OXUMARÊ

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Número: 10
Cor: as do arco-íris
Dia da semana: quinta-feira
Símbolo: Dã. (ma serpente enrolada numa árvore, simbolizando o poder da adaptação)
Comida: batata doce
Saudação: Arroboboi Oxumarê!

 

Descrição
Simbolizado pela serpente. Sua tradução, quer dizer: arco íris, bem como uma versão, essencialmente masculino, e outra, como fêmea ou macho (Besèn e Frekuén). Besèn, a parte feminina de Oxumarè, que se transforma durante seis meses do ano (também evidenciado pela sua mudança de pele). Parente de Nanã e Obaluaiye, o que mostra sua relação com a terra e seus ancestrais. É a mobilidade e a atividade. Uma de suas obrigações, em suas múltiplas funções, é a de dirigir o movimento, é o senhor de tudo que é alongado. O cordão umbilical, que está sob o seu controle; é o símbolo da continuidade e permanência e, algumas vezes é representado por uma serpente que se enrosca e morde a própria cauda. Sua dupla natureza de macho e fêmea, é simbolizada pelas cores vermelha e azul que cercam o arco íris, ou, verde e amarelo dependendo da região. Também representa a riqueza, um dos benefícios mais apreciados no mundo dos yorubás. Seus iniciados usam brajás , longos colares de búzios, enfiados de maneira a parecer escamas de uma serpente, e trazer na mão um ebiri, espécie de vassoura feita com nervura das folhas de palmeira, ou Idan duas cobras em ferro forjado. Durante suas danças, apontam alternadamente para o céu e para a terra.
            Através do arco íris, se torna o elemento de ligação entre o céu e a terra, fazendo a ponte aiyé-orún, transporta mensagens e oferendas. No Dahomé, chama-se Dan, na nação Angola, como Angoro, sua saudação é Aroboboy. Suas oferendas devem ser entregues lagos ou poços de água. O lugar de origem deste Orixá seria Mahi, no ex-Daomé. Òsùmàré é Orixá da riqueza e é chamado de Ajé Sàlugá na religião de Ifé, onde diz que chegou os 16 companheiros de Odùdùwa.
            Ele é simbolizado por uma grande concha. Os orikis (rezas) de Òsùmàré são bastante descritivos como esta: "Osùmàré que fica no céu, controla a chuva que cai sobre a terra, chega à floresta e respira como o vento. Pai, venha até nós para que cresçamos e tenhamos longa vida". Dizem que Òsùmàré vive no céu e vem a terra para beber água e que carregou a água do mar para o palácio de Sàngó.

 

 

Arquétipos

São pessoas com tendência a riquezas, generosos, não negam ajuda, tem beleza própria, são elegantes, despertam atenções, pessoas dadas e surpresas, dinâmicos e curiosos, inteligentes, espertos, pacientes e perseverantes. As vezes um pouco exibicionistas e raivosos, possuem cacoetes, são cobras embrulhadas em papel de presentes, dão o bote sem esperar.

 

Ervas

Ìróko = Folha de Ìróko
Monan = Parietária, brotozinho
Bala  = Taioba
Jamin  = Cajá
Aberê-ejó  = Pente de Òsúmarè
Aferê  = Mutamba
Obô  = Rama de leite
Exibatá = Golfo redondo do monam
Jacomijé = Jarrinha
Tinim = Folha da neve branca, cana-de-brejo
Peculé =Mariazinha
Tolu-tolu = Papinho-de-peru

 

Oferenda

Serpente para Oxumarê

Ingredientes:
500g. de batata doce
dendê
Feijão fradinho
Modo de preparo:
Depois de cozinhar a batata doce descasque regue com dendê e amasse-a até formar uma massa homogênea. Em um alguidar molde duas serpentes em forma de círculo, sendo que a cauda de uma encontre-se com a cabeça da outra. Com o feijão fradinho forme os olhos e enfeite o restante do corpo com alguns grãos de feijão fradinho (a seu critério), regue com dendê e ofereça ao orixá.

 

Lendas

Sem Título 1

Oxumarê começou a vida com um longo período de mediocridade e mereceu, por esta razão, viver explorado por Olofim-Odùduwà, rei de Ifé. Consultava sorte de 4 em 4 dias, mas o rei remunerava mal o seu serviço e Òsùmàré vivia num estado de semi-penúria.
Um dia foi chamado por Olokum, o mais rico dos Orixás, cujo filho sofria de um estranho mal: não conseguia manter-se sobre as próprias pernas. Os cuidados de Òsùmàré cuidaram a criança e este voltou para Ifé repleto de presentes e muito ricamente vestido do mais belo azul. Olofim, para rivalizar-se generosidade com Olokum, deu-lhe uma roupa vermelha. Olodumaré (o Deus Supremo) sofria da vista e mandou chamar ÒSÙMÀRÉ. Uma vez curado, recuso-se a se separar dele. Desde então ele reside no céu, só retornando à terra no arco-íris.

