Olá! | Sementes | Clínica Doméstica | Iridologia | Alergia | Transgênicos
Adicione ao seu Google esta caixa de procura em luizmeira.com
Clique para ver sobre publicidade neste site
 
Cintilografia
APLICAÇÕES DIAGNÓSTICAS
Deixo este arquivo copiado fontes na web com a intenção de esclarecer sobre a utilização de radiofarmacos.
Luiz Meira
 Introdução 

A Medicina Nuclear é a especialidade médica que utiliza elementos radioativos in vivo com finalidade diagnóstica e terapêutica. Os radioisótopos mais empregados são emissores de radiação gama, radiação semelhante aos raios X porém originada no próprio núcleo atômico. Para estudos diagnósticos é desejável que a energia da radiação esteja em uma faixa adequada para os sistemas de detecção e que o isótopo apresente um rápido decaimento para forma não radioativa (o tempo que leva para metade dos átomos passarem da forma radioativa para forma estável é denominado de meia vida). O tecnécio-99m preenche estes critérios, tendo meia vida de 6 horas e emitindo radiação gama com energia de 140 keV, características que permitem a aquisição de estudos com boa qualidade e baixa dose de radiação. Isto faz com que o tecnécio-99m seja o isótopo mais empregado atualmente, podendo ser administrado sob a forma química de pertecnetato de sódio ou ligado a outras moléculas. As doses administradas são medidas em função do número de eventos radioativos por segundo, sendo expresso em unidades Becquerel (1 Bq = 1 desintegração por segundo) ou Curie (1 Ci = 3,7. 1010 Bq). Apesar das baixas doses de radiação, deve se evitar o estudo com radioisótopos ou outros métodos que empreguem radiação ionizante em gestantes ou durante a amamentação. 

 Após a sua administração, geralmente por via endovenosa, os radioisótopos ou os compostos aos quais estão acoplados (radiofármacos) tem um comportamento biológico que é idêntico ao de similares não radioativos. Este comportamento biológico é determinado pelas características físico-químicas do composto e também pelo estado funcional dos diferentes tecidos ou tipos celulares que podem estar envolvidos em sua manipulação. A distribuição e grau de concentração do elemento radioativo nos diversos órgãos é avaliada por meio de imagens obtidas nas câmaras de cintilação (chamadas de cintilografias) ou por outros sistemas de detecção de radioatividade. A concentração do radiofármaco que é observada através da cintilografia em uma estrutura reflete não só a morfologia da mesma como também sua função. 

 A câmara de cintilação ou gama câmara é o sistema de detecção de radioatividade utilizado para o estudo da distribuição in vivo dos diferentes compostos radiomarcados. A interação da radiação gama no detector da câmara leva a emissão de luz (cintilação), posteriormente convertida em sinal elétrico. A câmara de cintilação detecta a radiação e determina a posição da fonte emissora (correspondente a área em que a luz foi emitida) e sua energia (intensidade da luz emitida). Além da maior resolução, os equipamentos mais modernos destacam-se pela capacidade de adquirir e processar estudos tomográficos (SPECT = single photon emission computed tomography), trazendo maior sensibilidade e precisão na localização de lesões. De forma semelhante a tomografia convencional (que resulta da transmissão de raio X por uma fonte externa) a tomografia por emissão de fótons é adquirida em órbita de 180 a 360* ao redor das estruturas de interesse, com posterior reconstrução dos cortes nos planos transversal, coronal e sagital. As câmaras SPECT com duas cabeças (dois detectores) apresentam ganho de sensibilidade e velocidade na aquisição de estudos tomográficos e planares, tornando o exame mais confortável para o paciente e reduzindo a degradação da imagem por artefatos de movimentação. 

 
 
Cardiovascular
  • 1-Cintilografia de Perfusão Miocárdica
  •  Radiofármaco: MIBI (metoxi-isobutil-isonitrila), tetrofosmin marcados com tecnécio-99m ou Tálio-201.

     O preparo é semelhante ao de um teste ergométrico convencional, devendo ser suspensas as medicações (beta-bloqueadores, bloqueadores do canal de cálcio e nitratos) que possam interferir na realização ou interpretação do teste e na própria cintilografia. No caso de teste farmacológico deve ser suspensa por pelo menos 24 horas a ingestão de aminofilina ou xantinas, refrigerantes, álcool, cigarros e dipiridamol (Persantin). O estudo consiste na aquisição de 2 séries de imagens tomográficas ou planares de tórax 1 hora após a administração endovenosa de MIBI e tetrofosmin nas situações de repouso e stress ou 10 minutos e 4 horas após a injeção de tálio-201 em stress.

     Os radiofármacos utilizados interagem diretamente com a célula miocárdica, sendo captadas por difusão passiva (MIBI e tetrofosmin) ou por transporte ativo (o tálio-201 é um análogo do potássio, captado pela bomba Na-K). O grau de captação destes radiofármacos é diretamente proporcional à perfusão miocárdica no momento de sua administração.

    O MIBI e tetrofosmin fixam-se a estruturas citoplasmáticas, sendo necessária a administração separada nas situações de repouso e stress para posterior análise comparativa da perfusão miocárdica. O tálio por outro lado não se fixa ao miócito, modificando sua distribuição inicial ao longo do tempo. Imagens obtidas imediatamente após a injeção do tálio durante o stress são comparadas com as adquiridas após 4 horas de redistribuição, que assemelham-se às imagens de um estudo em repouso.

