A Carta das Nações Unidas criou um Conselho de Segurança de 11 membros, cinco dos quais - os Estados Unidos, a Inglaterra, a URSS, China, e França - são membros permanentes. Em 1965 uma emenda somou mais quatro membros eleitos, aumentando o tamanho do conselho à quinze. O pequeno tamanho do Conselho de Segurança refletiu sua importancia nos olhos daqueles que criaram a organização. A Carta revestiu responsabilidade primária por manter a paz e a segurança no conselho, incluindo ação de pacificação e o uso de sanções contra agressores que variam até a força militar coletiva. A efetividade do Conselho de Segurança esteve limitada pela vontade das grandes potencias em vetar suas ações. A Guerra Fria conduziu ao uso do veto, mais freqüentemente pela União Soviética, à impedir o Conselho de Segurança de levar a cabo seus propósitos originais de pacificação e de segurança. A ação militar da ONU na Coréia só pôde ser realizada, por exemplo, por causa da ausência do delegado Soviético do conselho, e passos adicionais foram bloqueados seguindo-se o retorno subseqüente dele. Isto conduziu à passagem (1950) pela Assembléia Geral da resolução "Unir para a Paz" que acrescentou poderes de pacificação e segurança da Assembléia e minorou a importancia do Conselho de Segurança. Cedo em princípios do século 21 um consenso parecia estar emergindo que o número de nações no conselho deveria ser aumentado à 20 ou mais, fazendo-o mais representativo da sociedade como um todo.

