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Médicos formados em Cuba estão perto da validação dos diplomas

O grupo de trabalho do Ministério da Saúde que trata da validação dos diplomas dos brasileiros que se formam em Medicina em Cuba espera que, até o segundo semestre deste ano, sejam assinados os convênios entre universidades públicas e a Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), em Cuba. Os convênios vão garantir a complementação das matérias de acordo com a norma em vigor. O anúncio foi feito por Afonso Magalhães, da direção da Associação de Pais e Apoiadores de Estudantes Brasileiros em Cuba (APAC), que participou da reunião nesta segunda-feira (26), em Brasília. 

Ele disse que essa é a segunda reunião da APAC com a coordenadora do grupo de trabalho, Ana Estela Haddad, para tomar conhecimento do andamento da assinatura dos convênios. “Ela se comprometeu a fazer esforço para até o segundo semestre os convênios estejam firmados e já possamos matricular os médicos para fazer a complementação das matérias”, afirmou Magalhães.

Cerca de 230 médicos brasileiros formados em Cuba aguardam a validação dos diplomas. Em julho, estará chegando mais um grupo de 50 médicos. A complementação do currículo foi definido em relatório da comissão interministerial que esteve em 2004 em Cuba fazendo o levantamento da compatibilidade curricular. São duas disciplinas - uma para conhecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e outra sobre as epidemias típicas do Brasil. As disciplinas serão oferecidas em 16 universidades públicas, entre elas a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Federal de Minas Gerais (UFMG), Federal do Ceará (UFC) e Federal de Pelotas, entre outras.

O Ministério da Saúde está empenhado em validar os diplomas dos médicos formados em Cuba para suprir cerca de mil vagas de médicos em comunidades indígenas, quilombolas e do interior do País. A medida faz parte do Termo de Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Cultural e Educacional Brasil-Cuba, assinado em janeiro deste ano pelos dois países durante visita oficial do presidente Lula a Cuba.

Espera no Congresso

O Termo de Ajuste, para entrar em vigor, precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional. A matéria, que tramita na Casa há algum tempo, já foi aprovada na Comissão de Relações Exteriores e na Comissão de Constituição e Justiça, com a unanimidade de votos dos parlamentares. Agora, o projeto percorrerá as Comissões de Educação e de Seguridade Social.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), membro da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que analisa a validação de diplomas estrangeiros no Brasil, os formandos brasileiros em Medicina em Cuba, ao chegarem ao Brasil, ficam represados em sua ação profissional. E manifestou a vontade de que “todos aqueles que fizeram um esforço para ter uma vida acadêmica consigam exercer sua atividade profissional, valendo-se dessa relação bilateral, amistosa e desse curso de alta qualidade para a saúde básica que há em Cuba”.

A deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também defende a validação dos diplomas. Segundo ela, “o Brasil, com mais de cinco mil municípios, tem, em pelo menos mil, precária presença de médicos. Em aproximadamente 300 municípios, a maior parte na região Amazônica, não há médicos. Enquanto isso, mais de 200 profissionais formados no Brasil não podem exercer a Medicina”.

Estudantes de baixa renda

A ELAM oferece bolsas de estudo para graduação a estudantes estrangeiros de baixa renda e membros de minorias culturais. O governo prevê que, até 2010, outros mil brasileiros concluirão o curso de medicina na instituição.

 Os estudantes brasileiros formados pela ELAM são, em sua maioria, vinculados aos movimentos sociais, integrantes de comunidades indígenas, afro-descendentes e quilombolas. Com a possibilidade de validação dos diplomas no Brasil, eles poderão exercer a profissão de médico junto às suas comunidades de origem.

Inicialmente, serão validados apenas os diplomas expedidos em Cuba. Mas o governo brasileiro já estuda como, posteriormente, estabelecer normas em âmbito nacional para reconhecer cursos de medicina feitos por brasileiros em outros países.

De Brasília

Márcia Xavier


Concedida Medalha Tiradentes aos cinco heróis cubanos

Rio de Janeiro, 22 de maio - (PL) Das mãos do deputado estadual Paulo Ramos,
do Partido Democrático Trabalhista, Elizabeth Palmeiro, esposa de Ramón Labañino, recebeu hoje a Medalha Tiradentes conferida pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro aos cinco patriotas cubanos.

A condecoração dedicada a Labañino, Antonio Guerrero, Fernando González, Gerardo Hernández e René González, presos nos Estados Unidos por lutarem contra o terrorismo, encerrou a jornada desta quinta-feira da XVI Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba realizada com delegações procedentes de 13 estados brasileiros.

