase invisíveis, descendo sob a forma de chuva; essa; e a forma que mana circula nos cordões-aka do unihipili quando é levada para o Aumakua ou para outros unihipili.

Pili - significa fixar-se em algo; é assim, que os cordões-aka do unihipili se fixam no que tocam. Significa também a ligação entre as pessoas nos relacionamentos em geral.

Serge King denomina esse aspecto da consciência como Ku que tem como função primordial a memória e como motivação o prazer e no corpo, simbolicamente, corresponde ao coração. Ele não separa o que é imaginação de acontecimentos, passado, presente e futuro; só existe para ele o aqui/agora e agora/aqui. As memórias estão situadas a nível corporal e as emoções dependem das lembranças. A raiva e o medo são causas freqüentes de emoções que bloqueiam as lembranças, interferindo na memória e causando tensão e também estresse.

Ku é o princípio masculino; é uma raiz ou palavra que significa manter-se firme.

Deriva da palavra hiku que é o número sete (7) em havaiano.

Hi é o princípio feminino e significa fluir. Sete é um número simbolicamente esotérico, que representa o conhecimento interior; é formado de 3+4, que são os princípios femininos e masculinos.

 

Funções, Motivação e Mecanismos de Ação do Unihipili (Uhinipili)ou Ku

 

A memória é função do unihipili segundo Max Freedom Long e de Ku, segundo Serge King. Ambos concordam que está dentro do conceito de subconsciente da psicologia clássica, mas não é semelhante a ele.

Max Freedom Long dá à memória propriedades sempre ligadas ao unihipili, espírito encarregado das situações subconscientes, colocando-o como algo que envolve e está em todo corpo físico (kino). A memória está contida em cachos que armazenam tudo que foi percebido e o que foi experienciado durante toda a vida atual. Ela depende dos cordões-aka, verdadeiros dutos condutores das lembranças, pensamentos e emoções, podendo estar ativados, bloqueados assim como podem ser reativados, dependendo do aqui/agora da pessoa e das circunstâncias que a envolve como um todo.

Serge King diz que a memória é função de Ku, que é um aspecto da consciência e que através dele podemos aprender e lembrar, desenvolver habilidades e hábitos, manter a integridade do corpo e guardar um sentido de identidade no dia-a-dia.

Para facilidade de entendimento, passaremos a usar a denominação unihipili para designar o eu básico, subconsciente e Ku, por haver semelhanças nesses conceitos, o que em nada prejudica a compreensão do trabalho; uhane em lugar de Lono e Aumakua em lugar de Kane.

No unihipili está a sede das emoções, o centro da consciência; é o guarda da memória, o gerador e distribuidor de mana, o modelo corporal; é o único elemento de ligação direta que temos com Aumakua.

Não se consegue nenhuma ação quando não há participação do unihipili. Além de ser o fornecedor de energia (mana) para uhane e em determinadas condições ao Aumakua, é o que serve de elemento de ligação entre o consciente - nós - (uhane) e todas as coisas que temos de praticar, seja uma ação, um pensamento ou um contato.

Função principal: memória (está no corpo como modelo de vibrações).

Motivação principal: o prazer

Sendo depositário da memória, é quem fornece todas as informações de que necessitamos para o desenvolvimento de nossas sensações, imaginação, elaboração das idéias e de nossos pensamentos. É o nosso irmão mais velho que necessita de nós para a aquisição de conhecimentos; nos fornece dados mnêmicos para o crescimento e evolução e, dessa harmonia depende o corpo.

Está ligado a tudo que se refere à ação, gerando ou atuando. É o modelo de qualquer corpo físico; é nele que estão guardadas todas as reminiscências do passado como memórias genéticas programadas e marcas mnêmicas, as quais, trazem em estado potencial as formas-pensamento e ações para a vida atual.

Pela sua capacidade geradora de energia, é o elemento de ligação entre os três espíritos ou aspectos da consciência mantendo-os unidos ao corpo, meio ambiente e ao universo em geral.

