SEGREDOS REVELADOS
O avião sairia às 9 p.m. e, lá pelas 6:30 p.m. eles despertam; na verdade, Ohana
desperta e dá de cara com um Logan já arrumado,
sentado ao lado da cama, olhando-a. O queixo apoiado nas mãos e estas nos
joelhos.
Ohana abre os
olhos devagar... Sem estar totalmente acordada. Os sentimentos e sensações das
horas precedentes começam a voltar e, com eles, ela retorna à realidade.
Espreguiça-se:
[Ohana] Hum!...
Faz tempo que está aí? – quebra o silêncio.
Apenas levantando um pouco a cabeça, ele responde:
[Wolvie] Algum tempo. Não tive
coragem de te acordar e, te olhando, não vi a hora passar. – diz com um sorriso
e uma breve olhada no relógio - Temos 2 horas antes do vôo.
Ela puxa o lençol, coloca-o no corpo
enquanto senta-se na cama, logo em seguida levanta-se, vai até ele, beija-o:
[Ohana] Vou tomar um banho rápido,
já volto, ok? Quero ir num
lugar antes de viajar. - pelo cheiro gostoso e pelo cabelo um pouco molhado,
ela conclui que o canadense já o fez e provoca:
[Ohana] Ah! Que pena você já ter
tomado banho... Eu ia te convidar pra ir comigo. – pisca, andando sinuosamente.
No chuveiro, relembra cada momento, desde que o
vira pela primeira vez e não acreditou em como tudo aconteceu de repente, com
essa estranha sensação de “o conhecer desde sempre”.
Coloca uma roupa mais formal – jeans e camiseta
- faz uma trança e encontra-o sentado na mmesma posição, um olhar distante.
[Ohana] Logan,
você está bem? – tocando-o no ombro.
Ele segura a mão da moça e diz,
meio distraído:
[Wolvie] A vida é tão estranha. Cê não sabe como é difícil pra mim
ter esses momentos. E, pensando, percebi que é porque eu me afasto... Sofri e
amei muito. Os dois ao mesmo tempo; que acho estranho amar sem sofrer...
Ela senta-se no colo dele, com uma cara de dó. O tom de voz
dele era de real tristeza. Ohana acaricia-lhe o
rosto, enquanto tenta imaginar o que poderia ter sido tão ruim assim; mas suas
experiências não têm nada a ver com as dele, nada do que ela imagina condiz com
a realidade...
O canadense lhe segura a mão e suspira:
[Wolvie] Gata,
tenho que te dizer uma coisa: não amei muito na vida, mas os amores que
tive... Como posso dizer isso. Posso parecer brusco, tá?
Mas é esse meu jeito mesmo... – ele mede suas palavras, pela primeira vez -
Foram assassinados!...
Os olhos verdes dela arregalam-se:
[Wolvie]
Durante minha vida, fiz mais inimigos do que amigos, talvez pela minha
natureza. Tenho que te avisar... Eu sou virtualmente indestrutível. – ele
afasta-a delicadamente e levanta-se - Lembra dos
acessórios que eu disse que compensavam o fato de eu não ser telecinético? Bom, {SNIKT} esse é um deles.
A ruiva pula pra trás, colocando a mão na boca e dizendo:
[Ohana] Agora entendi o porquê de
ter dito que se fosse me matar, já estaria morta!
Ela aproxima-se, ainda com a mão na boca, a expressão de
surpresa. Toca a mão dele, sente as garras:
[Ohana] Mas elas são de metal!
Como isso é possível?
[Wolvie] Eu tenho esse metal no
corpo todo, na verdade, meu esqueleto é desse metal. Chama-se adamantium e é indestrutível. Também tenho um fator de cura
acelerado, por isso não sangro e, além disso, meus sentidos são superaguçados, tanto olfato quanto audição. Também consigo
me recuperar de envenenamentos, afogamentos, todo tipo de dano...
A garota presta atenção, não acreditando que pudessem
existir mutantes assim.
[Ohana] Mas... Você nasceu com
esse metal? Eu... Não entendo...
{SNIKT} Ele recolhe as garras, volta a sentar-se. Ohana senta-se na cama:
[Wolvie] Contra a minha vontade,
eu fui submetido a um projeto canadense, feito para criar a arma perfeita. Por
isso eu também comentei sobre ir te contando da minha vida, as partes que eu
lembrasse. Porque além de implantarem esse metal em meus ossos, eles também
bagunçaram minha mente, colocando implantes que facilitassem o controle, pra
eles... Muitos momentos da minha vida foram criados e colocados em meu cérebro,
mas de forma tão complexa que nem mesmo o Charlie
pôde me ajudar. Ele não conseguiu diferenciar quais são as memórias reais das
implantadas. Ele acredita, mesmo, que elas já são parte
integrante de minha personalidade e, mexer nelas podia me causar mais mau que
bem. – o tom de sua voz era baixo, quase um sussurro – Pra finalizar, por conta
disso, os meus inimigos resolvem vingar-se de mim nas pessoas que amo. Achei
que cê devia saber disso...
Ela nem mesmo pisca. Morrer não fazia parte de seus planos,
mas ficar sem ele também não. Resolve não pensar muito sobre isso, não agora;
poderiam conversar melhor depois.
[Ohana] E-eu
agradeço, acho. – ela brinca - Mas como deu pra perceber, sei cuidar de mim
mesma...
[Wolvie] Tá
falando do carro?! – a voz mais grave que de costume - Aquilo foi doce...
Primeira etapa dos níveis de treinamento! Ah! Garota – ele a abraça e muda o
tom de voz, tentando convencer-se - Cê vai adorar
treinar e ser uma X-Man!
Ela deixa-se ser abraçada, não reage, mas em sua
mente um turbilhão de pensamentos converge e “morre”, sem ser expresso ou
continuado. Logo em seguida, ela trás a mala para si, porém, ele a pega e
caminha para a porta. Ohana pensa em como havia
espaço para o cavalheirismo e para o amor em tanta – aparente - rudeza.
Definitivamente, aquele homem era um mistério...
O local que Ohana queria visitar
era o cemitério. Ficava a algumas quadras antes do hotel e era antigo a julgar
pela idade de alguns mausoléus. Eles entram e caminham até um deles, meio
afastado da entrada:
[Ohana] Meus pais estão enterrados
aqui e eu espero juntar-me a eles, quando meu dia chegar.
Ele acena com a cabeça e fica em silêncio,
lembrando-se do túmulo de Mariko.
O mausoléu era de mármore branco com uma escada
de três degraus e dois leões de cada lado, guardando a cripta. Mais ao canto,
próximo à porta, dois vasos de cristal suportavam, de um lado uma rosa amarela,
de outro um cravo vermelho. Ela ajeita as flores, tira algumas folhas que
estavam nos degraus e ajoelha-se no primeiro deles. Fazendo uma pequena prece
em voz baixa. Logan fica a alguns passos dela,
olhando o local por inteiro e pensando que não deseja revê-lo tão cedo.
Andam
até o hotel, sem nada falar, um por pensar que não devia ter avisado, pelo
menos não daquela maneira; outra pelo que foi avisado, mas crendo que ele havia
exagerado na narrativa...
*corrigido e rediagramado
em 18/06/2006 – 16h30min*