Os presentes lotaram o auditório do Campus de Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro para escutar o relato de Elizabeth sobre as violações de direitos humanos que sofrem esses lutadores e seus familiares.

Os juristas Max Altman e João Luiz Pinaud, presidentes dos Comitês pela Libertação dos Cinco em São Paulo e Rio de  Janeiro, respectivamente, opinaram que esses presos políticos retidos ilegalmente em cárceres norte-americanos são exemplos da resistência e  dos valores humanos do povo cubano.

Insistiram em que a verdade sobre estas prisões injustas devem ser divulgadas em todo o mundo e em especial se deve influenciar a opinião pública norte-americana porque só assim será facilitado o processo de apelação promovido por seus advogados perante a Corte de Atlanta e a  batalha pela sua libertação será vencida.

Outro momento relevante da jornada foi a declaração da Associação Nacional de Cubanos Residentes no Brasil "José Martí" (ANCREB) que, integrada ao movimento de solidariedade neste país sul-americano, denunciou as agressões de Washington contra a sua pátria e exigiu o fim
do bloqueio.

Pouco antes havia sido realizada uma mesa de trabalho com o tema "Cuba resiste há
meio século e amplia as conquistas sociais", da qual participaram Osvaldo Martínez, presidente do Centro de Estudos da Economia Mundial e Beto Almeida, diretor da Telesur no Brasil.

Martínez explicou as mudanças empreendidas para garantir a sobrevivência e avanço de seu projeto social, para deixar para trás as condições difíceis causadas pelo recrudescimento do bloqueio estadunidense depois do desaparecimento da União Soviética.

Lembrou que Cuba se diferencia do restante da América Latina pela sua distribuição de renda mais equitativa, pelos serviços educacionais de maior qualidade, pelo melhor serviço de saúde pública, pela menor mortalidade infantil e pela taxa de desemprego mais reduzida.

Acrescentou que o país tem novos sócios, relações vantajosas com a Venezuela, intercâmbio forte e crédito com a China e há um processo de crescimento nas relações com o Brasil.


Encerrada XVI Convenção brasileira de solidariedade a Cuba

Rio de Janeiro, 24 de maio (PL) - A XVI Convenção Brasileira de Solidariedade a Cuba se encerrou hoje com uma importante Declaração e o acordo unânime de se realizar o próximo encontro deste tipo em 2009, em Florianópolis, Santa Catarina.

Na sessão final falaram os quatro relatores que presidiram as comissões de trabalho nas quais os delegados analisaram como fortalecer a solidariedade a Cuba e que ações empreender para libertar os cinco antiterroristas cubanos presos nos Estados Unidos.

Posteriormente os 356 integrantes das 35 organizações de 16 estados presentes apresentaram a Declaração Final do Rio de Janeiro na qual os movimentos de solidariedade manifestaram o seu apoio incondicional ao povo cubano na defesa de suas conquistas.

Nela condenam o bloqueio genocida imposto a Cuba pelos Estados Unidos, classificam de ingerência imperialista o chamado Plano Bush contra a Ilha e repudiam a Lei de Ajuste Cubano que estimula saídas ilegais e provoca perdas irreparáveis às famílias cubanas.

Exigem a libertação de Antonio Guerrero, Fernando González, Gerardo Hernández, René González e Ramón Labañino, os cinco presos políticos cubanos que Estados Unidos mantêm ilegalmente encarcerados por lutarem contra o terrorismo.

A Declaração do Rio denuncia o terrorismo por ser criminoso e violador dos direitos humanos fundamentais e acusa a Casa Branca de proteger assassinos notórios como Orlando Bosch e Luis Posada Carriles, fugitivos da justiça venezuelana.

Demanda o fechamento imediato da base militar estadunidense de Guantânamo, que além de constituir uma violação da soberania cubana, é utilizada como centro de torturas contra prisioneiros mantidos ali ilegalmente em condições degradantes.

Condena a manipulação contra Cuba praticada pelos meios de comunicação a serviço dos Estados Unidos que tratam de criar uma imagem distorcida da realidade para fomentar a manutenção da política agressiva contra a Ilha.

Denuncia as manobras do governo dos Estados Unidos através de seu escritório de interesses em Havana para promover atividades desestabilizadoras e desordem pública em Cuba.