    O stress empregado pode ser físico (teste ergométrico) ou, na impossibilidade deste, farmacológico (em geral dipiridamol endovenoso, outra opção é o uso de dobutamina). O estudo feito com stress físico tem a vantagem de ser complementado pelo dados do eletrocardiograma de esforço convencional. Os estudos com dipiridamol apresentam sensibilidade e especificidade semelhantes ao stress físico, obtendo-se a vasodilatação da microcirculação e consequente solicitação da reserva coronariana mesmo em pacientes impossibilitados de alcançar o nível de esforço adequado. As reações adversas ao dipiridamol como bronco espasmo, bloqueios ou mesmo fenômeno de roubo são raras.

     O estudo normal caracteriza-se pela distribuição homogênea do radiofármaco nas paredes ventriculares nas situações de repouso e stress, ou seja, a perfusão miocárdica é homogênea no repouso e aumenta de forma uniforme após o stress (físico ou farmacológico). O território isquêmico apresenta-se com captação normal em repouso e reduzida durante o stress (hipocatação transitória), pois o fluxo coronariano regional não aumenta na mesma proporção que nas demais paredes. Áreas de fibrose caracterizam-se por perfusão reduzida tanto no repouso quanto no stress (hipocaptação persistente). O estudo tomográfico aumenta a sensibilidade e melhora a localização das alterações perfusionais miocárdicas, reduzindo também os artefatos por atenuação e somação de paredes encontrados no estudo planar.

     Aplicações clínicas

     Diagnóstico de doença arterial coronariana: A indicação de um método não invasivo com maior sensibilidade (85-90%) e especificidade (90-95%) que o teste ergométrico (50-70%) se faz necessário em casos selecionados, nos quais se incluem os pacientes com teste ergométrico positivo e assintomáticos ou com dor atípica e pacientes com teste ergométrico inconclusivo ou ineficaz. É importante ressaltar que diante de uma cintilografia de perfusão miocárdica negativa para isquemia o risco de evento cardíaco é menor que 1% em 1 ano.

     Prognóstico de doença arterial coronariana, através de sinais diretos e indiretos de gravidade como a extensão (territórios acometidos) e severidade da doença (grau de hipocaptação).

     Seguimento de pacientes com doença arterial coronariana já conhecida (após cinecoronariografia) : Extratificação de risco em paciente multiarterial (estudos demonstram que o valor prognóstico do estudo de perfusão miocárdica é equivalente e em alguns casos superior aos dados oferecidos pela cinecoronariografia e teste ergométrico). Caracterização funcional de lesão coronariana conhecida, incluindo a avaliação de lesões borderline à cinecoronariografia, determinação da lesão funcionalmente mais significativa na presença de lesões multiarteriais e avaliação da eficácia da circulação colateral.

     Avaliação terapêutica: A cintilografia de perfusão miocárdica deve ser realizada sempre que o raciocínio clínico, baseado na história e quadro angiográfico, necessitar de fundamentação fisiológica para estabelecer a conduta terapêutica. Também indicada na avaliação da eficácia terapêutica (tratamento clínico, cirurgia, trombólise ou angioplastia).

     Insuficiência coronariana aguda: Extratificação de risco pós infarto agudo do miocárdio (stress farmacológico), detectando extensão da área infartada, presença de isquemia no território infartado ou outros territórios e avaliação de miocárdio salvo em procedimentos de reperfusão (imagens pré e pós angioplastia ou trombólise).

     Avaliação da viabilidade miocárdica: em portadores de disfunção ventricular e infarto prévio. Nas regiões ventriculares com hipocinesia ou acinesia a cintilografia de perfusão miocárdica é o melhor método disponível para avaliação da viabilidade miocárdica.

     Extratificação de risco pré cirúrgico: em pacientes não cardiopatas (ex: diabetes severa, aneurisma de aorta)
     

  • 2-Cintilografia Miocárdica com Pirofosfato
  •  Radiofármaco: 99mTc-Pirofosfato

     Não há preparo, o estudo é adquirido 3 horas após a administração endovenosa do radiofármaco nas incidências anterior e oblíquas do coração.

     O pirofosfato, material inicialmente utilizado para cintilografia óssea, é captado por tecidos necróticos. Isto ocorre devido a deposição anômala de cálcio que se segue a morte celular, havendo co-precipitação do pirofosfato.

    Decorridas cerca de 12 horas do infarto já pode haver captação do pirofosfato, que se faz de forma máxima após 48-72 horas (sensibilidade para infarto transmural nesta fase chega a 90-95%), declinando até a negativação ao redor de 7 a 10 dias. O estudo tomográfico (SPECT) pode localizar e avaliar melhor a extensão da área infartada.

    Aplicações clínicas

     Infarto agudo do miocárdio (IAM): Diagnóstico e localização de infarto agudo do miocárdio em casos com discordância dos critérios clínicos, enzimáticos e eletrocardiográficos. Estas situações são encontradas com maior frequência na presença de alterações no ECG de base (bloqueio de ramo esquerdo, infarto prévio, etc.), reinfarto do miocárdio, infarto trans-operatório (cirurgia cardíaca, pós angioplastia). Também é utilizado para o diagnóstico de infarto do ventrículo direito.
     
