EXU
<Descrição>
<Qualidades> <Arquétipos>
<Ervas> <Oferenda> <Sincretismo>
<Lendas>
- Cor: preto e azul
escuro entre os iorubás, preto e vermelho entre os angolas (A cor preta
se relaciona ao fato de que para que a luz chegue a algum lugar o
movimento já precisa ter sido acionado, ou seja Exu deve ser antes do
movimento da luz)
- Símbolo: ogó (um pênis
de madeira, com búzios pendurados simbolizando o sêmen)
-
Descrição
- É o 1º
nascido da existência e, como tal, o símbolo do elemento procriado.
Mensageiro dos orixás , elemento de ligação entre as divindades e os homens,
a um tempo mais próximo do mundo terreno e mais perto do elevadíssimo espaço
celeste por onde transita Òrúnmìlà, é um orixá, é sempre a primeira
divindade a receber as oferendas, justamente para que atue como um aliado e
não como um rival que perturbe os procedimentos místicos desenvolvidos
durante os rituais. Coerente com seu lugar mítico privilegiado, é ele que
abre esse "corpus mitopoético" .
- Princípio
dinâmico e princípio da existência individualizada, Exú não pode ser isolado
ou classificado em nenhuma das categorias. Ele é como o axé (que ele
representa e transporta), participa forçosamente de tudo. Segundo Ifá cada
um tem seu próprio exú e seu próprio Olorún em seu corpo. O nome de exú é
conhecido, invocado e cultuado junto ao orixá. E é Ifá quem revela e
permite-nos sabê-lo.
- Quem delegou
esse poder à exú foi Olorún ao entregar-lhe o àdó-iràn , a cabaça que contém
a força que se propaga. Esta cabaça está presente em seus "assentos", é uma
cabaça de pescoço grande, e basta exú apontá-la a algo para transmitir seu
axé.
- O Òkòtó
representa o crescimento Agbárá - poder que permite a cada um se mobilizar e
desenvolver suas funções e seus destinos. Por isso recebe o título de
Elegbára (senhor do poder).
-
- Oxé-tuwá,
representante direto de exú, simboliza um de seus aspectos mais importantes,
o de ser encarregado e transportador das oferendas, Òjise-ebo.
- Exú Elegbára
= senhor do poder...Conhecido como Elegbára (ele=dono, senhor ; agbara=poder),
contém muitas definições e funções. É o companheiro de Ogum.
- Exú Yangi =
pedra vermelha de laterita, pedaços de laterita cravados na terra, indicam o
lugar de culto à Exú. Yangi é a representação mais importante de Exú e, é
assim invocado:
- EXÚ YANGI OBÁ
BABÁ EXÚ
- EXÚ YANGI
rei, pai de todos os Exú.
- Exú Yangi é o
Exú ancestre, o Exú Agbá.
- Exú Àgbá =
pai-ancestre (representação coletiva de todos os exús individuais)
- Exú Obá -
rei-de-todos
- Exú Alakétu =
título dado a exú pelos kétu da Bahia - rei do povo Kétu -
- Exú Elebo =
senhor-das-oferendas
- Exú Ojìse-ebo
= encarregado-e-transportador de oferendas
- Exú Elérú =
senhor do erú (carrego)
- Exú Olòbe =
proprietário e senhor da faca
- Exú
Enú-gbárijo = explicitador de mensagens
- Exú Bara = o
rei do corpo (obá + ara) (princípio de vida individual)
- Exú Odara =
aquele que guia (mostra o caminho, vai na frente)
-
- Exú por ser
resultado da interação de um par, é o portador mítico do sêmen e do útero
ancestral e como princípio de vida individualizada ele sintetiza os dois, É
por isso que freqüentemente, e, é representado pela forma de um par, uma
figura masculina e uma feminina, unidos por fileiras de búzios. Exú está
profundamente ligado à atividade sexual. Representados por um falo (pênis),
ou suas representações simbólicas como: os penteados de forma fálica, sua
arma, o ogó - bastão em forma de pênis -, sua lança; já as cabacinhas
representam seus testículos.
- Exú também
está representado com objetos à sua boca; dedo, cachimbo e principalmente
flauta, que vem representar a atividade sexual, como absorção e expulsão,
ingestão e restituição, com a flauta Exú chama seus descendentes. Portanto
símbolo por excelência da fecundidade. Exú jamais toma a forma de
procriador. Exú é cultuado tanto como lésè-égún, como lésè-orixá, e apenas
por seu intermédio é possível cultuar os orixás e as Iyá-mi (mãe ancestre).
Não é apenas Òjisé-ebo, mas principalmente Òjisé, o mensageiro, fazendo a
comunicação entre tudo que é oposto.
- Com efeito a
relação entre Exú e Ifá, é indiscutível, e Exú está representado em um dos
principais emblemas característicos do culto à Ifá , o òpón, onde Exú tem
sua representação em forma de rosto, de triângulos e losangos. É no seu
papel de princípio dinâmico, de princípio de vida individual e de Òjise ou
elemento de comunicação, que Exú Bará está indissoluvelmente ligado à
evolução e ao destino de cada indivíduo. Como tal ele também é senhor dos
caminhos Exú Olònà, e ele pode abri-los ou fechá-los.