Em sua declaração os movimentos de solidariedade ratificam o seu compromisso com a verdadeira integração latino-americana e caribenha promovida pela Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA) e a promoção de novas mudanças no continente.

Também reiteram que continuarão realizando suas convenções de solidariedade procurando ampliar a pluralidade política e ideológica para conseguir uma ampla unidade popular em torno da defesa da Revolução Cubana.


Amorim: Brasil quer ser "parceiro nº 1" de Cuba

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que o Brasil quer ser o "parceiro número um" de Cuba na nova era vivida na ilha, e antecipou que em duas ou três semanas ambos os países devem fechar novos créditos para o financiamento de negócios em infra-estrutura.

"Quero declarar aqui, mais que a disposição, o desejo firme, real, do Brasil de participar desse novo momento que vive Cuba, que vive a economia cubana", disse Amorim, ao inaugurar em Havana um seminário com empresários dos dois países.  

Amorim, que hoje começou uma visita oficial de dois dias à ilha, destacou que "neste momento tão importante para o povo cubano", o Brasil quer ser "o parceiro número um de Cuba", e participar de seu "esforço de modernização da economia".  

O chanceler citou concretamente os setores do desenvolvimento tecnológico, da produção de alimentos e de infra-estrutura como formas para contribuir para que Cuba dê um "grande salto" nos próximos anos. 

Em declarações a jornalistas, Amorim assinalou que ambos os países trabalham neste momento na aprovação de créditos para produtos industriais de serviços, maquinaria agrícola e construção de estradas. "Acho que isso tudo vai estar pronto em duas ou três semanas", disse.

O chefe da diplomacia brasileira explicou que esse financiamento ocorrerá em várias fases, com uma primeira etapa de US$ 150 milhões que se ampliará "ao longo dos anos" - para US$ 600 milhões. Ele acrescentou que o trabalho no setor alimentício "está caminhando muito bem", com um aumento muito grande dos limites de crédito. 

O Brasil aprovou em janeiro créditos no valor de US$ 90 milhões à ilha para a importação de alimentos, que foram sendo aumentados até chegar aos US$ 200 milhões, segundo fontes da chancelaria brasileira. 

Amorim não fechou a porta para novos negócios bilaterais, e assinalou: "Acho que com este contato podemos ter mais coisas". "Tenho a segurança de que estamos em um caminho no qual todos ganharemos. Os empresários ganharão, mas sobretudo os povos de Brasil e Cuba ganham", disse o chanceler.

Por sua parte, o ministro de Comércio Exterior cubano, Raúl de La Nuez, afirmou no fórum que as relações econômico-comerciais bilaterais se encontram no melhor momento de sua história. "Contamos com as condições políticas, econômicas e técnicas que o favorecem", acrescentou, ao lembrar que em 2007 o comércio bilateral foi de US$ 450 milhões e ao término de abril deste ano já cresceu em 58% com relação ao mesmo período do ano anterior.  

Fonte: EFE

30 DE MAIO DE 2008


Cuba denuncia vínculos de diplomatas norte-americanos com terroristas de origem cubana

Havana, 19 maio (acn) - Cuba denunciou nesta segunda-feira os vínculos de diplomatas norte-americanos credenciados em Havana com elementos terroristas residentes nos Estados Unidos, no abastecimento financeiro e material à contra-revolução interna.

No Centro de Imprensa Internacional, Manuel Hevia, diretor do Centro de Investigações Históricas do Departamento da Segurança do Estado, apresentou mais de uma dezena de correios eletrônicos e um vídeo, que demonstram a conexão entre o terrorista de origem cubana Santiago Álvarez Fernández Magriñat e Michael E. Parmly, chefe da Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana (SINA), que por sua vez fornecia dinheiro a uma contra-revolucionária radicada em Cuba.

Para esta operação foi utilizada como cobertura uma suposta fundação denominada Resgate Jurídico, aparentemente uma organização sem fins lucrativos, dedicada a prover ajuda, que inclui alimentos, roupas e dinheiro.

Josefina Vidal, diretora da área de América do Norte da Chancelaria, salientou que Cuba tem denunciado reiteradamente, já há vários anos, as ações subversivas que são organizadas, promovidas e financiadas por parte do Governo dos Estados Unidos e das organizações inimigas radicadas nessa nação.

Vidal indicou que, a partir de uma recente investigação realizada pelas autoridades locais, foram obtidas provas irrefutáveis sobre um fato qualitativamente novo. Trata-se, acrescentou, de algo insólito e escandaloso: da participação de funcionários públicos, diplomatas da SINA como emissários no tráfego de dinheiro entre terroristas estabelecidos em território norte-americano e contra-revolucionários internos.