     

  • 3-Ventriculografia Radioisotópica (Gated) = Cintilografia Sincronizada das Câmaras Cardíacas
  •  Radiofármaco: 99mTc-Hemácias

    . Não necessita de preparo. As hemácias do paciente são marcadas com tecnécio e administradas por via endovenosa. O procedimanto de marcação leva cerca de 20 minutos, podendo ser feito in vivo (ligação do tecnécio às hemácias na corrente sangüínea) ou in vitro.

    A aquisição é realizada na incidência oblíqua anterior esquerda de tórax e as imagens refletem a distribuição do sangue no espaço intravascular e câmaras cardíacas. Ao sincronizar-se a aquisição de imagens de curtíssima duração com o traçado eletrocardiográfico, torna-se possível visualizar o volume cardíaco em cada instante do intervalo RR e desta forma analisar a dinâmica das câmaras cardíacas. Os principais parâmetros avaliados são o volume, a motilidade e a fração de ejeção global e regional dos ventrículos. A determinação cintilográfica da função ventricular é um método bem padronizado e com boa reprodutibilidade, sendo menos dependente de variações morfológicas e de alterações contráteis segmentares que o ecocardiograma.

     O estudo pode ser feito em conjunto com estudo de primeira passagem (também chamado de angiografia radioisotópica ou radiocardiografia, consiste de imagens adquiridas em intervalos de 1 segundo imediatamente após a administração do radiofármaco), mostrando a progressão do bolo radioativo pelas câmaras cardíacas, grandes vasos e pulmões, estimando o ritmo de clareamento ventricular e o tempo médio de trânsito pulmonar. Acoplando-se uma bicicleta à câmara de cintilação o estudo pode também ser feito durante esforço.

     Aplicações clínicas

     Monitoração da função ventricular antes e após procedimentos potencialmente cardiodepressores, como, por exemplo, quimioterapia com adriamicina (doxorubicina) ou outras drogas cardiotóxicas.

     Miocardiopatias: O método é empregado na avaliação precoce do comprometimento ventricular sistólico e diastólico, assim como no acompanhamento dos pacientes miocardiopatas e avaliação de resposta terapêutica..

     Valvopatias: A ventriculografia é útilizada no acompanhamento da função ventricular de valvopatas. O índice ou fração de regurgitação é estimado a partir da comparação entre os volumes ejetados pelo ventrículo direito e esquerdo. A detecção de pequenas alterações de função ventricular pode indicar o momento ideal para correção cirúrgica da insuficiência aórtica.

     Coronariopatia: A má resposta ventricular ao exercício, com manutenção ou queda da fração de ejeção, é um indicador bastante sensível de coronariopatia, apesar de pouco específico. O estudo é indicado na detecção de alterações segmentares de contratilidade e avaliação da função ventricular global dos coronariopatas, servindo também como parâmetro de estratificação de risco pós-infarto.

     Cardiopatias congênitas: O estudo de primeira passagem demonstra a sequência anormal de aparecimento das câmaras cardíacas, entretanto a cintilografia não apresenta a resolução anatômica necessária para o diagnóstico preciso do tipo de mal-formação. A ventriculografia radioisotópica é utilizada no acompanhamento evolutivo e monitoração da função ventricular destes pacientes, podendo, em alguns casos, ser complementada pelo estudo de shunt pulmonar (ver abaixo).

     Pode ainda ser utilizado na avaliação, seguimento ou controle terapêutico da função ventricular em hipertensão arterial, transplante cardíaco, identificação de aneurismas ventriculares.
     
     

  • 4-Cintilografia Cardíaca com Gálio 67
  •  Radiofármaco: Gálio 67 (67Ga-citrato de gálio).

     Não é necessário preparo para a realização do exame. Imagens são adquiridas na incidência anterior de tórax 48 a 72 horas após a administração endovenosa do radiofármaco (ver mecanismos de captação na cintilografia com Gálio- processos inflamatórios)

     Aplicações clínicas

     A cintilografia com gálio é um método não invasivo e com alta sensibilidade na detecção e acompanhamento de processos inflamatórios cardíacos em geral, entretanto com baixa sensibilidade para endocardite.

     Além do diagnóstico de miocardites viral ou reumática em fase aguda, pode indicar a resposta terapêutica e regressão do processo em estudos seriados. Importante nos surtos de recorrência para diferenciar entre descompensação cardíaca e cardite reumática em atividade. Também empregado para avaliar pericardite e, de forma seriada, a rejeição de transplante cardíaco.
     
     

  • 5 - Linfocintilografia
  •  Radiofármaco: 99mTc-dextran, 99mTc-albumina.

     Não é necessário preparo. O radiofármaco é administrado por via subcutânea na região a ser analisada (ex: espaço interdigital de mãos ou pés para o estudo de membros). O material progride pelas vias linfáticas, incluindo cadeias ganglionares, até alcançar a circulação sanguínea. As cintilografias mostram esta progressão em diferentes intervalos de tempo após a injeção, sem as dificuldades técnicas e riscos da administração de contrastes presentes na linfografia.

     Aplicações clínicas

     A cintilografia permite uma avaliação mais objetiva do déficit de drenagem linfático em pacientes com linfedema, bem como a presença de difusão intersticial ou áreas de extravasamento.

    A pesquisa de gânglio sentinela em melanomas (para orientação quanto a provável via de disseminação) é feita por imagens precoces após a injeção ao lado do tumor.

