ðHwww.oocities.org/br/leoni_iorio_valenca_div2/valenca_livro_economicos_parte_3.htmwww.oocities.org/br/leoni_iorio_valenca_div2/valenca_livro_economicos_parte_3.htmdelayedx‚ÔJÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿȆzæOKtext/html/ƒƒëæÿÿÿÿb‰.HThu, 10 Jun 2004 17:02:26 GMT Mozilla/4.5 (compatible; HTTrack 3.0x; Windows 98)en, *‚ÔJæ VALENÇA DE ONTEM E DE HOJE - ASPECTOS ECONÔMICOS (PARTE 3)

Valença de Ontem e de Hoje

CAPÍTULO 5 

ASPECTOS ECONÔMICOS 

ESPLENDOR, DECADÊNCIA E RESSURGIMENTO

PARTE 3

Clicar sobre os títulos a seguir para ir direto ao assunto:

Abolição – a Derrocada do Café

O Escravo que Viu Surgir Valença

A Imigração Italiana e Japonesa

O Êxodo da População Rural

Valença na Palavra do Escritor Afrânio Peixoto

A Lavoura em Decadência

A Produção de Aguardente

A Introdução da Pecuária

A Indústria do Leite

Como Surgiu a Indústria Têxtil

 

ABOLIÇÃO - A DERROCADA DO CAFÉ

Vem depois a decadência da lavoura cafeeira.

 

O 13 de Maio assinala a liberdade dos escravos. E acentua Araujo Guimarães:

 

“Os proprietários rurais, com a fortuna a sorrir-lhe fàcilmente, cercaram-se de todo luxo e conforto. Esse foi, em parte, o germe do mal fluminense e a causa da derrocada. Chegados ao ápice da escala social, cercados pela respeitabilidade que lhes dava a esplêndida consonância de títulos nobiliárquicos, foram-se afastando, aos poucos, da administração de suas fazendas. Com o aumento de fortuna, faziam novas aquisições de terras. Não eram raros os que possuíam mais de duas ou três vastas fazendas. Não podiam, portanto, superintender, facilmente, os seus negócios que ficavam entregues a feitores mais ou menos boçais, portadores de açoite para a disciplina da grande massa negra que constituía a mola-primeira do sucesso do cafezal...

 

“A lei áurea veio, portanto, produzir a escorva do sifão. Os negros, estonteados pela libertação, gozando, a plenos pulmões, o ar livre, correndo livremente pela terra, livres do chicote, do tronco, dos senhores e das humilhações, abandonaram os cafezais... Entretanto, a opulência dos senhores dos grandes cafezais, embora tenha sido uma das causas da decadência da Província, trouxe, também benefícios. As sedes dos municípios cafeeiros, pela liberalidade dos fidalgos, tiveram o necessário banho de civilização. E não deixa de ser emocionante a abnegação de todos esses aristocratas do cafezal nas obras de benemerência que souberam realizar.”

 

E, sôbre a decadência do café em Valença, escreve Taunay:

“Para se avaliar a decadência do café em Va]ença, basta citar como escreve o dr Gilberto Fonseca - “...em 1928, Valença produziu 34.180 sacas ou ao todo 136.720 arrobas, apenas. Menos do que uma de suas velhas fazendas de antanho.

Havia, em 1927, 79 cafeicultores no município, dispondo de 7.949.000 árvores que produziram perto de 157.000 arrobas, ou seja, quase vinte arrobas por mil pés, colheita muito baixa para as condições atuais da lavoura cafeeira.”

 

Em 1910, Eloy de Andrade escrevia: “O viandante que percorre hoje o Estado do Rio de Janeiro, além da Serra do Mar, vendo à margem dos grandes rios Paraíba e Prêto, fazendas em abandono, casas apalaçadas, palácios em ruína, só existindo, às vezes, montões de pedras e caliça, não pode imaginar o que eram os grandes centros agrícolas outrora ali florescentes. A vida rumorosa dos terreiros, o perfume dos jardins, o aroma capitoso das frutas dos pomares! Tudo desapareceu! Os imensos canaviais e lindos cafezais vestindo as abas dos morros substituídos por vegetação rasteira! Um grande manto de capim gordura cobre o túmulo da grandeza de outrora.

“Avaliemos, pois, os efeitos que o 13 de Maio de 1888 causou à vida econômica de Valença, precisamente no ano de suas maiores colheitas: o acontecimento da abolição do elemento servil provocou, desde logo, o abandono das fazendas pelos libertos. Alguns, muito poucos, ficaram com os seus senhores. Os senhores, impotentes e desolados, não puderam impedir o despovoamento de suas propriedades. Uma carga enorme de café precisava de braços para colhê-la. Daí, o declínio da lavoura cafeeira no Rio de Janeiro, ainda que os altos preços do café nos primeiros anos do regime republicano, no célebre período de “ensilhamento”, especial­mente, lhe haviam dado uma aparência de alento”.

Os escravos mais vivos, atraídos pelas construções dos grandes centros, deixaram as fazendas; os que ficaram, tornaram-se colonos, parceiros. Mas, faltavam-lhes as aptidões do homem livre e autônomo. O cativeiro os atrofiara...

 

E a lavoura valenciana, desaparelhada, caía ante a crise resultante da Abolição. E dêste modo os antigos e belos cafezais das margens do “Paraíba” transformaram-se em vastas pastagens, com sacrifício das rendas e da riqueza pública.

Já um escritor dissera que “a vida do fazendeiro era uma pastoral, mas o desenvolvimento da produção do café merece o nome de drama”. Em 1883. o café caiu. Primeira crise: “Era o prelúdio do drama, cujo primeiro ato se passou em 1888. Antes, o júbilo; depois, a consternação. Os fazendeiros pareciam estar arruinados. Desânimo geral. O trabalho do negro era barato, mas medíocre. O trabalho do branco devia ser melhor e compensar a diferença entre a manutenção do escravo e o pagamento dos salários”.

   O ESCRAVO QUE VIU SURGIR VALENÇA

Entre os que ficaram nas fazendas, havia o escravo Leandro, que era um preto dócil e venerado. Com 16 anos de idade, foi o rapazola, ativo e diligente, que ajudou a conduzir, sobre os ombros, as pedras com que foi construído, em 1836, o  corpo da antiga Matriz de Valença.