Segundo ela, pela primeira vez, as autoridades cubanas têm provas da atuação destes representantes dos Estados Unidos como correios vulgares a serviço de um terrorista conhecido, que neste momento se encontra detido em uma prisão estadounidense por posse ilegal de armas, que pretendia usar em ações violentas contra Cuba.

"Estamos falando nada menos que do notório terrorista Santiago Álvarez Fernández Magriñat, que, desde a sua confortável prisão, dá um jeito para enviar dinheiro e ajuda material a mercenários em Cuba com o apoio de Michael E. Parmly, Chefe da SINA", disse.

A funcionária cubana destacou que o governo do país sempre condenou como ilegais a utilização de fundos federais para promover a subversão interna e o envolvimento direto da representação diplomática yanque em sua distribuição aos mercenários internos.

Explicou que esta investigação também demonstrou como contra-revolucionários em Cuba se prestaram para influir no recente processo judicial de Santiago Álvarez e reduzir sua sanção, ao apresentá-lo não como um terrorista e um financiador do terrorismo, mas como um benfeitor dos grupos mercenários em Cuba, em consonância com a política de Washington.

Mais adiante, Vidal disse que cabe se perguntar se a Administração Bush, que declarou a luta contra o terrorismo como pedra angular de sua política exterior, tem conhecimento de que seu principal diplomata em Havana colabora com um notório terrorista, sem contar que seria preciso perguntar se esta colaboração de funcionários públicos do governo dos Estados Unidos com terroristas constitui uma nova política e faz parte do famoso anexo secreto do Plano Bush contra Cuba.

A representante da Chancelaria assegurou ainda que Washington, com esse procedimento, viola não só as leis e a soberania nacional cubana, mas também as convenções internacionais em matéria diplomática e de combate ao terrorismo.

Por sua vez, o doutor Manuel Hevia explicou aspectos relacionados com a pesquisa realizada e apresentou algumas das evidências, que demonstram esta nova ingerência norte-americana nos assuntos internos da Ilha. Ele disse que estas indagações se desenvolvem em correspondência com o estabelecido na legislação nacional e internacional em matéria de combate ao terrorismo.

As autoridades, assinalou Hevia, foram exigentes na adequada legalização dos meios de prova, que fazem parte deste processo investigativo. Afirmou que Santiago Álvarez é um terrorista bem conhecido por sua participação em ataques piratas contra Cuba nos anos 60 e 70, estreitamente vinculado aos planos de assassinatos organizados por Luis Posada Carriles contra o Comandante-em-Chefe Fidel Castro no Panamá no ano 2000.

Igualmente responsabilizou-o pela organização de infiltrações armadas no território cubano no ano de 2001 e, a esse respeito, referiu-se às conversações telefônicas de Álvarez com o também terrorista Yosvani Suris, em que o primeiro o orientava a entrar no Cabaré Tropicana para lançar duas latas de explosivo C-4.

O especialista da Segurança de Estado apontou-o como principal coordenador da operação ilegal em território norte-americano de Posada Carriles, e precisou que Santiago Álvarez cumpre uma pequena condenação de prisão nos Estados Unidos por posse de armas automáticas e apetrechos militares, que o acusado reconheceu que iria utilizar em ações violentas contra Cuba.

O processo investigativo em curso recopilou numerosas provas testemunhais, periciais e documentais e demonstrou as vias e modus operandi utilizados por Álvarez para enviar dinheiro mediante sua entrega a emissários encarregados de introduzi-lo em nosso país, bem como sua recepção por mercenários internos, continuou.

Finalmente, a Diretora da área da América do Norte da Chancelaria cubana reiterou a gravidade dos fatos denunciados hoje, pois revelam que a SINA estimula, promove e monitora em detalhes a realização de atividades provocadoras e de desordem pública em Cuba.

Disse que o Governo cubano continuará a investigação destes acontecimentos, por seu caráter ilegal e pela ameaça que representam para a tranqüilidade e a estabilidade cidadãs e não hesitará nem um minuto em denunciá-los.

[acn] agência cubana de notícias (c)


Atletas cubanos ganham ouro no Rio de Janeiro  

Havana, 19 maio (acn) - Misleydis González e David Giralt conquistaram as medalha de ouro on arremesso de peso e salto triplo durante o Grande Prêmio de Atletismo do Rio de Janeiro.