     
     
    Endocrinologia
  • 1-Cintilografia de Tireóide
  •  Radiofármaco: Iodo-131 (131I-iodeto de sódio) ou Tecnécio-99m (99mTc-pertecnetato de sódio).

     As medidas de captação do iodo são realizadas 2 e 24 horas após a ingestão oral do radioiodo, sendo diretamente proporcional ao grau de função e síntese hormonal da glândula.O iodo é captado por transporte ativo pela tireóide (bomba de iodeto), sendo incorporado à tironina para a síntese de hormônios tireoideanos (T3 e T4). Para que não haja competição na captação tireoideana do radiofármaco é realizado preparo que consiste na restrição da ingesta ou utilização de substâncias ricas em iodo, também sendo suspensas medicações que interfiram no funcionamento da tireóide.

    O tecnécio-99m é captado pelo mesmo mecanismo de transporte ativo que o iodo, não sendo entretanto organificado e utilizado para a síntese hormonal como o iodo. As imagens cintilográficas são adquiridas nas incidências anterior e oblíquas entre 10 e 30 minutos após a injeção de pertecnetato-Tc99m e permitem a avaliação morfo-funcional da glândula, muitas vezes complementando dados clínicos ou ultrassonográficos. São habitualmente identificados os dois lobos tireoideanos, ocasionalmente o istmo e raramente o lobo piramidal. Além da localização, dimensões e morfologia também é analisada a distribuição do radiofármaco pelo parênquima glandular, que é normalmente homogênea.

     Testes funcionais: A resposta funcional da tireóide pode ser analisada em diferentes situações. O teste de supressão é realizado após administração de T3 por 6-14 dias (100*g/dia), sendo usado para identificar áreas de funcionamento autônomo - captação independente dos níveis de TSH. Pode ser usado no diagnóstico de hipertireoidismo primário por adenoma ou bócio difuso tóxico, sendo considerado normal a redução maior que 50% na captação em relação a estudo basal. O teste de estímulo é feito após a administração de TSH (100 unidades/dia), permitindo a visualização de parênquima suprimido em estudo basal. A cintilografia com tálio-201 ou MIBI-Tc99m pode ser realizada com a mesma finalidade, pois a concentração tireoideana dos mesmos independe dos níveis de TSH. O teste de clareamento com perclorato consiste na medida de captação de iodo em 2 ou 4 horas, seguida da administração de perclorato (500 a 1000 mg) e novas medidas de captação por 60 a 90 minutos. O perclorato compete pela captação ativa nas células foliculares com o iodo não organificado, considerando-se que a queda de captação superior a 10-15% em relação ao valor inicial demonstra uma falha na organificação do iodo.

     Aplicações clínicas

     Tireóide ectópica: A cintilografia é utilizada no diagnóstico e localização da tireóide ectópica, mais importante causa do hipotireoidismo congênito. Além disto pode ser identificado extensão intratorácica da glândula em casos de bócio (bócio mergulhante).

     Nódulos: O método permite a caracterização funcional de nódulos (detectados por palpação, ultrasonografia ou pela própria cintilografia), sendo que a presença de nódulo único hipocaptante ("frio") corresponde a neoplasia maligna em 15 a 20% dos casos. Os nódulos hipercaptantes podem ser avaliados quanto a seu caráter autônomo pelo teste de supressão.

     Hipertireoidismo: As alterações morfo-funcionais da glândula são características para diferentes causas de hipertireoidismo, como a doença de Plummer (nódulo hipercaptante) ou de Graves (aumento das dimensões com hipercaptação difusa).

     Tireoidite: A cintilografia é utilizada na avaliação e acompanhamento morfo-funcional da tireoidite, principalmente em sua forma crônica. Em casos de tireoidite subaguda pode ser observada glândula hipocaptante associada a nível normal ou elevado de hormônios tireoideanos.

     Bócio: A cintilografia é indicada na caracterização funcional e acompanhamento de bócio uni- ou multinodular, tireoidite e bócio difuso.

     Pós operatório: O estudo cintilográfico permite a detecção e avaliação de remanescente cirúrgico após tireoidectomia total ou parcial. Nos pacientes submetidos a tiroidectomia total por carcinoma diferenciado a presença de metástases e rastreada através da cintilografia de corpo inteiro com Iodo-131 (ver abaixo).

     Terapêutica: Altas dose de Iodo-131 são empregadas no tratamento de hipertiroidismo (doença de Plummer, doença de Graves) ou de carcinoma de tireóide (ablação de restos, tratamento de metástases). O efeito terapêutico se dá porque o iodo-131 libera altas doses de radiação (incluindo radiação beta que provoca maior ionização e portanto maior efeito que a gama) nos tecidos em que é concentrado, levando a destruição ou interrupção da proliferação celular.
     
     

  • 2-Pesquisa de corpo inteiro com Iodo-131
  •  Radiofármaco: Iodo-131 (iodeto de sódio).

     Para que ocorra boa concentração de iodo nos tecidos de origem tireoideana é necessário qu após a cirurgia se suspenda a reposição hormonal por 4 a 6 semanas. Além disto o paciente deve estar privado de outras fontes de iodo (alimentar, contrastes iodados, cosméticos, anti-sépticos). As imagens são adquiridas nas incidências anterior e posterior de corpo inteiro 24 a 48 após a ingestão do radioiodo.