- Exú fica à
esquerda dos caminhos. O elemento procriado, é a prova do poder das Iyá-mi,
é o pássaro, o Elèye. Exú foi o primeiro a usar ekódide (pena de uma espécie
de papagaio) na cabeça, e foi isto que o tornou decano de todos os orixás.
Alguém que coloca ekódide na cabeça sem necessidade, provoca a cólera de Exú.
- Enganosamente
ou mal intencionados, os primeiros missionários que chegaram à África,
compararam-no ao diabo, por algumas de suas formas, artimanhas e poderes
atribuídos. Ele tem as qualidades dos seus defeitos, pois é dinâmico e
jovial, havendo mesmo pessoas na África que usam orgulhosamente nomes como
Èxúbíyìí (concebido por exú), ou Èxùtósìn (Exú merece ser adorado).
- Como
personagem histórica, Exú teria sido um dos companheiros de Odùduà, quando
da sua chegada à Ifé, e chamava-se Exú Obasin. Tornou-se mais tarde, um dos
assistentes de Orúnmilá, que preside a adivinhação pelo sistema de Ifá.
Segundo Epega, Exú, tornou-se rei de Kêto sob o nome de Exú Alákétu. É Exú
que supervisiona as atividades do rei em cada cidade: o de Oyó é chamado Exú
Akesan.
- Como orixá,
diz-se que veio ao mundo com um porrete, chamado, ogó, que teria a
propriedade de transportá-lo, a centenas de quilômetros e de atrair, por um
poder magnético, objetos situados a distâncias igualmente grandes.
- Elegbára
- Alákétu
- Laalu
- Jelu
- Run danto
- Tiriri
- Lonan
- Jele bara
- Anan ou Inan
- Bará
- Jigidi
- Mavambo
- Embeberekete
- Sinza Muzila
- Sandú
- Baragbo
- Akesan
- Baralajki
- Betire
- Lamu Bata
- Okanlelogun
- São pessoas
geralmente de um caráter variado, ao mesmo tempo bom e ruim, são pessoas
compreensivas, principalmente com os problemas alheios, são conselheiros,
intriguentos, procuram fazer tudo certo, mas se resolverem fazer tudo errado
não há quem os agüente, são pessoas fortes, incansáveis, desordeiros,
animados, alegres e brincalhões, e gostam de fiscalizar os outros, gostam de
resolver encrencas das outras pessoas, ciumentos e interesseiros.
Amendoeira: Seus galhos
são usados nos locais em que o homem exerce suas atividades lucrativas. Na
medicina caseira, seus frutos são comestíveis, porém em grande quantidades
causam diarréia de sangue. Das sementes fabrica-se o óleo de amêndoas, muito
usado para fazer sabonetes por ter efeitos emolientes, além de amaciar a pele.
Amoreira: Planta que
armazena fluidos negativos e os solta ao entardecer; é usada pelos sacerdotes no
culto a Eguns. Na medicina caseira, é usada para debelar as inflamações da boca
e garganta.
Angelim-amargoso: Muito
usado em marcenaria, por tratar-se de madeira de lei. Nos rituais, suas folhas e
flores são utilizadas nos abô dos filhos de Nanã, e as cascas são utilizadas em
banhos fortes com a finalidade de destruir os fluidos negativos que possam
haver, realizando um excelente descarrego nos filhos de Exu. A medicina caseira
indica o pó de suas sementes contra vermes. Mas cuidado! Deve ser usada em doses
pequenas.
Aroeira: Nos terreiros
de Candomblé este vegetal pertence a Exu e tem aplicação nas obrigações de
cabeça, nos sacudimentos, nos banhos fortes de descarrego e nas purificações de
pedras. É usada como adstringente
na medicina caseira, apressa a cura de feridas e úlceras, e resolve casos de
inflamações do aparelho genital. Também é de grande eficácia nas lavagens
genitais.
Arrebenta Cavalo : No
uso ritualístico esta erva é empregada
em banhos fortes do pescoço para baixo, em hora aberta. É também usado em
magias para atrair simpatia. Não é usada na medicina caseira.
Arruda: Planta aromática
usada nos rituais porque Exu a
indica contra maus fluidos e olho-grande. Suas folhas miúdas são aplicadas
nos ebori, banhos de limpeza ou descarrego, o que é fácil de perceber, pois
se o ambiente estiver realmente carregado a arruda morre. Ela é também usada
como amuleto para proteger do mau-olhado. Seu uso restringe-se à Umbanda.
Em seu uso caseiro é aplicada contra a verminose e reumatismos, além de seu
sumo curar feridas.
Avelós -
Figueira-do-diabo: Seu uso se restringe a
purificação das pedras do orixá antes de serem levadas ao assentamento; é
usada socada. A medicina caseira indica esta erva para combater úlceras e
resolver tumores.
Azevinho: Muito
utilizada na magia branca ou negra, ela é
empregada nos pactos com entidades. Não é usada na medicina popular.
Bardana: Aplicada nos
banhos fortes, para livrar o sacerdote
das ondas negativas e eguns. O povo utiliza sua raiz cozida no tratamento de
sarnas, tumores e doenças venéreas.