 

  O escravo Leandro  

                                                                          

Nos seus últimos anos de vida, morava o velho colono na fazenda do “Paraíso”, de propriedade da sra. d. Itália L. Pentagna. Enquanto suas forças permitiam, ele vinha, aos domingos, à cidade, para assistir à missa, na Santa Casa, recebendo habitualmente a comunhão.

 

Com a idade de 114 anos e assistido pela generosidade dos que jamais o abandonaram, faleceu, em 1944, o ex-escravo Leandro, que tantas coisas bonitas e tristes sabia contar, relembrando o passado fidalgo de Valença...

 

 

A IMIGRAÇÃO ITALIANA E JAPONESA

“O fazendeiro queria plantar café mas, o café era a sua própria desgraça”.

 

O governo, por intermédio do Ministro da Agricultura, atendia, com interesse, aos pedidos dos fazendeiros. Assim é que, em 1887 e 1888, enviava a Carvalho & Faro, fazendeiros em Ipiabas, 50 famílias de agricultores italianos, para a sua fazenda “Ibitira”; ao Barão de Souza Lima, 30 famílias de lavradores, também europeus, para a sua fazenda “São José”; ao fazendeiro José Leite de Souza, para a sua fazenda “Forquilha”, em Santa Izabel do Rio Prêto, 3  famílias italianas, e a João Batista Drumond & Filhos, para a sua fazenda “Santo Antônio”, na freguesia da Glória, 10 famílias italianas. Presentemente encontram-se, no município, cerca de oito famílias japonesas.

 

O ÊXODO DA POPULAÇÃO RURAL

Perdia-se o trabalhador, que era convidado para outros centros onde se lhe ofereciam maiores vantagens. Maior oferta, pouca procura. E, conseqüentemente, a baixa do preço do produto. Um dos fatores de dispersão do trabalhador fluminense foi, praticamente, a exploração do ouro em Minas, como afirma o professor Agache. E, ainda, escreve José Duarte: “Lá foram levas e mais levas, atraidas pelas ilusões fagueiras de enriquecimento fácil. Até que caíssem em si, da falacidade da empresa encetada, ocasionaram sérios distúrbios à situação econômica do Estado do Rio.

 

O êxodo da população rural é um grave fenômeno social, merecedor da mais decidida assistência dos governos. E’ bem possível que, através de uma série de medidas eficazes, como o alargamento de crédito agrícola e industrial, a fundação de núcleos coloniais, o fomento de culturas diversas, a proteção do trabalho agrário, a assistência técnica à lavoura, bem como às indústrias rurais, o combate decisivo e inteligente ao analfabetismo, enfim a valorização da terra e do homem rural, para cativá-lo e prendê-lo à gleba outrora fecunda e defendê-lo das efêmeras seduções urbanas possam reerguer as fontes econômicas do município, tão anêmicas nos dias que correm.

 

Em relatório, apresentado ao govêrno fluminense, em 1942, pelo prefeito dr. Osvaldo da Cunha Fonseca, referindo-se à lavoura de Valença, foram estas as suas palavras:

 

“A lavoura que, no Império, fizera do município um dos mais florescentes da velha Província, tem hoje importância reduzida na vida econômica de Valença. O café, que trouxe a riqueza, determinou também o empobrecimento da terra, já que não era, com o ainda não o é, praticado o método da rotação das culturas. Atualmente, explora-se uma outra lavoura de café, mas, nova; o milho, o feijão, o arroz, o fumo, são plantados mais para o gasto e manutenção da colônia que para o comércio... A grande lavoura mecanizada não existe; e nem poderá existir, dada a topografia acidentada do terreno. Assim, os métodos de cultivar o solos são primitivos e rotineiros, A “saúva”, é o mal nacional. Embora, em Valença, alguns proprietários rurais combatam o flagelo, a lavoura é decadente. A formicida é pouca e relativamente cara. Nem todos os lavradores podem adquiri-la em maior quantidade. Daí, o quase abandono do solo. O que existe em Valença é a pequena lavoura. O regime da parceria é a regra, recebendo o trabalhador rural a metade da colheita; o regime do salariado é raramente praticado. Não há no município campos experimentais nem estabelecimentos de assistência à agricultura. Recentemente, instalou-se, na cidade de Valença, a Escola Típica Rural do Carambita, que está educando regular número de crianças e tentando introduzir novas culturas, como a do algodão, considerando-se que Valença é principalmente industrial”.

 

VALENÇA NA PALAVRA DO ESCRITOR AFRÂNIO PEIXOTO

O escritor Afrânio Peixoto, num dos seus artigos, nos dá em Dois aspectos do Brasil: Vassouras e Valença, publicado no “O Jornal”, de 15 de outubro de 1927, as seguintes impressões:

 

“À uma hora de distância, mais alto, além do Paraíba, é Valença... também num regaço da serra, a Serra Velha ou do Mascate, nome regional da Cordilheira do Mar, que lá vai acima, a entestar com o céu, numa escalada gigante. Vassouras dorme; Valença acordou. Passou a escravidão, passou o café; veio a criação, os lacticínios rendem, as indústrias são os pendores da República e, se, Ezaú ainda moureja na lavoura, Jacob, industrioso e industrial, aproveita as tarifas e ainda toma ao outro os direitos de primogenitura...

 

“Vassouras seria uma oligarquia feudal, próspera, liberal, progressista e, dirigida por poucos, capaz de muita coisa. Valença evitaria o feudo, teria a liberdade das eleições ruidosas, uma influência limitada por subdividido o prestígio, um ar democrático, que se definiria no seu deputado predileto, Joaquim Saldanha Marinho, maçon e republicano, duas rebeldias que o Império tolerava por jactância liberal, mas que enfezariam aos ricos conservadores agrários, que eram o sustentáculo da dinastia...

 

O contraste irônico do destino das duas cidades rivais é que Vassouras, de nome rasteiro e humilde, é aristocrata, como um feudo.. domina e tem vassalagem. Valença, cujo nome é invocação fidalga, essa é democrática, popular, rebelde e não prepondera, porque desconhece a dominação. No que eram parecidas é que, no momento de sua grandeza, cegas como o resto do Brasil, faziam do café a sua prosperidade, à custa do trabalho escravo. Também as democracias antigas exploraram a servidão: o parasitismo é lei cruel da natureza. Os liberais e conservadores do Brasil não foram homens de governo e não souberam prever e prover... uns não podiam siquer pensar em dispensar o negro servil, outros não souberam preparar o advento do trabalho livre e remunerado.