     O aumento dos níveis de TSH nos pacientes tireoidectomizados e sem reposicão hormonal permite que tecidos com menor avidez que o parênquima tireoideano normal, como é o caso de metástases de carcinoma bem diferenciado de tireóide, captem o iodo-131 administrado por via oral.

     Indicações clínicas

     Rastreamento de metástases e detecção de restos tireoideanos em pacientes tireoidectomizados. Pacientes com metástases funcionantes ou com restos tireoideanos significativos, bem como casos considerados de risco (mesmo que sem metástases comprovadas), podem ser encaminhados para tratamento com iodo-131.
     
     

  • 3-Cintilografia da Paratireóide
  •  Radiofármaco: Tálio-201 (cloreto de tálio) e Tecnécio-99m (pertecnetato) 99mTc-MIBI (imagens precoces e tardias)

     Não é necessário preparo. As imagens são adquiridas na incidência anterior da região cervical após a administração endovenosa do radiofármaco. Imagens na incidência anterior de tórax são indicadas para a detecção de paratireóide ectópica. Quando utilizado 99mTc-MIBI novas imagens são adquiridas após 2-3 horas.

     As paratireóides aumentadas ou hiperfuncionantes apresentam maior captação de tálio-201 e de MIBI-Tc99m. Como o tálio é também captado pela tireóide, torna-se necessária a subtração de da imagem da tireóide (obtida após injeção de pertecnetato) para a identificação da paratireóide. Na cintilografia com MIBI é feita comparação entre as imagens precoces (captação pela tireóide e paratireóide) e tardias (captação apenas pela paratireóide).

     Aplicações clínicas

     A principal aplicação dos métodos de imagem em pacientes com quadro clínico-laboratorial de hiperparatireoidismo é a localização de adenomas ou hiperplasia da paratireóide. Esta localização e consequente redução do tempo cirúrgico pode ser conseguida pela cintilografia com sensibilidade de 70-90%. A acurácia é semelhante à dos outros métodos de imagem, sendo vantajosa em pacientes com cirurgia prévia nos quais, além das alterações de anatomia local, até 70% dos adenomas são ectópicos.
     

  • 4-Cintilografia das glândulas adrenais com MIBG
  •  Radiofármaco: 131I-MIBG (meta-iodo-benzil-guanidina)

     O preparo consiste na suspensão de drogas que podem reduzir a captação do radiofármaco (labetalol, reserpina, bloqueadores do canal de cálcio, bloqueadores adrenérgicos, antidepressivos tricíclicos, simpatomiméticos, fenotiazínicos). Além disso o paciente deverá tomar iodo não radioativo por 5 dias antes até 5 dias após o estudo, visando saturar a tireóide e evitar a captação de iodo radioativo (liberado pela eventual desmarcação do fármaco). As imagens são habitualmente realizadas nas incidências anterior e posterior de corpo inteiro de 24 a 72 horas após a administração endovenosa do radiofármaco.

    O MIBG (meta-iodo-benzil-guanidina) é um análogo da guanetidina de estrutura semelhante à noradrenalina, sendo captado e armazenado em tecidos de linhagem neuro-ectodérmica pelo mecanismo de captação de aminas.

    Aplicações clínicas

     Feocromocitoma: O diagnóstico é habitualmente realizado pelo quadro clínico-laboratorial. A cintilografia tem papel complementar na localização do tumor, principalmente em casos com tomografia e ultrasom inconclusivos ou na suspeita de feocromocitoma extra adrenal, bilateral, metastático ou recidivado. A sensibilidade e especificidade se encontram na faixa de 85 a 90%.

     Neuroblastoma: Indicado na caracterização funcional de massas suprarenais em crianças, assim como no estadiamento e acompanhamento evolutivo de casos já diagnosticados ou tratados. A cintilografia óssea com MDP também é indicada no estadiamento.

     Outros tumores de linhagem neuroectodérmica foram estudados com MIBG, porém com menor sensibilidade: tumor carcinóide, carcinoma medular de tireóide,insulinoma, gastrinoma,etc.

     Outro marcador adrenal utilizado com menor frequência pelo seu alto custo e menor disponibilidade é o Se-75-colesterol (selênio-colesterol). A captação do colesterol marcado reflete a síntese de hormônios pelas adrenais, podendo ser utilizada na investigação de síndrome de Cushing e adenomas, em situação basal ou com supressão por dexametasona. As imagens são realizadas entre 2 e 10 dias da administração do radiofármaco na incidência posterior de abdómen.

     
     
     Gastroenterologia
  • 1-Trânsito Esofágico
  •  Radiofármaco: 99mTc-Enxofre coloidal.

     O paciente deve realizar jejum de 4 horas. O estudo consiste na aquisição de sequência rápida de imagens na incidência anterior de tórax após a deglutição do radiofármaco misturado em líquidos ou semi-sólidos (exemplo: mingau).

     O processamento das imagens permitem a avaliação qualitativa e quantitativa do esvaziamento esofágico. O método é utilizado no diagnóstico e acompanhamento de alterações da motilidade esofágica, as quais podem se manifestar isoladamente ou associadas a lesões anatômicas.
     
     

  • 2-Pesquisa de Refluxo Gástro-Esofágico
  •  Radiofármaco: 99mTc-Enxofre coloidal.