A Organização das Nações Unidas
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Durante os anos 1980s a fortuna das Nações Unidas parecia em declínio. O interesse do presidente norte-americano Ronald Reagan em renovar o conflito Leste-Oeste minimizava a importancia da ONU, onde a linha principal de controvérsia ocorria mais ao longo das linhas Norte-Sul. A ONU estava em dificuldade financeira também, com até mesmo os Estados Unidos recusando pagar sua parte das despesas da organização. Por 1990, porém, a ONU tinha sido revitalizada pelo final da Guerra Fria, o que ofereceu a promessa do tipo de cooperação entre as grandes potencias que tinha sido a base original para a Carta da organização.
A ONU então mostrou representar um papel proeminente no que o presidente norte-americano George H. W. Bush proclamou como a "nova ordem mundial". Quando o Iraque invadiu o Kuwait em Agosto de 1990 o Conselho de Segurança votou por exigir a retirada do Iraque, e então por usar a força se ele não concordasse até 15 de Janeiro de 1991. Essas votações foram particularmente significativas porque nem a Republica Popular da China nem a URSS, que tinham sido estreitos aliados do Iraque, exerceram o veto. Depois que o Iraque não removeu suas tropas pelo prazo final da ONU, uma grande força internacional, liderada pelos Estados Unidos, bombardeou e invadiu o Iraque. Sanções e um embargo de petróleo permaneceram oficialmente em vigor contra um impenitente governo Iraquiano que recusou cooperar com a Comissão Especial da ONU encarregada de eliminar o acesso do Iraque a armas de destruição em massa, embora países membros como a Rússia, China, e França favorecessem o levantamento das sanções.
O papel de pacificação da ONU também se expandiu depois de 1990. A organização teve operações de pacificação em lugares ao redor do globo - no Camboja, na antiga Yugoslavia, no Haiti, Somalia, Angola, Ruanda, Saara Ocidental, na Republica da Georgia, Timor Leste, Serra Leoa, na Republica Democratica do Congo, e em outros lugares. Com o custo de suas operações se elevando, a ONU enfrentou a ameaça de conflitos étnicos ou sectários adicionais em outros lugares.
O conflito entre grupos étnicos e religiosos na antiga Yugoslavia causou grandes dificuldades para a ONU. A introdução de forças de pacificação da ONU na Croacia (1992) e na Bosnia e Hercegovina (1995) ajudou a restabelecer a ordem à esses países, mas em 1998-99 a luta se espandiu à Kosovo. Depois que forças da OTAN ocuparam Kosovo em 1999, uma equipe da ONU dificultada por escassezes de fundos e pessoal se fixou em tentar estabelecer um governo interino para aquela província guerra-dilacerada.
Os atrasos da dívida dos Estados Unidos continuaram sendo um assunto ao longo dos anos 1990s. Até mesmo a quantia da dívida era uma questão de contenção, a ONU calculando o total em $1.7 bilhões de dolares, os Estados Unidos argumentando que era mais próximo de $1 bilhão. Os críticos congressionais da ONU exigiram que a organização mundial cortasse suas despesas e que a contribuição norte-americana fosse abaixada. Em Novembro de 1999 a administração Clinton chegou a um acordo com o Congresso que alocou $926 milhões de dolares para pagamento de dívidas da ONU sobre um período de 3 anos, em troca de uma redução na cota norte-americana do orçamento da ONU e nos fundos de pacificação. Em Abril de 2001, no que foi visto como retaliação para a frequente crítica norte-americana de abusos de direitos-humanos em outros países, os Estados Unidos perderam seu assento pela primeira vez na Comissão das Nações Unidas em Direitos Humanos, desde que Eleanor Roosevelt se tornou o primeiro presidente daquele órgão em 1947. Um ano depois os Estados Unidos ganharam a reeleição para um mandato de 3-anos naquele órgão começando em 1 de Janeiro de 2003.
Se a ONU continuará ampliando seu papel de pacificação e de segurança e crescendo no tipo de organização imaginado por aqueles que traçaram sua Carta depende de vários fatores. O mais crucial é a vontade continuada das grandes potencias para cooperar e fazer isso de uma maneira que não alienará os membros menos poderosos da organização. Um segundo fator é o financiamento, a necessidade para qual foi grandemente expandida. Um terceiro fator é o apoio das potencias emergentes, notadamente a Alemanha e o Japão, que requererá achar uma voz maior para eles na ONU, talvez reorganizando o Conselho de Segurança para lhes fazer membros permanentes, com ou sem o veto. Qualquer o resultado, os próximos anos serão decisivos para as Nações Unidas. Numa histórica cúpula do Novo Milênio realizada em Setembro de 2000, mais de 150 chefes de estado assinaram um documento prometendo trabalhar para acabar com a pobreza, a guerra, a AIDS, a poluição, as violações dos direitos-humanos, e outros problemas e sustentar as funções de pacificação da organização. Muito do foco do documento refletiu o desejo das nações mais pobres do mundo que as Nações Unidas se orientassem para as causas econômicas e sociais dos conflitos. Em 2001 as Nações Unidas e o Secretário-Geral Annan foram premiados com o Prêmio Nobel da Paz. Naquele ano a abertura anual da Assembléia Geral foi atrasada até Novembro por causa dos horrorosos ataques terroristas na Cidade de Nova York em 11 de Setembro. O contra-terrorismo se tornou o tema dos debates da abertura. Em Março de 2002, no que foi projetado para ajudar o mundo se mover à meta da Cúpula do Milenio de cortar o número de pessoas vivendo na pobreza abjeta à metade, os líderes mundiais assistiram à Conferência Internacional da ONU em Financiar o Desenvolvimento em Monterrey, Mexico.
