NOTÍCIAS ASGARDIANAS N. 40, Outubro de 2003. Boletim mensal de História, Arqueologia e Cultura Medieval. Editor: Prof. Dr. Johnni Langer. Curso de História da Facipal, Faculdades Integradas de Palmas, PR. Contato e envio de material: johnnilanger@yahoo.com.br URL: http://geocities.yahoo.com.br/johnnilanger/Noticiasasgardianas.html SUMÁRIO:  Editorial  Entrevista com o medievalista Hilário Franco Jr.  Resenha: Manifestações do sagrado na épica medieval, de Sérgio Almeida.  Artigo: Hellhounds, werewolves and the germanic underworld, de Alby Stone.  Artigo: Os Vikings na América, de Marlon Maltauro.  Site Nethistória  Notícias de descobertas arqueológicas.  Grupo Vikings-Celtas.  Chamada para publicação: revista Brathair - especiais de Matéria da Bretanha e Religião/Magia Céltica e Germânica. EDITORIAL: Em recentes participações nos encontros da ABREM e SBEC, percebemos um aumento nos estudos de mitologia na antigüidade e Idade Média. Os estudantes e pesquisadores brasileiros estão começando a perceber o enorme potencial que essa temática pode proporcionar, aumentando as possibilidades para o entendimento das sociedades ao longo da História. Neste número, disponibilizamos chamadas para a revista Brathair, que justamente estará organizando dois números temáticos sobre mitologia. Em parte, essa nova geração de estudos sobre imaginário e mitografia medieval foi influenciada pelo Dr. Hilário Franco Jr., professor da USP, nosso entrevistado do mês. Justamente num período onde nossa historiografia ainda estava presa a certas tendências tradicionalistas de abordagem historiográfica (final da década de 1980), os pioneiros estudos de Hilário Franco Jr. serviram como guia para os futuros trabalhos. Ainda lembramos de um curso ministrado na UFPR em 1986, onde o prof. Hilário de maneira extremamente original, abordou o ciclo arturiano e despertou em muitos estudantes a paixão pelo medievo, pelo imaginário e pelo mito. Ainda nesse número do boletim, apresentamos uma resenha da obra Manifestações do sagrado na épica medieval, artigos de Alby Stone e Marlon Maltauro. Esperamos que o boletim possa contribuir para a divulgação dos estudos mitográficos. O passado ainda tem muito a nos revelar. Johnni Langer. ENTREVISTA: Dr. Hilário Franco Jr., professor associado da USP. Principais obras publicadas: As utopias medievais, Brasiliense, 1992. A Eva Barbada: ensaios de mitologia medieval, Edusp, 1996. Cocanha: a história de um país imaginário, Cia das Letras, 1998. O ano mil: tempo de medo ou esperança? Cia das Letras, 2000. A Idade Média: nascimento do Ocidente, Brasiliense, reed. 2001. Johnni Langer: Professor, você é o grande pioneiro nos estudos de mitologia medieval no Brasil. Como ocorreu seu interesse por essa temática tão pouco momum na historiografia de nosso país? Hilário Franco Jr: Na verdade meu interesse pela mitologia tout court é anterior mesmo à minha definição profissional como medievalista. A partir desse momento, à medida que ia ampliando meu contato com a historiografia especializada, ia constatando, com estranheza, que ela, salvo poucas exceções, de forma geral superficiais, ignorava a mitologia como objeto de estudo digno da atenção dos medievalistas. Então fui aos poucos reunindo fontes primárias passíveis de serem interpretadas por este ângulo, lendo sistematicamente trabalhos mitográficos de várias épocas e sociedades, realizando pequenos estudos de caso. Como a pouca valorização permanece - bom exemplo é a ausência de um verbete a respeito no Dicionário temático do Ocidente Medieval organizado por Jacques Le Goff e Jean-Claude Schmitt (trad. Bras. Bauru, Edusc, 2002) - continuo explorando-a na esperança de atrair colegas e estudantes para esse campo. Em suma, a temática é pouco comum não só no Brasil e foi isso que despertou meu interesse. Johnni Langer: Analisando seus estudos publicados, percebemos que os trabalhos mais antigos (p. ex. As utopias medievais, 1992) foram influenciados por autores da “teoria do simbolismo mitológico” (Jung, Kéreny, Campbell, Chevalier & Gheerbrant, Eliade), enquanto que obras mais recentes (Cocanha, 1998) apresentam uma influência muito maior da historiografia francesa dedicada aos estudos de mito e utopia. Essa modificação ocorreu apenas pela abordagem temática ou teria outros motivos? Hilário Franco Jr: Como sabemos, toda obra historiográfica é também um produto histórico, revela tanto a época de sua elaboração quanto as circunstâncias de seu autor. No caso específico de A utopias medievais, trata-se de um livro delimitado pela coleção de que fazia parte, daí seu pequeno tamanho, a ausência de aparato crítico, a bibliografia mais acessível ao público brasileiro. Sobretudo, o livro procurava-se adequar ao espírito da coleção, ou seja, motivar os leitores de fins da década de 80, muito agitada no Brasil, a refletirem sobre a necessidade e o sentido histórico das utopias. Cocanha, de seu lado, é um desdobramento mais técnico, mais especializado, de um tema que havia sido referido em poucas páginas de As utopias medievais. Logo, requeria uma reflexão teórica mais elaborada e um desenvolvimento mais erudito. O livro publicado em 1992 (mas que terminou de ser escrito em 1990) é mais geral, o de 1998, monográfico. Além disso, quase uma década de intervalo pressupõe um amadurecimento do historiador e um alargamento de seus conhecimentos especializados. Ambos favorecidos por um longo estágio de pesquisa na França, trabalhando com o professor Le Goff. Johnni Langer: O seu livro “Cocanha” apresenta muitas similaridades estruturais com a obra “História Noturna”, de Carlo Ginzburg, especialmente tentando desvendar as origens morfológicas e pré-cristãs de mitos/utopias medievais, requerendo vasta erudição e domínio bibliográfico. Você considera que esse tipo de abordagem - a mitologia comparada (cujo precursor foi Georges Dumézil) - tem possibilidades de ser realizada com maior abrangência em nosso país? Hilário Franco Jr: A resposta é afirmativa, desde que os pré-requisitos sejam atendidos, o que passa por questões materiais e institucionais. Como você mesmo lembrou, esse tipo de trabalho pede vasta erudição e domínio bibliográfico, o que implica dizer bom instrumental lingüístico e ricas bibliotecas. Sem dúvida há maior abundância desses fatores à disposição da nova geração de medievalistas brasileiros do que havia para a minha geração acadêmica, o que leva a pensar - e já temos indícios nesse sentido - que muitos bons trabalhos serão feitos nos próximos anos (e não só no campo da mitologia). Johnni Langer: Em seu ensaio “Valtário e Rolando” (A Eva Barbada, 1996), você examinou a transformação da figura do herói pagão germânico para os valores do cristianismo medieval. Atualmente, diversos estudos europeus enfatizam a passagem dos valores e simbolismos pagãos para a cristandade. Em sua opinião, quais as possibilidades de estudos, abordagens e metodologias que essa passagem ainda pode fornecer aos pesquisadores. Hilário Franco Jr: Sem dúvida são muitas as possibilidades de estudos, pois como disse na primeira resposta o campo da mitologia medieval ainda continua relativamente inexplorado. Creio que em grande parte isso se deve justamente à questão metodológica. Pode-se dizer que hoje poucas pessoas questionam o fato de não existir um método universal aplicável a qualquer objeto das ciências humanas, o que é uma constatação saudável depois das tentativas de ditadura intelectual, por exemplo, do marxismo e da psicanálise. Mas, por outro lado, parece que esse recuo criou um certo vazio reflexivo. A questão do método sempre vai estar em aberto, precisa continuar em aberto, o que não significa contudo abandonar a reflexão. Sem nenhuma pretensão a fornecer um modelo acabado, apenas eventuais pontos de partida, sugeri