 

Contemporizaram até à undécima hora, até que a agitação frenética das ruas, coincidindo com o romantismo piedoso de uma mulher, impôs a Abolição ao Brasil estarrecido... Foi a ruína: a lei 13 de Maio coincidiu até com o começo da safra do café e, imediatamente, dois terços da produção nacional se perderam logo nesse ano, por falta de braços para a colheita. Em Valença, como em toda a Província do Rio de Janeiro, norte de S. Paulo, parte de Minas, foi o irreparável desastre. A falta de braços começou, o esgotamento da terra concluiu.

 

“Sic transit... O café passou. Muitas cidades morreram; Vassouras adormeceu; S. Paulo, com o imigrante, deixou o norte e foi para o noroeste; Minas trocou a mata pelo sul; Valença retrocedeu à criação e aos lacticínios, e fêz-se industrial, acompanhando a nova orientação econômica do país, outrora essencialmente rural e agrícola, agora cidadão e fabril, graças ao protecionismo das tarifas; ainda um avatar daquele parasitismo natural, tão de nossa índole. Outrora, o trabalho servil do negro dava a abastança civil do branco; agora os consumidores de todo o país enriquecem algumas fábricas dos núcleos povoados... Vendo hoje, em Valença, traços do seu gosto antigo seu belo e confortável hospital, com retratos a óleo, alguns pintados em Paris, de seus patrícios benfeitores que, à expensa própria, mantinham uma beneficência sem patrimônio, mas, nem por isso, sem continuidade sua nobre e respeitável edilidade, onde, logo ao nos aproximarmos, vimos na biblioteca, uma coleção rica da “Revista dos Dois Mundos”, denunciando um Brasil interior amoroso, de nobre cultura, seus solares discretos, seus bonitos parques, seus cemitérios, onde, melancolicamente, florescem obras de arte e descançam memórias veneráveis sente-se, imediatamente, que o passado morto enterrou os seus mortos, e as novas fábricas, e os trens afanosos, favores de Frontin e de Jannuzzi, a labuta da vida nova, leva-a a outros destinos. Vassouras espera quem a desperte, um Siegfried, homem de ação ou de indústria, de política ou de inteligência, que faça o milagre. Valença sofreu, resistiu, e mudando de rumo, recuperou...

 

A LAVOURA EM DECADÊNCIA

O café, que conseguira manter o seu prestígio até 1928, não pode manter-se firme e, a sua queda concorreu muitíssimo para a diminuição da população rural, notadamente, nas fazendas do Coronel Manuel Joaquim Cardoso, o maior produtor de café que, ultimamente, pontificava no município de Valença.

Valença não produz cereais em quantidade suficiente para o seu próprio consumo. Geralmente são importados os principais produtos de lavoura. Cresce o número de pequenas propriedades, em virtude de partilhas e vendas. Não há, propriamente, latifúndios no município. As grandes fazendas, que são em pequeno número, estão sendo conservadas. Verifica-se a divisão de terras, não existindo nenhuma fazenda abandonada. Não há imigração, propriamente.

 

Constata-se, ultimamente, a entrada, no município, de proprietários mineiros que nele se instalam e passam a residir com suas famílias, dedicando-se em geral ao serviço misto de fazenda. Segundo alguns observadores, a atual situação da  lavoura decorre, com efeito, ora da falta de braços, ora da migração dos colonos que, atraídos por ofertas vantajosas, se dirigem para S. Paulo ou para Nova Iguaçu, ou, ainda, para Volta Redonda. Um dos fatores da migração é a falta de lavouras desenvolvidas, dentro das normas técnicas, que seriam o atrativo... Não é fácil conservar trabalhadores na lavoura, conquanto haja no município de Valença colonos que, há muitos anos, residem nas fazendas. E’ comum observar-se que, após o serviço militar, passam a radicar-se nas cidades, o que, habitualmente, se verifica em Valença.

 

Não são todas as fazendas que estão sob a direção de administradores: em geral, as fazendas estão sob a orientação direta dos seus proprietários. Calcula-se que 85% dos proprietários moram nas próprias fazendas; 5%, na sede municipal; 2%, em outros municípios e 8% nas grandes cidades.

 

O sistema de crédito para os fazendeiros é o do empréstimo, a juro de 1 % ao mês, e, excepcionalmente, a 10% ao ano. Sabe-se que, em Valença, a percentagem aproximada dos agricultores, que recebem auxílio financeiro dos bancos, não atinge a 15%.

 

Devido à extensão territorial do município, mais transformado em pasto que em lavoura, esta se apresenta esparsa e muito falha, sem nenhuma orientação técnica, não revelando expressão econômica, depois que a pecuária foi introduzida com o retalhamento das velhas e grandes propriedades.

 

A área cultivada, em 1943, era estimada em cerca de 2.700 alqueires geométricos, observando-se que é a seguinte percentagem, assim distribuída: café ——2,50%; milho — 2,35%; feijão — 1,5%; arroz — 1,50%; cana de açúcar —1,26%; mandioca — 0,42%; laranja — 0,22%; e outras culturas — 0,10%.

As áreas cobertas e não aproveitadas do município de Marquês de Valença, expressas em alqueires geométricos, apresentavam, em 1943, a seguinte estimativa:

DISTRITOS

  ÁREAS EM ALQUEIRES GEOMÉTRICOS DE CADA DISTRITO

EM CAFÉ EM CEREAIS EM PASTOS EM MATAS TERRAS NÃO APROVEITADAS TOTAL
VALENÇA 424 325 2.269 321 787 4.126
DESENGANO 70 101 1.862 159 107 2.299
CONSERVATÓRIA 992 340 4.756 383 256 6.727
IPIABAS 71 102 619 122 148 1.062
SANTA IZABEL 241 401 4.398 653 341 6.034
PENTAGNA 93 119 2.380 157 237 2.986
PARAPEÚNA 304 393 3.260 309 207 4.473
TOTAL 2.195 1.781 19.544 2.104 2.083 27.707

As fazendas e sítios que atingiam, em 1943, a soma total de 1.064, estão assim compreendidos, segundo a estimativa que apresentamos no quadro abaixo:

DISTRITOS

NÚMERO DE PROPRIEDADES E ÁREAS EM ALQUEIRES E VALOR

MENOS DE 50ALQ. DE 50 ATÉ 100 ALQ. DE 100 ATÉ 200 ALQ.

 

DE 200 ATÉ 500 ALQ.