Por 2003, porém, as Nações Unidas estavam enfrentando sua mais séria crise desde o fim da Guerra Fria. Embora o Conselho de Segurança tivesse, na insistência norte-americana, aprovado a Resolução 1441 em Novembro de 2002 requerendo que o Iraque readmitisse os inspetores de armas da ONU e destruísse suas armas de destruição em massa, o conselho recusou em automaticamente autorizar a guerra se o Iraque não cedesse. Pelo começo de Março, com os Estados Unidos amontoando mais de 200.000 tropas na região e a opinião mundial fortemente contra tal guerra, os membros do Conselho de Segurança França e Rússia ameaçaram vetar uma proposta de resolução que autorizaria a ação militar liderada pelos EUA contra o Iraque se este não desarmasse dentro de um breve período de tempo. A China e a Alemanha também pediram uma resolução pacífica para a crise, dizendo que as inspeções deveriam ser fortalecidas e ser dado mais tempo antes que a ação militar fosse considerada. O Secretário-Geral Annan declarou que os Estados Unidos violariam a Carta da ONU se atacassem o Iraque sem um mandato do Conselho de Segurança, e a União Européia indicou que poderia não ajudar a financiar a reconstrução pós-guerra do Iraque se os Estados Unidos lançassem um ataque militar sem a aprovação da ONU. O Presidente Norte-americano George W. Bush disse que não pediria a permissão da ONU para tomar tal ação depois que o líder Iraquiano Saddam Hussein soltasse suas armas de destruição em massa ou as vendesse à terroristas internacionais.
Como assomou a guerra, os útimos monitores da ONU patrulhando a fronteira Iraquiana-Kuwaitiana foram retirados, como o foram os estrangeiros no Iraque envolvidos no programa petróleo-por-comida da ONU, que tinha estado alimentando cêrca de 40% da população do Iraque. Em 28 de Março de 2003, nove dias depois que a Guerra do Iraque EUA-liderada tinha sido lançada sem a aprovação da ONU, o Conselho de Segurança votou unanimimente por reavivar o programa petróleo-por-comida sob a autoridade temporária de Annan, que apelou por um fim às divisões que poderiam ter sérias conseqüências para o sistema internacional. A ONU também lançou seu maior apêlo para a ajuda internacional, pedindo mais que $2 bilhões de dolares para satisfazer as necessidades humanitárias do povo Iraquiano, embora estava obscuro quão grande um papel os Estados Unidos estariam dispostos à permitir que a ONU representasse na reconstrução do Iraque pós-guerra apesar da insistência Britânica na importancia do envolvimento internacional neste esforço. No dia 1 de Maio de 2003, os Estados Unidos declararam a fase militar da Guerra do Iraque concluída, e as sanções econômicas da ONU no Iraque foram levantadas depois naquele mês. A morte do principal enviado da ONU no Iraque, o Brasileiro Sergio Vieira de Mello, num bombardeio de caminhão da sede da ONU em Bagdá no dia 19 de Agosto de 2003 - o pior ataque contra uma missão da ONU - levantou novas questões acêrca de como as Nações Unidas deveriam participar na construção de nações no mundo pós Guerra Fria.
Não obstante, as Nações Unidas foram dirigidas de volta ao conflito pela primavera de 2004 quando ambos o nível de violência e a crítica dos Estados Unidos por seu fracasso em recrutar o amplo apoio internacional cresceram e as armas de destruição em massa ainda tinham que ser achadas. Com as várias facções Iraquianas incapazes de concordar na forma de um governo interino para o qual a soberania parcial seria transferida em 30 de Junho de 2004, a responsabilidade por esboçar um plano de transferencia aceitável foi deslocada para o enviado especial da ONU Lakhdar Brahimi. Como o apoio para a ocupação norte-americana continuava a erodir, uns 20 países Árabes disseram que eles estariam dispostos à enviar tropas para o Iraque se a responsabilidade fosse transferida para as Nações Unidas, que reteve sua legitimidade apesar de um escândalo que cerca seu programa petróleo-por-comida no Iraque de 1996 - 2003. Mas estava obscuro se os Iraquianos estavam dispostos a aceitar o domínio continuado por estrangeiros mesmo sobre os auspícios da ONU, e a ONU estava portanto compreensivelmente relutante em restabelecer uma grande presença no Iraque. Na realidade, as crescentes preocupações sobre a segurança do pessoal da ONU na era do terrorismo internacional causaram a adoção de novas medidas de segurança à sede da ONU na Cidade de Nova York e em outros lugares.