Beladona : Nas
cerimônias litúrgicas só tem emprego nos
sacudimentos domiciliares ou de locais onde o homem exerça atividades
lucrativas. Trabalhos feitos com os galhos desta planta também provocam
grande poder de atração. Pouco usada pelo povo devido ao alto princípio
ativo que nela existe. Este princípio dilata a pupila e diminui as secreções
sudorais, salivares, pancreáticas e lácteas.
Beldroega: Usada na
purificação das pedras de Exu. O povo
utiliza suas folhas, socadas, para apressar cicatrizações de feridas.
Brinco-de-princesa: É
planta sagrada de Exu. Seu uso se
restringe a banhos fortes para proteger os filhos deste orixá. Não possui
uso popular.
Cabeça-de-nego: No
ritual a rama é empregada nos banhos de
limpeza e o bulbo nos banhos fortes de descarrego. Esta batata combate
reumatismo, menstruações difíceis, flores brancas e inflamações vaginais e
uterinas.
Cajueiro: Suas folhas
são utilizadas pelo axogun para o
sacrifício ritual de animais quadrúpedes. Em seu uso caseiro, ele combate
corrimentos e flores brancas. Põe fim a diabetes. Cozinhar as cascas em um
litro e meio de água por cinco minutos e depois fazer gargarejos, põe fim ao
mau hálito.
Cana-de-açúcar: Suas
folhas secas e bagaços são usadas em
defumações para purificar o ambiente antes dos trabalhos ritualísticos, pois
essa defumação destrói eguns. Não possui uso na medicina caseira.
Cardo-santo: Essa planta
afugenta os males, propicia o
aparecimento do perdido e faz cair os vermes do corpo dos animais. Na
medicina caseira suas folhas são empregadas em oftalmias crônicas, enquanto
as raízes e hastes são empregadas contra inflamações da bexiga.
Catingueira: É muito
empregada nos banhos de descarrego. Seu
sumo serve para fazer a purificação das pedras. Entretanto, não deve fazer
parte do axé de Exu onde se depositam pequenos pedaços dos axé das aves ou
bichos de quatro patas. Na medicina caseira ela é indicada para menstruações
difíceis.
Cebola-cencém: Essa
cebola é de Exu e nos rituais seu bulbo
é usado para os sacudimentos domiciliares. É empregada da seguinte maneira :
corta-se a cebola em pedaços miúdos e, sob os cânticos de Exu, espalha-se
pelos cantos dos cômodos e embaixo dos móveis; a seguir, entoe o canto de
Ogum e despache para Exu. Este trabalho auxilia na descoberta de falsidades
e objetos perdidos. O povo utiliza suas folhas cozidas como emoliente.
Cunanã: Seu uso
restringe-se aos banhos de descarrego e
limpeza. Substituiu em parte, os sacrifícios a Exu. A medicina caseira
indica os galhos novos desta planta para curar úlceras.
Erva-preá: Empregada nos
banhos de limpeza, descarrego,
sacudimentos pessoais e domiciliares. O povo usa o chá desta erva como
aromatizante e excitante. Banhos quentes deste chá melhoram as dores nas
articulações, causadas pelo artritismo.
Facheiro-Preto: Aplicada
somente nos banhos fortes de
limpeza e descarrego. Na medicina caseira, ela é utilizada nas afecções
renais e nas diarréias.
Fedegoso Crista-de-galo:
Esta erva é utilizada em banhos
fortes, de descarrego, pois é eficaz na destruição de Eguns e causadores de
enfermidades e doenças. Seus galhos envolvem os ebó de defesa. Com flores e
sementes desta planta é feito um pó, o qual é aplicado sobre as pessoas e em
locais; é denominado "o pó que faz bem". Na medicina caseira atua com
excelente regulador feminino. Além de agir com grande eficácia sobre
erisipelas e males do fígado. É usada pelo povo, fazendo o chá com toda erva
e bebendo a cada duas horas uma xícara.
Fedegoso: Misturada a
outras ervas pertencentes a Exu, o
fedegoso realiza os sacudimentos domiciliares. É de grande utilidade para
limpar o solo onde foram riscados os pontos de Exu e locais de despacho
pertencentes ao deus da liberdade.
Figo Benjamim: Erva
usada na purificação de pedras ou
ferramentas e na preparação do fetiche de Exu. É empregada também em banhos
fortes nas pessoas obsediadas. No uso popular, suas folhas são cozidas para
tratar feridas rebeldes e debelar o reumatismo.
Figo do Inferno: Somente
as folhas pertencentes a este
vegetal são de Exu. Na liturgia, ela é o ponto de concentração de Exu. Não
possui uso na medicina popular.
Folha da Fortuna: É
empregada em todas as obrigações de
cabeça, em banhos de limpeza ou descarrego e nos abôs de quaisquer
filhos-de-santo. Na medicina caseira é consagrada por sua eficácia, curando
cortes, acelerando a cura nas cicatrizações, contusões e escoriações, usando
as folhas socadas sobre os ferimentos. O suco desta erva, puro ou misturado
ao leite, ameniza as conseqüências de tombos e quedas.