 

DE MAIS DE 500 ALQ. ÁREA TOTAL VALOR DAS PROPRIEDADES
VALENÇA 188 6 1 3 2 4.126 7.118.000,00
DESENGANO 123 11 4 1 - 2.299 6.507.000,00
CONSERVATÓRIA 102 11 14 3 1 6.727 10.663.850,00
IPIABAS 39 1 6 - - 1.062 1.356.000,00
SANTA IZABEL 181 31 9 1 - 6.034 10.748.000,00
PENTAGNA 128 12 6 4 1 2.986 7.653.100,00
PARAPEÚNA 150 14 5 5 1 4.473 9.951.750,00
TOTAL 911 86 45 17 5 27.707 53.998.300,00

                                           

A PRODUÇÃO DE AGUARDENTE

Relativamente à produção agrícola, a plantação da cana-de-açúcar ainda merece algum destaque na economia do município. A indústria da aguardente, conquanto tenha sofrido sensível baixa nestes últimos anos, não deixa de revelar um futuro promissor.

 

As principais firmas produtoras de aguardente, atualmente, existentes no município, são as seguintes: Gabriel Vilela Sobrinho; Viúva Vito Pentagna & Filhos (espólio); Cardoso, Magalhães & Cia. Ltda.; Vieira, Monteiro & Cia. Ltda; Joaquim Feliciano da Silva.

A INTRODUÇÃO DA PECUÁRIA

A pecuária constitui hoje a principal fonte de riqueza rural do município.

 

A criação de gado se faz, em geral, à solta; entretanto, há fazendas em que, a preocupação é selecionar os reprodutores para cruzá-los racionalmente. Preferentemente, são cuidadas as raças “Crioula” e “Caracu” — nacionais; “Holandesa”, “Zebu”, “Suíço”, “Normando” e “Jersey” — estrangeiras.

 

Nestes últimos anos, os rebanhos têm sido, grandemente, prejudicados pela aftosa e pela pneumo-enterite, disseminadas, no município, pelos animais que, procedentes do Estado de Minas Gerais, atravessam, por Via terrestre, o território valenciano, em demanda aos frigoríficos de Mendes e de Nova Iguaçú. Observa-se em Marquês de Valença uma acentuada diversidade de valores entre o gado leiteiro e o gado destinado ao corte. Sendo o município um grande exportador de leite, o gado próprio para criação alcança, em geral, preço 100% mais elevado que o destinado ao corte. Assim, em 1943, o preço médio de uma vaca leiteira era de Cr$ 800$000, enquanto que a vaca para corte não valia, em média, Cr$ 400,00.

 

A criação do gado se faz, ordinariamente, em pastos mais ou menos cuidados, sendo a planta forrageira preferida o capim “elefante”.

 

Já se vai generalizando o uso de silos e banheiras carrapaticidas. No 2o distrito, isto é, na sede de Barão de Juparanã, está localizada a fazenda experimental de “Santa Mônica”, estabelecimento federal que mantém assistência à pecuária.

 

Os rebanhos do município de Valença atingiram, em 1948, aproximadamente, acerca de 50.000 bovinos, 20.000 ovinos, 10.000 suínos, 5.000 equinos, 2.000 muares, 1.000 caprinos e 1.000 lanígeros.

 

A INDÚSTRIA DO LEITE

A indústria de laticínios é uma das maiores fontes de renda do município. Calcula-se em mais de 16.000.000 de litros de leite a produção anual.

 

Existem, atualmente, no município, em funcionamento, 17 fábricas de queijo e manteiga, e, em franca prosperidade, 4 cooperativas agro-pecuárias e 1 de la­ticínios, exclusivamente.

 

A firma Th. Nielsen & Cia. Ltda., a mais importante, estava instalada na antiga fazenda da “Vista Alegre”, em Esteves. Essa fábrica, denominada “Usina Trevo”, fundada em 1932, produzia variados tipos de queijos, tais como o “prato”, o “suíço”, o “roquefort” e o “gruyére”, bem como especial manteiga, produtos de grande aceitação, registrados com a marca “Dana“. A “Usina Trevo” recebia, anualmente, em média, 2.200.000 litros de leite e exportava mais de 800.000 litros de leite beneficiado.

 

Cardoso, Magalhães & Cia. Ltda., em Coronel Cardoso, no 5o distrito; Vieira, Monteiro & Cia. Ltda., em Alberto Furtado, no 5o distrito; Antônio Fiuza, na sede do 5o distrito; D. Vilela & Irmãos, em Fernandes Figueira, no 5o distrito; Osvaldo Pinho Guimarães, Honório Fagundes, José Aquino Vaz e Corrêa & Cia. Ltda., todos no 3o distrito; Augusto Alves Pereira e Gustavo Monteiro de Carvalho, na sede do 5o distrito; Viúva Mário da Silva Nogueira, em Santa Inácia; Eliziário Ventura de Oliveira, Bento Gomes Arieira, Antônio Gonçalves Diniz e Manoel Macedo, em Vila Pentagna, todos no 4o distrito; e, finalmente, Dácio Basileu Machado, na sede do 1o  distrito — possuem desenvolvida indústria de produtos de laticínios, tais como manteiga, queijo e creme.

Relativamente às cooperativas, no município de Valença, destaca-se a “Cooperativa de Laticínios S.S. do Rio Bonito”, com sede em vila Pentagna. Organizada em 5 de abril de 1936, essa Cooperativa demonstra, através seus relatórios, os magníficos resultados obtidos desde sua fundação.

 

Vista da sede da “Cooperativa de Laticínios

S.S. do Rio Bonito”, à margem do rio Bonito

 

Contando com 13 sócios em 1940, passou a 29 em 1941, tendo atingido, em dezembro de 1942, a 50 cooperados, congregando assim, a quase totalidade dos criadores de gado vacum do 4o distrito. A “Cooperativa de Laticínios S.S. do Rio Bonito” é a mais antiga entre as suas congêneres, no Estado do Rio e, vem dando belos exemplos de magnífico espírito cooperativista..

 

A referida Cooperativa recebeu, em 1942, 1.691.004 litros de leite, tendo exportado 1.255.866 litros. Fabricou 25.302 quilos de manteiga e 11.916 quilos de caseína.