O Brasil e o Conselho de Segurança

O pleito Brasileiro para pertencer ao mecanismo central dos órgãos criados para assegurar a paz e a segurança internacionais é antigo. Desde a conferencia de São Francisco, nos primórdios da ONU, o Brasil havia pleiteado ser incluido entre os membros permanentes do Conselho de Segurança. Mas o receio de pedidos semelhantes da India e de outros países, fez com que a lotação fosse reduzida aos cinco grandes - Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra, França e China - cabendo ao Brasil, como premio de consolação, ter assento no Conselho de Segurança nos dois primeiros anos, estabelecendo-se a partir de então um sistema de rodízio entre os membros não-permanentes. O Mexico foi o outro país Latino-americano a figurar, apenas por um ano (1946), no Conselho de Segurança recém-instalado.
Durante 7 anos, porfiamos por pertencer, na década dos 1920s, ao Conselho da Liga das Nações. Não sendo atendidos, deixamos a Liga. Desde a Declaração da Carta do Atlantico (14/08/1941) e a Declaração das Nações Unidas (01/01/1942), emitidas por Churchill e Roosevelt, prenunciando a criação de um órgão semelhante à Liga das Nações, renovamos as nossas esperanças anteriores. Uma parcela do nosso esforço de entendimento com Roosevelt era inspirado por esse desejo. Julgávamos que seria uma credencial para acesso ao grupo das grandes potencias. A veleidade de produzirmos a bomba atomica também se relacionou com essa aspiração.
O ingresso no Conselho de Segurança, como membros permanentes, tem sido uma pretensão recorrente das duas potencias médias, o Brasil e a India. As perspectivas têm-se reduzido no decurso do tempo, diante da ascensão economica dos antigos inimigos (o Eixo) - a Alemanha, Japão, Italia. Em vista do seu poderio economico, esses países estão sendo cada vez mais solicitados a desempenhar um papel político e diplomático, e até mesmo militar, em operações pacíficas da ONU e, recentemente, em operações de intervenção à revelia das resoluções da ONU - no caso do Iraque e do Afeganistão. Isso os torna candidatos preferenciais em qualquer expansão do número de membros permanentes do Conselho de Segurança. As duas potencias médias têm perdido importancia relativa no concerto economico mundial. O Itamaraty tem revelado variável grau de entusiasmo na perseguição desse objetivo, sendo nossa candidatura perturbada por ciúmes regionais de outras potencias candidatas, como o Mexico e a Argentina.
Nosso ex-Ministro do Exterior Ramiro Saraiva Guerreiro (1979) opos-se a que o Brasil se candidatasse ao Conselho de Segurança, numa avaliação provavelmente realista de nossas escassas possibilidades de êxito. Assim justificava ele sua posição:
"Quando secretário-geral adjunto para organismos internacionais, opus-me a que o Brasil se candidatasse ao Conselho, contra o desejo do embaixador Araujo Castro, então chefe da Missão Permanente do Brasil na ONU. Em primeiro lugar, porque teríamos que disputar voto a voto, com risco de sermos derrotados, eleições em que outros países Latino-americanos estavam empenhadíssimos. Eleições que para eles eram importantíssimas, porque achavam que lhes realçavam o prestígio, enquanto que no caso do Brasil e desse ponto de vista, eram irrelevantes. Em segundo lugar, porque os pequenos países candidatos se motivavam por causas próprias a defender, concretas como o Panamá, ou potenciais, como o Equador, enquanto o Brasil tinha uma atitude de imparcialidade, quase judicial, isto é, prestaria um serviço que não seria reconhecido. Em terceiro lugar, achava que nossas atitudes na questão Palestina poderiam, igualmente, criar-nos dificuldades. Em quarto lugar, estaríamos sujeitos - muito mais do que na Assembléia, porque cada voto conta muito num pequeno grupo - às eventuais pressões Americanas e/ou aos esforços dos demais países para nos instrumentalizar a seu favor, sem qualquer interesse para nós. Nossas negativas a tais tentativas, que poderiam ser frequentes, resultariam em ônus bilaterais para nós, e raríssimamente em algum benefício para nós ou para a ONU, onde nossa influencia era (e é) marginal. Por tudo isso, evidentemente, recusei. Entendi sempre que, se os demais países acham que o Brasil reforça o Conselho de Segurança, então devem facilitar seu acesso. Não que considere o país grande potencia; mas se por um motivo ou outro, convém à comunidade das nações que participemos, então não deveríamos ter por que brigar, com grande tensão - com risco de dividir a Assembléia, por uma eleição".