     O paciente deve realizar jejum de 4 horas, em caso de lactentes deve suspender a última mamadeira antes do estudo. São adquiridas imagens na projeção anterior de tórax e superior do abdómen após a ingestão do radiofármaco misturado em leite ou suco.

    O método tem alta sensibilidade (80%) na detecção do refluxo gastro-esofágico, podendo ser seguida pela pesquisa de aspiração pulmonar (imagens tardias de tórax). É indicado para screening e acompanhamento de pacientes com suspeita ou em tratamento de refluxo, apresentando menor exposição a radiação que a radioscopia. O exame contrastado convencional mantem seu papel na avaliação de alterações anatômicas dos pacientes que já tenham o diagnóstico de refluxo.
     
     

  • 3-Esvaziamento Gástrico
  •  Radiofármaco: 99mTc-Enxofre coloidal.

     O preparo consiste em jejum de 4 horas. O estudo é iniciado imediatamente após a ingestão do radiofármaco por via oral, durante 60 a 90 minutos na incidência anterior de abdómen.

     O enxofre coloidal é deglutido misturado a alimentos sólidos ou líquidos, não sendo absorvido pela mucosa do trato gastro intestinal. A avaliação dinâmica do esvaziamento gástrico é feita de forma fisiológica, permitindo a avaliação e acompanhamento de parâmetros qualitativos e quantitativos da motilidade gástrica, alterada por exemplo após cirurgias ou neuropatias.
     
     

  • 4-Pesquisa de Mucosa Gástrica Ectópica (Pesquisa de Divertículo de Meckel)
  • Radiofármaco: Tecnécio-99m (99mTc-pertecnetato de sódio).

     O paciente deve realizar jejum por 2 horas antes da admistração endovenosa do radiofármaco. As imagens são adquiridas nos 45 minutos seguintes, na projeção anterior de abdómen.

     O pertecnetato, administrado por via endovenosa, é captado pela mucosa gástrica, presente em 80 a 90 % dos casos de divertículo de Meckel com sangramento e em outras patologias como o antro gástrico retido e esôfago de Barret. O método é sensibilizado pela administração prévia de gastrina ou cimetidina (300mg/dia por 2 dias).
     
     

  • 5-Pesquisa de Sangramento Intestinal
  •  Radiofármaco: 99mTc-hemácias ou 99mTc-enxofre coloidal.

     As hemácias marcadas são utilizadas em pesquisa de sangramento intermitente, pois se mantém por mais tempo na circulação enquanto o enxofre coloidal é utilizado para pesquisa de sangramento em atividade. Não é necessário preparo, sendo conveniente que não tenha feito exames com contraste por via oral nas últimas 24 horas. As imagens são realizadas durante 30 (enxofre coloidal) a 60 minutos (hemácias) após a administração endovenosa do radiofármaco, na incidência anterior de abdómen, podendo ser prolongado por até 24 horas no caso de hemácias marcadas.

    O radiofármaco é administrado por via endovenosa e extravasa no local de sangramento, tendo maior sensibilidade que a arteriografia na detecção de hemorragia digestiva baixa. As hemácias marcadas permanecem em circulação por até 24 horas, sendo mais adequadas para o estudo de sangramentos intermitentes (>0,3 ml/min). O enxofre coloidal por outro lado é rapidamente fagocitado por macrófagos, permanecendo pouco tempo no compartimento intra-vascular, sendo indicado para sangramentos em atividade (> 0.1 ml/minuto). O resultado positivo, apesar de pouco específico quanto a etiologia do sangramento, indica a validade de prosseguir a investigação com arteriografia de urgência ou mesmo possibilita a localização pré-cirúrgica do sítio de sangramento.
     
     

  • 6-Cintilografia Hepato Esplênica
  •  Radiofármaco: 99mTc-enxofre coloidal.

     Não é necessário preparo, as imagens são adquiridas20 minutos após a administração endovenosa do radiofármaco nas incidências anterior, posterior, laterais e obliquas de abdómen. As partículas coloidais na corrente sanguínea são fagocitadas no fígado (células de Küpffer), baço e, em menor proporção, na medula óssea.

     A grande maioria das lesões focais hepáticas apresentam redução ou ausência de células de Kupffer, apresentando-se portanto como áreas de hipocaptação do enxofre coloidal. Apesar da sensibilidade de 85-90% para lesões focais (estudo tomográfico-SPECT) ou difusas , a cintilografia é pouco específica no diagnóstico diferencial de metástases, cistos, abscessos, hematomas, tumor primário, etc.

     Outros radiofármacos:

     Além do enxofre coloidal, que pode ser captado na hiperplasia nodular focal, outros radiofármacos são utilizados para caracterizar funcionalmente os nódulos hepáticos, incluindo a 99mTc-DISIDA (marcador hepatocítico, captado em adenoma e hiperplasia nodular focal), 67Gálio (captado por processos inflamatórios e hepatocarcinoma), e 99mTc-hemácias (captação tardia em hemangiomas).

     Além de ser estudado em conjunto com o fígado através da administração de colóides, o baço pode ser estudado de forma independente pela administração de 99mTc-hemácias, marcadas in vitro e esferocitadas através de aquecimento. As hemácias esferocitadas são removidas da circulação pelo baço, fornecendo dados funcionais na investigação de asplenia funcional, esplenose, baço acessório, hiperesplenismo, etc. O seqüestro esplênico pode ser avaliado pela administração de hemácias íntegras marcadas com tecnécio-99m.
     