Juá - Juazeiro: É usada
para complementar banhos fortes e
raramente está incluída nos banhos de limpeza e descarrego. Seus galhos são
usados para cobrir o ebó de defesa. A medicina caseira a indica nas doenças
do peito, nos ferimentos e contusões, aplicando as cascas, por natureza,
amargas.
Jurema Preta: Tanto na
Umbanda quanto no Candomblé, a Jurema
Preta é usada nos banhos de descarrego e nos ebó de defesa. O povo a indica
no combate a úlceras e cancros, usando o chá das cascas.
Jurubeba: Utilizada em
banhos preparatórios de filhos
recolhidos ao ariaxé. Na medicina caseira, o chá de suas folhas e frutos
propiciam um melhor funcionamento do baço e fígado. É poderoso desobstruente
e tônico, além de prevenir e debelar hepatites. Banhos de assentos mornos
com essa erva propiciam melhores às articulações das pernas.
Lanterna Chinesa:
Utilizada em banhos fortes para
descarregar os filhos atacados por eguns. Suas flores enfeitam a casa de
Exu. Popularmente, é usada como adstringente e a infusão das flores é
indicada para inflamação dos olhos.
Laranjeira do Mato: Seu
uso se restringe a banhos fortes, de
limpeza e descarrego. Na medicina caseira ela atua com grande eficácia sobre
as cólicas abdominais e também menstruais.
Mamão Bravo: Planta
utilizada nos banhos de limpeza,
descarrego e nos banhos fortes. Além de ser muito empregada nos ebó de
defesa, sendo substituída de três em três dias, porque o orixá exige que a
erva esteja sempre nova. O povo a utiliza para curar feridas.
Maminha de Porca:
Somente seus galhos são usados no ritual e
em sacudimentos domiciliares. O povo a indica como restaurador orgânico e
tonificador do organismo. Sua casca cozida tem grande eficácia sobre as
mordeduras de cobra.
Mamona: Suas folhas
servem como recipiente para arriar o
ebó de Exu. Suas sementes socadas vão servir para purificar o otá de Exu.Não tem uso na medicina popular.
Mangue Cebola: No
ritual, a cebola é usada nos sacudimentos
domiciliares. Corte a cebola em pedaços miúdos e, entoando em voz alta o
canto de Exu, a espalhe pela casa, nos cantos e sob os móveis. Na medicina
caseira, a cebola do mangue esmagada cura feridas rebeldes.
Mangueira: É aplicada
nos banhos fortes e nas obrigações de
ori, misturada com aroeira, pinhão-roxo, cajueiro e vassourinha-de-relógio,
do pescoço para baixo. Ao terminar, vista uma roupa limpa. As folhas servem
para cobrir o terreiro em dias de abaçá. Na medicina caseira é indicada para
debelar diarréias rebeldes e asma. O cozimento das folhas, em lavagens
vaginais, põe fim ao corrimento.
Manjerioba: Utilizada
nos banhos fortes, nos descarregos,
nas limpezas pessoais e domiciliares e nos sacudimentos pessoais, sempre do
pescoço para baixo. O povo a indica como regulador menstrual, beneficiando
os órgãos genitais. Utiliza-se o chá em cozimento.
Maria Mole: Aplicada nos
banhos de limpeza e descarrego,
muito procurada para sacudimentos domiciliares. O povo a indica em cozimento
nas dispepsias e como excelente adstringente.
Mata Cabras: Muito
utilizado para afugentar eguns e destruir
larvas astrais. As pessoas que a usam não devem tocá-la sem cobrir as mãos
com pano ou papel, para depois despachá-la na encruzilhada. O povo indica o
cozimento de suas folhas e caules para tirar dores dos pés e pernas, com
banho morno.
Mata Pasto: Seus galhos
são muito utilizados nos banhos de
limpeza, descarrego, nos sacudimentos pessoais e domiciliares. O povo a
indica contra febres malignas e incômodos digestivos.
Mussambê de Cinco
Folhas: Obs.: Sejam eles de sete, cinco,
ou três folhas, todos possuem o mesmo efeito, tanto nos trabalhos rituais,
quanto na medicina caseira. Esta erva é utilizada por seus efeitos positivos
e por serem bem aceitas por Exu no ritual de boas vindas. Na medicina
caseira é excelente para curar feridas.
Ora-pro-nobis: É erva
integrante do banho forte. Usada nos
banhos de descarrego e limpeza. É destruidora de eguns e larvas negativas,
além de entrar nos assentamentos dos mensageiros Exus. No uso caseiro, suas
folhas atuam como emolientes.
Palmeira Africana: Suas
folhas são aplicadas nos banhos de
descarrego ou de limpeza. Não possui uso na medicina caseira.
Pau D'alho: Os galhos
dessa erva são utilizados nos
sacudimentos domiciliares e em banhos fortes, feitos nas encruzilhadas,
misturadas com aroeira, pinhão branco ou roxo. Na encruzilhada em que tomar
o banho, arrie um mi-ami-ami, oferecido a Exu, de preferência em uma
encruzilhada tranqüila. Na medicina caseira ela é usada para exterminar
abscessos e tumores. Usa-se socando bem as folhas e colocando-as sobre os
tumores. O cozimento de suas folhas, em banhos quentes e demorados, é
excelente para o reumatismo e hemorróidas.
