IYÁ-MI OSÓRONGÁ
<Descrição>
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Descrição
- Quando se
pronuncia o nome de Iya-Mi Osórongá quem estiver sentado deve se levantar,
quem estiver de pé fará uma reverência pois esse é um temível Orixá, a quem se
deve respeito completo.
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Pássaro africano, Oxorongá emite um som onomatopaico de onde provém seu nome.
É o símbolo do Orixá Iya-Mi , ai o vemos em suas mãos. Aos seus pés, a coruja
dos augúrios e presságios. Iya-Mi Osórongá é a dona da barriga e não há quem
resista aos seus ebós fatais, sobretudo quando ela executa o Ojiji, o feitiço
mais terrível. Com Iya-Mi todo cuidado é pouco, ela exige o máximo respeito.
Iya-Mi Oxorongá, bruxa é pássaro.
- As
ruas, os caminhos, as encruzilhadas pertencem a Esu. Nesses lugares se invoca
a sua presença, fazem-se sacrifícios, arreiam-se oferendas e se lhe fazem
pedidos para o bem e para o mal, sobretudo nas horas mais perigosas que são ao
meio dia e à meia-noite, principalmente essa hora, porque a noite é governada
pelo perigosíssimo odu Oyeku Meji.
- À meia-noite
ninguém deve estar na rua, principalmente em encruzilhada, mas se isso
acontecer deve-se entrar em algum lugar e esperar passar os primeiros minutos.
Também o vento (afefe) de que Oya ou Iansan é a dona, pode ser bom ou mau,
através dele se enviam as coisas boas e ruins, sobretudo o vento ruim, que
provoca a doença que o povo chama de "ar do vento".
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Ofurufu, o firmamento, o ar também desempenha o seu papel importante,
sobretudo á noite, quando todo seu espaço pertence a Eleiye, que são as Ajé,
transformadas em pássaros do mal, como Agbibgó, Elùlú, Atioro, Osórongá,
dentre outros, nos quais se transforma a Ajé-mãe, mais conhecida por Iya-Mi
Osoronga. Trazidas ao mundo pelo odu Osa Meji, as Ajé, juntamente com o odu
Oyeku Meji, formam o grande perigo da noite. Eleiye voa espalmada de um lado
para o outro da cidade, emitindo um eco que rasga o silêncio da noite e enche
de pavor os que a ouvem ou vêem.
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Todas as precauções são tomadas. Se não se sabe como aplacar sua fúria ou
conduzi-la dentro do que se quer, a única coisa a se fazer é afugentá-la ou
esconjurá-la, ao ouvir o seu eco, dizendo Oya obe l'ori (que a faca de Iansã
corte seu pescoço), ou então Fo, fo, fo (voe, voe, voe).
- Em
caso contrário, tem-se que agradá-la, porque sua fúria é fatal. Se é num
momento em que se está voando, totalmente espalmada, ou após o seu eco
aterrorizador, dizemos respeitosamente A fo fagun wo'lu ( [saúdo] a que voa
espalmada dentro da cidade), ou se após gritar resolver pousar em qualquer
ponto alto ou numa de suas árvores prediletas, dizemos, para agradá-la Atioro
bale sege sege ([saúdo] Atioro que pousa elegantemente) e assim uma série de
procedimentos diante de um dos donos do firmamento à noite.
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Mesmo agradando-a não se pode descuidar, porque ela é fatal, mesmo em se lhe
felicitando temos que nos precaver. Se nos referimos a ela ou falamos em seu
nome durante o dia, até antes do sol se pôr, fazemos um X no chão, com o dedo
indicador, atitude tomada diante de tudo que representa perigo. Se durante à
noite corremos a mão espalmada, à altura da cabeça, de um lado para o outro,
afim de evitar que ela pouse, o que significará a morte. Enfim, há uma
infinidade de maneiras de proceder em tais circunstâncias.
- Iya-Mi Osórongá
é o termo que designa as terríveis ajés, feiticeiras africanas, uma vez que
ninguém as conhece por seus nomes. As Iya-Mi representam o aspecto sombrio das
coisas: a inveja, o ciúme, o poder pelo poder, a ambição, a fome, o caos o
descontrole. No entanto, elas são capazes de realizar grandes feitos quando
devidamente agradadas. Pode-se usar os ciúmes e a ambição das Iya-Mi em favor
próprio, embora não seja recomendável lidar com elas.
- O
poder de Iya-Mi é atribuído às mulheres velhas, mas pensa-se que, em certos
casos, ele pode pertencer igualmente a moças muito jovens, que o recebem como
herança de sua mãe ou uma de suas avós.
- Uma
mulher de qualquer idade poderia também adquiri-lo, voluntariamente ou sem que
o saiba, depois de um trabalho feito por alguma Iya-Mi empenhada em fazer
proselitismo.
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Existem também feiticeiros entre os homens, os oxô, porém seriam infinitamente
menos virulentos e cruéis que as ajé (feiticeiras).
- Ao que se diz,
ambos são capazes de matar, mas os primeiros jamais atacam membros de sua
família, enquanto as segundas não hesitam em matar seus próprios filhos. As
Iya-Mi são tenazes, vingativas e atacam em segredo. Dizer seu nome em voz alta
é perigoso, pois elas ouvem e se aproximam pra ver quem fala delas, trazendo
sua influência.
- Iya-Mi é
freqüentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O pássaro é o poder da
feiticeira; é recebendo-o que ela se torna ajé. É ao mesmo tempo o espírito e
o pássaro que vão fazer os trabalhos maléficos.
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Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa,
inerte na cama até o momento do retorno da ave. Para combater uma ajé,
bastaria, ao que se diz, esfregar pimenta vermelha no corpo deitado e
indefeso. Quando o espírito voltasse não poderia mais ocupar o corpo maculado
por seu interdito.
- Iya-Mi possui
uma cabaça e um pássaro. A coruja é um de seus pássaros. É este pássaro quem
leva os feitiços até seus destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa
suavemente nos tetos das casas, e é silencioso.
- "Se ela diz que
é pra matar, eles matam, se ela diz pra levar os intestinos de alguém,
levarão".
- Ela
envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os
olhos e os pulmões das pessoas, dá dores de cabeça e febre, não deixa que as
mulheres engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.
- As
Iya-Mi costumam se reunir e beber juntas o sangue de suas vítimas. Toda Iya-Mi
deve levar uma vítima ou o sangue de uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas
elas têm seus protegidos, e uma Iya-Mi não pode atacar os protegidos de outra
Iya-Mi .
- Iya-Mi
Oshorongá está sempre encolerizada e sempre pronta a desencadear sua ira
contra os seres humanos. Está sempre irritada, seja ou não maltratada, esteja
em companhia numerosa ou solitária, quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo
que não se fale, deixando-a assim num esquecimento desprovido de glória. Tudo
é pretexto para que Iya-Mi se sinta ofendida.
- Iya-Mi é muito
astuciosa; para justificar sua cólera, ela institui proibições. Não as dá a
conhecer voluntariamente, pois assim poderá alegar que os homens as
transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proibições não sejam
violadas. Iya-Mi fica ofendida se alguém leva uma vida muito virtuosa, se
alguém é muito feliz nos negócios e junta uma fortuna honesta, se uma pessoa é
por demais bela ou agradável, se goza de muito boa saúde, se tem muitos
filhos, e se essa pessoa não pensa em acalmar os sentimentos de ciúme dela com
oferendas em segredo. É preciso muito cuidado com elas. E só Orunmilá consegue
acalmá-la.
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