  • 7-Cintilografia Hépato-Biliar
  •  Radiofármaco: 99mTc-DISIDA

     O paciente deve estar em jejum de 4 a 8 horas, evitando assim que a vesícula se encontre em fase de contração ou repleta. Também devem ser suspensos narcóticos e opiáceos por 6 a 12 horas.Na suspeita de atresia de vias biliares o metabolismo hepático pode ser estimulado previamente pela administração de fenobarbital por 3-5 dias (5 mg/ kg/dia). As imagens são iniciadas imediatamente após a administração endovenosa do radiofármaco, na incidência anterior de abdómen.

    A DISIDA é captada pelos hepatócitos e excretada nas vias biliares, de forma análoga à bilirrubina, marcando desta forma a própria bile. As imagens iniciais refletem a distribuição e função dos hepatócitos. As imagens seguintes permitem avaliar a progressão da bile radiomarcada das vias intra-hepáticas até a vesícula biliar, colédoco e duodeno. O estudo geralmente se completa em 1 hora, entretanto pode ser prolongado por até 4 horas em caso de não visualização da vesícula biliar.

     Aplicações clínicas

     Colecistite aguda: O diagnóstico cintilográfico de colecistite aguda baseia-se no não enchimento da vesícula biliar pelo radiofármaco, devido à obstrução (mecânica ou não) do ducto cístico. O método tem acurácia de 97% e é menos operador dependente que a ultrasonografia.

     Avaliação pós-operatória: Em uma fase inicial a obstrução aguda de vias biliares pode apresentar déficit de drenagem na ausência de dilatação. Por outro lado as vias biliares podem manter-se dilatadas após o tratamento de um processo obstrutivo. A cintilografia demonstra a lentificação ou interrupção na progressão biliar, independente da presença de dilatação, sendo um método de avaliação de obstrução biliar pós operatória sensível e não invasivo. A confirmação etiológica da obstrução, quando presente, deve ser realizada por métodos com maior resolução anatômica.

     Outras indicações pós operatórias incluem a detecção de remanescente de ducto cístico, pesquisa de fístulas biliares, avaliação de patência da alça aferente em anastomoses gastro intestinais.

     Caracterização funcional de tumores hepáticos: A captação de DISIDA por nódulo ou massa previamente detectado indica a presença de hepatócitos no mesmo, sugerindo o diagnóstico de adenoma ou hiperplasia nodular focal (ver cintilografia hepática).

     Atresia de vias biliares: O diagnóstico diferencial entre hepatite neonatal e atresia de vias biliares pode ser feito pela cintilografia hepatobiliar. A eliminação do radiofármaco para trato gastro-intestinal exclui a hipótese de atresia de vias biliares, entretanto a ausência de eliminação pode estar presente nas duas patologias.

     Esvaziamento da vesícula biliar: A resposta contrátil da vesícula biliar em casos de discinesia biliar pode ser estimada de forma qualitativa e quantitativa. As imagens são adquiridas durante a fase de repleção e após estímulo farmacológico (colecistoquinina ou análogos) ou alimentar da vesícula

     A comunicação da árvore biliar com estruturas císticas (cisto de colédoco, doença de Caroli), refluxo duodeno-gástrico e fístulas biliares (de etiologia cirúrgica ou não) são também avaliadas pela cintilografia com DISIDA.
     
     

  • 8) - Outros

  •  A administração de 99mTc-enxofre coloidal via intraperitoneal seguida de imagens nas incidências anterior e posterior de abdómen e torax permite o estudo da perviedade de shunt de Leveen.

     O estudo funcional das glândulas salivares é feito com a administração endovenosa de 99mTc-pertecnetato ao paciente em jejum, observando-se o acúmulo do radiofármaco e sua eliminação após estímulo com ácido ascórbico ou limão.

     
     
    Nefrologia
     
     1-Cintilografia Renal Dinâmica (DTPA) Fundamentos
     Radiofármaco: 99mTc-DTPA (ácido dietileno triamino pentaacético) 99mTc-MAG3 (mercapto acetil triglicina) 131I-OIH e 123I-OIH (hippuran)

     O único preparo necessário é a boa hidratação do paciente. As imagens são adquiridas na incidência posterior de abdómen após a administração endovenosa do radiofármaco. Além do estudo em condições basais, pode ser realizado sob o efeito de diurético (teste de wash-out) ou de inibidores da enzima de conversão da angiotensina (teste do captopril).

    As imagens mostram o aporte vascular, o acúmulo e a eliminação renal do radiofármaco, assim como sua progressão pelas vias excretoras. A definição de áreas de interesse sobre os rins permite a obtenção de curvas de atividade/tempo (renograma). A cintilografia renal dinâmica apresenta menor exposição à radiação que a urografia excretora e possibilita a quantificação da função renal.

     O parâmetro funcional analisado depende do radiofármaco empregado:
     
     

  • O estudo com DTPA avalia a função glomerular, sendo este composto eliminado por fitração glomerular de forma semelhante a inulina, sem que ocorra secreção ou reabsorção tubular.

  •  
  • O hippuran e o MAG3 são eliminados em proporção direta com o fluxo plasmático renal, cerca de 20% por filtração glomerular e 80% por secreção tubular. O MAG3 oferece menor dose de radiação e melhor qualidade de imagens que o hippuran.