Picão da Praia: Não
possui uso ritualístico. A medicina
caseira o indica como diurético e de grande eficácia nos males da bexiga.Para isso utilize-o sob a forma de chá.
Pimenta Darda: "Aplicada
em banhos fortes e nos
assentamentos de Exu. Na medicina caseira, suas sementes em infusão são
anti-helmínticas, destruindo até ameba.
Pinhão Branco: Aplicada
em banhos fortes misturadas com
aroeira. Esta planta possui o grande valor de quebrar encantos e em algumas
ocasiões substitui o sacrifício de Exu. Suas sementes são usadas pelo povo
como purgativo. O leite encontrado por dentro dos galhos é de grande
eficácia colocado sobre a erisipela. Porém, deve-se Ter cuidado, pois esse
leite contém uma terrível nódoa que inutiliza as roupas.
Pinhão Coral: Erva
integrante nos banhos fortes e usadas nos
de limpeza e descarrego e nos ebó de defesa. Na medicina caseira o pinhão
coral trata feridas rebeldes e úlceras malignas.
Pinhão Roxo: No ritual
tem as mesmas aplicações descritas
para o pinhão branco. É poderoso nos banhos de limpeza e descarrego, e
também nos sacudimentos domiciliares, usando-se os galhos. Não possui uso na
medicina popular.
Pixirica - Tapixirica:
No ritual faz parte do axé de Exu e
Egun. Dela se faz um excelente pó de mudança que propicia a solução de
problemas. O pó feito de suas folhas é usado na magia maléfica. Na medicina
caseira ela é indicada para as palpitações do coração, para a melhoria do
aparelho genital feminino e nas doenças das vias urinárias.
Quixambeira: É aplicada
em banhos de descarrego e limpeza
para a destruição de eguns e ao pé desta planta são arriadas obrigações a
Exu e a Egun. Na medicina caseira, com suas cascas em cozimento, atua como
energético adstringente. Lavando as feridas, ela apressa a cicatrização.
Tajujá - Tayuya: É usada
em banhos fortes, de limpeza ou
descarrego. A rama do tajujá é utilizada para circundar o ebó de defesa. O
povo a indica como forte purgativo.
Tamiaranga: É destinada
aos banhos fortes, banhos de
descarrego e limpeza. É usada nos ebó de defesa. O povo a indica para tratar
úlceras e feridas malignas.
Tintureira: Utilizada
nos banhos fortes, de limpeza ou
descarrego. Bem próximo ao seu tronco são arriadas as obrigações destinadas
a Exu. O povo utiliza o cozimento de suas folhas como um energético
desinflamatório.
Tiririca: Esta plantinha
de escasso crescimento apresenta
umas pequeninas batatas aromáticas. Estas são levadas ao fogo e, em seguida,
reduzida a pó, o qual funciona como pó de mudança no ritual. Serve para
desocupar casas e, colocadas embaixo da língua, desodoriza o hálito e afasta
eguns.
Urtiga Branca: É
empregada nos banhos fortes, nos de
descarrego e limpeza e nos ebó de defesa. Faz parte nos assentamentos. O
povo a indica contra as hemorragias pulmonares e brônquicas.
Urtiga Vermelha:
Participa em quase todas as preparações do
ritual, pois entra nos banhos fortes, de descarrego e limpeza. É axé dos
assentamentos de Exu e utilizada nos ebó de defesa. Esta planta socada e
reduzida a pó, produz um pó benfazejo. O povo indica o cozimento das raízes
e folhas em chá como diurético.
Vassourinha de Botão:
Muito empregada nos sacudimentos
pessoais e domiciliares. Não possui uso na medicina popular.
Vassourinha de Relógio:
Ela somente participa nos
sacudimentos domiciliares. Não possui uso na medicina caseira.
Xiquexique: Participa
nos banhos fortes, de limpeza ou
descarrego. São axé nos assentamentos de Exu e circundam os ebó de defesa. O
povo indica esta erva para os males dos rins.
Padê para Exú
-
Ingredientes:
-
01 pacote de farinha de
milho amarela
-
1 vidro de azeite de
dendê
-
1 cebola grande
-
1 bife
-
3 charutos
-
1 caixa de fósforo
-
1 garrafa de aguardente
-
7 pimentas vermelhas
- Modo de
preparo:
- Em um alguidar
coloque a farinha de milho e um pouco de dendê, com as mãos faça uma farofa
bem fofa sempre mentalizando seu pedido. Corte a cebola em rodelas e refogue
ligeiramente no dendê, faça o mesmo com o bife. Cubra o padê com as rodelas de
cebola e no centro coloque o bife, enfeite com as sete pimentas. Ofereça a Exú
o padê não esquecendo dos charutos e da aguardente.
-
-
- *Bará Lodê: São Pedro, quando faz
adjuntó com Iansã, São Benedito com faz adjuntó com Obá.