 

A “Sociedade Cooperativa AgroPecuária Santa Izabel Ltda.”, fundada em 9 de maio de 1940, com sede em Santa Izabel do Rio Preto, destina-se a congregar lavradores e criadores, e obedecendo a esse mesmo programa de cooperativismo estão as sociedades: “Cooperativa Agro-Pecuária S. Fernando “, fundada em 27 de fevereiro de 1943, em Coronel Cardoso; “Cooperativa Agro-Pecuária de Esteves “, fundada em 11 de janeiro de 1942, com sede em Esteves e “Cooperativa Agro-Pecuária de Rio Preto Resp. Ltda. “, fundada em 9 de fevereiro de 1941, em Parapeúna (ex-Rio Preto).

 

Acha-se, em início, a produção de caseína, lactose, creme e requeijão, cuja indústria promete desenvolver-se, graças aos esforços da “Cooperativa de Laticínios S. S. do Rio Bonito”, da “Cooperativa Agro-Pecuária de Rio Preto, Resp. Ltda.”, e das firmas D. Vilela & Irmãos, Correa & Cia. Ltda. e Antônio Fiuza.

 

As principais produções agro-pecuárias, no município, estão representadas pela seguinte demonstração estatística:

 

ANOS

AGUARDENTE MANTEIGA  QUEIJO
LITROS VALOR (CR$) QUILO VALOR (CR$) QUILO VALOR (CR$)
1937 33.028 26.442,40 122.286 611.430,00 226.481 1.358.886,00
1938 76.412 137.541,60 256.928 1.798.496,00 362.115 2.896.920,00
1939 63.862 108.565,40 235.397 1.294.683,00 314.467 1.415.101,50
1940 87.560 157.608,00 263.733 2.109.864,00 385.293 2.697.051,00
1941 89.974 161.953,20 339.528 3.395.280 369.186 2.438.262,00
1942 115.077 180.173,00 289.100 2.023.444,50 362.186 1.565.821,90
1943 81.355 230.254,20 203.500 2.442.000,00 192.719 1.541.752,00
1944 24.842 84.462,80 188.057 3.385.025,00 157.663 1.024.809,50
1945 50.692 177.421,00 182.077 3.277.389,40 286.195 1.860.265,30
1946 33.741 135.165,00 245.217 4.904.345,00 152.853 1.375.677,40
1957 50.626 227.818,00 273.720 6.842.992,80 263.528 2.503.519,10
1948 35.000 105.000,00 250.000 6.000.000,00 200.000 2.400.000,00
1949 48.000 144.000,00 265.000 6.625.000,00 210.000 2.730.000,00
1950 45.000 135.000,00 280.000 7.840.000,00 210.000 2.730.000,00

 

Contam-se, no município, as indústrias de produtos suínos, como banha, toucinho, salsicharia, orientadas pelos industriais A. Garcia de Melo, Dantas & Filho e outros. A indústria de calçados desenvolve-se promissoramente. Há, na sede municipal, uma fábrica de gelo, de propriedade da Cia. Fiação e Tecidos Santa Rosa S.A. A indústria de tijolos (olarias) é animada pelos srs. Manoel Duboc, Alicácio de Oliveira Machado e Felipe Neri Maia.

 

O beneficiamento de arroz se faz, em pequena escala, pela firma Haroldo Gomes da Silva. Há, também, a indústria de beneficiamento de café, situada em algumas fazendas onde o processo é ainda rotineiro. Na cidade, a firma Dário Dias Ferreira se dedica à indústria de torrefação de café. Existem ainda pequenas fábricas de panificação, biscoitos, doces e macarrão, bem como a indústria de fogos de artifício. Registra-se, também, a indústria de móveis, cujas firmas são: Eduardo Pina e Souza, Resende & Cia. Ltda.

 

A indústria de carvão, lenha e dormente é controlada pelo Conselho Florestal Municipal.

 

COMO SURGIU A INDÚSTRIA TEXTIL

Desde 1891 era alimentada, em Valença, a idéia da indústria fabril de tecidos de algodão. A Câmara Municipal deferia, a 6 de outubro daquele ano, urna petição em que os drs. João de Carvalho Borges Júnior, João Francisco Barcelos e Ernesto Frederico da Cunha, e os cidadãos Vito Pentagna, João Marques Faria e Manoel Ferreira de Sampaio pediam, em aforamento, o terreno da extinta praça Cel. Leite Pinto (da antiga estação), para nele instalarem diversas indústrias, pelo que foi lavrada a respectiva carta foreira sob o número 567.

Chegaram mesmo a organizar uma empresa que passou a denominar-se “Empresa Industrial de Valença”. Com o produto da primeira chamada de prestações de capital, construiu-se, na referida praça, um edifício com uma área de 900 m2. Sem que se soubesse a que espécie de indústria estaria mais tarde destinado o edifício, ficou o prédio abandonado por espaço de mais de 12 anos. Diziam que apenas esperavam a melhora do câmbio, e passada a crise, tentariam adquirir, no estrangeiro, o maquinismo necessário.

Comendador José Fonseca     

 

Em 1905, o benemérito valenciano José Siqueira Silva da Fonseca, mantendo estreitas relações com o cel. Benjamin Ferreira Guimarães, então comerciante em Bonsucesso, em Minas, propôs a este, a fundação, em Valença, de uma fábrica de tecidos de algodão. As vantagens que o sr. José Fonseca conseguira para a efetivação dessa iniciativa eram as seguintes: compra do edifício da antiga praça Cel. Leite Pinto pela importância de Cr$ 4.000,00; transporte gratuito de todo o material e maquinismo na antiga estrada de ferro “União Valenciana”; abatimento de 50% nos fretes das matérias primas e produtos manufaturados; doação de metade da queda d’água sôbre o rio das Flores, pelo sr. José Praxedes Figueira; e contrato com a Câmara, para fornecimento de energia elétrica, pública e particular, na cidade, com isenção de impostos aduaneiros para o maquinário e material elétrico.  

 

                                                                

CIA. INDUSTRIAL DE VALENÇA — Organizada a empresa, recebeu então a denominação de “Companhia Industrial de Valença”, com o capital de Cr$250.000,00, dividido em 1.250 ações, de Cr$ 200,00. Não foi fácil ao sr. José Fonseca realizar o capital, pois, com a pobreza e a decadência da cidade, notava-se geral. desânimo nos negócios, ainda com o fracasso da primeira tentativa de uma indústria em Valença.

 

A “Companhia Industrial de Valença” foi fundada em 1906, ficando a sua primeira diretoria constituída dos referidos cidadãos  que a incorporaram. Sem o concurso coronel Benjamin Guimarães, a tentativa não teria logrado êxito. A cidade, nessa ocasião, agonizava com paupérrima população. Muitas casas eram dadas para morar e os aluguéis variavam de Cr$ 5,00 a Cr$ 40,00.