ATUALIDADES:

DIPLOMATA CHAMA A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA DE ANTI-AMERICANA
Sábado, 3 de Fevereiro de 2007

SÃO PAULO, Brasil (Reuters) - O embaixador recentemente aposentado do Brasil nos Estados Unidos disse que a política no Ministério das Relações Exteriores do Brasil estava sendo cada vez mais ditada por um grupo de esquerdistas anti-Americanos e de visão-curta. Roberto Abdenur, 64-anos, cuja entrevista foi publicada na revista Veja no Sábado, se aposentou na última semana após 44-anos no Itamaraty do Brasil, ou o Ministério das Relações Exteriores. Seu último posto foi de 3-anos como o embaixador nos Estados Unidos. "Uma ideologia muito forte está presente na política exterior do Brasil. A idéia do comércio Sul-Sul como política predominante revela um anti-Americanismo ao inverso" Abdenur disse. "Há setores no Brasil, embora minoritários, que têm uma aversão aos Estados Unidos, tanto no governo como no Itamaraty". Um representante no Ministério das Relações Exteriores estava ciente da entrevista de Abdenur mas não tinha nenhuma resposta neste momento. A política exterior do Brasil tinha fortalecido o comércio com a Ásia, África e outros países Latino Americanos desde que o Presidente Luiz Inacio Lula da Silva chegou ao cargo em 2003, Abdenur disse. Mas acrescentou que a agenda do Ministério do Exterior de focalizar nos laços comerciais com os países em desenvolvimento, ou as chamadas relações Sul-Sul, tinha vindo ao custo de relações melhores com as economias desenvolvidas, tais como os Estados Unidos. "Esta é uma ideologia que é anti-capitalista, anti-globalização, e anti-Americana", Abdenur disse na entrevista. Ele disse que somente aqueles no ministério com afinidades abertamente esquerdistas estavam sendo promovidos. Lula e o Ministro do Exterior Celso Amorim (O Rato do Itamaraty) fracassaram em encontrar um terreno comum com os Estados Unidos sobre a Área de Livre Comércio das Americas, que uniria a maioria dos Norte, Centro e Sulamericanos no maior bloco de comércio do mundo. A ALCA está parada e os analistas dizem que o Brasil está perdendo a competitividade no mercado dos Estados Unidos onde outros países Latino Americanos como o Chile, Peru e Colômbia estão ganhando através de acordos bilaterais. "O Brasil está, na melhor das hipóteses, deixando de fazer dinheiro" através de uma participação maior no mercado dos Estados Unidos, Abdenur disse. Ele disse que a participação do Brasil no mercado dos Estados Unidos tinha caído de 2,2% há 20 anos atrás (1987 - logo após os militares deixarem o poder no Brasil e as 'esquerdas' assumirem o poder com sua famigerada Constituição de 1988 em vigor) para 1,4%. Os Estados Unidos são o maior consumidor dos produtos e serviços Brasileiros.



O MURO PAULISTA

Em Torno do Globo, Muros Surgem Para Dividir Vizinhos
Segunda-feira, 30 de Abril de 2007

TIJUANA, Mexico (Reuters) - O que Tijuana, Bagdad e Jerusalem têm em comum? Todos têm muros que dividem vizinhos, causam controvérsia e formam parte de um aparato de barreiras físicas em torno do mundo que sobrepujam a última, deplorável Cortina de Ferro. Há muros, cercas, trincheiras e barreiras. Alguns são reforçados por detetores de movimento, por câmeras sensíveis ao calor, por sistemas de raio-X, por equipamentos de visão-noturna, por helicópteros, por espiões e dirigíveis. Alguns estão ainda em construção, alguns em estágio de planejamento. Quando terminadas, as barreiras funcionarão por milhares de quilometros, em lugares tão distantes quanto México e India, Afeganistão e Espanha, Marrocos e Tailândia, Malaysia e Arábia Saudita, e Iraque. Elas são feitas para manter fora imigrantes sequiosos de trabalho, terroristas e contrabandistas, frustrar invasores, e manter antagonistas separados. Seus proponentes citam o proverbio "Boas cercas fazem bons vizinhos", mas os críticos dizem que elas são um resultado paradoxical da globalização porque os bens e o capital podem se mover livremente mas os emigrantes não podem. Por uma ironia da história, os Estados Unidos - o país que apressou a queda do Muro de Berlim em 1989 - emergiram como um campeão construtor de muros. O último muro à dividir vizinhanças de cidade foi levantado em Abril, construído por soldados Americanos usando lajes de concreto cinzentas de 3,7 metros de altura pesando mais que 6 toneladas cada uma. A construção de 4,8 km de comprimento separa um distrito Muçulmano Sunnita de uma área Shiita. Ela provocou protestos de ambas as comunidades e o clérico Shiita Moqtada al-Sadr denominou-a 'racista'. O muro que serpenteia através de Jerusalem para selar a parte (Árabe) oriental da cidade antiga da Margem Ocidental é de construção similar e inspira acusações similares. Em contraste, os povos da cidade Mexicana fronteiriça de Tijuana resignaram-se à parede de denso metal corrugado que corre da baía do Pacífico acima e abaixo das colinas da Califórnia, separando-as da cidade dos Estados Unidos de San Diego. (O cruzamento fronteiriço oficial é o mais ocupado do mundo - ao redor de 17 milhões de carros e 50 milhões de pessoas ao ano). Mais à frente no interior, o muro se torna uma cerca de 5 metros de altura, com engranzamento de metal tão fino que os que tentam subir não conseguem colocar seus dedos, e uma parcela pender torna o escalar ainda mais difícil. Ele se estende para o leste por 22,4 quilometros.