algumas possibilidades na introdução de As utopias medievais e de Cocanha e sobretudo em dois artigos recentes, um nas Atas do IV Encontro Internacional de Estudos Medievais (Belo Horizonte, 2003), outro no volume 5 de Signum (São Paulo, 2003). Johnni Langer: Professor, comente sua mais recente pesquisa. Hilário Franco Jr: Trata-se, na verdade, de aprofundamentos e expansões dos temas dessa nossa conversa. Estou atualmente preparando, de um lado, um segundo volume de Ensaios de mitologia medieval, de outro, uma nova edição, bem ampliada (com três novos capítulos e diversos novos itens) e com formato acadêmico, de As utopias medievais. RESENHA: ALMEIDA, Sérgio Rubens Barbosa de. Manifestações do sagrado na épica medieval: um recorte em três textos La Chanson de Roland, El cantar de Mio Cid, das Nibelungenlied. Londrina: Editora da UEL, 2000. Johnni Langer - Doutor em História pela UFPR. Professor da Facipal, PR. E-mail: thor_odin7@hotmail.com Nos atuais estudos medievalistas, o interesse pelas religiões e mitologias pré-cristãs vem ocupando espaços cada vez maiores. Seja pelas pesquisas de historiadores, literatos, antropólogos e até arqueólogos, interessados em conhecer com mais detalhes as bases da formação ocidental. Em nosso país, os estudos sobre as origens da cultura germânica medieval ainda são muito escassos. E esse constitui o interesse inicial pela obra em questão, o livro Manifestações do sagrado na épica medieval, de Sérgio Almeida. Logo em seu início, o autor procura demonstrar seus vínculos teóricos: Rudolf Otto, Roger Caillois, Georges Dumézil, Julien Ries, Carl Jung e Mircea Eliade. Apesar de serem autores consagrados, já percebemos um primeiro problema, pois são integrantes de metodologias bem diferenciadas, principalmente na teorização do mito. Em alguns casos, como Rudolf Otto, percebemos o quanto alguns autores do início do século 20 estão totalmente ultrapassados em um ponto de vista científico atual: “muito pouco se sabe, com certeza, das idéias do habitante das cavernas (...) qual teria sido a religião do primitivo, se é que houve uma? (p. 11).” Em relação à pré-história, Rudolf Otto baseou suas teorias religiosas nas então investigações arqueológicas até a décadas de 1930, que eram muito precárias. Com o advento do método estruturalista aplicado à arte pré-histórica, após a década de 1970, percebemos a imensa riqueza e complexidade cultural da religiosidade dos primeiros tempos. Se o autor tivesse consultado o livro As religiões da Pré-história, de André Leroi-Gourhan (1985), perceberia o quanto as idéais de Rudolf Otto estão ultrapassadas. Teorizando sobre o sagrado na história das religiões, novamente o autor Sérgio Almeida utilizou-se do religioso alemão: “o numinoso, segundo Otto, representa para o ser humano um valor que, por antítese, o faz ver o não-numinoso do profano, assim como o anti-valor do pecado (p. 13)”. A noção de pecado é algo própria do pensamento hebraico-cristão, e não pode ser generalizada para todas as religiões da História, e muito menos para o paganismo germânico. Sobre a questão do sagrado dos povos indo-europeus e germanos, o autor citou um estudo do francês Julien Ries (Les chemins du sacré dans l’histoire, 1985), referindo-se às três funções dos indo-europeus. O que aponta no mínimo um desconhecimento de que essa teoria foi formulada por Georges Dumézil a partir da década de 1930, e popularizada em seus clássicos L’idéologie tripartie des indo-européens (1958) e Mythe et épopée (1968-1973). Algo estranho, visto a citação de Dumézil na bibliografia final (Los dioses de los germanos, 1973) (p. 172). Nesse mesmo capítulo, Sérgio Almeida relata seu desconhecimento em religião germânica: “nos textos por nós estudados não há qualquer referência a cultos ou rituais específicos, oficialmente proscritos na Idade Média (p. 26)”. Um exame em algumas das dezenas de fontes escandinavas medievais (séc. XIII), percebemos abundantes descrições de rituais paganistas, como os blóts (sacrifícios, Óláfs saga Tryggvasonar) e cerimônias mágicas (Eyrbyggja saga, Víga-Glúms saga), entre outras. Também percebemos outros erros, como a concepção ultrapassada de que os germanos não possuíam alfabeto: “runas - alfabeto mágico nórdico (...) não conhecendo os germanos a escrita (p. 43)”. Essa idéia da inexistência de uma forma de escrita para registro no cotidiano e de que as runas somente seriam utilizadas para fins mágico-religiosos já vem sendo criticado por Peter Heather (In: Cultura escrita e poder no mundo antigo, 1998) e radicalmente pelos epigrafistas Raymond Page (Runes, 2000) e Birgit Sawyer (The Viking-Age Runes-Stones, 2003). Esses dois últimos demonstram o uso das runas germânicas na política, genealogia, memoriais, cotidiano sócio-familiar e até eventos amorosos. A falta de conhecimento de bibliografias mais recentes sobre o mundo germânico, também levou o autor a perpetuar uma velha imagem muito comum na década de 1950-60, a de que todas as religiões teriam um aspecto velado: “as religiões, para a transmissão do conhecimento do Sacer, ou seja, daquele sagrado primordial, tinham sempre duas vertentes: a esotérica - para um grupo escolhido de iniciados que sabiam a origem e o significado dos ritos que praticavam - e a exotérica - destinada à massa popular, geralmente ignorante e, portanto, supersticiosa (p. 64)”. Isso de maneira nenhuma pode ser aplicada no paganismo germânico. Tácito, em seu clássico Germânia, já mencionava a realização do culto aquático a Nerthus, uma prática onde a população não era excluída. Existiam no mundo nórdico medieval práticas religiosas só realizadas por populares, sem caráter secreto, como os rituais de camponeses para Thor, como também práticas para toda a elite aristocrática e nobre, os cultos para Odin (Régis Boyer, La religion des anciens scandinaves, 1981, p. 110-165). Essa dicotomia que Sérgio Almeida emprega, referindo-se aos populares como “ignorantes” e somente a elite possuindo conhecimento realmente especializado de magia ou religião, também vem sendo totalmente criticado por outros autores, demonstrando que essas fronteiras nem sempre eram bem definidas, ocorrendo inclusive o emprego de conhecimento mágico de populares por membros da elite monárquica Viking (Thomas Dubois, Nordic religions in the Viking Age, 1999, p. 126-127). A falta de conhecimento mais especializado prossegue por todo o texto. Referindo-se à árvore cósmica, o autor diz: “os germanos têm Yggdrasil - o freixo (p. 84)”. Aqui ocorre uma confusão etimológica. Na realidade, os Vikings mantinham muito em comum com a religiosidade e mitologia dos antigos germanos, mas esses últimos denominavam o freixo universal de Irminsul, Læradr e Mjötvidr sendo a palavra Yggdrasil empregada somente pelos nórdicos medievais (Régis Boyer, Héros et dieux du nord, 1997, p. 173 ). Um erro semelhante ocorre em outro momento: “Odin ou Wotan. Ambos os nomes designam o chefe da sociedade divina, na mitologia nórdica (p. 102).” Na realidade, Wotan era a forma empregada pelos povos germânicos do período de migração até a Idade Média. No mundo Viking, somente era empregado o termo Odin, para a mesma divindade. Referindo-se à uma cerimônia fúnebre no La chanson de Roland, Sérgio Almeida analisa o símbolo do cervo, acreditando que o mesmo proveio de uma influência céltica, o que não é de todo inverossímil. Mas a representação simbólica deste animal foi muito comum na cultura germânica, algo desconhecido pelo autor, como podemos perceber nos chifres cerimoniais de Gallehus (Dinamarca, séc. V d.C.) e uma moeda da cidade Viking de Hedeby (Alemanha, séc. IX d.C.). Nesta moeda, a figura do cervo está rodeada de uma serpente espiralada e o símbolo sagrado do Valknut. No momento em que discute o épico das