Recolheu um dos olhos para dentro do crânio de tal modo que somente uma garça conseguiria trazê-lo do fundo do crânio à superfície do rosto. O outro pulou e foi colocar-se sobre sua face... Depois, suas bochechas se retiraram de cima de seu maxilar, de maneira que sua garganta ficou visível, seus pulmões e seu fígado vieram palpitar em sua boca e em sua garganta ...
"...Sua cabeleira retorceu-se em volta da cabeça, como ramos de espinho vermelho nos furos de uma sebe. Se se houvesse sacudido acima dele uma macieira carregada, a custo uma maçã teria chegado ao chão, mas ficariam espetadas uma em cada fio de cabelo, tão eriçados estavam de cólêra.
"Enfim, tão alto, tão espesso, tão forte e tão longo como o mastro de um navio-almirante era o jato. reto de sangue negro que se elevou bem no topo de sua cabeça, verticalmente, de modo que se formou unia nuvem negra druídica..
O segundo exemplo é extraído da vida de São Patrício. Este, no regresso de uma dura excursão pastoral, reentra em seu mosteiro e vai sentar-se na cela de um de seus monges. Encontra-o copiando os grandes feitos de Cuchulainn e de Conchobar. Sorrindo, toma-lhe a pena da mão e prossegue a cópia ele próprio. Mas, nas últimas linhas, ele recua: o trasladador fizera entrar aquele patife, aquele libertino, aquele assassino do Cuchulainn no paraíso!
- Não - diz Patrício -,tuu levas longe demais a ficção, meu filho.
O monge fica rubro à palavra "ficção , pois ele é filé, quer dizer, pertence à sagrada ordem dos poetas, aos quais faltar à verdade é uma desonra. Ele replica:
- Se o teu deus estivesse no inferno, mmeus heróis o tirariam de lá!
Patrício sorri e se retira. Mas diz-se que o poeta, tendo refletido, riscou a última frase.