THE PROOF – PART 1

 

Em Shambhala, os mestres estão reunidos, preocupados com o futuro da humanidade. Depois da ameaça do Guerreiro das Trevas, outras formas malignas mandadas por inimigos dos Shaolins poderiam aparecer a qualquer hora e destruir de vez a paz e o bem das pessoas. Esse era o motivo daquele encontro, procurar monges e mestres capazes de enfrentar esse tipo de ameaça, lutando pela justiça e verdade, não importando os sacrifícios pessoais e sempre acreditando que nada é impossível, por mais difícil que seja.

Caine e o Ancião estão na tal reunião.

- Kwai Chang Caine e Lo Si, vocês já provaram serem dignos de confiança. Seus esforços em combater as forças das trevas muito colaboraram para evitar o caos e manter a paz em nosso mundo. Mas precisamos de mais, muito mais. Nós pressentimos que em breve Sing Wah irá tentar novamente espalhar o mal e a destruição – um dos mestres diz.

- E o que nós podemos fazer? – Caine pergunta

- Por enquanto nada. Todo ano novos monges recebem a honra de se tornarem Shaolins, mas nem todos serão escolhidos para defenderem Shambhala, para serem nossos guardiões.

- O que estamos tentando dizer é que todos os novos monges Shaolins serão submetidos a um teste, para avaliar como eles lidam com situações conflitantes e ver se serão dignos de serem nossos protetores. E o seu filho, Kwai Chang Caine, será um dos testados.

- Que tipo de teste ele receberá?

- Creio que Balthazar é o mais indicado a lhe explicar.

- Balthazar?

- Olá, Caine. Há quanto tempo!

Ele se volta e o reconhece. Balthazar é o mesmo que Peter encontrara em “Requiem II” e lhe mostrou como seria sua vida caso ele não se tornasse um Shaolin.

- Eu me lembro de você...

- Sim. Minha esposa e eu passávamos férias perto de você e o conhecemos. Você tinha acabado de se perder de seu filho. Eu sabia que ele estava vivo e ia te contar, mas eu morri antes. Quando seu filho se tornou um Shaolin eu o mostrei como seria sua vida caso ele não tomasse a decisão. E esse será seu teste: lidar com essa situação e tentar consertá-la. Sozinho. Sem a ajuda de nenhum outro Shaolin. Inclusive a sua Caine.

- E se ele falhar? – pergunta Lo Si

- Ele não poderá falhar – Caine diz

- Eu só perguntei...

-Tudo que ele enfrentará não será realidade. Será uma espécie de sonho – responde Balthazar – Se ele falhar, não lembrará de nada. Se ele for bem sucedido, nós lhe contaremos a verdade.

- E quando este teste vai começar?

- Agora. Nós ficaremos daqui vendo todos os movimentos de seu filho.

- Eu lhe enviarei todos os meus pensamentos positivos – diz Caine

- Que assim seja. Ele precisará. E nós também. Quanto mais monges passarem no teste, melhor para o mundo. Boa sorte a todos...

 

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O barulho de um telefone tocando insistentemente faz Peter despertar assustado. Desde quando havia um telefone na casa de seu pai?

- Alô? – atende, sonolento

- Peter! Você ainda estava dormindo? Sabe que tem que chegar aqui em meia hora ou o capitão vai te comer vivo!

- Skalany? É você? – ele se levanta

- Andou bebendo? Sabe que...

Peter não presta atenção à resposta, pois repara que ali não era a casa de seu pai e sim o seu antigo apartamento. Como ele fora parar ali? Não se lembrava! E por que Skalany estaria ligando? Não era mais um policial. Só então ele vê em cima da cabeceira seu revólver e seu distintivo e os pega, confuso.

- ... você está me ouvindo, Peter?

- Eu chego aí em vinte minutos...

Ele desliga o telefone. Só podia ser uma espécie de pesadelo. Parece que sonhos têm sido freqüentes, nesses últimos dias... Ele levanta as mangas e não vê as marcas Shaolins em seus braços: definitivamente era um sonho... ou não... tudo parecia muito real...

Peter pega sua jaqueta, seu distintivo e a arma. Ele pensa melhor, esconde o revólver debaixo do armário e sai. Seu Stealth azul estava estacionado do outro lado da rua. Há quanto tempo não o dirigia! Ele entra no carro e vai até a casa do pai.

O caminho estava diferente. Parecia que tinha acontecido uma guerra em Chinatown. Mas ele não dá muita atenção, estaciona o carro em frente à casa de Caine e entra. Para sua surpresa, o lugar estava todo revirado, com as ervas espalhadas pelo chão e várias paredes quebradas, como se tivesse tido uma briga ali.

Peter sai dali, frustrado, e vai ao distrito buscar respostas.