Nibelungenlied, outros erros surgem no livro de Sérgio Almeida: “É curioso, entretanto, lembrar que, entre os deuses nórdicos, era Ódin/Wotan que profetizava, e não uma das muitas deusas do panteão germânico, certamente pelo caráter eminentemente masculino desta religião (p. 125).” Na realidade, uma das práticas mágicas divinatórias (seiðr) teria sido ensinada a Odin pela deusa vanir Freyja, e essa prática era exclusivamente feminina no mundo Viking (Thomas Dubois, Nordic religions in the Viking Age, 1999, p. 209; Jenny Blain, Nine worlds of seid-magic, 2002). Também a narrativa textual empregada, misturando aleatoriamente e sem nenhum rigor elementos totalmente díspares, como o I Ching, astrologia e o Tarot, comprometem a qualidade analítica da obra. Nosso país ainda carece de obras mais consistentes sobre literatura e história germânica. Para a ópera oitocentista de Wagner, Yara Caznók e Alfredo Neto lançaram o excelente Ouvir Wagner, ecos nietzchinianos (São Paulo, 2000). A Idade Média germânica e Viking ainda espera livros acadêmicos mais consistentes em nosso país. ARTIGOS: Este mês disponibilizamos um interessante artigo do pesquisador britânico Alby Stone, especialista em religião e folclore germânico. Ele é o autor do mais importante estudo sobre o símbolo sagrado do Valknut (nó dos mortos, Old Norse), entre outros estudos importantes. ALBY STONE. Hellhounds, Werewolves and the Germanic Underworld. In: AT THE EDGE: http://www.indigogroup.co.uk/edge/hellhnds.htm There is a curious connection between dogs and travel to the realm of the dead. It can be found particularly in Indo-European mythologies, although it also occurs in Egypt, Siberia, and north America. According to the Vedic mythology of ancient India, for instance, the deceased must pass by the four-eyed dogs of Yama, king of the dead; and Greek mythology tells of the dog Kerberos, popularly endowed with three heads, who watches the entrance to Hades. Mention must also be made of the white, red-eared hounds of Celtic myth. But the idea of the underworld watchdog appears to have reached its fullest, and most complex expression among the Germanic peoples. In Scandinavia, hounds are associated with Niflheimr, the mortuary land ruled by the grim queen Hel. The Eddic poem Baldrs draumar (Balder's Dreams) tells how Odin rides to Niflheimr to ascertain the meaning of the dreams that have been troubling his son. On the way, He met a hound that came from Hel. That one had blood upon his breast, and long did he bark at Baldrs father. Onward rode Odin - the earth-way roared - till he came to the high hall of Hel. [1] Also in the Poetic Edda, in the Fjolsvinnsmal section of the poem Svipdagsmal, two dogs guard Lyfjaberg ('Mount of Healing') the otherworld dwelling of the maiden Mengloth, which is surrounded by a wall of fire, and a clay wall called Gastropnir. H.R. Ellis Davidson [2] has convincingly identified Mengloth with the goddess Hel, on the grounds that there are enough significant parallels between Niflheimr and Lyfjaberg to suggest that the rulers of the two places were also probably meant to be one and the same. The two dogs are worth a closer look: One is called Gifr, Geri is the other, if you wish to know: they are strong watchdogs, and they keep watch until the doom of the gods. [3] Gifr means 'Greedy'; as does Geri. The latter is also the name of one of Odin's two wolves - the other is Freki, whose name has the same meaning. As Bruce Lincoln hasshown, these names are all derived from the same Proto-Indo-European root, *gher-, which is thought to denote the sound made by an animal, in this case the canine variety. In essence, the names all mean 'Growler'. The same source gives rise to the name Garmr, 'Dog', the dreadful beast that is said to be fettered before Niflheimr; and to Kerberos. Lincoln also points out that the same root has given rise to a class of words that he describes as 'sub-verbal utterances: sounds commonly made by people, none of which constitute actual words'. He concludes that the Germanic words so derived refer to greed as 'that characteristic whereby a human being is reduced to the level of a hungry beast: growling, ravenous, and inarticulate', and suggests that the association of dog and underworld may be due in part to the dog's widespread reputation as a devourer of corpses; the growl denotes 'the greed of none other than all-devouring death' [4]. To Lincoln's notion we may add the simple observation that the dog's common role in human communities makes it a natural candidate for the part of guardian of the underworld. But there is much more than that to be said for it. Dogs and wolves are closely related, in traditional mythology as well as in nature. The Old English epic poem Beowulf describes the monster Grendel and his mother in terms that leave little doubt as to their lupine nature - among the words used to describe them are: werga, werhtho, heorowearh, brimwylf, grundwyrgenne, all of which contain the elements wearg/wearh or wylf. Grendel is also called a scucca (demon), from which the second element of the name of Black Shuck, the supernatural dog encountered by nocturnal travellers in East Anglian folklore, is derived. It is also said of Grendel that him of eagum stod ligge gelicost leoht unfaeger, 'from his eyes shone a fire-like, baleful light' [5]. Grendel and his mother are both haunters and guardians of a burial mound in marshland, and are given an aquatic aspect to match - brimwylf, for instance, means 'water-wolf'. This brings to mind the bodies of water - usually rivers, but sometimes a lake or sea - that are invariably supposed to surround the Indo-European underworld, and those of some non-Indo-European cultures. This brings us, strange as it may seem, to St Christopher. In Christian popular tradition, St Christopher was a giant who carried travellers across a river. The story is well known, and does not need to be repeated here. But Old English traditions of the saint are rather unusual. According to the Old English Passion of St Christopher, se w s healf hundisces mancynnes, 'he was of the race of mankind who are half hound'. The Old English Martyrology elaborates upon this: he was thaere theode thaer men habbath hunda heafod & of thaere eorthan on theare aeton men hi selfe, 'from the nation where men have the head of a dog and from the country where men devour each other'; furthermore, he haefde hundes haefod, & his loccas waeron ofer gemet side, & his eagan scinon swa leohte swa morgensteorra, & his teth waeron swa scearpe swa eofores texas, 'he had the head of a hound, and his locks were extremely long, and his eyes shone as bright as the morning star, and his teeth were as sharp as a boar's tusks' [6]. It is plain that this is not quite the patron saint of travellers that we are told about at Sunday School. It is a peculiarly Old English view of St Christopher. He resembles the monstrous Healfhundingas, a race mentioned in two Old English texts: The Wonders of the East and The Letter of Alexander to Aristotle. More to the point, he resembles the lupine monsters of Beowulf. Like most other Indo-European traditions, the Germans seem to have conceived of an otherworldly ferryman who conducted the dead to the underworld; indeed, Odin was so pictured during the Viking Age. It seems reasonable to suppose that St Christopher's occupation and location struck a traditional chord familiar to Anglo-Saxon ears, and that the legend was consequently coloured by Germanic underworld motifs. At this point, we must return to the Grendel family, and to Odin's wolves. Grendel and his mother are several times characterised by compounds of the word wearg or its variant wearh, which may be more familiar to readers of J.R.R. Tolkien in its continental