O P O E T A |
Textos de Jorge Ribeiro Araújo - Academia Caetiteense de Letras - Caetité - Bahia - 2003 - Todos os direitos pertencem ao Autor |
Eu sou poeta, não tenho corpo. O poeta não nasce, nem morre, Nem fede, nem cheira. Está à beira da imortalidade. O poeta apenas espeta. Vive no grito da alma, Da alma verdadeira. O completo nada Que está em tudo Inquieto e mudo. Eu sou poeta, não tenho sede. Nem sou branco nem sou preto, Sou de qualquer cor. O poeta apenas ouve O vai e vem do amor. O poeta é um brincalhão Que já se disse fingidor. Fala por si ou falam em seu nome: Enquanto o rico come côco, Mais o pobre cocô come. Eu sou poeta, não tenho fome Nem posse, nem meta. Nada me consome, Nada além da busca, E a verdade é o que me faz homem. Não temo o tempo voraz Nem a morte, quem dirá a vida, Calvário de quem vive. A vida e a morte são como a escuridão e a luz: Quando uma cresce, a outra se reduz. |