 

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O 101 estava irreconhecível: filas imensas de pessoas reclamando ao mesmo tempo, muito empurra-empurra e vários policiais tentando acalmar a situação.

- Peter, está atrasado! – é Skalany – O capitão está uma fera!

- Capitão?

- É! Você se lembrou de acordar hoje?

- Skalany... não sou mais um policial...

- Isso não é hora de fazer piada!

- Mas...

Ela começa a empurrá-lo em direção à sala do capitão e só então ele repara na aliança em sua mão esquerda. Quando ia indagar sobre aquilo, pára em frente à sala, boquiaberto: está escrito “T.J. Kincaid”.

- Não pode ser...

A porta se abre e T.J. o puxa.

- Detetive Caine, está atrasado de novo! Eu não sou como a Simms que passava a mão na sua cabeça e engolia tudo que você fazia! Se quiser manter seu emprego, eu exijo que chegue no horário! Quero que investigue o caso Henderson, pra ontem!!! – ele estava aos berros.

Peter não responde e começa a se lembrar de quando era um recém Shaolin e seu pai fora a França  atrás de sua mãe:

- Peter Caine?

- Sou eu

É um homem de meia idade que aparecera ali do nada.

- Não deve saber quem sou, mas eu conheço você e o seu pai, Kwai Chang Caine, muito bem.

- E você é...?

- Isso não importa agora. O que interessa é que eu tenho uma dívida com você e vim pagá-la.

Peter começa a se lembrar de mais coisas:

- Eu sei que não posso voltar no tempo para tentar que você e seu pai não demorassem quinze anos para se reverem, mas eu posso fazer algo por você.

- E o que é?

- Eu vou te mostrar como seria sua vida se você e seu pai não tivessem se separado.

- E por que só agora?

- Eu tinha que esperar que você se tornasse um monge Shaolin e então você estaria preparado. Aliás, vou te mostrar também o que teria acontecido caso você não tivesse tomado a decisão.

Peter volta de suas lembranças: era isso que estava acontecendo! Tudo que aquele homem dissera virou realidade! Seria Sing Wah, trabalhando para Bon Bon Hai? Como poderia sair desse pesadelo? Consertando tudo de errado? E o pior de tudo é que teria de enfrentar o lado negro de seu pai. O Guerreiro das trevas e provavelmente com o desprezo das pessoas que o culpam por todas as desgraças de Chinatown.

- ...agora!!!

O grito de T.J. o traz de volta à realidade.

- Fui claro, detetive Caine?

- Sim, capitão. Eu já vou investigar o caso.

Peter sai da sala e fecha a porta.

- Sobreviveu ao interrogatório? – pergunta Blake – Até que hoje ele gritou menos...

Peter olha em direção a Jody. Ela o olha com desprezo e volta a fazer o que estava fazendo.

- Você ainda está aqui, Caine? – é T.J., berrando da porta de sua sala -  Detetive Powell! Eu sei que você tem suas diferenças com o detetive Caine, mas eu quero que você vá com ele investigar o caso Henderson, estamos entendidos?

- Sim, capitão.

Assim que ele bate a porta, Jody se levanta muito contrariada, pegando sua arma na gaveta.

- Pra que mandar nós dois para esse caso se é só um procedimento padrão?

- Procedimento padrão? – Peter não entende.

- É, nós só vamos fazer uma visitinha ao Sr Henderson, provavelmente iremos vê-lo empacotar drogas, mas não poderemos prendê-lo!

- Por que não?

- Se toca, Peter! Quer  perder o emprego? Henderson trabalha para Bon Bon Hai! Vamos logo, tá? Tenho muito que fazer!

Eles saem do distrito e entram no carro de Peter.

- Você me odeia, não é? Culpa-me por tudo que está acontecendo... – ele dá a partida e acelera.

- Tudo podia ser diferente...

- Eu sei...

- Vire ali na Chesnut.

Eles entram em um galpão abandonado e saem do carro. Um homem estava guardando vários papelotes de droga em uma maleta.

- Sr Henderson! – diz Jody – Sabe que não pode andar com drogas, é contra a lei!

- Eu sou a lei! – ele pega a maleta e vai indo embora – Até mais!

Peter o algema e começa a levá-lo em direção ao carro.

- Sr Henderson, você está preso. Tudo o que disser poderá ser usado contra você...

- O que está fazendo, Peter?

- ... no tribunal, tem direito a um advogado, mas se não puder pagar lhe será indicado um.

Os três entram no carro e vão ao distrito. Jody fica pensando no que dizer a T.J. quando chegarem lá...

 

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- Que diabos é isso?! – T.J. grita, ao ver Henderson chegar ao 101 algemado.

