Nas favelas e periferias das grandes cidades brasileiras, a inclusão digital está acontecendo não pelas mãos do governo – mas das próprias comunidades, e de seus pequenos empresários.

 Eduardo Ferreira fica até as 22h navegando na Internet, um mundo que ele só descobriu há um mês. "Através de amigos meus eu tive acesso, gostei e tô freqüentando aqui até agora. E pretendo freqüentar mais vezes”, conta o estudante.

A lan house é o lugar mais badalado do bairro, que tem poucas opções de lazer. "Sair pra lan house e trocar idéias, assim também é bom. Você encontra amigos que é difícil ver durante o dia, na lan house sempre estão aparecendo pra conversar um pouco”, diz o estudante José das Neves Júnior.

O que acontece nas lan houses da periferia de Pelotas e em muitas outras espalhadas pelo país é mais do que diversão e ponto de encontro de amigos; é um tipo de inclusão digital promovida pela iniciativa privada. Pequenos empresários perceberam que Internet é necessidade de muita gente, e que oferecer acesso à rede é um bom negócio.

"Eu percebi isso quando vi que na nossa comunidade, no nosso bairro, nós não tínhamos um centro cultural. Então, eu juntei meus esforços , e estamos aí dando o meu primeiro passo, tentando trazer esse material, esse recurso pra esse pessoal”, conta o microempresário Luiz.

É um recurso caro e mal distribuído. Uma pesquisa do comitê gestor da Internet, que tem representantes do governo federal e da iniciativa privada, revela que só 14,5% das famílias brasileiras têm acesso à rede em casa.

Nas classes D e E, o número não chega a dois por cento (1,61%). Entre os jovens da periferia que usam a Internet, 48% freqüentam lan houses.

 O segurança Jefferson Lima  Acha útil. "Poder acessar meus e-mails, ver propostas de empregos – porque eu envio currículos pra várias empresas e recebo respostas. E também envio mensagem de pra amigos, recebo mensagens de amigos”, enumera. "Já é algo que está fazendo parte do meu cotidiano".