 

E foi nesse ambiente de boa vontade que nasceu a indústria têxtil em Valença, graças ao decidido e incomparável esforço de amigos da terra valenciana.

 

O maquinIsmo da fábrica foi adquirido na Inglaterra e a Companhia possuía apenas 60 teares. Em 1912, aumentou-se o edifício da fábrica e elevou-se para 167 o número de teares, duplicando-se, também, o capital. A forca motriz para o estabelecimento fabril era produzida pela usina que a Companhia possuia à margem do rio das Flôres, distante da cidade cerca de 4 quilômetros, onde existia uma represa, cuja muralha de pedras fora construída, há muitos anos, por escravos de Reginaldo de Souza Werneck, proprietário da antiga fazenda denominada “Cachoeira”.

 

Em fins de 1912, foi a muralha arrastada pelas enchentes, passando a “Companhia Industrial de Eletricidade” a fornecer energia elétrica à fábrica de tecidos. A Companhia progredia. A produção diária era, em 1924, de 8.000 metros de tecidos de algodão em cores, e trabalhavam, nessa época, 300 operários.  

Estava assim reservada a Valença, através da audaciosa iniciativa desses dois pioneiros da indústria valenciana, nova e promissora era de progresso em que o ressurgirnento se fazia após longos anos de decadência e desfalecimentos.

 

                                                                   Cel. Benjamin Guimarães  

 

O coronel Benjamin Guimarães, filho da gloriosa Minas Gerais, foi benvindo a Valença, pois o seu espírito animador e partidário das boas obras, ora impulsionando o comércio, ora concorrendo para a caridade pública, conquistava a gratidão dos valencianos, e o seu nome, por isso, figura entre os benfeitores da cidade. Ferreira Guimarães residiu com sua família na cidade de Valença até 1919, quando, então, se transferiu para o Rio de Janeiro, mais tarde sede do escritório central de outras indústrias e negócios que criou. Com a avançada idade de 82 anos, mas com perfeita saúde e lucidez de espírito, o coronel Benjamim Guimarães ainda dirigia e orientava diversas empresas, e o animava aquele mesmo sentimento de benemerência que o caracterizava nas suas atitudes filantrópicas com que se tem beneficiado Valença. A vinda do coronel Benjamin Guimarães para Valença, deve-se, indubitavelmente, ao sr. José Fonseca que, com ele, abriu, para a cidade, as portas do progresso, animando-lhe a indústria.  

 

Dos antigos servidores, que trabalham, na fábrica da Cia. Industrial de Valença, hoje “Cia. Têxtil Ferreira Guimarães” — desde sua fundação, ainda lá se encontram militando os srs. Celso C. Gomes, Pedro Corrêa Vasconcelos, Antônio Corrêa Fernandes e Vicente Batista Cardoso. E’ seu atual gerente o sr. Celso Chagas Gomes, que superintende todo o movimento da fábrica.

 

CIA. FIAÇÃO E TECIDOS SANTA ROSA S/A. — O ressurgimento de Valença se patenteava por novas iniciativas particulares, movidas por um decidido espírito de cooperação em benefício da coletividade.

 

Assim é que o sr. Vito Pentagna, cidadão de origem italiana, vindo para o Brasil e passando a residir em Valença, em 1881, se estabelecia, à rua Silveira Vargas, antiga rua do Barroso, com uma grande casa comercial importadora de produtos de Minas.

 

Fachada da Fábrica da Cia. Fiação     e Tecidos Santa Rosa

Era o mais forte negociante da época. No antigo largo da Mangueira (próximo à ladeira Visconde de Jaguarí) estacionavam as tropas que vinham do oeste e sul de Minas, principalmente de Lima Duarte e de S. João d’EI­Rei. Valença era o ponto inicial da antiga estrada de ferro “União Valenciana”, que se comunicava com a então estrada de ferro “D. Pedro II”, em demanda à Côrte, para onde Vito Pentagna exportava toucinho, queijos, etc., importando do Rio de Janeiro grandes carregamentos de sal, bebidas alcoolicas, bijouterias, etc.

Com aquele conhecido dinamismo e energia invulgar, tornou-se Vito Pentagna, dentro em pouco, um dos lavradores mais adiantados do município. Sagaz e inteligente, mostrou, desde logo, pendores para a lavoura, em sua fazenda denominada “Santa Rosa”, adquirida em 1888, onde progrediu, constituindo família numerosa. Amava Valença. E sonhava realizar grandes empreendimentos, tal era o seu entusiasmo pelo Brasil. Foi Vito Pentagna um grande auxiliar, com inestimável serviço, dos fundadores da “Cia. Industrial de Valença”.

Animado, cada vez mais, Vito Pentagna iniciava, em 10 de março de 1912, na fazenda do “Pau d’Alho”, de sua propriedade, as obras hidráulicas de uma usina elétrica, aproveitando, para isso, a bela queda d’água de 26 metros de altura, formada pelo rio das Flores, a conhecida “Usina Vito Pentagna”, distante da cidade 7 quilômetros. A usina, que fora inaugurada em 15 de setembro de 1914, constituida de uma represa de 25 metros de comprimento, por 6 de altura, capaz de represar 800.000 metros cúbicos d’água, possui turbinas de 500 cavalos.

 

                                              

Vito Pentagna                                          

 

Recentemente, passou a “Usina Hidro Elétrica Vito Pentagna” por uma série de grandes melhoramentos, principalmente, no que diz respeito à represagem de maior volume d’água, sob os rigorosos requisitos da técnica moderna.

 

Verificando a “Cia. Fiação e Tecidos Santa Rosa S.A.” que, nos últimos anos, as águas do rio das Flores, que movimentam a usina, sofreram considerável decréscimo na sua vazão, tonando-se, portanto, deficientes para alimentar as duas turbinas de 500 HP, cada uma, houve necessidade de formar uma bacia de acumulação para um armazenamento suficiente, de modo a garantir o pleno rendimento de energia.

 

Em 1922, a Companhia montou mais um grupo de turbina de 500 H. P. e de alternador de 400 kwa.

