O Túmulo Vazio

Em uma pequena cidade do interior do RS, João Pinto, era conhecido como o maior ladrão de túmulos. Ele profanava o túmulo de ricas e importantes pessoas, se apoderando de sues pertences, que com eles eram enterrados. Numa noite ele se encontrava num reles boteco, onde tomava uns copos de cerveja. Quando resolveu fazer o "trabalho" daquela noite, abandonou o bar e foi em direção ao cemitério. No caminho pensava: "Com a grana do pequeno serviço que fiz ontem, pude tomar uns tragos naquele botequinho de meia tigela, mas se o serviço desta noite der certo, amanhã estarei jantando em um restaurante cinco estrelas, no meio de ricaços importantes, provavelmente numa outra e melhor cidade! O tal de Souza que morreu ontem era importante, aqui na cidade! Sem dúvida devia ter muita grana e deve ter sido enterrado com coisa boa, alguma jóia, um Rolex ou coisa parecida que se aproveite. Faz meses que não me aparece uma mina de ouro como essa!"

O homem que morrera, era um dos mais ricos da pequena cidade. Tinha morrido um dia atrás e, fora enterrado um dia depois de manhã. Agora, nesta mesma ocasião só que de noite, João se dirigia para o cemitério aonde o "cheio da grana" estava enterrado. Ao chegar próximo do muro do cemitério, João o pulou sem dificuldades. Tinha providenciado no caminho os acessórios necessários para o "trabalho", uma picareta e uma pá! Foi até o fundo do cemitério, aonde pretendia achar o túmulo do ricaço. Estava muito escuro, João acendeu fósforo e olhou seu pequeno relógio de pulso. Meia noite! Chegou ao fim de todo cemitério. Acendeu outro fósforo e viu escrito: "Manuel Souza 1939-1998". Começou a cavar! No meio de serviço refletia sobre os quatorze serviços que já fizera naquela cidade e os inúmeros que tinha já feito em outras cidadezinhas vizinhas. Demorou cerca de meia hora até desenterrar o túmulo. Preparou-se para "revistar" o defunto, quando surpreendeu-se! Ele gritou surpreso:

— O TÚMULO ESTÁ VAZIO!

Teve um súbito pressentimento. Acendeu um fósforo e viu que aquela lapide estava em branco! Não sabia o que pensar! Uma voz o chamou. Acendeu seu último fósforo e pulou para trás. Viu o cadáver descarnado de Manuel Souza se aproximar e, usando uma pedra, escrever rapidamente algo na lápide que estava em branco! João estava apavorado, sentiu uma dor forte no lado esquerdo do peito, cambaleou um pouco e caiu dentro do túmulo que acabara de cavar, e que estava vazio. Ainda olhou para cima e viu escrito na lápide: "João Luís Martins Pinto, 1978-1998". E mais abaixo dizia: "Condenado ladrão de túmulos". Após ler isso, João viu o fantasma de Manuel Souza pegar a pá (que largara com o susto que levara ao ver o morto-vivo), e começar a enterrá-lo! João ainda estava semi-vivo quando foi enterrado. Seu desaparecimento e a nova lápide que apareceu no lugar da antiga ainda são um mistério que mobiliza toda a pequena cidade. Ninguém tem coragem de descobrir, pois se meter com o além pode ser fatal!