Os Muros Funcionam?

Os Estados Unidos estão planejando construir uma cerca dupla de 1.120 km ao longo de parte da sua fronteira de 3.200 km com o México sob o Ato da Cêrca Segura de 2006. Os Proponentes apontam para Tijuana e argumentam que as barreiras físicas são eficazes em manter estrangeiros não-desejados fora. Desde os ataques em Nova York e em Washington de 11 de Setembro de 2001, grupos de anti-imigrantes nos Estados Unidos ligaram a imigração ilegal com as preocupações da segurança, e a pressão política por controles mais apertados na fronteira cresceu exponencialmente. O muro de Tijuana interrompeu a 'corrida banzai' dos grupos de até 50 cruzadores ilegais que aglutinavam-se contra guardas fronteiriços achando que ao menos alguns conseguiriam passar. Antes que o muro fosse construído, as prisões totalizavam em torno de meio milhão ao ano, e caíram firmemente para ao redor de 130.000 no ano passado. Mas os oponentes do cerceamento dos Estados Unidos apontam para as conseqüências imprevistas: uma indústria crescente da construção de túneis sob o muro (o mais longo até hoje, com quase 800 metros, foi descoberto em San Diego no ano passado) e em forjar documentos de identidade. E como os virtuais cruzadores desviavam em torno da cerca e viajavam através do deserto do Arizona preferivelmente, o pedágio da morte cresceu firmemente, à uma média de 9 mortes por semana. Os políticos Latino Americanos em geral e os Mexicanos em particular vêem o muro da fronteira como uma afronta, e um abandono da filosofia que alertou o então Presidente Ronald Reagan, diante do Portão de Brandenburg de Berlim, desafiando sua contraparte Soviética à "abrir este portão ... derrubar abaixo este muro". Dois anos mais tarde, o muro caiu, e, não muito mais tarde, assim o fêz o que remanesceu da Cortina de Ferro, o sistema letal de muros, cercas e mini-campos que cortavam 4.000 km através da Europa e dividiram os países sob o domínio comunista das democracias capitalistas. Muitos dos artifícios usados quando a Cortina de Ferro ainda estava em pé - espaços para fora escondendo espaços ôcos em carros, túneis, escadas de gancho - são usados ainda agora. Então, cruzadores bem-sucedidos foram aclamados como heróis da liberdade. Agora eles são vistos como uma ameaça ou um encargo.