German form warg, although it has similar forms in other Germanic tongues. This is a complex word: it is often used simply to mean 'wolf', but it also denotes an outlaw or the state of outlawry, in which case it refers to those who have committed crimes that are either unforgivable or unredeemable, and who are cast out from their communities and doomed to wander until they die. Outlaws were traditionally forest-dwellers, and could be legitimately killed. It would be easy to assume that outlaws were called warg simply because their offences were of an especially savage kind, and that they were likened to wolves, wild, bestial, and uncivilised, as a result. Anglo-Norman law, for example, stated that the outlaw would 'be held to be a wolf and . . . be proclaimed 'wolf's-head'' [7]. Interestingly, the Frankish Lex Salica uses the phrase wargus sit ('he shall be a warg') of a despoiler of buried corpses [8]. But warg is not a straightforward word. It is derived from an Indo-European *wergh-, 'strangle', via Germanic *wargaz. It is suggested that the use of warg and its variants in Germanic legal codes, as a condemnation, 'originally was a magico-legal pronouncement which transformed the criminal into a werwolf worthy of strangulation' [9]. The Indo-European antiquity of this notion is demonstrated in Hittite texts which include the phrase zi-ik-wa UR.BAR.RA ki-sa-at, 'thou art become a wolf'; and the name LU.MES hurkilas, denoting demon-like entities who are set to capture a wolf and strangle a serpent - hurkilas being derived from the same root as warg [10]. The warg, in this analysis, is a strangler, but one who himself requires strangulation. The Lex Salica is not alone in condemning corpse-violators as warg. Exactly the same thing can be found in the Lex Ripuaria, and in the laws decreed by Henry I of England. Medieval Scandinavian legal texts, however, tend to apply the cognate term vargr to those who kill by cowardly means, and to oath-breakers; however, the term is almost always used in compounds, which suggests that the archaic point has been lost. Ultimately, a warg is an outlaw, one who has literally become a wolf in the eyes of his fellows: a warg can become what he is by being outlawed, for murder or oath-breaking; or he can be oulawed for what he already is, a warg, a worrier of corpses. The traditional method for disposing of outlaws was hanging, a punishment that is only a minor variation on strangulation. This was the prescribed way of sacrificing to Odin. As the poem Grimnismal says, 'Odin's hall is easy to recognise: a vargr hangs before the western door...' [11]. Odin is known as Hangaguth, 'God of the Hanged'; in Old English, Old Saxon, and Old Norse, the gallows is known as the 'warg-tree'. Strangulation is implied by a number of references to the ropes or snares of the death-goddess in Indo-European myth; and here the name Mengloth, 'necklace-glad', may be significant, especially as one of the walls that surround her Lyfjaberg is the clay wall called Gastropnir, 'Guest-Strangler'. The situation thus far can be summarised as follows. Firstly, the land of the dead is guarded by a canine or lupine creature. Secondly, that land must be reached by crossing a body of water. Next, warg applies to men who are legally wolves - or werewolves, for that is what we are dealing with here - and are condemned to the noose. Lastly, the references to Grendel in Beowulf further suggest that the dogs or wolves who guard or bar the way to the underworld are themselves warg. There are two more things to note before we can progress further. One is an interesting kenning in another Eddic poem, Helreith Brynhildar: this is hrot-garmr, 'howling dog', which stands for fire, and in this case refers specifically to Brynhild's funeral pyre. The other is the wall of fire that surrounds Mengloth's Lyfjaberg. This is paralleled in several other medieval Norse texts by walls of flame that surround otherworld realms. The two ideas could be linked: after all, cremation is itself a wall of fire that is a boundary between this world and the next. This takes us, indirectly, back to warg. The Roggenwolf ('rye-wolf') of German rural folklore is a demon that lives in grainfields and ambushes peasants, strangling them. This creature, essentially a type of werewolf, is represented at harvest-time by the last sheaf, which is called 'Wolf' and tied up to nullify its malignance. Like Grendel, the Roggenwolf has a sinister mother, the Roggenmutter or Kornmutter. Another lupine connection is the fungus ergot, which is particularly associated with rye. This fungus, which gives the grain an unpleasant appearance, is sometimes known as Wolf or Wolfszahn ('Wolf-tooth'). Mary R. Gerstein [12] suggests that there is an etymological link between ergot and warg: she presents a number of examples where variants of warg are used to imply moral or physical corruption or disease, and in some they are coupled with the term represented in Old Norse by argr and ergi, and in other Germanic languages as earh, earg, arag, arug, and so on. This is basically a term used to denote passive homosexuality, and is specifically applied to the recipient in anal intercourse. It is also used to describe Odin, as a consequence of his use of the magical technique called seithr, an art appropriate to women. Gerstein's idea is that, just as warg indicates the transformation of man into wolf, arg denotes the notional change of man into woman. Arg and its cognate forms form the third corner of this etymological triangle. Ergot contains a number of interesting substances, chief among which is lysergic acid, from which the hallucinogen LSD is made. Poisoning by ergot (ergotism) used to occur frequently in Europe. Among the symptoms of this virulent, and often lethal, condition are: disruption of motor control functions, causing tremors and writhing, wry neck, convulsions, rolling eyes, and speechlessness; dizziness, confusion, hallucinations, panic attacks, and delusions; extreme thirst, uncontrollable appetite; feelings of extreme heat, or even cold, with itching and tingling, swelling and blistering of the skin. Ergotism was known by a variety of names: St. Anthony's Fire, and - to the physicians of seventeenth-century England - 'suffocation of the mother'. In other words, the symptoms of ergotism mimic lycanthropic behaviour, and can often lead to a fairly convincing simulation of death by strangulation (wry neck) or suffocation [13]. In addition, the presence of lysergic acid is capable of taking the victim on a very bad trip indeed. From the observer's point of view, the symptoms are also superficially similar to rabies. Ergotism or rabies could explain the popular belief that lycanthropy is transmitted through the bite of a werewolf; and in this context ergotism may be the more likely candidate. Furthermore, the itching and burning sensations caused by extreme vascular constriction - often a prelude to tisse necrosis, gangrene - could also be construed as a foretaste of the fires of hell, and the experience would augment the effects of the lysergic acid. The growth of ergot is stimulated by certain atmospheric conditions: it grows best in overcast and damp weather. Epidemics have been linked to volcanic eruptions, particularly in Scandinavia; and the presence of nearby marshland or lakes is enough to moisten the air sufficiently to facilitate the growth of ergot [14]. To this we must add the simple fact that rye has long been the traditional, staple grain of Germany and Scandinavia; although ergot is by no means exclusive to that cereal. With that in mind, it may useful to note that the most commonly accepted interpretation of the controversial name Beowulf is 'Barley-wolf', which