Filha de Oxalá
e Iemanjá, é uma deusa casta, que tem o poder de se tornar invisível e de
penetrar nos mistérios de Ifá (o deus da adivinhação). Seus domínios são as
ilhas e penínsulas, o céu estrelado, a chuva e a faixa branca do arco-íris. No
sincretismo religioso, está associada a Nossa Senhora das Neves. É a cobra
fêmea do candomblé, que não dorme, sendo portanto, a senhora das vistas.
Preside sobre a prisão. No caso do assentamento, se difere das Yabgàs somente
porque seu igbà é uma cobra de metal amarelo, enroscada, que fica sobre o Otà.
Suas cores são o amarelo e o vermelho, em algumas casas a fusão destas duas
cores, o laranja. Sua saudação Yewà Y rò.
A filha de ewá muda
muito de personalidade assim como o clima, pode mudar várias vezes ao dia, são
encantadores, auto confiantes e tagarelas, remexem-se todo tempo,
temperamentais e orgulhosas, mesmo errando não dão o braço a torcer. Adoram
ser o centro das atenções.
Havia uma mulher que tinha dois filhos, aos
quais amava mais do que tudo. Levando as crianças, ela ía todos os dias à
floresta em busca de lenha, lenha que ela recolhia e vendia no mercado para
sustentar os filhos. Ewá, seu nome era Ewá e esse era seu trabalho, ia ao
bosque com seus filhos todo dia.
Uma vez, os três estavam no bosque entretidos
quando Ewá percebeu que se perdera. Por mais que procurasse se orientar, não
pôde Ewá achar o caminho de volta. Mais e mais foram os três se embrenhando na
floresta. As duas crianças começaram a reclamar de fome, de sede e de cansaço.
Quanto mais andavam, maior era a sede, maior a fome. As crianças já não podiam
andar e clamavam à mãe por água. Ewá procurava e não achava nenhuma fonte,
nenhum riacho, nenhuma poça d'água. Os filhos já morriam de sede e Ewá se
desesperava.
Ewá implorou aos deuses, pediu a Olodumare.
Ela deitou-se junto aos filhos moribundos e, ali onde se encontrava, Ewá
transformou-se numa nascente d'água. Jorrou da fonte água cristalina e fresca
e as crianças beberam dela. E a água matou a sede das crianças. E os filhos de
Ewá sobreviveram. Mataram a sede com a água de Ewá.
A fonte continuou jorrando e as águas se
juntaram e formaram uma lagoa. A lagoa extravasou e as águas mais adiante
originaram um novo rio.
Era o rio Ewá, o Odô Ewá.
Sem Título 2
Ewá vivia em seu castelo como se estivesse
numa clausura. O amor de Obatalá por ela era muito estranho. A fama da beleza
e da castidade da princesa chegou a todas as partes, inclusive ao reino de
Xangô.
Mulherengo como era, Xangô planejou como iria
seduzir Ewá. Empregou-se como jardineiro no palácio de Obatalá. Um dia Ewá
apareceu na janela e admirou-se de Xangô. Nunca havia visto um homem como
aquele. Não se tem notícia de como Ewá se entregou a Xangô, no entanto,
arrependida de seu ato, pediu ao pai que lhe enviasse a um lugar onde nenhum
homem lhe enxergasse.
Obatalá deu-lhe o reino dos mortos. Desde
então é Ewáquem, no cemitério, entrega a Oyá os cadáveres que Obaluaiê conduz
para que Orisá-Okô os coma.