 

Sem Título 2

Òsùmàrè , filho de Nanã, nasceu com o destino de ser seis meses um monstro com esse nome, e seis meses uma linda mulher chamada Bessem. Aos poucos Bessem revoltou-se com sua mãe Nanã, pois não conseguia ter um amor que durasse por muito tempo. Seu companheiro sempre desaparecia quando ela se transformava em monstro.
Um dia Òsùmàrè encontrou Esú e este, como sempre apreciou criar discórdias, semeou um conflito entre o deus do arco-íris e a velha Nanã, aconselhando Osunmaré a tomar a coroa do reino de jeje, que pertencia a Nanã.
Òsùmàrè foi ao palácio de Nanã aterrorizando a todos. Nanã suplicou-lhe que não matasse ninguém, tentando dissuadir o filho de seu intento. No entanto acabou entregando-lhe sua coroa de rainha. Desde então Òsùmàrè reina sobre os jejes, no entanto continua sendo um monstro chamado Osunmaré e uma linda mulher chamada Bessem.

 

Sem Título 3

Irmão gêmeo de Ewá e tendo como irmãos mais velhos Osayin e Obaluaê - todos filhos de Nanã - Oxumaré sempre foi franzino , mas dotado de grande inteligência e capacidade. Um dia frente à frente com OLOKUM, mãe de Yemonjá, perguntou-lhe como poderia achar pedras brilhantes, preciosas.
Oxumaré pensou e respondeu: - Senhora dos Oceanos, é preciso que faças um investimento, me dando seis mil búzios (moeda corrente)". "Sim respondeu, Olokum". Oxumaré apontou para a própria casa de Olokum, o mar , explicando-lhe que nas partes rasas poderia encontrar o que procurava.
Olokum ficou tão feliz que deu à ele , além dos seis mil búzios , a capacidade de transformar-se em serpente e poder , com a ponta do rabo tocar a terra e com a cabeça tocar o céu. Com tal poder Oxumaré transformou-se em serpente esticou-se até a terra de Olorum, no céu e com os seus seis mil búzios falou ao criador: -"Pai cheguei até o Senhor. Tive de esticar-me demais para pedir-lhe ajuda, para fazer de mim aquele que tem capacidade de dobrar tudo que tem". E Olorum dobrou o número de búzios de seis para doze mil.
Daí pra frente Oxumaré passou a ser consultado sobre os grandes negócios. Xangô fez dele seu consultor e grande conselheiro, aumentando sua riqueza de Deus do Trovão, ao mesmo tempo que a do próprio Oxumaré. Este poder de se transformar em serpente e ir até o céu deu origem à um Oriki (Poema) muito bonito: "Oxumaré egó bejirin fonná diwó - O Arco -Íris que se desloca com a chuva e guarda o fogo no punho!"

 

Sem Título 4

Certa vez, Sàngó viu Òsùmàrè passar, com todas as cores de seu traje e todo o brilho de seu ouro. Sàngó conhecia a fama de Òsùmàrè não deixar ninguém dele se aproximar.
Preparou então uma armadilha para capturar Òsùmàrè. Mandou uma audiência em seu palácio e, quando Òsùmàrè entrou na sala do trono, os soldados chamaram para a presença de Sàngó e fecharam todas as janelas e portas, aprisionando Òsùmàrè junto com Sàngó.
Òsùmàrè ficou desesperado e tentou fugir, mas todas as saídas estavam trancadas pelo lado de fora. Sàngó tentava tomar Òsùmàrè nos braços e Òsùmàrè escapava, correndo de um canto para outro. Não vendo como se livrar, Òsùmàrè pediu a Olorum e Olorum ouviu sua súplica. No momento em que Sàngó imobilizava Òsùmàrè, Òsùmàrè foi transformado numa cobra, que Sàngó largou com nojo e medo. A cobra deslizou pelo chão em movimentos rápidos e sinuosos.
Havia uma pequena fresta entre a porta e o chão da sala e foi por ali que escapou a cobra, foi por ali que escapou Òsùmàrè. Assim livrou-se Òsùmàrè do assédio de Sàngó. Quando Òsùmàrè e Sàngó foram feitos Orisás, Òsùmàrè foi encarregado de levar água da Terra para o palácio de Sàngó no Orum, mas Sàngó não pode nunca aproximar-se de Òsùmàrè.