- *Bará Lanã: Santo Antônio do Pão
dos Pobres
- *Bará Adaqui: Santo Antônio
- *Bará Agelú: Menino no colo do
Santo Antônio
- Sincretismo: indevidamente diabo,
pelos católicos.
- Equivalências Tarot: carta n.º 15
Baralho cigano: carta n.º 1
Exú instaura o conflito entre Iemanjá,
Oyá e Oxum. [Lenda 24 do Livro Mitologia dos Orixás] |
-
Um dia, foram juntas ao mercado Oyá e Oxum,
esposas de Xangô, e Iemanjá, esposa de Ogum.
-
Exu entrou no mercado conduzindo uma cabra.
-
Ele viu que tudo estava em paz e decidiu
plantar uma discórdia.
-
Aproximou-se de Iemanjá, Oyá e Oxum e disse
que tinha um compromisso importante com Orunmila.
-
Ele deixaria a cidade e pediu a elas que
vendessem sua cabra por vinte búzios. Propôs que ficassem com a metade do
lucro obtido.
-
Iemanjá, Oyá e Oxum concordaram e Exu partiu.
-
A cabra foi vendida por vinte búzios. Iemanjá,
Oyá e Oxum puseram os dez búzios de Exu a parte e começaram a dividir os dez
búzios que lhe cabiam. Iemanjá contou os búzios. Haviam três búzios para cada
uma delas, mas sobraria um. Não era possível dividir os dez em três partes
iguais. Da mesma forma Oyá e Oxum tentaram e não conseguiram dividir os búzios
por igual. Aí as três começaram a discutir sobre quem ficaria com a maior
parte.
-
Iemanjá disse: "É costume que os mais velhos
fiquem com a maior porção. Portanto, eu pegarei um búzio a mais".
-
Oxum rejeitou a proposta de Iemanjá, afirmando
que o costume era que os mais novos ficassem com a maior porção, que por isso
lhe cabia.
-
Piá intercedeu, dizendo que , em caso de
contenda semelhante, a maior parte caberia à do meio.
-
As três não conseguiam resolver a discussão.
Então elas chamaram um homem
-
do mercado para dividir os búzios
eqüitativamente entre elas. Ele pegou os búzios e colocou em três montes
iguais. E sugeriu que o décimo búzio fosse dado a mais velha. Mas Oyá e Oxum,
que eram a segunda mais velha e a mais nova, rejeitaram o conselho. Elas se
recusaram a dar a Iemanjá a maior parte.
-
Pediram a outra pessoa que dividisse
eqüitativamente os búzios. Ele os contou, mas não pôde dividi-los por igual.
Propôs que a parte maior fosse dado à mais nova. Iemanjá e Oyá.
-
Ainda um outro homem foi solicitado a fazer a
divisão. Ele contou os búzios, fez três montes de três e pôs o búzio a mais de
lado. Ele afirmou que, neste caso, o búzio extra deveria ser dado àquela que
não é nem a mais velha, nem a mais nova. O búzio devia ser dado a Oyá. Mas
Iemanjá e Oxum rejeitaram seu conselho. Elas se recusaram a dar o búzio extra
a Oyá.
-
Não havia meio de resolver a divisão.
-
Exu voltou ao mercado para ver como estava a
discussão. Ele disse: "Onde está minha parte?".
-
Elas deram a ele dez búzios e pediram para
dividir os dez búzios delas de modo eqüitativo.
-
Exu deu três a Iemanjá, três a Oyá e tre a
Oxum. O décimo búzio ele segurou.
-
Colocou-o num buraco no chão e cobriu com
terra.
-
Exu disse que o búzio extra era para os
antepassados, conforme o costume que se seguia no Orum
-
Toda vez que alguém recebe algo de bom,
deve-se lembrar dos antepassados.Dá-se uma parte das colheitas, dos banquetes
e dos sacrifícios aos Orixás, aos antepassados. Assim também com o dinheiro.
Este é o jeito como é feito no Céu. Assim também na terra deve ser.
-
Quando qualquer coisa vem para alguém, deve-se
dividi-la com os antepassados. "Lembrai que não deve haver disputa pelos
búzios."
-
Iemanjá, Oyá e oxum reconheceram que Exu
estava certo. E concordaram em aceitar três búzios cada.
-
Todos os que souberam do ocorrido no mercado
de Oió passaram a ser mais cuidadosos com relação aos antepassados, a eles
destinando sempre uma parte importante do que ganham com os frutos do trabalho
e com os presentes da fortuna.
Exú torna-se o amigo predileto de
Orunmila. [Lenda 27 do Livro Mitologia dos Orixás] |
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Como se explica a grande amizade entre
Orunmila e Exu, visto que eles são opostos em grandes aspectos ?
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Orunmila, filho mais velho de Olorun, foi quem
trouxe aos humanos o conhecimento do destino pelos búzios. Exu, pelo
contrario, sempre se esforçou para criar mal-entendidos e rupturas, tanto aos
humanos como aos Orixás. Orunmila era calmo e Exu, quente como o fogo.
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Mediante o uso de conchas adivinhas, Orunmila
revelava aos homens as intenções do supremo deus Olorun e os significados do
destino. Orunmila aplainava os caminhos para os humanos, enquanto Exu os
emboscava na estrada e fazia incertas todas as coisas. O caráter de Orunmila
era o destino, o de Exu, era o acidente. Mesmo assim ficaram amigos íntimos.