Os Muros Semeiam Reivindicações Territoriais

Enquanto que o controle da segurança e da imigração são as razões mais freqüentemente citadas para a construção dos muros fronteiriços, a política joga um papel chave em alguns países. Em outros, as fortificações servem para traduzir reivindicações territoriais em fatos concretos na terra. Isso se aplica a uma das menos conhecidas mas das mais longas barreiras fronteiriças das épocas modernas, construída pelo Marrocos nos 1980s para coibir os ataques do movimento independente do Sahara Ocidental, o Polisario, no território que ele reivindica para si. Ela se encontra atrás de um grupo de muralhas de 2.700 km de comprimento e 3 metros de altura feita de terra, rocha e areia construídas nos 1980s. O muro é defendido por milhares de tropas Marroquinas e fortificada por bunkers e cercas, arame farpado e minas terrestres - entre 200.000 e diversos milhões delas, dependendo de quem faz a estimativa. Para ouvir os Palestinos e oficiais das Nações Unidas dizê-lo, a parede de concreto cinzento que racha Jerusalem da Margem Ocidental e as cercas e trincheiras que correm através da Margem Ocidental têm tanto a haver com o expansionismo Israelense quanto com o estabelecido, e pela maior parte bem-sucedido, propósito de manter bombardeiros suicidas fora de Israel. As barreiras e as cercas da Margem Ocidental são quase duas vezes mais longas que as fronteiras internacionalmente reconhecidas e correm em uma maneira que fazem das principais colonias Judaicas na Margem Ocidental uma parte de Israel. Os Israelenses que se opõem à ocupação da Margem Ocidental, assim como os críticos estrangeiros como o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, falam de 'muros do apartheid'. O muro de Israel tem sido um alvo persistente do criticismo Árabe mas os países Árabes construíram ou estão construindo muros por si próprios. A Arábia Saudita tem quietamente convidado propostas para uma cerca de alta-tecnologia de 880 km - completa com sensores, câmeras de visão noturna, software de reconhecimento da face, e arame farpado - para selar sua fronteira com o Iraque.

Contendo o Caos do Iraque

De acordo com fontes contratantes da defesa dos Estados Unidos, o projeto custará diversos bilhões de dólares e será executado por receios que a crescente anarquia e inquietação no Iraque se espalhará na Arábia Saudita. Os Sauditas interromperam o trabalho numa barreira ao longo de sua fronteira com o Yemen - composta pela maior parte de enormes tubulações cheias com concreto - após queixas dos Yemenis há três anos. Um outro vizinho do Iraque, o Kuwait, já selou sua fronteira com cercas eletrificadas e uma profunda trincheira de 2 metros de profundidade correndo ao longo dos 217 km que dividem a linha, de acordo com um diplomata Kuwaitiano sênior em Washington. Há uma supervisão aérea constante da linha, através da qual os tanques Iraquianos rolaram na invasão de 1991 do Kuwait. Ao leste da Península Arábica, projetos ambiciosos estão a caminho para controlar o movimento entre a India e o Paquistão; a India e Bangladesh; e o Paquistão e o Afeganistão. Quase invariàvelmente, os governos que se decidem pela separação física de um vizinho predizem que ela reduziria a tensão mas, às vezes, isso remanesce uma ilusão. Em Abril, por exemplo, uma chama rompeu entre tropas Afegãs e Paquistanesas após os Afegãos tentarem derrubar partes de uma cerca que corre por uma área tribal. O Paquistão começou a construir uma cerca ao longo de parte da fronteira de 2.500 km sob a pressão dos Estados Unidos para fechar as rotas dos combatentes do Taliban que se dirigem ao Afeganistão para se juntar à guerra contra os Estados Unidos e as forças multinacionais. Na Europa, dois dos muros mais infames - os restos do Muro de Berlim e do "Muro da Paz" em Belfast - tornaram-se atrações turísticas. Mas a Espanha construiu cercas duplas de 3-6 metros de altura e cobriu-as com arame cortante em torno de seus ricos enclaves de Ceuta e Melilla no Marrocos para manter fora os imigrantes. As cercas tiveram um efeito similar aos muros na fronteira entre os Estados Unidos e o México: os possíveis imigrantes dos países pobres procuraram outras maneiras de alcançar um país rico. As patrulhas litoraneas Espanholas e sistemas melhores de radar incitaram os emigrantes Africanos a fazer viagens mais arriscadas para as Ilhas Canárias da Espanha. Centenas afogaram-se. Se a história for uma guia, nenhuma fortificação fronteiriça pode selar um país inteiramente. Mesmo a mãe de todas as muralhas, a Grande Muralha da China, com cêrca de 6.400 km - a mais longa muralha fronteiriça jamais construída, não conseguiu manter fora os bárbaros do norte contra aqueles que foi projetada para proteger.

Imaginem uma Muralha Paulista com 2.500 km de extensão e 3 metros de altura passando leste-oeste por Brasília e separando o Sudeste, o Centro-Oeste e o Sul Brasileiros do Norte-Nordeste...


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AUTOR: INTERNET NATIONS
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