Preconceito na hora da morte
Lá estava eu, em um avião, voltando de Fortaleza. Minhas passagens eram da classe econômica. Durante o vôo, enquanto mergulhava no mais profundo tédio, resolvi ler o folheto de instruções de segurança. Quando cheguei na parte identificada como "Pouso de emergência na água", fiquei indignada. Essa parte do folheto estava dividida em duas: classe executiva e classe econômica.
Na classe executiva ensinavam como usar o colete salva-vidas, enquanto que na econômica, mostrava como segurar o assento flutuante. Que ódio! Em todo lugar (ou quase todo) existem placas dizendo que não pode ter preconceito, seja ele por causa da cor, raça, classe social, sexo, etc.
Foi então que eu pensei: "Até na hora da morte, quem tem mais dinheiro, tem preferência? Mesmo quase morrendo eles são privilegiados?"
Me lembrei do filme TITANIC, durante o naufrágio, quando foram escolher quem se salvaria, entrando naqueles barcos, deram preferência para as pessoas da classe mais alta, enquanto os guardas impediam que os pobres entrassem nos barcos, segurando os portões que os separavam do andar mais elevado.
Mesmo anos depois, a história se repete. Sim, eu sei que as pessoas da classe executiva pagaram mais, no entanto, numa queda, o objetivo principal deveria ser salvar o maior número de pessoas, e não dar mais chances de sobrevivência aos ricos. E cá entre nós, não resta dúvida de que um colete salva-vidas seria mais útil para não se afogar do que um simples assento flutuante.
O meu principal objetivo ao escrever esse texto é mostrar para as pessoas que, ao menos antes de morrer, as pessoas com menos dinheiro fossem tratados da mesma maneira que os numa situação econômica melhor.