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Uma vez, Orunmila viajou com alguns
acompanhantes. Os homens de seu séqüito não levavam nada, mas Orunmila portava
uma sacola na qual guardava o tabuleiro e os Obis que usava para ler o futuro.
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Mas na comitiva de Orunmila muitos tinham
inveja dele e desejavam apoderar-se de sua sacola de adivinhação. Um deles
mostrando-se muito gentil, ofereceu-se para carregar a sacola de Orunmila. Um
outro também se dispôs à mesma tarefa e eles discutiram sobre quem deveria
carregar a tal sacola.
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Até que Orunmila encerrou o assunto dizendo:
"Eu não estou cansado. Eu mesmo carrego a sacola".
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Quando orunmila chegou em casa, refletiu sobre
o incidente e quis saber quem realmente agira como um amigo de fato. Pensou
então num plano para descobrir os falsos amigos. Enviou mensagens com a
notícia de que havia morrido e escondeu-se atrás da casa, onde não podia ser
visto. E lá Orunmila esperou.
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Depois de um tempo, um de seus acompanhantes
veio expressar seu pesar. O homem lamentou o acontecido, dizendo ter sido um
grande amigo de Orunmila e que muitas vezes o ajudara com dinheiro. Disse
ainda que, por gratidão, Orunmila lhe teria deixado seus instrumentos de
adivinhar.
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A esposa de Orunmila pareceu compreende-lo,
mas disse que a sacola havia desaparecido. E o homem foi embora frustrado.
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Outro homem veio chorando, com artimanha pediu
a mesma coisa e também foi embora desapontado. E assim, todos os que vieram
fizeram o mesmo pedido. Até que Exu chegou.
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Exu também lamentou profundamente a morte do
suposto amigo. Mas disse que a tristeza maior seria da esposa, que não teria
mais pra quem cozinhar. Ela concordou e perguntou se Orunmila não lhe devia
nada. Exu disse que não. A esposa de Orunmila persistiu, perguntando se Exu
não queria a parafernália de adivinhação
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Exu negou outra vez. Aí Orunmila entrou na
sala, dizendo: "Exu, tu és sim meu verdadeiro amigo!".
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Depois disso nunca teve amigos tão íntimos,
tão íntimos como Exu e Orunmila.
Exu leva aos homens o oráculo de Ifá
[Lenda 28 do livro Mitologia dos Orixás] |
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Em épocas remotas os deuses passaram fome. Às
vezes, por longos períodos, eles não recebiam bastante comida de seus filhos
que viviam na Terra.
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Os deuses cada vez mais se indispunham uns com
os outros e lutavam entre si guerras assombrosas. Os descendentes dos deuses
não pensavam mais neles e os deuses se perguntavam o que poderiam fazer. Como
ser novamente alimentados pelos homens ? Os homens não faziam mais oferendas e
os deuses tinham fome. Sem a proteção dos deuses, a desgraça tinha se abatido
sobre a Terra e os homens viviam doentes, pobres, infelizes.
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Um dia Exu pegou a estrada e foi em busca de
solução. Exu foi até Iemanjá em busca de algo que pudesse recuperar a boa
vontade dos homens. Iemanjá lhe disse: "Nada conseguirás. Xapanã já tentou
afligir os homens com doenças, mas eles não vieram lhe oferecer sacrifícios".
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Iemanjá disse: "Exu matará todos os homens,
mas eles não lhe darão o que comer. Xangô já lançou muitos raios e já matou
muitos homens, mas eles nem se preocupam com ele. Então é melhor que procures
solução em outra direção.Os homens não tem medo de morrer. Em vez de
ameaçá-los com a morte, mostra a eles alguma coisa que seja tão boa que eles
sintam vontade de tê-la. E que, para tanto, desejem continuar vivos".
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Exu retornou o seu caminho e foi procurar
Orungã.
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Orungã lhe disse: "Eu sei por que vieste. Os
dezesseis deuses tem fome. É preciso dar aos homens alguma coisa de que eles
gostem, alguma coisa que os satisfaça.. Eu conheço algo que pode fazer isso. É
uma grande coisa que é feita com dezesseis caroços de dendê. Arranja os cocos
da palmeira e entenda seu significado. Assim poderás conquistar os homens".
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Exu foi ao local onde havia palmeiras e
conseguiu ganhar dos macacos dezesseis cocos. Exu pensou e pensou, mas não
atinava no que fazer com eles. Os macacos então lhe disseram: "Exu, não sabes
o que fazer com os dezesseis cocos de palmeira? Vai andando pelo mundo e em
cada lugar pergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir a
dezesseis lugares para saber o que significam esses cocos de palmeira. Em cada
um desses lugares recolheras dezesseis odus. Recolherás dezesseis histórias,
dezesseis oráculos. Cada história tem a sua sabedorias, conselhos que podem
ajudar os homens. Vai juntando os odus e ao final de um ano terás aprendido o
suficiente. Aprenderás dezesseis vezes dezesseis odus. Então volta para onde
moram os deuses. Ensina aos homens o que terás aprendido e os homens irão
cuidar de Exu de novo".
