Símbolo: ibiri
(conhecido como " vassoura de Nanã, um instrumento de palha com
elementos mágicos dentro, semelhante ao usado por Obaluaiê, com a qual
Nana varre a terra)
A avó dos
Orixás, Nanã Buruku (Buru = espírito ; Iku = morte) Vodum da lama, dos
pântanos, seu símbolo, o Ibiiri (I-Biri = enrolou repentinamente ou Ibi =
nascimento ; Ri = previamente), assemelha-se ao Sasará [xaxará] de Omolú, mas
é voltado na ponta superior, forrado com as cores azul e branco ou roxo,
incrustado de búzios. O feixe de nervuras de palmeira, que formam seu
interior, bom como os búzios, representam seus descendentes (filhos), pois
Nanà, é a grande genitora mítica. Também chamada de Nanà Burukè, Burukú,
Ananburukú. No Daomé, aparece como a mãe Mawu (feminino) e Lisá (masculino),
casal gerador da humanidade. Nos cultos brasileiros é considerada a mãe do
todos orixás,é a mais velhas das águas; també orixá da chuva e da lama, que
deu origem a terra. Tem também relações com a morte. Em certos mitos é
considerada a esposa de Oxalá, e ainda mãe de Omolú e Oxumarè, orixás
procedentes da mesma região que ela. A sua configuração de terra e lama: "A
terra deve ser umedecida sempre que seca e quente, a umidade e o frescor
representam a paz e o equilíbrio. Colocar água sobre a terra, significa não só
fecundá-la, mas também restituir-lhe seu "sangue" branco com o qual ela
"alimenta" e propicia tudo que nasce e cresce e, em decorrência os pedidos e
rituais a serem realizados. Deitar água é iniciar e propiciar um ciclo."
Sua
ligação com água e lama, a associam à agricultura, à fertilidade, aos grãos.
Ela recebe em seu seio os mortos que permitem o renascimento. Esse aspecto de
conter e processar coisas em seu interior, esse segredo ou mistério que se
opera em seu domínio é representado pelo azul, e sua capacidade genitora pelo
branco.
Os
mortos e os ancestrais são seus filhos simbolizados pelas hastes de Atori (uma
vara simbólica) de Odàn ou pelas nervuras das palmas de íguí-òpe. A relação de
Nanà-Òkú òrun com a fertilidade é representado pelo uso abundante de cauris
(búzios). Os cauris desprovidos dos seus moluscos, constituem os símbolos por
excelência dos "dobles" espirituais e dos ancestrais. Brajás, ou Ìbàjá, filas
de cauris enfiados dois a dois em pares opostos, cruzados em diagonais na
frente e atrás, representam claramente o resultado da interação da direita e
da esquerda, do masculino e feminino, passado (poente-atrás) e futuro
(nascente-frente).
Por
causa de seu poder, a terra é invocada e chamada testemunhar em todos os tipos
de pactos, particularmente nas iniciações e nas guardas dos segredos. Em caso
de litígio ou traição, acredita-se que a terra fará justiça;
Ké ilè jéèri
que a terra testemunhe
Sàáláre: òrisá
láàre Orixá da justiça.
Seus adeptos dançam com a dignidade que convém a uma senhora idosa e
respeitável. Seus movimentos lembram um andar lento e penoso, apoiado num
bastão imaginário que os dançarinos, curvados para frente, parecem puxar para
si. Em certos momentos, viram para o centro da roda e colocam seus punhos
fechados, um sobre o outro, parecendo segurar um bastão. Sua saudação é Saluba.
Na África,
diversas são suas apresentações, nomes e indicações, variando muito de região
para região.
São pessoas
velhas antes do tempo, lentas nos atos e ações, calmas, equilibradas e muito
trabalhadoras, gentis e dignas, tem reservas sobre os homens, resistência
física austera, sem beleza ou vaidade, não suportam desordem, e desperdícios,
gostam de crianças, são sabias, carinhosas, ranzinzas, e gostam de costurar e
cozinhar.
Cozinhe a
quirerinha com bastante água para que ela fique meio "papa", tempere com
oliva, coloque em uma tigela de louça, descasque , rale o côco com ele cubra a
quirerinha.
Nanã era considerada como a grande
justiceira. Qualquer problema que ocorria em seu reino, os habitantes a
procuravam para ser a juíza das causas. No entanto, Nanã era conhecida como
aquela que sempre castigava mais os homens, perdoando as mulheres.
Nanã possuía um jardim em seu palácio onde
havia um quarto para o eguns, que eram comandados por ela. Se alguma mulher
reclamava do marido, Nanã mandava prendê-lo chamando os eguns para assustá-lo,
libertando o faltoso em seguida.
Osalufã sabedor das atitudes da velha Nanã
resolveu visitá-la. Chegou a seu palácio faminto e pediu a Nanã que lhe
preparasse um suco com igbins. Oxalufã muito sabido fez Nanã beber dele,
acalmando-a e a cada dia que passava ela gostava mais do velho rei.
Pouco a pouco Nanã foi cedendo aos pedidos do
velho, até que um dia levou-o a seu jardim secreto, mostrando-lhe como
controlava os eguns. Na ausência de Nanã, Oxalufã vestiu-se de mulher e foi
ter com os eguns, chamando-os exatamente como Nanã fazia, ordenando-lhes que
deveriam obedecer a partir dali somente ao homem que vivia na casa da rainha.
Em seu retorno Nanã tomou conhecimento do fato ficando zangada com o velho
rei. Foi então que rogou uma praga no velho rei que partir dali nunca mais
usaria vestes masculinas. Por isso até hoje Oxalufã veste-se com saia cumprida
e cobre o rosto como as deusas rainhas.
Sem Título 2
Nanã Buruku é a divindade das águas, a mais
antiga de todas, muito velha e arredia, dona das águas paradas, das lagoas e
dos pântanos.
Certa feita, numa reunião com todos os Imalés,
falou-se muito sobre Obatalá, aquele que criou os homens, sobre Orunmyilá, o
dono do destino dos seres humanos. Sobre Esu disseram que era um importante
mensageiro, e sobre Ogun, que era o mais importante de todos, que era o dono
do ferro e dos metais e que sem as ferramentas que ele fazia era impossível
plantar, colher, construir ou fazer a guerra. Todos o reverenciaram, menos
Nanã Buruku.
Ela se dispôs a provar que não precisava dos
metais. Com as madeiras mais duras da floresta fez cavadeiras para semear e
cavar; para caçar, fez flechas de caniço e osso; para cozinhar, panelas de
barro; para guerrear, lanças e clavas, facas de bambu e escudos de couro de
rinoceronte.
É por isso que não se usam objetos de metal
para matar os animais oferecidos a Nanã Buruku.
Sem Título 3
Dizem que quando Olorum encarregou Osalá de
fazer o mundo e modelar o ser humano, o Òrìsà tentou vários caminhos. Tentou
fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu.
Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a
tentativa foi pior.
Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou
azeite, água e até vinho de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu
socorro e deu a Osalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a
lama sob as águas, que é Nanã. Osalá criou o homem, o modelou no barro.
Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a
ajuda dos òrìsà povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem tem que morrer. O
seu corpo tem que voltar à terra, voltar à natureza de Nanã. Nanã deu a
matéria no começo mas quer de volta no final tudo o que é.