González, já classificada para os Jogos de Beijing e uma das melhores do mundo em lançamento de importância e ouro nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, se impôs com uma distância de 19,02 metros, abaixo de sua melhor marca (19,29) que atingiu há uma semana em Barquisimeto.

A prata nesta prova foi para seu compatriota Mailín Vargas (18,84 metros). David Giralt com 17,28, ganhou no salto triplo por um centímetro o brasileiro Jadel Gregório, segundo a agência EFE.

O Grande Prêmio de Atletismo do Rio de Janeiro foi disputado por 137 atletas de 26 países e dá pontos para a Final do Mundial deste esporte, que será realizada em setembro próximo em Stuttgart (Alemanha).

[acn] agência cubana de notícias (c)


Altamiro Borges: TVs mentem sobre "reformas" em Cuba

Nas últimas semanas, as emissoras privadas de televisão têm feito enorme escarcéu com as ditas “reformas” em Cuba. Com sarcasmos e ironias, âncoras dos principais telejornais, como William Bonner (TV Globo) e Carlos Nascimento (SBT), apresentam a ilha rebelde como se ela fosse a expressão do atraso mundial. Com seus altos soldos e sua esnobe opulência, eles alardeiam o fato dos cubanos agora poderem usufruir de objetos de consumo “capitalistas”, como celulares, TVs de plasma, DVDs e hotéis de luxo. Tudo é divulgado para desqualificar e satanizar Cuba, numa propaganda grotesca que lembra os piores períodos da “guerra fria” e da cruzada anticomunista.

Por Altamiro Borges*

Reproduzindo servilmente as idéias da mídia estadunidense e dos gusanos (vermes) cubanos de Miami, os telejornais nativos encaram tais mudanças como símbolo do fim da “era Fidel Castro”. Nesta visão superficial e rastaqüera, seu irmão, Raúl Castro, hoje na presidência, teria se dobrado aos encantos do consumismo. A restauração capitalista seria inexorável nesta ilha revolucionária. Num passado recente, quando da desintegração do bloco soviético, a mídia hegemônica também apostou na débâcle do regime cubano. Mas, sem entender as conquistas sociais da revolução, o forte sentimento antiimperialista deste povo e seu elevado grau de organização, ela se deu mal.

Crescimento e debate de idéias

Agora, com base em dados manipulados, a mídia venal corre o risco de errar feio novamente. O fato é que Cuba, após décadas do criminoso bloqueio dos EUA, vive hoje uma fase de expansão econômica. Devido às mudanças na América Latina e na geopolítica mundial, ela intensificou as relações comerciais. Venezuela, China e até o Brasil, desafiando o “império do mal”, investem mais na ilha, o que explica as taxas anuais de crescimento de quase 10% nos últimos anos. Este crescimento permite ao país superar o duro “período especial”, imposto após a desintegração do Leste Europeu, que restringiu o consumo e exigiu heróica capacidade de resistência dos cubanos.

Fruto da nova realidade econômica, desde quando Fidel Castro ainda estava no comando do país ocorrem mudanças no padrão de consumo. Não há rupturas entre ele e o seu irmão, muito menos viradas bruscas no comando coletivo da revolução cubana. As mudanças na economia, inclusive, têm sido alvo de intenso debate na sociedade. Com o objetivo de “avançar no socialismo”, mais de 1,3 milhão de propostas foram apresentadas aos órgãos de governo no ano passado. O clima na ilha é de criativo e democrático debate, não no sentido da restauração do capitalismo, mas sim do fortalecimento do poder popular e da melhoria do bem-estar da sua população.

Ódio das “multinacionais da informação”

Afora estas mudanças de fundo, que a mídia hegemônica oculta, há muitas mentiras repetidas por âncoras venais da TV. O jornalista Salim Lamrani, num lúcido texto na Carta Maior, desmascara várias delas. Confirmando que a campanha anti-Cuba é mundial, ele critica as “multinacionais da informação” que divulgam que agora “os cubanos já são livres para adquirir aparelhos elétricos e eletrodomésticos, dando a entender que antes esta venda era completamente proibida. Contudo, a realidade é sensivelmente diferente. A venda destes artigos jamais esteve proibida, fora alguns produtos de informática e outros de grande consumo de energia, tais como microondas, numa época em que a produção energética era insuficiente para cobrir as necessidades da população”.

