RPG

O que é RPG?

RPG significa Role Playing Game, que por sua vez, é traduzido por Jogo de Representação.

Na realidade não é bem um jogo, mas sim, um teatro interativo de improviso, onde existe um diretor que dá o tema e organiza a peça, e os atores, que além de atuarem, interferem o tempo todo nessa história. Eles provocam tamanhas reviravoltas no enredo, que às vezes o diretor não tem como assumir a encrenca em que os atores se enfiaram!

Para entender melhor o que acontece durante um jogo de representação, imagine um grupo de pessoas que se reúne para trocar histórias.

Aquele que tiver um bom conhecimento das regras básicas do Jogo de Representação e uma boa história para contar, será escolhido como Mestre de Jogo.

O Mestre de Jogo começa a contar sua história, descrevendo o ambiente e os personagens que lá habitam.

As outras pessoas, tomando conhecimento do mundo onde ocorre essa história descrevem como serão seus personagens que participarão desta história, e neste momento tornam-se Jogadores.

Tendo o seu cenário e os personagens dos jogadores, o jogo/história/aventura começa; os jogadores contam o que seus personagens pretendem fazer neste mundo descrito pelo Mestre de Jogo, e este conta o que aconteceu com seus personagens depois de feitas as suas ações:


– Então vocês decidiram participar deste conto de mistério como sendo um padre e um investigador de fenômenos paranormais! Muito bem, seguindo as orientações de uma carta anônima, você chegam até uma mansão abandonada no topo da Colina do Poente. Recordando: apesar do horário matutino, nuvens de tempestade estão escurecendo o dia; e vocês, entrarão na mansão dos Baskerville, suspeita de estar assombrada pelos fantasmas daqueles que nela morreram?

O jogador que interpreta o padre diz: – Eu faço uma prece segurando meu crucifixo de prata e me dirijo à porta lentamente, prestando muita atenção a algum... som suspeito.

O jogador com o investigador diz: – Eu dou um sorriso irônico quando vejo o padre orar e preparo alguns rastreadores de ectoplasma no jardim.

– Certo, oração e rastreamento... – O mestre continua – Enquanto o investigador monta seu equipamento, o padre percebe passos de alguém, ... ou algo; fugindo pelo interior da mansão.

– Eu corro até uma janela para espionar melhor dentro da mansão.

– E eu continuo com meus aparelhos, algo diferente?

– O padre olha pela janela e não percebe nada, mas o investigador... você estava no jardim, não é?

– Sim, estou, por que?

– Você percebe um sinal...

– Onde?

– Onde você está.

– Hã? Como assim, eu estou vendo algo?

– Uma mão cheia de feridas brota da terra do jardim e agarra sua perna!


E quem ganha no fim do jogo?

Se esta dúvida o atormenta, nós temos más notícias; você continua não sabendo o que é um Jogo de Representação, pois fez uma pergunta duas vezes errada: em primeiro lugar, não existem times adversários entre jogadores e Mestre de Jogo; o mestre deve se manter imparcial nas suas decisões pois ele é apenas um guia-tradutor dos jogadores através de seu mundo de jogo; ele observa o que está acontecendo na realidade que ele imagina e conta para os jogadores.

Todos jogam com o objetivo de participar de uma boa história, fazendo com que seus personagens cumpram seus objetivos, portanto, atingindo ou não esses objetivos, leva-se como prêmio uma boa história.

Em segundo lugar, um Jogo de Representação não tem fim! O que precisa ter final é uma aventura, que é apenas um capítulo do jogo.

É isso mesmo, um Jogo de Representação não tem necessariamente um final como aqueles em filmes, livros ou peças de teatro, que em certo ponto da narrativa, quando todas as situações se resolvem, ou quando todos padecem diante do lado negro, aparece escrito FIM.

