NANÃ

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Cor : roxo ou lilás
Número: 15
Comida: mostarda
Símbolo: ibiri (conhecido como " vassoura de Nanã, um instrumento de palha com elementos mágicos dentro, semelhante ao usado por Obaluaiê, com a qual Nana varre a terra)
Dia da semana: segunda-feira
Saudação: Saluba!

 

Descrição
A avó dos Orixás, Nanã Buruku (Buru = espírito ; Iku = morte) Vodum da lama, dos pântanos, seu símbolo, o Ibiiri (I-Biri = enrolou repentinamente ou Ibi = nascimento ; Ri = previamente), assemelha-se ao Sasará [xaxará] de Omolú, mas é voltado na ponta superior, forrado com as cores azul e branco ou roxo, incrustado de búzios. O feixe de nervuras de palmeira, que formam seu interior, bom como os búzios, representam seus descendentes (filhos), pois Nanà, é a grande genitora mítica. Também chamada de Nanà Burukè, Burukú, Ananburukú. No Daomé, aparece como a mãe Mawu (feminino) e Lisá (masculino), casal gerador da humanidade. Nos cultos brasileiros é considerada a mãe do todos orixás,é a mais velhas das águas; també orixá da chuva e da lama, que deu origem a terra. Tem também relações com a morte. Em certos mitos é considerada a esposa de Oxalá, e ainda mãe de Omolú e Oxumarè, orixás procedentes da mesma região que ela. A sua configuração de terra e lama: "A terra deve ser umedecida sempre que seca e quente, a umidade e o frescor representam a paz e o equilíbrio. Colocar água sobre a terra, significa não só fecundá-la, mas também restituir-lhe seu "sangue" branco com o qual ela "alimenta" e propicia tudo que nasce e cresce e, em decorrência os pedidos e rituais a serem realizados. Deitar água é iniciar e propiciar um ciclo."
            Sua ligação com água e lama, a associam à agricultura, à fertilidade, aos grãos. Ela recebe em seu seio os mortos que permitem o renascimento. Esse aspecto de conter e processar coisas em seu interior, esse segredo ou mistério que se opera em seu domínio é representado pelo azul, e sua capacidade genitora pelo branco.
            Os mortos e os ancestrais são seus filhos simbolizados pelas hastes de Atori (uma vara simbólica) de Odàn ou pelas nervuras das palmas de íguí-òpe. A relação de Nanà-Òkú òrun com a fertilidade é representado pelo uso abundante de cauris (búzios). Os cauris desprovidos dos seus moluscos, constituem os símbolos por excelência dos "dobles" espirituais e dos ancestrais. Brajás, ou Ìbàjá, filas de cauris enfiados dois a dois em pares opostos, cruzados em diagonais na frente e atrás, representam claramente o resultado da interação da direita e da esquerda, do masculino e feminino, passado (poente-atrás) e futuro (nascente-frente).
            Por causa de seu poder, a terra é invocada e chamada testemunhar em todos os tipos de pactos, particularmente nas iniciações e nas guardas dos segredos. Em caso de litígio ou traição, acredita-se que a terra fará justiça;
 
Ké ilè jéèri que a terra testemunhe
Sàáláre: òrisá láàre Orixá da justiça.
 
            Seus adeptos dançam com a dignidade que convém a uma senhora idosa e respeitável. Seus movimentos lembram um andar lento e penoso, apoiado num bastão imaginário que os dançarinos, curvados para frente, parecem puxar para si. Em certos momentos, viram para o centro da roda e colocam seus punhos fechados, um sobre o outro, parecendo segurar um bastão. Sua saudação é Saluba.
Na África, diversas são suas apresentações, nomes e indicações, variando muito de região para região.

 

Qualidades

Ologbo
Borokun
Biodun
Asainán
Elegbe
Susure.