 

Sabe-se que, em 1914, a vazão mínima do rio das Flores era 1.708 litros por segundo; em 1920, verificou-se ser de 1.605 litros, e, em 1943, a vazão foi de 1.340 litros por segundo. Ora, com o aumento do número de horas e de consumidores, tornava-se necessário o trabalho contínuo de 24 horas por dia, embora o consumo noturno se reduzisse a 1/4 do consumo diurno, e, em face do decréscimo da vazão do rio das Flores, a Usina não podia mais atender às necessidades. E assim duas soluções se impunham: a construção e instalação de nova usina em outro local; ou a construção de uma represa capaz de armazenar, durante o período das chuvas, quantidade de água bastante para suprir a deficiência motivada pela estiagem.

 

Mas, a Companhia achou exeqüível a segunda solução. Feitos os trabalhos
preliminares de medição da bacia a jusante da antiga represa, bem como o estudo contínuo do volume d’água que o rio fornece durante um ano, o volume necessário para um consumo normal, verificou-se que se tornava necessária a construção de uma nova barragem, capaz de armazenar mais de 1.200.000 metros cúbicos, cuja construção foi confiada ao engenheiro Asdrúbal Teixeira de Souza, técnico no assunto. A construção dessa barragem teve início em maio de 1941, verificando-se o seu término em junho de 1943. Construída de alvenaria ciclópica, ala mede 147m,40 de comprimento e possui um vertedouro de 60 metros, tendo as seguintes espessuras: na base, 7m,20; nos contrafortes, 7m,50; no vertedouro, Om,60, atingindo a sua altura a 9 metros. O volume da muralha é de 2.272m3.

 

                              

                                           Aspecto da “Usina Hidro-Elétrica Vito-Pentagna”,

                                                      depois de novos melhoramentos.

 

Com a construção dessa barragem, a bacia de compensação formada no rio das Flores garante uma potência de 1.089 H.P nos eixos das turbinas, ou aproximadamente, 721 kw (902 kwa). O custo total da construção da nova barragem da “Usina Hidro-Elétrica Vito Pentagna” foi de Cr$ 758.867,30.

 

A área invadida pelas águas é de 396.832 metros quadrados, ou sejam, pouco mais de 9 alqueires geométricos, formando um belíssimo açude, de 3 quilômetros de comprimento e de 500 metros de largura. No centro afloram duas pequenas ilhas que lhe dão especial encanto panorâmico.

 

O volume d’água represado é, atualmente, de 1.286.118 metros cúbicos.

 

Em janeiro de 1913, Vito Pentagna realizou o seu grande sonho: promoveu o lançamento da pedra fundamental da sua fábrica de tecidos, na cidade de Valença, em terrenos sitos à rua que hoje lhe tem o nome, iniciando, imediatamente, a construção do edifício, cujas obras ficaram completamente terminadas em fevereiro de 1914.

 

Em 7 de setembro de 1913, presidida pelo bacharel Celso Esteves, realizou-se a assembléia de instalação da Companhia Fiação e Tecidos Santa Rosa, com o capital de Cr$ 500.000,00, dividido em 2.500 ações do valor nominal de Cr$ 200,00 cada uma. Foram seus incorporadores Vito Pentagna e comendador Nicolau Pentagna, figurando como membros do Conselho Fiscal, os srs. coronel Benjamin Ferreira Guimarães, Antônio da Costa Lobo e Lourenço Jannuzzi.

 

Em 30 de setembro de 1914, nas vésperas, portanto, da inauguração da fábrica de tecidos, falecia, repentinamente, causando profundo pesar à sociedade valenciana, Vito Pentagna, que deixava viúva a sra. d. Urbana de Castro Pentagna, que, com os seus filhos drs. Humberto de Castro Pentagna e Savério Vito Pentagna, assumia a direção de todos os negócios do velho fundador da “Santa Rosa”.

 

Os servidores que ainda trabalham nessa fábrica, desde sua inauguração, ocorrida em 18 de outubro de 1915, são os srs. Francisco Trócoli, atual mestre geral, Oscar Ribeiro da Silva, Tomaz Felipe e Clisípio Hipólito Nascimento.

 

Em virtude de haver a família Pentagna, seus maiores acionistas, vendido suas ações, a Cia. Fiação e Tecidos Santa Rosa passou, em 1952, a ter seus escritórios instalados em Belo Horizonte.

 

FÁBRICAS UNIDAS DE TECIDOS, RENDAS E BORDADOS S.A. — Por influência do comendador Antônio Jannuzzi, instalou-se, na cidade de Valença, em dezembro de 1913, a “Companhia de Rendas e Tiras Bordadas Dr. Frontin”, com o capital de Cr$ 400.000,00. Foram seus incorporadores os srs. comendador Antônio Jannuzzi e Henrique Leuthold. A sua primeira diretoria eleita se compunha dos seguintes cidadãos: srs. dr. Francisco Sá, presidente; Henrique Leuthold, diretor-técnico; José Carneiro da Rocha, tesoureiro, e Nicolino Ielpo, diretor de contabilidade.

 

Essa fábrica ocupa uma grande área fronteiriça ao Hotel Valenciano e às oficinas da E.F.C.B., dando frente para a rua Dr. Figueiredo. Durante alguns anos funcionou com regularidade, tendo alcançado os seus produtos grandes mercados, pela excelência de sua qualidade.

 

Paralizada por espaço de algum tempo, só em 4 de março de 1932, a antiga “Cia. de Rendas, Tiras Bordadas Dr. Frontin” passou a ter nova direção, por aquisição feita à massa falida de “S.A. Tiras Bordadas e Rendas Valencianas”, que, consequentemente, em 16 de março desse mesmo ano, passou a ter nova denominação — “Cia. Nacional de Rendas e Bordados S/A”.

 

                       

                         Fachada da “Fábrica Unidas de Tecidos, Rendas e Bordados S/A”.

 

Atualmente, sob nova razão social, tem a fábrica sofrido modificações em suas instalações, ora pela aquisição de modernos maquinismos, ora pelo aperfeiçoamento de seus produtos, principalmente no que se refere a rendas e tiras de filó bordadas, que se rivalizam com os melhores e os mais finos artigos importa­dos da Suíça.

 

As “Fábricas Unidas de Tecidos, Rendas e Bordados S/A” — essa a sua atual denominação — têm, no Rio de Janeiro, o seu escritório central que superintende outras fábricas instaladas, uma na Capital Federal e outra em Magé, no Estado do Rio.

 

As afamadas rendas valencianas são vendidas em larga escala, tendo também grande aceitação as tiras de filó de algodão bordadas, as palas de filó de algodão bordadas, as tiras de filó de algodão bordadas à rayon, as palas de filó de algodão bordadas à rayon, os lenços de algodão enfeitados com bordados, os tecidos de algodão bordados e as rendas de algodão.

