A P R O S T I T U T A |
Textos de Jorge Ribeiro Araújo - Academia Caetiteense de Letras - Caetité - Bahia - 2003 - Todos os direitos pertencem ao Autor |
Não cruzarei o Aqueronte* nem o Letos*. Sou um verme que a substância terra adora Vivo das orgias e dos prazeres prediletos: de noite prostituta, de dia sou senhora. Minhas irmãs têm as alcovas como tetos, vendo instantes de volúpia de hora em hora a pobres seres solitários e inquietos sou como um balde de lixo em pletora. Viverei eternamente entre os afetos falsos e profanos de quem sofre, ri e chora. No ventre, trago mortos pálidos projetos, de antigo sonho abandonado outrora. Que importa ter caminhos tortos ou retos se terei de cruzar Letos ao ir-me embora? |
*Aqueronte e Letos rios que os espíritos dos mortos tinham que atravessar para chegar ao Tártaro, inferno mitológico grego. O Letos era o rio do esquecimento. |