 

Arquétipos

São pessoas velhas antes do tempo, lentas nos atos e ações, calmas, equilibradas e muito trabalhadoras, gentis e dignas, tem reservas sobre os homens, resistência física austera, sem beleza ou vaidade, não suportam desordem, e desperdícios, gostam de crianças, são sabias, carinhosas, ranzinzas, e gostam de costurar e cozinhar.

 

Ervas

Teté = Bredo sem espinhos
Orim-rim = Alfavaquinha
Odum-dum = Folha da costa
Exibatá = Golfo redondo de manam
Jacomijé = Jarrinha
Afoman= Erva de passarinho
Já = Capeba
Timim = Folha de neve branca, cana-do-brejo
Peculé = Parioba
Bala = Taioba
Jamim= Cajá
Aferé = Mutamba
Obô = Rama de leite

 

Oferenda

Ebô para Nanã

Ingredientes:
500g. de quirerinha branca
1 côco
azeite de oliva
Modo de preparo:
Cozinhe a quirerinha com bastante água para que ela fique meio "papa", tempere com oliva, coloque em uma tigela de louça, descasque , rale o côco com ele cubra a quirerinha.

 

Lendas

 

Sem Título 1

 Nanã era considerada como a grande justiceira. Qualquer problema que ocorria em seu reino, os habitantes a procuravam para ser a juíza das causas. No entanto, Nanã era conhecida como aquela que sempre castigava mais os homens, perdoando as mulheres.
 Nanã possuía um jardim em seu palácio onde havia um quarto para o eguns, que eram comandados por ela. Se alguma mulher reclamava do marido, Nanã mandava prendê-lo chamando os eguns para assustá-lo, libertando o faltoso em seguida.
 Osalufã sabedor das atitudes da velha Nanã resolveu visitá-la. Chegou a seu palácio faminto e pediu a Nanã que lhe preparasse um suco com igbins. Oxalufã muito sabido fez Nanã beber dele, acalmando-a e a cada dia que passava ela gostava mais do velho rei.
Pouco a pouco Nanã foi cedendo aos pedidos do velho, até que um dia levou-o a seu jardim secreto, mostrando-lhe como controlava os eguns. Na ausência de Nanã, Oxalufã vestiu-se de mulher e foi ter com os eguns, chamando-os exatamente como Nanã fazia, ordenando-lhes que deveriam obedecer a partir dali somente ao homem que vivia na casa da rainha. Em seu retorno Nanã tomou conhecimento do fato ficando zangada com o velho rei. Foi então que rogou uma praga no velho rei que partir dali nunca mais usaria vestes masculinas. Por isso até hoje Oxalufã veste-se com saia cumprida e cobre o rosto como as deusas rainhas.

 

Sem Título 2

 Nanã Buruku é a divindade das águas, a mais antiga de todas, muito velha e arredia, dona das águas paradas, das lagoas e dos pântanos.
Certa feita, numa reunião com todos os Imalés, falou-se muito sobre Obatalá, aquele que criou os homens, sobre Orunmyilá, o dono do destino dos seres humanos. Sobre Esu disseram que era um importante mensageiro, e sobre Ogun, que era o mais importante de todos, que era o dono do ferro e dos metais e que sem as ferramentas que ele fazia era impossível plantar, colher, construir ou fazer a guerra. Todos o reverenciaram, menos Nanã Buruku.
 Ela se dispôs a provar que não precisava dos metais. Com as madeiras mais duras da floresta fez cavadeiras para semear e cavar; para caçar, fez flechas de caniço e osso; para cozinhar, panelas de barro; para guerrear, lanças e clavas, facas de bambu e escudos de couro de rinoceronte.
 É por isso que não se usam objetos de metal para matar os animais oferecidos a Nanã Buruku.

 

Sem Título 3

 Dizem que quando Olorum encarregou Osalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Òrìsà tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior.
Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu socorro e deu a Osalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã. Osalá criou o homem, o modelou no barro.
 Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos òrìsà povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem tem que morrer. O seu corpo tem que voltar à terra, voltar à natureza de Nanã. Nanã deu a matéria no começo mas quer de volta no final tudo o que é.