É bom lembrarmos, que todas as correntes Huna são unânimes em afirmar que o unihipili possuí um corpo denominado kino-aka, no qual estão armazenados todos os dados ancestrais e da vida atual, e que funciona como um modelo para kino (corpo físico), que nada mais é do que uma duplicata ou imagem desse modelo em sua manifestação corporal, no atual sonho básico de vida.

Acrescentaremos que o unihipili, modelo do corpo, nada mais é do que a imagem de parte da essência dele mesmo para o sonho básico de vida atual, estando na realidade em Po (plano espiritual invisível), de acordo com a Mitologia Havaiana antiga, contida no Tumuripo – o Cântico da Criação, o livro místico do antigo povo de Mu.

 

Memórias e seus Mecanismos de Ação

 

a - Genética programada à nível celular.

b - Aprendida à nível de camadas musculares.

A memória fica guardada no corpo como um modelo de vibração ou movimento. Há dois tipos de memória, que são arquivadas em níveis corporais diferentes, de acordo com sua origem.

Uma é a memória genética programada, guardada como modelo celular e a outra, é a memória experiencial ou aprendida, arquivada em um ou mais dos muitos grupos musculares. Ambas são liberadas sob efeitos de estímulos determinados, vindos do interior ou exterior, quer sejam mentais ou físicos, provocando o movimento e liberando-a. Isso dá origem ao comportamento mental, emocional e físico. Havendo bloqueio desse movimento, por tensão ou estresse, a memória relacionada sofre inibição ou paralisação, o que pode causar problemas à pessoa.

A memória genética programada transmite ao corpo as situações ancestrais: é um arquivo mnêmico muito importante e quando influenciada pela memória aprendida, serve também como um guia para o aprendizado, no que se refere ao comportamento físico e emocional e às ações e reações.

Numa situação estressante o unihipili busca na memória genética, uma forma de poder trabalhar a situação, e depois, havendo várias escolhas em potencial, busca na memória aprendida, as especificações para uma reestruturação que conduza à saída do estado estressante. Como exemplo, as situações estressantes relacionadas à auto-estima têm manifestações ligadas ao tórax e causam ansiedade, angústia e depressão.

 

Origem da memória:

Sob o ponto de vista abordado, só poderemos falar de origem das memórias, se remontarmos ao passado da vida atual e às outras vidas, quando foram gravadas no kino-aka do unihipili, as lembranças de todas as vivências de cada sonho básico de vida e suas modificações, dadas pelas experiências vivenciadas, formando as memórias de cada um deles. O preparo do atual sonho básico de vida feito em Po, traz em estado potencial, as memórias genéticas programadas próprias de cada indivíduo, e as possibilidades de mudanças no decorrer desse sonho básico.

São transmitidas para o modelo corporal, imagem do kino-aka do unihipili, através dos fios-aka e cordões-aka transmissores das memórias ao uhane, co-criador do sonho básico, responsável pelos pensamentos que criarão as condições para se vivenciar as experiências que responderão pelo crescimento e formação de novas memórias, pela reformulação e perdas de outras, gravando no kino-aka do unihipili as marcas mnêmicas após a morte física do indivíduo, num encadear contínuo até que, pela evolução não mais renasça.

Todas essas condições e também nossas necessidades evolutivas de seres criados à imagem e semelhança de Deus (crianças de Tane), estariam no DNA? Será que através do intelecto guiado pela mística, as descobertas no DNA conduzirão às possibilidades de transmutar o “Homo Sapiens” em “Homo Hominis”, o possível ser do futuro que poderá atingir a condição do “ser triuno?”.

O unihipili não diferencia de onde vem a memória; o que forma a memória é a intensidade da experiência, isto é, o nível de reação fisiológica que ocorreu durante a vivência (quer nesta ou em outra vida), por ação química e muscular dada pela intensidade dos estímulos mentais ou físicos, obedecendo a uma programação genética própria da espécie e adaptada a cada indivíduo. Cada sonho básico obedece a determinadas condições que propiciam o desenvolvimento fisiológico, psíquico, cultural e espiritual do indivíduo.