- Eu o prendi – Peter diz, desafiador

- Eu tentei impedir – Jody fala

- Detetive Caine está suspendo por tempo indeterminado! Entregue sua arma e distintivo agora!!!

Peter joga o distintivo em cima da mesa

- Cadê a arma?

- Eu não uso armas

- Você tem cinco minutos para arrumar suas coisas e sair daqui! – ele bate a porta

Peter aproveita, procura uma informação no computador e já ia embora quando vê Strenlich e Blake conversarem. Ele se lembra que Frank reúne provas contra Bon Bon Hai e é assassinado por isso.

- Chefe... por favor, não denuncie Bon Bon Hai ainda.

- Como você sabe?! Blake, você contou?

- Eu não!

- Não interessa como eu fiquei sabendo, eu só lhe peço que me dê alguns dias antes de denunciá-lo... confie em mim...

- Tudo bem, dou três dias para você fazer o que tem que fazer. Depois disso eu entregarei as provas ao comissário.

- Obrigado chefe.

- Para onde você vai? – Kelly pergunta

- Eu vou para onde eu possa consertar tudo que aconteceu por minha causa.

 

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Peter conseguira o endereço de Simms nos arquivos do computador e vai até lá tentar trazê-la de volta à razão. Pelo que ele se lembra, sua ex-capitã ia ter um colapso nervoso e se suicidar.

Quando chega lá, sente cheiro de gás e entra correndo. Karen estava desmaiada no chão da cozinha. Ele desliga o gás, abre as janelas e a leva para fora da casa.

Simms não estava respirando. Peter segura sua mão e lhe passa um pouco de seu chi. Ela desperta logo depois, tossindo e o abraça.

- Acabou – ele diz – Acabou...

 

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- Por que me salvou? Minha vida não valia mais nada!

- Toda vida vale a pena

- Não conseguir pôr ordem na cidade vale a pena? Ser rejeitada pelo próprio filho vale a pena? Ele acha que eu sou uma fracassada, e eu estou começando a acreditar! – ela começa a chorar

- Não! Você não é uma fracassada! É uma das pessoas mais fortes que eu já vi, sempre admirei isso em você. Não se entregue assim tão fácil antes de lutar. Hoje você está nas trevas, mas a luz ressurgirá e a escuridão ficará para trás. É só acreditar.

- Parece seu pai falando, antes dele... você sabe...

- Ajude-me a derrotar Bon Bon Hai e trazer a normalidade de volta a Chinatown

- Mas como? Ele é muito poderoso

- Vem comigo, eu te conto no caminho

 

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Nas galerias subterrâneas da cidade vemos Kermit em frente a um computador. Ele lidera a resistência contra Bon Bon Hai. Um barulho o faz pegar sua arma e apontar para os túneis escuros da galeria.

- Você? – ele baixa a arma ao ver Peter.

- Surpreso?

- Pensei que estivesse do lado deles.

- Não, nunca estive. Fui suspenso por fazer o correto. Eu... preciso de sua ajuda.

- Pensei que não fosse me pedir. Algum plano?

- Tenho um. Só espero que dê certo.

- Kermit?

Ele se volta.

- Karen? Pensei que...

- Desculpe pelas coisas que eu disse. Sabe que não falei sério, fui obrigada.

- Eu sei.

- Não queria interromper o reencontro de vocês, mas... não temos muito tempo. Preciso de um mapa da galeria.

- O que você tem em mente?

- Vamos invadir o escritório de Bon Bon Hai.

- Oh, Yeah. Gostei...

 

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Um dos túneis dá em baixo do prédio de Hai. Kermit e Peter abrem o bueiro e saem nos fundos do lugar.

- Precisamos ser rápidos – diz Peter

- Temos cinco minutos antes dos seguranças virem

- Vamos, então!

Eles entram, golpeiam os guardas que estavam fazendo ronda, entram no elevador e vão ao 47º andar, onde está localizado o escritório de Bon Bon Hai.

Os dois invadem o sistema de arquivos e copiam vários que envolvem o chinês em falcatruas. Na hora  em que estão indo embora, deparam-se com vários guardas, fogem pela janela, pegam o elevador, param no 5º andar e descem os outros andares de escada.

Na saída golpeiam outros guardas e conseguem chegar do lado de fora.

- Conseguimos! – diz Kermit, correndo.

Peter se sente mal e pára.

- O que foi?

Nesse instante aparece Caine na frente deles.

- Pop...

- Peter! – ele abre um sorriso sinistro.

- Sai daqui, Kermit! Isso é entre meu pai e eu.

Kermit sai correndo levando as provas consigo. Peter respira fundo: nunca poderia imaginar que algum dia enfrentaria seu próprio pai daquele jeito. E nem nós....

 

THE END

03/01/01

By Jackie Caine

Nº 4012

 

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