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Textos de Jorge Ribeiro Araújo - Academia Caetiteense de Letras - Caetité - Bahia - 2003 - Todos os direitos pertencem ao Autor
Quando te vi pela primeira vez na pedra,
Envolto no mistério de tua anatomia,
Meu corpo, como o teu que já não medra,
Estremeceu perplexo ante o que via.

Ficou comigo para sempre a lembrança
De teu hálito - o formol - que me persegue.
Também ficou o que aprendi, como herança
De um desconhecido, que me foi entregue.

Não sei quem foste. Que pretensão ridícula!
Em meio a víscera, músculo e clavícula,
Que humano perscrutará o teu segredo?

Tua nudez serena inspira um ar de medo.
É o respeito que o vivo rende ao morto
Como o barco que partiu dedica ao porto.
Ao amigo LELO, que, por certo, também se impressionou ao primeiro encontro com o ilustre desconhecido!