Exemplificando: “Diante de choques graves, que produzem um estresse generalizado, podem surgir amnésias (perdas totais ou parciais, permanentes ou temporárias), quando por bloqueios são atingidas grandes áreas musculares, onde estão arquivadas as lembranças. O processo de cura dar-se-á quando se faz um relaxamento muscular, propiciando a liberação das memórias dessas áreas para serem tratadas convenientemente. Nas amnésias a linguagem é geralmente conservada por estarem as letras e sons arquivados em todas as camadas musculares e pela freqüência do uso cotidiano da palavra escrita e falada”[3].

É interessante frisar que o unihipili não raciocina por não ser capaz de formular pensamentos indutivos (propriedade do uhane), sendo somente o espírito ou aspecto da consciência que armazena lembranças constituindo as memórias.

Unihipili, “corpo/mente” subconsciente, não faz distinção entre passado, presente e futuro, sendo o presente o único tempo existente perceptível (a percepção consciente é propriedade do uhane através dos sentidos sensoriais). A lembrança é estimulada por reações fisiológicas instantâneas, cuja intensidade depende da importância do que se quer lembrar. “Isso quer dizer que você pode ter reações fisiológicas mais fortes ao lembrar-se de algo acontecido ao seis anos de idade quando foi severamente criticado, do que por fatos acontecidos em uma situação vivida recentemente, salvo se esses fatos foram mais marcantes”. O resultado disso é que quanto mais se remoer as lembranças, sejam boas ou não, mais elas afetarão seu corpo no presente, produzindo reações químicas e musculares semelhantes às que ocorreram na situação da vivência passada, quer nessa ou em outra vida. Quando boas, produzem mais endorfinas e quando ruins mais toxinas no aqui/agora. Fixar-se numa boa lembrança faz com que se sinta mais leve, expansivo, relaxado e feliz, ao passo que uma lembrança desagradável poderá fazer com que se sinta cansado, tenso, contraído, deprimido e infeliz. Essas situações, provocando reações diferentes, dão-se rapidamente, o que mostra a importância da mudança na focalização da atenção. “Um modo de controlar suas emoções e sua saúde no cotidiano é saber escolher as lembranças que se quer reviver, trabalhar essas emoções até que não haja mais necessidade de controle, por se tornarem naturais”.

Em se tratando de memórias falaremos sobre causas que levam à formação de memórias que dão origem a certas formas-pensamento causadoras dos complexos.

 

Defeitos na memória:

 

a - Tensão muscular à memória bloqueada.

b - Estresse à sintomas e doenças.

 

Causas principais dos defeitos das memórias:

 

Medo

Raiva

Culpa

 

Conseqüências das causas:

 

Sofrimento por medo, raiva e culpa devido a:

a – Conservação de antigos valores, estagnando a evolução, mas nem sempre o crescimento.

b – Aumento dos conhecimentos, reforçando os valores introjetados nos antigos e atuais padrões, sem transformação dos mesmos, mas com crescimento intelectual.

c – Intelectualização do espiritualismo padronizado em doutrinas religiosas e científicas dogmáticas, num misticismo ilusório e separatista, que gera ansiedade por distanciar-nos do divino que há em nós.

d – Apego às posses em geral, comandadas pelo intelecto, senhor do mundo e das inseguranças. Embevecido com a glória do poder enriquece as memórias com os dados fornecidos no aprendizado intelectual que está distante das verdades divinas do homem.

e – Esquecimento do corpo como imagem-modelo espiritual de uma estrutura divina extra-corpórea, captadora dos desejos que propiciam o verdadeiro prazer, sem ligação com o prazer gerado pelo sofrimento, geralmente sublimado. A apreensão desse modelo espiritual traz alegria e paz ao corpo que as vivencia e a graça pelo despertar espiritual.

f – Culpa por termos abandonado o simples. Complicamos a vida, estabelecendo tantos padrões que acabamos nos afastando da verdade de que somos a imagem e semelhança de Deus. Exigimos tanto, esquecendo-nos que Ele só pede uma fé do tamanho de um grão de mostarda, suficiente para compreendermos a realidade da simplicidade de Suas leis. Nessa simplicidade seríamos saudáveis transeuntes de uma vida pacífica e tranqüila, desapegados e sem posses, rumo ao Infinito Ser na “imagem e semelhança de Deus que está dentro de nós”.

g – Por não seguir o velho aforismo “mens sana in corpore sano”. O corpo é um guia na busca dos novos valores que nos conduzirão a novos padrões, mudando nosso viver, reformulando as memórias. Seu uso adequado nos faz desistir do sofrimento como modelo de prazer e entendimento. Usando o corpo como companheiro numa nova e ativa caminhada, redescobriremos o estar num aqui/agora cheio de prazer e alegria.