Ele lembra que durante o “período especial”, iniciado em 1991 com a débâcle do bloco soviético, o país ficou sozinho no mercado mundial, tendo de enfrentar o desaparecimento de mais de 80% do seu comércio externo. “Neste contexto, extremamente difícil, a ilha do Caribe foi golpeada por fortes penúrias, particularmente quanto à energia, o que provocava os longos apagões. Nessa época, as autoridades limitaram a venda de aparelhos elétricos devoradores de energia. Essas restrições estavam totalmente justificadas. De fato, teria sido irresponsável proceder de outro modo, uma vez que o sistema energético, fortemente subvencionado, poderia entrar em colapso”.

A engenhosidade dos cubanos

Na fase recente, devido à abertura de novas relações comerciais e à engenhosidade do seu povo, este cenário foi superado. “Graças à ‘revolução energética’, lançada em 2006, que consistiu em substituir lâmpadas e antigos eletrodomésticos, como televisores, refrigeradores e ventiladores, por aparelhos mais modernos, cujo consumo de energia é menor, milhões de cubanos foram beneficiados por toda uma gama de produtos novos com preços subvencionados pelo Estado, abaixo do valor de mercado. Atualmente, a economia de energia já conseguida permite enfrentar a demanda da população, o que explica a eliminação progressiva das restrições à aquisição de novos aparelhos eletrodomésticos, computadores e outros”.

Para o jornalista francês, a mídia mente ao não enfatizar estas razões de fundo, que entravam o bem-estar dos cubanos. De fato, como reconhecem os líderes cubanos, o país ainda esbarra em inúmeros obstáculos, é subdesenvolvido. “Mas essa realidade concerne a uma parte imensa da população mundial, que vive na pobreza e cujas principais preocupações não são adquirir um reprodutor de DVD ou microondas, mas, sim, comer três vezes por dia e ter acesso à saúde e à educação, angústias inexistentes em Cuba”. Segundo a própria ONU, 854 milhões de pessoas no mundo sofrem de desnutrição; a cada dia, 26 mil menores de cinco anos morrem de fome ou de doenças curáveis – 9,7 milhões de crianças ao ano. “Nenhum cubano faz parte destas listas”.

Internet, celulares e hotéis de luxo

No que se refere ao acesso à internet e aos telefones celulares, que a mídia também faz um baita estardalhaço, Lamrani denuncia que, além dos problemas econômicos, há entraves tecnológicos. “Washington impede Cuba de se conectar ao cabo de fibra ótica do Estreito da Flórida, que lhe pertence. O país dispõe de uma conexão por satélite limitada, que é extremamente cara. Essa é a razão pela qual o acesso ao telefone celular era restrito. Com a melhoria da situação econômica, a oferta foi ampliada à população, ainda que as tarifas continuem sendo muito elevadas”.

“Quanto aos hotéis, a mídia também demonstrou parcialidade. Até 1º de abril de 2008, o acesso não estava proibido, como afirmou a imprensa oficial, mas limitado... Com o desenvolvimento vertiginoso do turismo, a partir dos anos 90, a capacidade hoteleira mostrou ser insuficiente para acolher ao mesmo tempo os estrangeiros e os cubanos”. Os preços se tornaram proibitivos, “mas a imprensa esquece, mais uma vez, de mencionar que o acesso a um quarto de hotel de renome é um luxo para todos os habitantes do terceiro mundo e para uma ampla categoria de cidadãos que vivem em países desenvolvidos. Apenas como comparação, quantos franceses podem pagar uma diária de 730 euros (o mais barato – quase R$ 1.800) no Ritz (cinco estrelas) de Paris?”.

Os mercenários da mídia burguesa

No mesmo rumo das críticas às manipulações da ditadura midiática, Lázaro Barredo, diretor do Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, ridiculariza os jornalistas e “mercenários” da imprensa burguesa. Para ele, não há nenhuma reviravolta drástica na ilha. Apenas, o governo promove “retificações das decisões adotadas nos momentos mais agudos da crise econômica em princípios dos anos 90, quando começou o que chamamos de ‘período especial’, como efeito da queda do campo socialista, da desaparição da União Soviética e do agravamento das medidas do criminoso bloqueio dos EUA. Naquele momento, para evitar as desigualdades sociais na nossa sociedade marcadamente igualitarista, adotaram-se medidas de restrição ao consumo”.

