UMA ARTE DE DEUSAS!!!!!! Não se pode precisar quando surgiu a dança do ventre. Há registros de que, em civilizações como a suméria, acádia, babilônica e egípcia, realizavam-se ritos de fertilidade às divindades femininas que protegiam as águas, a terra, as mães e os seus filhos. Para os povos de todos os tempos, a dança geralmente esteve ligada a magia, a religião, ao amor, a vida e a morte. E eles costumavam dançar em cada um destes acontecimentos solenes de sua existência. Da época em que as danças ritualísticas eram usadas para estabelecer uma relação com as divindades, ou seja, a própia natureza, restaram alguns sinais, dentre eles, a dança do ventre. Acredita-se que essa dança teria surgido no Egito por volta de 5.000A.C., criada para reverenciar HATHOR, a Deusa-mãe dos egípicios. Uma dança em que os movimentos eram basicamente feitos, pelas pernas e região pélvica. Essa dança foi, mais tarde, aperfeiçoada por sacerdotisas egípicias. No Egito pré-dinastico (anterior aos faraós), anualmente acontecia uma grande festa em homenagem à Deusa ÍSIS. Nessa festa, os Padres Sen (nada haver com catolicismo...rsss. Essa era a denominação para: Sumos-Sacerdotes), preparavam a cerimônia e executavam o ritual: as sacerdotisas, devido à sua natureza feminina e receptiva, eram as responsáveis pela abertura de um canal para o plano espiritual através de cânticos e da dança, para que a energia se manifestasse. Para agradar à Deusa, elas narravam através dos passos, movimentos e ondulações do ventre, o seu aparecimento na terra junto com OSÍRIS e o nascimento de HÓRUS, como também de ANÚBIS, o Deus chacal. As sacrdotisas buscavam uma integração com o Universo; por isso, realizavam movimentos que representavam animais e seus aspectos divinos, os 4 elementos da natureza e suas divindades. Na época faraônica, a dança do ventre continuou sendo muito prestigiada, fazendo parte, principalmente das cerimônias religiosas. Através dos milênios, a dança sobreviveu, apesar de ter sofrido algumas mutações,geralmente motivadas por questões religiosas e políticas. Com o surgimento do monoteísmo e da intolerância religiosa, a dança, antes ligada à celebração da fertilidade, do feminino e a rituais sagrados, acabou confinada ao interior das casas e até mesmo aos prostíbulos. No Cairo, por volta de 1799, sob o governo de Muhammad Ali, a dança foi proíbida de ser exibida nas ruas - a punição para a desobediência era de 50 chicotadas. Para fugir da repressão, muitas bailarinas fugiram para outras cidades, como, Aswan, Kean e Esna. Através dos tempos, as bailarinas de dividiram em classes: as AWALIM exibiam-se para os ricos e a elite em geral. Elas possuíam propiedades, escravos e animais e eram respeitadas. Outras, as GHAWAZEE, muitas delas eram ciganas, se apresentavam nas ruas e muitas vezes se prostituíam. Quando Napoleão invadiu o Egito, as GHAWAZEE entretiam os soudados franceses a tal ponto que foram proibidas pelos generais de freqüentar os acampamentos.. Por não obedecerem às ordens recebidas, cerca de 400 bailarinas foram decapitadas. Muitas outras, entretanto, conseguirm ser levadas para a FRANÇA, onde chegaram, inclusive a serem retratadas por pintores renomados como: RENOIR, DELACROIX e INGRES. Seguindo por diferentes caminhos e atravessando mares, a dança conquistou definitivamente a Europa em 1917, quando foi apresentada oficialmente na " Primeira Feira Internacional de Paris" pela bailarina SHAFIGA lA COPTA, que dançou adornada de ouro e pedras preciosas tais como diamantes, deixando os espctadores maravilhados. A dança do ventre chegou aos EUA após a Segunda Guerra Mundial, sendo difundida através da produção de filmes sobre AS MIL E UMA NOITES. Nessa época, espalhando-se pelos continentes, a dança chegou ao BRASIL. Desde então, tem sido representada por pioneiras como: ZULEIKA PINHO, SHAHRAZADE, SAMIRA SAMIA, LULU SABONGE, IRENE LIMA entre tantas outras, que traduzem com perfeição esta dança sagrada. Por Cinthya Hayka (antropóloga, professora e bailarina) |
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