Deixemos os reconhecimentos mentais que trazem sofrimento e procuremos perceber como é simples sentir as possibilidades oferecidas pelo corpo. Exemplificaremos com um simples exercício que nos mostra o que poderemos fazer quando queremos reformas interiores reais.

 

Exercício:

 

“Lembre-se de algo desagradável, concentre-se em suas lembranças e observe o corpo, que fica cada vez mais tenso e contraído. Sinta suas reações.

Desligue-se do estado anterior, solte o corpo, desligue-se dos problemas e aos poucos procure lembrar-se de algo agradável, alegre e vá novamente sentindo o corpo que vai se tornando leve e relaxado dando-lhe uma sensação prazerosa”.[4]

Vamos mudar de direção concentrando nossa atenção focalizando o unihipili com pensamentos que nos levam a sentir o quanto ele é importante e como podemos explorá-lo para vivermos bem e adequadamente servindo a nós mesmos. Isso acontece quando entramos num estado alterado de percepção que propicia o fluir mais livre das lembranças que estão nas memórias que serão captadas pelo uhane, dando-nos a oportunidade de vivenciá-las física e emocionalmente e reformulá-las, criando maior harmonia entre os dois espíritos ou aspectos. O que aconteceu no exercício? Simplesmente, houve uma mudança de foco.

As lembranças provocam emoções que são energias (mana) movimentando-se no corpo por um pensamento dirigido, criando novas ideações e pensamentos que poderão reformular as memórias já existentes ou reforça-las, assim como criar novas.

Modifica-se as emoções reformulando-se as memórias pela mudança da focalização. Haverá mudança quando se consegue um grau de focalização tal, que nos mantenha convictos da situação desejada, não havendo nenhuma dúvida sobre o resultado. Isso acontece quando se sente despertar interiormente o Princípio Makia[5] do Xamanismo Havaiano.

Com o pensamento sem dúvida (paulele), que é o resultado dessa mudança de foco, surgem as intenções embutidas nas novas ações, que acontecem simplesmente como novas propostas advindas de um novo sentir, livre das análises críticas. Ë o caso do exercício acima.

Essa é uma maneira de dar ao unihipili a oportunidade de receber imagens energizadas de mana que influirão nas memórias, e, conseqüentemente nas ações. As reações serão diferentes, os valores reformulados e os padrões modificados, facilitando as ligações do unihipili com Aumakua. O uhane se fortalece por começar a pensar de forma diferente, melhorando sua situação dispersiva e conseguindo focalizar e concentrar com mais facilidade. Com isso é capaz de captar mensagens do Aumakua por uma linguagem surgida da harmonia dos três espíritos que ficam mais livres e capazes de perceber a teia-aka, à qual pertencem. É uma indicação de que não se está mais separado como indivíduo, mas unido pela compreensão da harmonia universal. Volta-se a ser criança de Tane, redimida pelas experiências de todos os viveres através dos milênios.

Assim, vencemos a morte; agora somos vidas tiradas da Água Viva.

Sebastião de Melo



[1] Colaboraram nesse trabalho os membros do Grupo Pirâmide de Santos, a quem agradecemos.

[2] Conceitos de Carl Gustav Jung sobre Arquétipos do self (individual).

[3] Os trechos entre aspas são de Serge King, tirados do livro “Urban Shaman”.

[4] Exercício dado por Serge King no livro (Urban Shaman).

[5] Makia, 3º Princípio do Xamanismo Havaiano: A energia segue o curso do pensamento.


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