OXALÁ

<Descrição>     <Qualidades>     <Arquétipos>     <Ervas>     <Oferenda>       <Lendas>

 
Cor: branco
Dia da semana: sexta-feira
Numero 16 e 8
Comida: canjica
Saudação: Epa, Babá! Exeuê, Babá

 

Descrição
Lembá, Kassulembá, Lambaranganga, Lembadilè, Oulissa, Oulisasa, Obatalá, Orìsànlá, Orixalá muitos são seus nomes, cuja variação mais uma vez, se dá em virtude da região na África que é conhecido. Mais importante e elevado deus yorubá, o primeiro criado por Olodumaré (O Deus supremo), é um orixá funfún (do branco).
            Muitas são sua lendas e extensa é sua origem e história na África, matéria destinada aos estudiosos e mais aprofundados na religião Sendo os mais cultuados no Brasil, Oxalufon "o velho" e Oxaguian "o moço" na sua forma "guerreira" de Oxalá que carrega uma espada, cheio de vigor e nobreza, seu templo principal é em Ejigbo, onde ostenta o título de Eléèjìgbó, rei de Ejigbo.
            Na condição de velho e sábio, curvado ao peso dos anos, figura nobre e bondosa, carrega uma cajado em que se apóia, o Opaxoro, cajado de forte simbologia, utilizado para separação do Orum e o Ayié. No Brasil é o mais venerável e o mais venerado, sua cor é o branco, seu dia a Sexta-feira, motivo pelo qual os candomblecistas em geral usam roupa branca na Sexta-feira e na virada do ano, num claro respeito e devoção a Oxalá. Sua maior festa é uma cerimônia chamada "Águas de Oxalá" que diz respeito a sua lenda dos sete anos de encarceramento, culminando com a cerimônia do "Pilão de Oxaguian", para festejar a volta do pai. Esse respeito advém da sua condição delegada por Olorum, da criação e governo da humanidade.

 

Qualidades

Oxalá -o sol
Oxaguian - o nascer do sol
Oxanyin - oxalá moço
Oxadinhan - oxalá moço
Oxagiriyan - oxalá feminino
Oulissa - oxalá no gege
Oxalufan - oxalá velho
Oxá olokun - oxalá do mar
Orixalá - oxalá do meio dia
Obi-am - esposa de orixalá
Orixá okô - oxalá da agricultura
Obá-okê – oxalá da montanha
Ora minhan - filho de odudua e obatalá
Orixanlá - rei dos orixás
Ifá - o espírito santo
Canaburá - o nascer do dia
Obatalá
Odudua
Okin
Lulu
Ko
Oluiá
Babá Roko
Babá Epe
Babá Lejugba
Akanjapriku
Ifuru
Kere
Babá Igbo
Ajaguna.

OXAGUIÃ

Cor: Branca e azul
Numero 4
Comida: Inhame pilado
Dia da semana: sexta-feira
Saudação: Exeuê, babá!, Epa Babá!

 

Oxaguiã, também conhecido como Ajagunã, é o conflito que antecede a paz; a revolução que antecede as transformações profundas; a instabilidade necessária ao dinamismo da vida e da sociedade e a busca do conhecimento. Por isso é compreendido como Oxalá moço, enquanto a paz, a tranqüilidade, a estabilidade, a sabedoria são compreendidos como Oxalá velho, Oxalufã. Ele é também guerreiro, e sente prazer em destruir para q o novo se estabeleça.
Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido.
Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado, branca. Apesar de feliz com sua cabeça. ela esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos. E sofria muito. Foi quando um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.
A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.

OXALUFÃ

Oxalufã é o princípio da criação, o vazio, o branco, a luz, o espaço onde tudo pode ser criado, e também a paz, a harmonia, a sabedoria que vem depois do conflito (Oxaguiã). O fim do círculo e o recomeço. Oxalufã é o compasso do terra, Odudua. Caminha apoiado em seu cajado cerimonial, que é o também o símbolo da ligação que ele estabeleceu entre o Orun (o céu) e o Ayê (a terra). O grande pai Iorubá, considerado a bondade masculina.