hints at the same theme, and adds the notion of the warrior as one who can change into a ravening beast, a lycanthropic transformation that is also expressed in the Norse term berserkr, 'bear-shirt'. It is difficult to summarise this complex argument with clarity. The basic Indo-European (or even Eurasiatic) myth, of the dog that keeps watch over the realm of the dead, has been augmented by the peculiarly Germanic idea of the outlaw as wolf, and as a foredoomed sacrificial victim. The term warg may originally have applied exclusively to those guilty of desecrating buried corpses, or perhaps even those who killed in a cowardly manner. The latter, if the etymology of warg isany indication, may have been stranglers - in other words, those who killed by a method normally reserved for human sacrifice. Like those men who are argr, 'passive' homosexuals, the warg occupies a marginal position: just as one is a man who acts like a woman, the other is a man who legally is a wolf - and is also, it must be remarked, as good as dead in the eyes of his fellows. Such people are able to travel between the worlds of life and death, like the shaman. That these ideas came to grow together is shown in the Middle High German epic Eneide by Heinrich von Veldeke, who characterises Kerberos as both arg and warg: Cerberus der arge und alle sine warge die an hem hiengem. Kerberos the arg and all the wargs who follow him. [15] The phenomenon of ergotism apes both the lycanthropic state of the warg and - thanks to the lysergic acid present in the growth - the journey to the otherworld. It also gives the victim an unpleasant precognition of the flames of the funeral pyre, the wall of fire that must be crossed to reach the land of the dead. As we have seen, this fire is itself characterised in one poem as a dog, and in German folklore the fungus that causes the foretaste is called a wolf, or the tooth of a wolf. The liminal status of the dog, and its role as guardian, has been dealt with in more detail in Bob Trubshaw's Black dogs: guardians of the corpseways. It remains only to emphasise that this analysis underscores the argument presented there. References 1: My translation. 2: H.R. Ellis (Cambridge, 1943), The Road to Hel, ch. 7. 3: My translation. 4: Bruce Lincoln (Chicago, 1991), Death, War, and Sacrifice: Studies in Ideology and Practice, ch. 7. All quotations are from p. 100. 5: Cited by Sam Newton (Cambridge, 1993), The Origins of Beowulf and the Pre-Viking Kingdom of East Anglia, p. 6. 6: Cited by Sam Newton (Ibid.), pp. 5-6. 7: Quoted by Mary R. Gerstein (Berkeley, Ca., 1974), 'Germanic Warg: The Outlaw as Werwolf', in G.J. Larson (ed.), Myth in Indo-European Antiquity, p. 132. 8: Katherine Fischer Drew (Philadelphia, 1991), The Laws of the Salian Franks, p. 118. 9: Gerstein (op. cit.), pp. 133-4. 10: Ibid., p. 134. 11: My translation. 12: Gerstein (op. cit.), pp. 153-4. 13: Mary Kilbourne Matossian (New Haven, 1989), Poisons of the Past: Molds, Epidemics, and History, pp. 11-12. 14: Ibid., pp. 13-14, 94-5 15: Quoted by Gerstein (op. cit.), p. 150. 16: Bob Trubshaw (Mercian Mysteries, 1994), Black dogs: guardians of the corpseways Originally published in Mercian Mysteries No.20 1994. ARTIGO: OS VIKINGS DESCOBREM O NOVO MUNDO Marlon Ângelo Maltauro - Licenciado em História pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória - PR. Introdução Desde o início da colonização na América pairavam rumores de que antigas civilizações já tinham explorado o Novo Mundo muito antes da descoberta de Cristóvão Colombo. Dentre os vários povos que teriam estado em nosso continente, os preferidos pelos difusionistas sempre foram os vikings e os fenícios , talvez por terem sido as civilizações que mais aperfeiçoaram as técnicas navais antes do advento das grandes navegações do século XV. No início do século XIX, as sagas começaram a ser traduzidas em diversas línguas, dentre todas as sagas duas receberam atenção especial dos pesquisadores, a Graelendiga Saga e a Eiriks' Saga, por narrarem a descoberta de novas terras a oeste do Atlântico, por Leif Erikson. A princípio as sagas foram consideradas como obras de ficção literária, fábulas que tinham o objetivo de entreter e despertar o orgulho dos descendentes da cultura viking. Os poucos historiadores que analisaram as crônicas em busca de seu conteúdo histórico depararam-se com diversos problemas. O primeiro, era o fato de que, na Era Viking as sagas eram relatos orais passados de geração para geração até serem redigidos nos séculos XII-XIII, período pós-viking, sofrendo possivelmente algumas alterações até serem compiladas. Outro problema era que as duas versões pareciam contradizer-se uma das outras sendo difícil solucionar as divergências existentes quanto a inúmeros detalhes práticos. Contudo, no início do século XX as sagas foram vistas sob uma nova ótica, vários historiadores começaram a defender a tese de que, as sagas desempenhavam acima de tudo o papel de memória histórica, justificando o passado, aparecendo não só como obra literária fabulosa mas como a possibilidade de analise da cultura nórdica. As descrições das sagas As duas sagas que narram a descoberta da América atribuem o feito a Leif Erikson, mas na Eiriks' Saga este fato é relegado a um segundo plano. "Leif zarpou, enfrentou dificuldades no mar e finalmente chegou a terras com as quais ser que sonhara. Encontrou campos de trigo silvestre, videiras e bordos entre as árvores. Levou consigo algumas amostras de todas essas coisas." (Eiriks' Saga, :49). Nota-se na saga que não há descrição alguma sobre a viagem ou geografia das terras descobertas, a ênfase maior do relato da vida de Leif é a introdução do cristianismo na Groelândia. a descoberta destas novas terras é apenas o passo inicial para novas expedições, ficando a cargo de outros exploradores relatar, explorar e batizar estas regiões. Segundo o historiador Frederick Pohl, a omissão dos detalhes da viagem de Leif deve-se ao fato de que a Eiriks' Saga ter por objetivo emanar os ilandeses chefiados por Karsefni que realizaram a segunda expedição (Pohl, 1966:128). O autor transmite a idéia de que a saga foi alterada por algum descendente de Karsefni. Devido à origem oral das sagas é notório que as mesmas foram rescritas diversas vezes antes de serem compiladas (Concagh, 1992:26) no Skálholtsbók, e apesar da Eirik's Saga fazer um relato simplório da descoberta de Leif, a suposição de Pohl não passa de uma especulação. A Graelendinga Saga não é tão rica em acontecimentos místicos como a Eirik's Saga, e tem um estilo de relato de exploração fazendo uma descrição minuciosa das viagens e descobertas de Leif. Devido a riqueza de pormenores, serão sintetizados os principais relatos, a seguir: Com o objetivo de visitar seu pai na Groelândia, Bjarni decide zarpar da Islândia, apesar de saber do perigo da viagem pois nenhum dos marinheiros que o acompanhava tinha ido para lá antes. Mesmo assim lançaram-se ao mar, navegando durante três dias até perderem a terra de vista. Então, os bons ventos cessaram e surgiram violentas ventanias e com elas, nevoeiros; perderam a rota por vários dias, por fim vislumbraram a luz do sol e foram capazes de orientar-se novamente, navegaram durante um dia inteiro e no segundo avistaram terra. Bjarni declarou que aquela terra não poderia ser a Groelândia, pois não era montanhosa, mas coberta por floresta e suaves colinas. Lançaram-se ao mar e depois de prosseguirem durante dois dias, avistaram terra mais uma vez, aproximaram-se rapidamente e viram que a terra era plana e coberta de florestas. Bjarni ordenou que hasteassem velas e zarparam, levados por ventos do sudeste até que encontraram uma terceira terra, alta e montanhosa, encima por uma geleira, costearam a terra e