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Exu fez o que lhe foi dito e retornou ao Orun,
o Céu dos Orixás. Exu mostrou aos deuses os odus que havia aprendido e os
deuses disseram: "Isso é muito bom".
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Os deuses, então, ensinaram o novo saber aos
seus descendentes, os homens.Os homens então puderam saber todos os dias os
desígnios dos deuses e os acontecimentos do porvir. Quando jogavam os
dezesseis cocos de dendê e interpretavam o odu que eles indicavam, sabiam da
grande quantidade de mal que havia no futuro. Eles aprenderam a fazer
sacrifícios aos Orixás para afastar os males que os ameaçavam. Eles
recomeçavam a sacrificar animais e a cozinhar suas carnes para os deuses. Os
Orixás estavam satisfeitos e felizes. Foi assim que Exu trouxe aos homens o
Ifá.
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Há uma maneira hábil de obter um favor de Exu.
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É preparar-lhe um golpe mais astuto que
aqueles que ele mesmo prepara.
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Conta-se que Aluman estava desesperado com uma
grande seca.
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Seus campos estavam áridos, a chuva não caía.
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As rãs choravam de tanta sede
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e os rios estavam cobertos de folhas mortas,
caídas das árvores.
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Nenhum orixá invocado escutou suas queixas e
gemidos.
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Aluman decidiu, então, oferecer a Exu grandes
pedaços de carne de bode.
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Exu comeu com apetite desta excelente
oferenda.
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Só que Aluman havia temperado a carne com um
molho muito apimentado.
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Exu teve sede.
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Uma sede tão grande que toda a água de todas
as jarras que ele tinha em casa, e que tinham, em suas casas, os vizinhos, não
foi suficiente para matar sua sede!
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Exu foi à torneira da chuva e abriu-a sem
pena.
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A chuva caiu.
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Ela caiu de dia, ela caiu de noite.
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Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem
parar.
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Os campos de Aluman tornaram-se verdes.
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Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua
glória.
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E as rãzinhas gargarejavam e coaxavam,
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e o rio corria velozmente para não
transbordar!
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Aluman, reconhecido, ofereceu a Exu carne de
bode com o tempero
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no ponto certo da pimenta.
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Havia chovido bastante. Mais, seria
desastroso!
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Pois, em todas as coisas, o demais é inimigo
do bom.
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Exú sempre foi o mais alegre e comunicativo de
todos os orixás. Olorun, quando o criou, deu-lhe, entre outras funções, a de
comunicador e elemento de ligação entre tudo o que existe. Por isso, nas
festas que se realizavam no orun (céu), ele tocava tambores e cantava, para
trazer alegria e animação a todos.
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Sempre foi assim, até que um dia os orixás
acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não
ficava bem tanta agitação.
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Então, eles pediram a Exú, que parasse com
aquela atividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar.
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Assim foi feito, e Exú nunca mais tocou seus
tambores, respeitando a vontade de todos.
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Um belo dia, numa dessas festas, os orixás
começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam
muito mais bonitas ao som dos tambores.
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Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir
a Exú que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muito sem vida.
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Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado
muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa
função para a primeira pessoa que encontrasse.
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Logo apareceu um homem, de nome Ogan. Exú
confiou-lhe a missão de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as
festividades dos orixás. E, daquele dia em diante, os homens que exercessem
esse cargo seriam respeitados como verdadeiros pais e denominados Ogans.
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Um dia Orunmilá foi procurar Osalá em seu
palácio. Orunmilá e sua mulher queriam ter um filho. Chegando ao palácio de
Osalá, Orunmilá encontrou Exú Yangui sentado à esquerda da entrada principal.
Já dentro do palácio, e diante do velho rei, Orunmilá fez seu apelo, escutando
de Osalá uma resposta negativa.
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O velho rei afirmou-lhe que ainda não era
tempo da chegada de um filho. Orunmilá, insatisfeito e ao mesmo tempo curioso,
perguntou à Osalá quem era aquele menino sentado à porta do palácio e pediu ao
rei, se poderia levá-lo como filho. Osalá garantiu-lhe que não era o filho
ideal de se ter, ao que Orunmilá insistiu tanto em seu pedido que obteve a
graça de Osalá.
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Tempos depois nasceu Exú, filho de Orunmilá.
Para espanto dos pais, nasceu falando e comendo tudo que estava a sua volta,
acabando por devorar a própria mãe. Exú aproximou-se de Orunmilá para também
comê-lo, entretanto o adivinho tinha consigo uma espada e enfurecido partiu
para matar o filho.
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Exú fugiu, sendo perseguido por Orunmilá, que
a cada espaço do céu alcançava-o, cortando Exú em duzentos e um pedaços. A
cada encontro, o ducentésimo primeiro pedaço transformava-se novamente em Exú.
Assim terminaram por atingir o último espaço sagrado e, como não tinham mais
saída, resolveram entrar num acordo. Exú devolveu tudo o que havia comido,
inclusive sua mãe, em troca seria sempre saudado primeiro em todos os rituais.