Após o término de uma aventura, acontecem outras, e assim sucessivamente; quando os astronautas voltam da 1a viagem tripulada a Saturno, eles tem o direito de repousar sobre os louros da glória, até que se descubra que havia um 8o passageiro na nave, ou então, uma nova descoberta nos motores de fusão permita a dobra espacial, e os nossos astronautas voltam em cena, desta vez, para alcançar Alfa de Centauro.

Um jogo de representação não envolve apenas uma história fechada, e sim, todo um universo, com possibilidades infinitas.

E são essas possibilidade infinitas que excitam a imaginação e exercitam o raciocínio. Ao contrário de outros jogos, onde uma vez dominadas as regras você só depende da sorte e alguma estratégia, em um Jogo de Representação não existem limites para as situações, que devem ser enfrentadas com criatividade e inteligência. Essas situações exigem alterações das estratégias a todo momento, exigindo bom senso e capacidade de observação para vencer.


– O navio está afundando, e vocês percebem que não existem botes para os passageiros.

O jogador representando o espião decide: – Eu vou enviar um pedido de socorro pelo radio do navio.

– Muito bem, você mandou o pedido mas não recebe resposta.

– Em quanto tempo o navio vai afundar? – a jogadora interpretando uma jovem passageira pergunta.

– Sua personagem não tem condições de definir isso com precisão, ela suspeita que não levará mais do que dez minutos para o navio virar submarino.

– Enquanto isso, eu vou prender alguns coletes salva-vida nos pés de uma mesa para montar uma balsa.—Propõe o jogador interpretando o fugitivo.

– Tudo bem, existem coletes sobrando... – O mestre analisa a situação e percebe que esse jogador realmente encontrou uma saída.


Apesar de contar histórias, os Jogos de Representação também são um jogo, e como tal apresentam obstáculos a serem vencidos, e os jogadores muitas vezes devem pensar não apenas individualmente, mas como um grupo para superar esses obstáculos.

São nesses momentos que todos percebem o sentido de um trabalho em grupo sincero, onde o potencial de cada um deve ser analisado e direcionado. Apesar de todos utilizarem personagens, se conhece muito de cada jogador e do mestre durante essas histórias.

Pode parecer apenas um jogo, mas durante uma aventura de Jogos de Representação, além de se conhecer um pouco mais da personalidade do parceiro de jogo, ocorre um exercício de auto conhecimento, pois o jogador pode perceber detalhes de sua personalidade a cada personagem que interpreta.

Jogadores e Mestre de Jogo podem inclusive identificar e aprimorar potencialidade artísticas neles mesmos, pois do Mestre de Jogo, é cobrada a criação de uma história com um enredo inteligente e um cenário bem elaborado, enquanto que os jogadores devem representar o mais teatralmente possível os personagens que interpretam.


– Bem soldados biônicos, parece que parte de seus inimigos, os vermes gigantes, já chegaram ao corredor principal e vocês estão cercados.

– Eu falei pra gente não perder tempo com aqueles computadores inúteis, não é Técnico?

– Ok Atirador, deixe o Técnico em paz, mas agora nós temos que pensar numa saída, como está a munição, Granadeiro?

– Está pela metade, senhor!

– Senhor, encontrei uma passagem secreta para fora daqui no mapa que eu obtive naqueles "computadores inúteis"...

– Muito bem Técnico, vamos ver...

– Rápido soldados, vocês já podem ver os vermes rastejando pelo corredor à frente e por trás.

– Então cadê a droga da porta da droga do mapa da droga do...

– Estou procurando pela porta.

– Atiradores, enquanto o Técnico procura pela porta, vocês cobrem a frente, Granadeiro, proteja a retaguarda.


Para completar a idéia do que significa RPG,

Você sabia que um jogo de RPG foi escolhido para que os astronautas se distraiam nos momentos de descanso das missões no espaço?

Devido ao incentivo do trabalho em equipe e da interpretação, o Jogo de Representação foi escolhido para aumentar o entrosamento entre os astronautas e não gerar tensão, o que ocorre em outros jogos onde um é adversário do outro.