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| Jornada – Zuko: |
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| O príncipe Zuko é o personagem mais complexo de “Avatar”, em todos os sentidos. Portanto, o texto a seguir contém “spoilers”, revelações do enredo.
Se Aang cumpre a Jornada Masculina, Zuko cumpre o que Victoria Lynn chama de Jornada Feminina. À primeira vista, entretanto, Zuko represente para o espectador o papel clássico de vilão. Está atrás de Aang e precisa captura-lo e elimina-lo numa suposta demonstração de poder (o que, talvez, resultasse numa Jornada Masculina). De fato, não é assim que acontece. A primeira grande revelação na trama do jovem príncipe é a origem de sua cicatriz. Ainda com 14 anos, Zuko insiste a seu tio Iroh para assistir uma reunião militar com o Senhor do fogo Ozai. Iroh consente, mas com a condição de que Zuko não falaria nada. No salão, um general sugere usar uma divisão de recrutas da Nação do Fogo na linha da frente da batalha contra o Reino da Terra, para servirem de escudo-humano. Zuko não se contém e grita contra essa proposta do general. A conseqüência dessa insubordinação é um Duelo de Fogo (Agni Kai), e Zuko concorda com isso. Porém, já no ringue, o príncipe depara-se não com o general, mas com seu pai, o Senhor do Fogo. Apavorado, ele se ajoelha e implora perdão ao pai que, sentindo-se desrespeitado pelo ato de covardia do filho, atira-lhe uma dobra de fogo, causando-lhe uma queimadura permanente no olho esquerdo, Além disso, manda Zuko para o exílio e o deserda, condicionado seu retorno tão somente à captura do Avatar – que até então estivera desaparecido e ainda não havia sido acordado; Ozai mandara o filho para uma missão, então, sem volta. Quando descobre o retorno do Avatar, Zuko se agarra a isso como a forma de recuperar sua honra. Mais tarde, no episódio “Zuko Alone” (Livro 2), são revelados detalhes de sua infância. Zuko era filho de Ursa, uma mulher doce e compreensiva e Ozai. Sua irmã, Azula, não parava de implicar com ele e, sentindo-se frágil, sempre corria para Ursa, que acabava repreendendo a filha. A mente de Azula, desde criança, é doente, cruel (do tipo sociopata) focada em perseguir os mais fracos. Com Ozai, Zuko não tinha afinidades, então seu único refúgio era a mãe. Aos 11 anos, o Senhor do Fogo Azulon, avô de Zuko, recebe a notícia da morte de Lu Ten, filho de Iroh. Iroh, então comandava o cerco a Ba-Sing-Se, numa batalha que durava 3 anos e, ao ver o filho morto, resolve abandonar a guerra. Ozai vê nisso a chance para um estratagema, já que seu irmão era, na verdade, o primogênito, quem deveria ascender ao trono quando a morte de Azulon. Ozai propõe a seu pai que deserde Iroh pela suposta traição, no que Azulon replica, furioso, que nunca traria isso a um pai que acaba de perder seu filho. Azula estava escondida nesse momento, e disse a Zuko que Azulon determinou que o castigo de Ozai pela prepotência era ter seu próprio primogênito (Zuko) morto, tal qual Lu Ten. Zuko grita que é mentira e Ursa, que chega nesse momento, repreende a filha. No meio da noite, Zuko é acordado pela mãe, que diz que tudo o que ela fez foi por ele, e para ele nunca se esquecesse de quem ele é. No dia seguinte, Ursa desaparece, Azulon aparece morto e Ozai é coroado Senhor do Fogo, como último desejo de Azulon. Essa é a trama empolgante que acompanha Zuko. Os mistérios rondam o jovem príncipe desonrado que mal teve em quem se apoiar em seu desenvolvimento, a não ser sua mãe e mais tarde Iroh – que transferiu seu amor paterno para o sobrinho. Zuko sempre foi preferido por Ozai em beneficio a Azula. Nada do que Zuko fizesse parecia bom suficiente, em sua relação com a mãe e sua inabilidade em dobrar o fogo era criticada a todo instante. Ozai dizia que Azula havia nascido com sorte, enquanto Zuko havia tido sorte em nascer. Isso devia ser massacrante para uma criança. No campo dos arquétipos, a relação de Zuko com a mãe e o com o pai parece remontar ao mito (e ao complexo) de Édipo e a todos os subseqüentes. Pode-se citar, por exemplo, os mitos da linhagem de Urano , em que o pai é advertido que seu filho o destronará, recorrendo ao aborto e ao assassinato para se livrar do agouro. Os mistérios envolvendo o trono de Senhor do Fogo são grandes. Quanto à Jornada Feminina, ela se inicia com o questionamento à autoridade, o ganho de coragem para se reerguer, a morte der sua antiga condição e, finalmente, o renascimento simbólico, com a vitória. Por:Paulo Lescaut |
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