perceberam que circundavam uma ilha, mais uma vez adentraram o mar e depois de quatro dias avistaram a Groelândia. Leif filho de Erik, o Vermelho ouviu a conversa sobre as terras descobertas por Bjarni e resolveu encontra-las. O primeiro lugar que encontraram foi o país que Bjarni vira por último, aquela terra estava coberta por geleiras e entre elas e a costa havia uma grande prancha de pedra e pareceu-lhes sem valor, logo após aportarem Leif a batizou de Helluland (Terra das Pedras Planas). Lançaram-se ao mar e avistaram um segundo país, desembarcaram e encontraram, planícies repletas de florestas sendo nomeada de Markland (Terra das Florestas). Partiram levados pelo vento noroeste, navegaram durante dois dias e avistaram terras ao norte, aproximaram-se chegando a uma ilha, desembarcaram e exploraram a região, havia orvalho na relva e ao leva-las ao lábios o orvalho pareceu-lhes a bebida mais doce que já haviam saboreado; depois regressaram ao navio, navegaram pelo estreito entre a ilha e o promontório, partindo em direção ao norte. De bote adentraram em uma rio até alcançarem um lago e aportarem, depois decidiram levantar algumas casas amplas para ali passarem o inverno. No país encontraram uvas e parreiras e Leif o batizou de Vinland (Terra do Vinho). Após o inverno votaram para a Groelândia (Graelendinga Saga: 75;84). A saga narra várias outras expedições e a tentativa de colonizar Vinland após a descoberta de Leif. Apesar das terras serem encontradas primeiro por Bjarni, a crônica atribui a descoberta a Leif, pois enquanto o primeiro só passou pelas terras, o segundo aportou, explorou e batizou cada região encontrada. As duas saga descrevem que o país descoberto pelos vikings já era habitado por aborígenes, que foram chamados de skraelings (selvagens, desgraçados, bárbaros). A princípio as duas civilizações tiveram relações amistosas, mas após os primeiros contatos irromperam-se hostilidades mutuas, sendo este o principal motivo pelo qual os nórdicos não estabeleceram colônias efetivas. Em busca da América viking Nas primeiras décadas do século XX, inúmeros pesquisadores que analisaram as crônicas percorreram a América do Norte em busca de evidências arqueológicas, tendo como objetivo principal encontrar as ruínas de Vinland. A leitura literal das sagas parecia indicar para a ilha de Terra Nova (Canadá), mas as descrições de videiras, campos de trigo silvestre e clima ameno indicavam para regiões mais ao sul. A Nova Escócia, Rhode Island, Maine, Cape Cod, New Jersey e a foz do rio Saint Lawrence foram consideradas como possibilidade de serem locais onde os vikings poderiam ter se fixado. (Concagh, 1992:12). Vários pesquisadores levantaram a hipótese de que o significado de Vinland não fosse Terra do Vinho, como estava descrito nas sagas, mas teria origem na antiga palavra nórdica "vin - pasto", significando portanto Terra das Pastagens. Para eles os escritores que redigiram as sagas não sabiam que vin significava pasto em Old Norse, e para dar nexo a terra batizada por Leif, alteraram os relatos originais. Outra hipótese era que Leif Erikson, poderia ter dado o nome de Terra do Vinho com o objetivo de atrair colonos para a região, da mesma maneira que seu pai Erik, o Vermelho tinha feito ao batizar as terras por ele encontradas de Groelândia (Terra Verde). Partindo da primeira hipótese o escritor norueguês Helge Ingstad, na década de 1960 decidiu ir em busca de Vinland, estando convencido de que se seguisse a descrição literal da viagem de Leif contida na Graelendinga Saga poderia localizar o local onde o explorador tinha se estabelecido. Após várias buscas Ingstad chegou a aldeia de L'Anse aux Meadows, em Terra Nova e próximo a aldeia encontrou algumas ruínas. No ano de 1962, Helge juntamente com sua esposa, a arqueóloga Anne Stine Ingstad, começaram as escavações no local descobrindo os alicerces de várias construções, como também inúmeros artefatos, a analise dos objetos com radiocarbono avaliou a datação entre os séculos IX e XI, mesma época em que ocorreram as possíveis excursões vikings. A prova definitiva de que aquelas ruínas eram uma colônia viking foi a descoberta de pregos e um broche com ponta de bronze idêntico aos fabricados na Groelândia. As descobertas em Terra Nova foram as primeiras provas arqueológicas aceitas pela comunidade acadêmica européia. A colônia viking encontrada pelos Ingstad tornou-se um marco, vindo a mudar o rumo da história. Anterior a descoberta dos Ingstad, proliferaram por toda a América uma infinidade de evidências que viriam as várias excursões feitas pelos nórdicos muito antes de Colombo, porém todas estas provas mostraram-se fraudulentas. Entre as mais famosas fraudes está a runestone de Kensigton, encontrada no ano de 1898 em Minnesota (Estados Unidos), na fazenda de um emigrante norueguês chamado Olaf Ohman. Segundo especialistas, a vários erros que comprovam a fraude. "A linguagem não é condizente com a adotada na Escandinávia do século XIV, com diversos erros fonéticos; a datação dessa época usava números romanos e não runas ou, o que era mais comum, fazer referência cronológica usando Anno Domini" (Langer, 2002). Em 1958, a Universidade de Yale (Estado Unidos) apresentou uma prova que despertou grande euforia agitando o mundo acadêmico. Tratava-se de um mapa-múndi supostamente produzido na Idade Média, representando a Europa, Ásia, África, a Groelândia e toda a costa da América do Norte, indicando o lugar exato de Vinland. Desde que o mapa veio a público diversos especialistas em cartografia declararam que a representação da Groelândia não condizia com a forma dos mapas desenhados antes do século XV, sendo uma projeção com características modernas. Nos anos 70 várias analises químicas encontraram dióxido de titânio no mapa, um componente de tintas modernas. Em 2000 o físico Douglas Mc Naughton também constatou que a tinta empregada no mapa é do século XX, apesar do pergaminho ser muito mais antigo. Em entrevista para a revista Galileu o historiador Johnni Langer afirmou: "O desenho é muito semelhante aos mapas portugueses do século XVI. E além disso, não ocorre nenhum outro registro de mapa deste tipo. E para fazer um mapa, é preciso que haja uma tradição de cartografia que simplesmente não existia entre os vikings" (Galileu, 2002). Apesar de alguns pesquisadores afirmarem a autenticidade do mapa, os estudos científicos provam que o mapa de Vinlad é mais uma fraude. Desde o início do século XIX surgiram várias evidências de que os vikings estiveram no Brasil. Ruínas, de colônias, estátuas, inscrições e uma enormidade de artefatos foram encontrados de norte a sul. Inúmeros difusionistas elaboraram extensas obras sobre a presença nórdica no país. Entre as várias inscrições encontradas a mais famosa é sem dúvida as da pedra da Gávea, descoberta em 1839. Após a sua descoberta pesquisadores difusionistas dividiram suas opiniões quanto a origem das inscrições, uma corrente alegava serem inscrições vikings, enquanto outra afirmava serem fenícias. Recentes estudos vieram a confirmar a suspeita de vários pesquisadores, os sinais da pedra da Gávea não são inscrições, mas o desgaste natural da rocha formando linhas que aparentam ser inscrições O mito do homem branco Para muitos pesquisadores, a prova definitiva de que os vikings exploraram todo o continente americano está em um mito conhecido por quase todos os povos nativos da América Latina, o dos povoadores brancos. Segundo a mitologia Asteca em tempos remotos haviam chegando a costa de Yucatán muitos barcos estrangeiros nos quais encontrava-se homens de grande estatura, ruivos e de olhos azuis. O casco das naves brilhavam como escamas de pele de serpente, e quando as estranhas embarcações aproximaram-se da praia, pareceu como se irisadas