 

CIA. PROGRESSO DE VALENÇA DE FIAÇÃO E TECELAGEM — Com o início da construção da nova fábrica de tecidos — “Cia. Progresso de Valença”,— em 1924, novo impulso adquiriu a cidade, aumentando o número de operários e famílias mineiras que eram atraídos para a cidade que já se tornava um centro verdadeiramente industrial.

 

No dia 19 de março de 1926, inaugurava-se, na antiga praça Conde de Baependi, a “Cia. Progresso de Valença”, outra iniciativa do sr. José Siqueira Silva da Fonseca. Presentes autoridades e elementos representativos da sociedade local e do Rio de Janeiro, verificou-se, às 15 horas, com o movimentar das máquinas, a solenidade da inauguração, falando, ao champagne, o bacharel Soares Filho, a pedido do então prefeito Cel. Manoel Joaquim Cardoso, ali presente, congratulando-se o orador com a sociedade valenciana por aquele surto de progresso industrial, de tão promissora repercussão na vida econômica da cidade. Em nome da diretoria da Companhia falou o sr. dr. Teodorico Fonseca, sendo, por fiim, levantados brindes ao casal José Fonseca-Balbina Fonseca, que, por feliz coincidência, comemorava, naquele dia, o transcurso do seu 25o aniversário de casamento.

 

Terminada a cerimônia inaugural, foram abertas as portas da nova fábrica de tecidos para a visitação pública. Efetivamente, para comemorar-se o acontecimento social, o casal José Fonseca ofereceu, no Hotel Valenciano, um lauto banquete à sociedade valenciana, estando presente o vice-presidente do Estado do Rio. Toda a cidade festejou as bodas de prata do benemérito casal: nos clubes recreativos locais efetivaram-se animadíssimas soirées, tendo a empresa do Cine-Glória aberto seus salões para um grande baile popular, em que tomaram parte as classes pobres da cidade. No palacete do Visconde do Rio Preto, realizou-se o elegante baile da noite, onde imperou o que havia de mais fino na sociedade.

 

Naquela mesma, noite, o casal José Fonseca recebia das mãos do bispo diocesano D. André Arcoverde um telegrama em que S. Santidade o Papa lhe concedia bênçãos especiais.

 

Até 1946, a diretoria da “Cia. Progresso de Valença de Fiação e Tecelagem” era constituída dos srs. José Siqueira Silva da Fonseca, Ademar Fonseca, Mário Fonseca e o engenheiro José Garcia Lopes que superintendia o movimento da fábrica.

 

                            

                                                       Fachada princípaI da fábrica da

                                        Cia. Progresso de Valença de Fiação e Tecelagem

 

Atualmente, essa Companhia tem nova razão social, representada pelo seu diretor-presidente sr. José Alves da Mota e é seu gerente o sr. Delfim Brutt Filho. Em consequência, a empresa voltou a ter a denominação antiga — “Cia. Progresso de Valença”.

 

Mourejam na fábrica, desde sua fundação, os antigos operários Francelino Cruz, Teodorico Palmeira, Ângelo Antunes de Carvalho, Olímpio Vieira da Costa, José Vaz, Manoel Soares de Souza, José Cândido e Pedro Antônio de Oliveira.

 

Damos abaixo o quadro demonstrativo do movimento de operários e da produção anual de tecidos de algodão, verificado nas três fábricas — Cia. Têxtil Ferreira Guimarães, Cia. Fiação e Tecidos Santa Rosa S/A e Cia. Progresso de Valença de Fiação e Tecelagem, no período de 1930 a 1951:

 

ANO

NÚMERO DE OPERÁRIOS

PRODUÇÃO ANUAL E RESPECTIVO VALOR

HOMENS MULHERES TOTAL EM METROS EM CR$
1930 407 589 996 6.260.442 6.985.089,00
1931 408 592 1.000 7.714.747 8.122.860,00
1932 429 604 1.033 7.598.038 8.346.280,00
1933 459 622 1.081 8.074.019 8.698.069,00
1934 465 631 1.096 8.415.129 9.029.738,00
1935 493 653 1.143 8.701.361 10.132.650,00
1936 525 672 1.197 8.681.621 10.288.052,00
1937 534 667 1.201 8.575.278 10.333.712,00
1938 543 666 1.209 8.129.646 8.876.560,00
1939 559 643 1.202 7.784.457,5 9.230.895,70
1940 552 619 1.171 7.520.095,5 9.580.140,68
1941 581 645 1.226 7.922.452,6 9.641.154,10
1942 646 645 1.291 8.829.347,5 18.292.279,00
1943 631 634 1.265 9.003.161,7 25.406.708,90
1944 671 647 1.318 9.266.237,9 33.023.108,50
1945 675 664 1.339 8.809.534,7 36.698.638,74
1946 695 690 1.385 9.451.346,3 42.685.892,05
1947 675 725 1.400 8.618.856,9 44.318.074,20
1948 685 725 1.410 7.959.221,7 40.313.882,10
1949 609 668 1.277 7.468.045,6 38.887.857,80
1950 555 663 1.218 7.825.073,6 40.941.621,90
1951 471 621 1.092 8.162.090 58.115.093,00

   

SOCIEDADE ANÓNIMA FIAÇÃO E TECELAGEM ULTRA MODERNA CHUEKE — A Deliberação da Câmara No. 245, de 18 de fevereiro de 1952, que dispõe sobre doação de terreno, na cidade de Marquês de Valença, para a fixação de nova indústria têxtil, autoriza o prefeito municipal a doar uma área de 46.226m2, no bairro do Carambita, para a construção e instalação de uma fábrica de tecidos finos, sob a razão social “Sociedade Anônima Fiação e Tecelagem Ultra Moderna Chueke”, que está isenta, pelo prazo de 30 anos, de todos os impostos e taxas municipais. A nova indústria entrará em pleno funcionamento dentro de 48 meses.

 

OUTRAS INDÚSTRIAS — Próximo às Fábricas Unidas de Tecidos, Rendas e Bordados S/A, está sendo instalada uma nova indústria, qual seja a de lenços de linho, cuja firma é representada por Perutz do Brasil Ltda.

 

Recentemente entrou em atividade a fábrica de carrocerias para ônibus e de máquinas agrícolas, pertencente à Sociedade Industrial e Comercial Mecânica Osmach Ltda.