Com o crescimento sustentado da economia e as mudanças na realidade mundial, Lázaro acredita que novos avanços ocorrerão na ilha. Animado, informa que o povo participa hoje de um intenso debate sobre os rumos do país. “Mais de quatro milhões de compatriotas apresentaram propostas a partir de suas fábricas, cooperativas e universidade, passando por municípios e províncias, até chegar aos ministérios e ao governo. Todas as opiniões, inclusive as mais críticas, visam apenas fortalecer a revolução. Há uma expectativa muito favorável em Cuba. Raúl Castro definiu bem este momento diante dos deputados da Assembléia Nacional, ao dizer que não se pode temer as discrepâncias e que não há contradições antagônicas na sociedade. Do intercambio profundo de opiniões divergentes sairão as melhores soluções. Há muito otimismo com as medidas adotadas”.

*Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB e autor do livro recém-lançado “Sindicalismo, resistência e alternativas” (Editora Anita Garibaldi).


PC de Cuba realizará 6.º Congresso em fins de 2009

O presidente cubano, Raúl Castro, 76, anunciou, na noite de segunda-feira (28), que o Partido Comunista de Cuba realizará seu 6.º Congresso no segundo semestre de 2009.

"Será uma oportunidade magnífica para meditar coletivamente sobre a experiência destes anos de revolução no poder e projetar a política do partido em relação aos diferentes setores de nossa sociedade", afirmou Raúl num encontro do Comitê Central do PC.

Raúl ressaltou que o partido precisa estabelecer rumos e estratégias, até mesmo "para quando já não estejam por aqui as gerações históricas".

A 6.ª reunião plenáriado Comitê Central foi realizada na segunda-feira e analisou temas relacionados com o funcionamento da organização, com o desenvolvimento do país e o complexo panorama internacional.

Pouco antes de finalizar a reunião, Raúl informou que o Bureau Político considerava necessário realizar o 6.º Congresso do Partido. Assinalou que na reunião efetuada nessa mesma manhã se propôs ao Comitê Central realizá-lo em finais do ano próximo, mas a convocatória oficial será divulgada no momento oportuno.

A reunião plenária elegeu Ramiro Valdés, emblemático dirigente da Revolução, para o Bureau Político, onde ocupou um assento até 1992.

Valdés, de 75 anos, é um dos três Comandantes da Revolução (honorífico), membro do Conselho de Estado, ministro da Informática e Comunicações, e um dos mais próximos a Fidel e Raúl Castro desde a tomada do quartel de La Moncada em 1953.

Segundo o jornal Granma, também foram eleitos para o principal órgão do PCC o general Alvaro López Miera, de 64 anos, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), e Salvador Valdés Mesa, de 62 anos, secretário-geral da Central de Trabalhadores de Cuba.

Com informações da agência cubana Prensa Latina: http://www.prensa-latina.cu/


Ativistas de Curitiba realizam pré-convenção de solidariedade a Cuba

Havana, 21 abr (acn) A realidade cubana de hoje foi divulgada por várias organizações políticas, instituições e movimentos sociais que realizaram uma Convenção Estadual de Solidariedade à ilha em Curitiba, Paraná.

Segundo a PL, o evento, organizado pela Associação Cultural “José Martí” do Estado do Paraná (ACJM-PR), é uma atividade preparatória da XVI Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba que ocorrerá no Rio de Janeiro do 21 ao 24 de maio próximo.

Ali foi apresentado o balanço de trabalho da ACJM-PR que somou 21 atividades durante o último ano e incluiu a celebração de efemérides, homenagens à cultura cubana e ações solidárias de respaldo ao projeto revolucionário.

Também foi divulgada a convocação oficial à Associação Nacional de Cubanos Residentes no Brasil (ANCREB) para que seus integrantes participem da convenção de forma conjunta com os amigos brasileiros.

O encontro paranaense foi dirigido pela presidente da ACJM-PR, Teresita Campos Avella, e em representação de Cuba assistiram os cônsules Tomás Méndez Parra e Lourdes Escobar Pérez.

Os diplomatas aproveitaram o encontro para informar aos presentes sobre a situação de Antonio Guerreiro, Fernando González, Gerardo Hernández, René González e Ramón Labañino, presos nos Estados Unidos por lutarem contra o terrorismo.

Os presentes resolveram realizar uma reunião em 10 de maio para criar um novo Comitê para a Libertação dos Cinco Heróis que realizará atividades para exigir do governo dos Estados Unidos sua imediata libertação.

Nesse encontro coordenarão, também, os preparativos com vistas à participação da delegação do Estado do Paraná que comparecerá à XVI Convenção do Rio, cidade declarada neste ano capital da solidariedade com Cuba em Brasil.