e gigantescas sobras se aproximassem da costa deslizando sobre o mar. Os desconhecidos navegantes vestiam estranhas roupas e ostentavam adornos que representavam serpentes enroladas. Como a serpente era uma das mais antigas divindades adoradas pelos Maias estes foram considerados deuses (Herman, 1958:160). Segundo a interpretação dos pesquisadores difusionistas os barcos que pareciam serpentes eram drakkars, os cascos brilhantes seriam escudos colocados nos costados dos navios, ou seja eram vikings aportando na América Central. Além do mito indígena há várias pinturas e esculturas pré-colombianas representando homens de características européias com longas barbas. Obviamente que um pesquisador sério não pode considerar essas evidências como provas concretas da presença viking na América Central, mas elas não podem ser totalmente descartadas, pois existem vários aspectos a serem considerados. Primeiro, a análise do mito é algo complexo, pois ele parte de uma realidade, mas é incrementado ou modificado com a imaginação, uma forma de mediação entre o concreto e o abstrato (Franco Jr., 1992:12) sendo quase impossível criar fatos que não tenham contato com experiências vividas, vistas ou conhecidas. Partindo desse mesmo pressuposto qual seria a explicação mais plausível para as pinturas e esculturas caracterizando europeus barbudos? Conforme Paul Hermann o surgimento desses deuses brancos coincide com a época das explorações vikings na costa norte americana (Hermann, 1958:160). Todas essas perguntas e hipóteses continuaram a intrigar diversos historiadores, mas entre a possibilidade do contato viking com as civilizações indígenas da América Central e o fato concreto há uma enorme distância que não pode ser relegada. Considerações finais No início do século VII houve um grande aumento demográfico na Escandinávia, como em todo o resto da Europa Ocidental, chegando ao auge no século X (Arbman, 1967:31). Devido ao clima ártico como também a geologia e topografia da região, a Escandinávia não era um local propício para a agropecuária (Maltauro, 2001:23) fazendo com que os nórdicos se lançassem ao mar para obter novos recursos para sobreviverem. Graças a evolução naval e a habilidade dos navegadores vikings, eles alcançaram novas terras e percorreram praticamente toda a Europa. As grandes descobertas nórdicas no Atlântico Norte iniciaram-se em aproximadamente em 860, quando parte da Noruega um homem chamado Gardhar Svavarson para encontrar um país que ele chamara de Islândia (Terra do Gelo). Em meados de 982 Erik, o Vermelho navegando a oeste da Islândia encontrara um país e o batizara de Groelândia (Terra Verde), seu filho Leif Erikson encontrará em aproximadamente 1003 a costa da América do Norte (Maltauro, 2001:23). Mesmo após a comprovação arqueológica de que os vikings realmente estiveram na América, a epopéia escandinava esta longe de ser totalmente elucidada, existindo várias lacunas a serem preenchidas. Entre os vários aspectos discutidos sobre a presença nórdica pelo mundo acadêmico, podem ser destacados os seguintes: primeiro, os vikings limitaram-se a explorar somente a ilha de Terra nova? Arqueólogos encontraram algumas nozes nas ruínas de L'Anse aux Meadows que só existiam no sul dos Estados Unidos, supondo que os escandinavos percorreram o interior da América do Norte; segundo, houve realmente contato viking com as civilizações da América Central?; terceira e mais controversa de todas as especulações, as ruínas descobertas pelos Ingstad é mesmo Vinland? Até o presente momento não foi encontrada nenhuma prova arqueológica contundente que possa responder a todas estas perguntas. Os escombros encontrados em Terra Nova são uma prova irrefutável da presença viking no Novo Mundo, mostrando que eles estiveram na América tempo suficiente para fundar uma colônia com mulheres e crianças. A descoberta dos Ingstad mudou o rumo da história e comprovou que os vikings encontraram o continente americano quatro séculos antes de Cristóvão Colombo. Notas: Viking: termo adotado tradicionalmente a partir do século XVIII para designar todas as culturas de origem germânica que habitavam a Escandinávia entre os séculos VIII à XII d.C. No período estes povos não se identificavam com essa expressão, que na verdade designava somente os escandinavos que aventuravam-se pelo mar comercializando, colonizando e pilhando as cidades européias. Conf. Byock, 2001, p.111. 2 Fenícios: termo derivado grego, singular - Phoenix, plural - Phoenikes. A palavra e enontrada pela primeira vez em Homero. Parece significar originalmente vermelho escuro, púrpura ou castanho. Conf. Harden, 1968, p. 20. Civilização de origem desconhecida, provavelmente semita, que habitou as costas do Mediterrâneo por volta de 3.000 a.C. 3 Saga: "História" em Old Iceland. Nome dado as narrativas islandesas e escandinavas, que misturavam eventos históricos com conteúdo imaginário. Conf. Campbel, 1997, p.103;225. 4 Graelendinga Saga: Saga da Groelândia, faz parte do Flateyjarbok, que incluiu uma grande coleção de sagas, transcrito no século XII, encontra-se atualmente na Biblioteca nacional de Copenhagen. A Saga de Erik faz parte do Skálholtsbók, códice do século XV, encontra-se na Biblioteca de Arnamagnean, em Copenhagen. Ambas as saga são anônimas. Conf. Concagh, 1992, p.25:26. 5 Runestone: pedras rúnicas. Termo moderno para designar os monumentos megalíticos, mais comumente os menires, no qual foram elaborados inscrições, desenhos e pinturas. Conf. Langer. O mito da serpente - dragão na escandinávia: uma interpretação epigráfica (primeira parte: período pré-viking) 2003. 6 Runas: Alto - alemão: rûnen - cochichar; Anglo-saxão: reonian - murmurar; Antigo irlandês: rûn - mistério; Antigo inglês: runian - falar baixo; Antigo plural islandês: rûnar - segredos. Conf. Louth, 1979:328. As letras do alfabeto germânico, consistindo em linhas inscritas na madeira ou pedra. Existiam diversos tipos de alfabetos rúnicos, permitindo datar com certa precisão as runestones, conforme estilo adotado. Os alfabetos rúnicos eram chamados futhark (nome derivado dos primeiros caracteres: f, u, Þ, a, r, k) e mais conhecido como Elder Futhark, comum a todos os povos germânicos. A era viking conheceu dois tipos básicos derivados do Elder Futhark, o Rama Longa (Dinamarca) e o Rama Curta (Suécia e Noruega) mas também ocorriam muitas variações regionais e temporais. Conf. Langer. O mito da serpente - dragão na escandinávia: uma interpretação epigráfica (primeira parte: período pré-viking) 2003. 7 Sobre as fraudes arqueológicas ver os artigos de Johnni Langer: vikings e fenícios antes de Colombo: fraudes epigráficas e mitos arqueológicos nas Américas; Sobre a presença viking no Brasil ver: Os vikings no Brasil; Estudo mais aprofundado sobre a pedra da Gávea: Ciência e imaginação: a pedra da Gávea e a arqueologia no Brasil Império. 8 Drakkar: dragão , palavra de origem latinizada surgida na frança para designar os navios vikings, a expressão original em Old Norse é Langrskip (navio longo). Conf.Haywod, 2000:171. Bibliografia ARBMAN, H. Os vikings. Lisboa: Verbo, 1967. BRØNDSTED, J. Os vikings. São Paulo: Hemus, s.d. BROWN, D. M. The fate of Greenland’s Vikings. Online features, february 28, 2000. http://www.archaeology.org/online/features/greenland/index.html DUMÉZIL, G. Do mito ao romance. São Paulo: Matins Fonte, 1992. GINZBURG, C. 