AJALÁ

Ajalá é o oleiro primordial. A parte de Oxalá responsável pela criação física dos homens, por seu corpo, sua cabeça (onde vive Ori). Ele representa o aspecto mais orgânico do ser humano; o tipo de barro, de maior ou menor qualidade, mais ou menos cozido (o que implica maior ou menor numero de problemas), mais claro ou escuro. Ajalá mistura ao barro folhas, frutas, minérios, sangues e uma série de materiais que determinam como será aquela pessoa, como Ori poderá agir nela. Estes ingredientes, com o tempo perdem o axé (energia) e precisam ser, de vez em quando, repostos, o que é feito nos rituais do candomblé, entre eles a iniciação.
Diz um dos mitos que Ajalá foi incumbido de moldar as cabeças dos homens com a lama do fundo dos rios e outros elementos da natureza. Ele moldava as cabeças e as punha para assar em seu forno.
Ajalá tinha, contudo, o hábito de embriagar-se enquanto cozia o barro e criou muitas cabeças defeituosas, queimando algumas e deixando outras com o barro cru. A causa dos problemas que muitas pessoas apresentam antes de serem iniciadas viria exatamente de um ori cru, ou queimado, ou mal proporcionado feito durante alguma bebedeira de Ajalá. Como os orixás não gostam de cabeças ruins, a pessoa ficaria desprotegida, sem a energia do orixá. Depois que Ajalá terminava de fazer os oris (cabeças) Obatalá soprava nelas e lhes dava a vida.
Ajalá é considerado avatar de Oxalá, mantendo as mesmas características. Não é cultuado. Apenas louvado.

 

Arquétipos

Osolufà - São pessoas calmas e dignas, teimosas, não mudam planos, nem mesmo opiniões contrarias, assumem as conseqüências dos seus atos, frágeis, podem ter defeitos de nascença no corpo, friorentos, vingativos, podem ficar afastados dos destinos carnais, alto controle, perfeição, custo simples, observadores, odeiam barulho, sujeira, e desordem, chegam a ser altamente respeitável, não perdoam, irritam os outros com sua prepotência e insegurança, liderança, são orgulhosos, se fizerem para eles haverá retorno.
Osogián - São pessoas altas, robustos e amigos das mulheres, gostam de mandar, vaidosos, dificuldades no empregos, não gostam de ser mandados, procuram pressionar, são faladores, brincalhões, tem muita intuição, são alegres, gostam da vida, não são agressivos, mandões, preguiçosos, sonsos, podem até vir a ser falso, dividem tudo o que tem com os outros.

 

Ervas

Teté - Bredo sem espinhos
Orim-rim - Alfavaquinha
Odum-dum - Folha-da-costa
Ibim - Folha de bicho
Efim - Malva branca
Ilerim - Folha de vintém
Omim - Beldroega
Omim-ojú - Golfo branco
Jacomijé - Jarrinha
Tinin - Folha de neve branca, cana-do-brejo
Pachorô - Folha da costa branca
Monam - Parietária
Peculé - Parioba
Bala - Taioba
Jamim - Cajá
Ori-dum-dum - Folha da fortuna
Aferê - Mutamba
Obô - Rama de leite
Omim-ibá-ojú - Folha de leite

 

Oferenda

Ebô para Oxalá

Ingredientes:
500g. de canjica branca
1 cacho de uva itália (uva branca)
Azeite de oliva
Modo de preparo:
Cozinhe a canjica, coloque numa tigela branca, tempere com oliva mel e um pouco de açúcar, enfeite com o cacho de uva.

 

Lendas

 

Sem Título 1

 Osalá foi consultar os adivinhos para saber como conduzir melhor sua vida. Os velhos aconselharam-no a oferecer aos outros deuses uma cabaça grande cheia de sal e um pedaço de pano, para não passar vergonha na terra. Osalá como era muito teimoso, deu de ombros aos conselhos e foi dormir sem cumprir o recomendado. Durante a noite, Esú entrou em sua casa trazendo uma cabaça cheia da sal, amarrando-a às costas de Osalá, que jazia em profundo sono.
 Na manhã seguinte, Osalá despertou corcunda e desde então tornou-se o protetor dos corcundas, albinos, aleijados e lhe foi proibido o consumo de sal.

 

 Sem Título 2

 Osalufan, rei de Ifan, tinha decidido fazer uma visita a Sango, rei de Oyo, seu vizinho e amigo.
 Osalufan consultou um Babalaô, para saber se sua viagem se faria em boas condições. O Babalaô respondeu que a viagem seria muito penosa, que teria numerosos revezes e que, se não quizesse perder a vida, não deveria recusar os serviços que lhe fossem pedidos, nem reclamar das conseqüências que disso resultassem. Deveria, também levar três roupas brancas para trocar.
 Osalufan se pôs a caminho. Encontrou, logo depois, Esu sentado à beira da estrada com um barril de azeite de dendê a seu lado. Esu pediu a Osalufan que o ajudasse a colocar o barril sobre a sua cabeça. Osalufan concordou e Esu, maliciosamente, derramou o conteúdo do barril sobre Osalufan. Este não reclamou, lavou-se no rio próximo, e pôs uma roupa nova.