Introdução:
Que fique claro, Avatar não é bom por ser como anime. Os produtores foram inteligentes o suficiente para criar vieses contornando esse ranço politicamente correto sem, ainda sim, comprometer o roteiro da série, feito para o público infantil. Na verdade, há nisso um resgate às histórias místicas.
Uma questão que se firmou nesse meio-século é como o público infanto-juvenil deve ser constantemente “protegido” de toda e qualquer “má influência”. A verdade é que, na maioria das vezes, subestima-se a capacidade intelectual dos menores, fazendo supor que são incapazes de dirigir informação – por extensão, virarem maníacos se virem esse comportamento em histórias de fantasia.
É mais fácil falar na quebra desses conceitos com uma animação norte-americana porque a cultura ocidental tem faces bem diferentes do pensamento do Extremo-Oriente. Como exemplo, o nosso assombro ao ver sangue, ainda que claramente cenográfico, o que não se vê no Japão – pelo contrário, o sangue lá é visto como coisa vital e não funesta.
Por isso, Avatar é vida inteligente, é uma exceção à regra. Ainda que não seja vista uma gota de sangue durante a série, os idealizadores usam de toda sorte de elementos dramatúrgicos para contornar possíveis entraves. Poucas vezes se viu personagens tão densos e roteiros tão bem trabalhados num desenho animado feito comercialmente para o público infantil.
Bom frisar que ser uma série infantil não desmerece em nada a história cativante, tão bem idealizada e transposta para a animação (e muitos menos os adultos que a assistem). A verdade é que, resgatando a criação de histórias místicas, criaram uma maravilha estimulante para todos os níveis de público, tal como as antigas histórias.

Por:Paulo Lescaut
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