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Destacamos alguns títulos pela temática: Artigos: O culto a Odin entre os Vikings http://www.nethistoria.com/index.php?pagina=ver_texto&titulo_id=167 Os Vikings na História e na arte Ocidental http://www.nethistoria.com/index.php?pagina=ver_texto&titulo_id=137 Resenhas: Angus: o primeiro guerreiro, de Orlando Paes Filho http://www.nethistoria.com/index.php?pagina=ver_livro&livro_id=245 Mitos nórdicos, de Raymond Page http://www.nethistoria.com/index.php?pagina=ver_livro&livro_id=243 Em busca do Egito esquecido, de Jean Vercoutter http://www.nethistoria.com/index.php?pagina=ver_livro&livro_id=201 Manifestações do sagrado na épica medieval http://www.nethistoria.com/index.php?pagina=ver_livro&livro_id=244 NOTÍCIAS DE DESCOBERTAS E ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS Idade do "Long Man" de Wilmington é questionada A maior figura humana do mundo gera controvérsia entre os pesquisadores A origem de uma das figuras humanas mais altas encontradas até hoje, localizada nos montes da Inglaterra, o "Long Man" de Wilmington, por gerações gerou polêmica entre arqueólogos e historiadores. Desenhada em uma inclinação íngreme na região sul de Sussex, a imponente figura já foi caracterizada como um guerreiro anglo-saxão, um soldado romano e até mesmo como um símbolo de fertilidade da Idade de Ferro. Mas, de acordo com uma equipe dos investigadores, o "Long Man" pode ser uma adição relativamente recente à paisagem. Testes realizados rescentemente produziram evidências que tratam a imagem como sendo de meados do século XVI. Os resultados dos testes surpreenderam os peritos e gerou dúvidas em relação à idade de outros desenhos supostamente pré-históricos, incluindo “O Gigante de Cerne Abbas”, em Dorset. Possuindo 70 m de altura, o "Long Man" de Wilmington é uma das maiores figuras humanas no mundo. Domina grande parte da paisagem gramínea na vila de Wilmington, perto de Eastbourne, segurando o que se assemelha a uma lança em cada mão. Embora registros revelem que a imagem já era conhecida em meados de 1710, muitos estudiosos questionam se a mesma já existia quando os Romanos invadiram a Grã-Bretanha. Os novos resultados vêm de uma equipe de investigadores conduzidos pelo prof. Martin Bell, arqueólogo ambiental da Reading University. Segundo Bell, ele não esperava que a figura fosse anterior ao período de invasão anglo-saxônica. Leonardo Soares Descobertos vestígios de fortaleza romana do século 4 da France Presse, em Constança (Alemanha) 16/10/2003 Vestígios de uma fortaleza romana do século 4 foram descobertos ao pé da catedral de Constança, ao sudoeste da Alemanha. Segundo a secretaria regional de monumentos, arqueólogos descobriram restos de uma muralha de 2,2 metros de largura e uma torre de uma importante construção militar. "Esta descoberta é única no Estado de Baden-Wurtemberg e é um fato histórico notável [em Constança]", disse o chefe da secretaria, Ralph Rober. "São verdadeiramente as primeiras provas tangíveis da presença dos romanos em Constança", continuou. "Esta descoberta demonstra não só que Constança era a sede de um bispado, mas também uma localidade importante no final da antiguidade", disse Rober, acrescentando que o achado permite, ainda, localizar a linha de defesa dos romanos frente aos germânicos no lago Constança. GRUPO VIKINGS-CELTAS O grupo foi criado para discutir e divulgar estudos acadêmicos, historiográficos, literários e arqueológicos envolvendo a cultura dos povos Celtas, Vikings e Germanos em geral. A lista é aberta para toda a comunidade. Na atualidade faz-se necessária a divulgação de pesquisas acadêmicas sobre todos esses povos, com o fim de desmistificar diversas imagens errôneas, entre as quais a de que os Vikings ou Celtas utilizariam capacetes com chifres, que seriam povos "bárbaros", com cultura primitiva, que apenas realizaram massacres e atrocidades no mundo ocidental. As recentes pesquisas arqueológicas vem demonstrando a complexa e rica diversidade cultural de todos os povos pré-cristãos da Europa. O grupo Vikings-Celtas surge como um catalizador dessas novas tendências historiográficas. Página do grupo, com artigos acadêmicos, enquetes, fotografias, links: http://br.groups.yahoo.com/group/vikings-celtas/ Assinar a lista: vikings-celtas-subscribe@yahoogrupos.com.br CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO DE TRABALHOS: REVISTA BRATHAIR (Revista de Estudos Celtas e Germânicos) ISSN: 1519-9053 Edição especial: MATÉRIA DA BRETANHA (2o semestre de 2003) Quando normalmente se pensa em Matéria da Bretanha, vem à mente, de um modo geral, os relatos em torno do rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda e das narrativas celtas que chegaram às cortes anglo-normandas e francesas por intermédio dos recitadores galeses, os cyvarwiddon. Genericamente, podemos afirmar que a Matéria da Bretanha trata de narrativas ligadas às Ilhas Britânicas e ao continente, sobressaindo autores como Marie de France, Chrétien de Troyes, Robert de Boron e Wolfram von Eschenbach, além de uma série de anônimos que produziram manuscritos ao longo da Idade Média, especialmente entre os séculos XI e XIV. Muitos dos personagens constantes daquelas narrativas tornaram-se bastante conhecidos e até hoje discutidos, tais como Artur, Merlin, Tristão, Melusina, Amadis, S. Brandão, dentre outros. Segundo A.J. Saraiva em Crepúsculo da Idade Média em Portugal (1988: 60), a Matéria da Bretanha nos envolve num mundo encantado de mar, floresta, nevoeiro, fadas, filtros mágicos e metamorfoses. Para trazermos à luz novos trabalhos a respeito deste tema, estamos recebendo dos especialistas e demais pesquisadores artigos, ensaios e resenhas sobre:  a influência das narrativas de fundo céltico no período medieval;  as representações do mito arturiano nas literaturas européias da Idade Média;  o Ciclo do Graal ;  a importância da Matéria da Bretanha na história, iconografia e discurso religioso da Europa Ocidental. As propostas de trabalho devem ser enviadas por e-mail impreterivelmente até o dia 10 de dezembro para as coordenadoras da edição Matéria da Bretanha, que as encaminharão ao Conselho Editorial da Revista BRATHAIR para avaliação. Prof. Ms. Adriana Zierer (UEMA): medieval@domain.com.br Prof. Ms. Luciana Campos (UNESP): fadacelta@yahoo.com.br CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO DE TRABALHOS Edição especial Religião e Mitologia Celta e Germânica (Revista Brathair n. 2, primeiro semestre 2004): Artigos, ensaios, entrevistas e resenhas que tratem de temas relacionados com religiões pré-cristãs da Europa: simbolismos e aspectos da mitologia celta, germânica, eslava e báltica. As relações com o sagrado; os cultos; as formas e manifestações das deidades; templos e arquitetura religiosa; os sacerdotes e as relações com o sagrado (druidas e goðis); bestiário mítico; as sobrevivências ideológicas e imaginárias das antigas religiões durante a Idade Média cristã; o impacto da passagem do paganismo para o cristianismo nas sociedades nórdicas e célticas; herança folclórica. As propostas de trabalho devem ser enviadas por e-mail impreterivelmente até o dia 07 de junho de 2004 para os coordenadores da edição, Religião e Mitologia Celta e Germânica que as encaminharão ao Conselho Editorial da Revista BRATHAIR para avaliação. As propostas de trabalho devem ser enviadas para os professores: Dr. João Lupi (UFSC) lupi@cfh.ufsc.br Dr. Johnni Langer (Facipal, PR) thor_odin7@hotmail.com, ou johnnilanger@yahoo.com.br NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS: ARTIGOS: Times New Roman, tamanho 12, espaço simples, até 15 páginas. RESENHAS: Times New Roman, tamanho 12, espaço simples, 2 páginas. OBS: Utilizar notas americanas ex: (LE ROUX & GUYONVARC'H, 1993: 64) e bibliografia no final do texto. Em caso de imagens, enviar separado gravado em jpg., com referência completa. Em caso de notas explicativas no texto, colocar parêntesis no texto com a indicação (1), (2), e ao final do texto colocar a nota (não utilizar notas de fim). CONFERIR AS NORMAS COMPLETAS NA PÁGINA DA REVISTA BRATHAIR: http://orbita.starmedia.com/~brathair/Revista