Estados Unidos bloqueiam Cuba na Internet

Alberto Cerda Silva

Mais de 500 empresas cubanas ou internacionais que operam sites que oferecem links relacionados a Cuba foram afetadas por bloqueios a mais de três mil sites de Internet que utilizam o domínio funcional ".com", em função das leis norte-americanas de embargo a Cuba. Entre as páginas bloqueadas estão as de empresas do Brasil, Canadá, Espanha, França, Itália, Japão, México e Panamá.

Independentemente da maior ou menor eficácia que uma medida como a mencionada possa implicar, ela torna manifestos certos problemas que ainda não foram resolvidos, ou o foram apenas parcialmente, com relação à Internet e seu funcionamento, tais como a possibilidade de adotar medidas disciplinares em um país com relação ao funcionamento de um fenômeno mundial como a Internet e, por outro lado, a maneira pela qual medidas como a que foi mencionada afetam nossa liberdade enquanto cidadãos. Tratemos brevemente de ambos os pontos.

A primeira coisa que se torna evidente é que a medida proposta teria sido adotada pelas autoridades norte-americanas em cumprimento às leis do país. Mesmo assim, a medida se aplica a empresas que operem sites com domínio funcional ".com", independentemente de seu país de origem. Deixando de lado o fato de que, ao adquirirem o domínio ".com", as empresas envolvidas aceitaram se submeter às leis e às autoridades norte-americanas, caberia perguntar se isso ainda assim faculta legitimamente aos Estados Unidos adotar medidas como a que adotaram.

A questão coloca em destaque os problemas de regulamentação de um fenômeno transnacional como a Internet: com base em leis de caráter local, se pretende impor em todo o mundo um determinado critério de justiça, nesse caso o norte-americano. Enquanto não estiver em vigor uma legislação uniforme para o funcionamento da rede, correremos o risco de que continue, em última análise, a imperar a lei de quem dispuser mais meios de se fazer valer, a lei do mais forte - salvaguardadas as cláusulas contratuais, se bem que estas não sejam, muitas vezes, mais que a expressão formal da lei do mais forte acima mencionada.

Mas, ao mesmo tempo, é preciso que consideremos o alcance da medida. Usualmente, a alegação é de que a Internet é independente de qualquer governo determinado, o que lhe propicia imensa vantagem com respeito a outros meios de comunicação. Uma das coisas que mais se ressalta é o fato de que a estrutura técnica que embasa a Internet não depende de qualquer governo. Qual é a semelhança que existe entre esse bloqueio e aquele que as autoridades chinesas impõem aos sites que se opõem às suas políticas? Qual é o alcance de uma medida de bloqueio como a adotada pelos Estados Unidos? O bloqueio de páginas da Web se estende apenas a visitas que se originem de território norte-americano? Ou se aplica a todo o planeta?

Não importa quais sejam as respostas às perguntas anteriores, o bloqueio coloca em dúvida a suposta independência da Internet diante dos governos, e além disso insere as pessoas que implementam tais medidas no lugar que cabe com justiça àqueles que implementam práticas totalitárias e censuram a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. E isso nos conduz exatamente ao segundo ponto - o efeito adverso desse tipo de medida sobre as nossas liberdades.

O bloqueio tradicional, analógico, afeta o abastecimento de Cuba e seus habitantes, e ao mesmo tempo a possibilidade mesma de empreender negócios com a ilha. O bloqueio online segue a mesma linha, mas afeta ainda mais pessoas, precisamente por afetar uma infra-estrutura mundial como a Internet; por isso, ele afeta nossa liberdades como usuários, e não só porque alguns de nós vêem bloqueada sua liberdade empreendedora, mas também porque muitos outros sofrem cerceamento de sua liberdade de expressão e de pensamento. Pode chegar o dia em que não apenas as páginas de Internet de empresas que comerciam com a ilha sejam bloqueadas, mas também os sites de ajuda humanitária, de intercâmbio cultural e de outras atividades que envolvam contato com os cubanos. Já que algumas coisas foram bloqueadas, nada impede que as demais o sejam igualmente.

O bloqueio de sites com base em um domínio funcional ameaça todo vestígio de soberania estatal mas, ainda pior, desperta recordações de práticas totalitárias por menosprezar a dignidade e os direitos fundamentais das pessoas. Com isso, são os fundamentos mesmos da democracia que estão sob ameaça.  

Alberto Cerda Silva é diretor de estudos da ONG Derechos Digitales