  •  

     Aplicações clínicas

     Hidronefrose: A dilatação de vias excretoras acontece não só em processos obstrutivos, mas também de forma secundária a refluxo, alterações seqüelares ou mesmo congênita. Cintilograficamente a hidronefrose obstrutiva é caracterizada pela estase da urina radiomarcada em vias excretoras, não havendo esvaziamento mesmo após o aumento do fluxo urinário provocado pela administração de diurético. O controle da função renal e do processo obstrutivo também pode ser realizado após intervenções cirúrgicas.

     Estenose de artéria renal: A cintilografia renal é utilizada na investigação e seguimento da hipertensão renovascular, triando os casos com hipofluxo e déficit funcional para a arteriografia. A sensibilidade do estudo é aumentada para cerca de 85% quando é feita comparação entre um estudo basal e outro realizado após a administração de inibidores da enzima de conversão da angiotensina (teste do captopril). O captopril leva a redução da pressão de filtração glomerular e consequente queda de filtração glomerular em relação ao estudo basal. O preparo para o teste do captopril inclui, além de boa hidratação, a suspensão de inibidores da enzima de conversão.

     Determinação cintilográfica do ritmo de filtração glomerular: a porcentagem de captação do DTPA em relação à dose administrada é diretamente proporcional ao ritmo de filtração glomerular, podendo ser realizada aquisição e processamento que possibilitam esta medida de forma quantitativa e em separado para cada rim.

     Transplante renal: A avaliação do fluxo sanguíneo, função tubular e função glomerular em estudos seriados auxiliam no diagnóstico não invasivo de complicações vasculares, rejeição, necrose tubular aguda ou nefrotoxicidade por ciclosporina.

     A avaliação cintilográfica complementa com dados funcionais os achados anatômicos de patologias como ectopia e malformações renais, insuficiência renal aguda ou crônica, pielonefrite, glomerulonefrite, trauma e tumores.
     
     

  • 2-Cintilografia Renal Estática (DMSA)
  •  Radiofármaco: 99mTc-DMSA (ácido dimercapto succínico)

     Não é necessário preparo. Imagens nas incidências posterior, anterior e oblíquas posteriores são adquiridas de 3 a 6 horas após a administração endovenosa do radiofármaco.

     O DMSA é captado pela cortical renal, ligando-se a proteínas do túbulo proximal. As imagens permitem a avaliação conjunta da morfologia cortical e função tubular renal. A função relativa de cada rim é calculada com base na porcentagem de atividade retida pelo mesmo.

     Aplicações clínicas

     A cintilografia renal estática com DMSA é o método de escolha no diagnóstico por imagem de pielonefrite aguda, detectando precocemente a redução de perfusão e função cortical renal, sendo também utilizada no diagnóstico e acompanhamento da pielonefrite crônica. Pacientes com massas ou pseudomassas renais, hidronefrose, mal-formações e ectopia renal podem também ser avaliados pela cintilografia com DMSA, que traz dados morfológicos e funcionais com baixa dosimetria. A quantificação da captação de cada rim é utilizada como parâmetro de acompanhamento, chegando a auxiliar na decisão de intervenção cirúrgica / nefrectomia em alguns casos.
     
     

  • 3-Cistografia Radioisotópica
  •  Radiofármaco: 99mTc-Enxofre coloidal 99mTc-pertecnetato de sódio

     Não é necessário preparo do paciente. O radiofármaco diluído em soro fisiológico é introduzido através de sonda vesical e imagens sequenciais são obtidas na incidência posterior de abdómen durante o enchimento e esvaziamento vesical.

    O método é indicado para o diagnóstico e acompanhamento de pacientes com refluxo vésico-ureteral, com alta sensibilidade e menor exposição a radiação que a uretrocistografia. Em crianças com refluxo já diagnosticado é importante a realização do exame radiológico convencional, para detecção de possíveis alterações anatômicas.

     Técnica indireta

     Radiofármaco: 99mTc-DTPA

     Não é necessário preparo do paciente, apenas boa hidratação. O estudo é realizado após a administração endovenosa do DTPA, aguardando-se o clareamento das vias excretoras e acúmulo vesical do radiofármaco. Por este motivo só pode ser realizado em crianças com bom controle esfincteriano.

     As imagens sequenciais são adquiridas na incidência posterior de abdómen na fase miccional, detectando a ascenção anômala do radiofármaco pelo ureter. Apesar de apresentar menor sensibilidade que a técnica direta, tem a vantagem de não necessitar de sondagem vesical.
     
     

  • 4-Cintilografia Testicular
  •  Radiofármaco: Tecnécio-99m (99mTc-pertecnetato de sódio).

     Não é necessário preparo. Imagens na incidência anterior de bolsa escrotal são adquiridas imediatamente após a admistração endovenosa do radiofármaco. A progressão do tecnécio pelos vasos e demais estruturas da bolsa testicular possibilita a avaliação do fluxo sanguíneo e grau de hiperemia regional, de forma rápida e reprodutível.

     Aplicações clínicas

     O diagnóstico diferencial entre torsão testicular aguda e processo inflamatório (epididimite) é clinicamente difícil, porém pode definir condutas que resultam na manutenção ou perda da viabilidade testicular. A cintilografia testicular realiza este diagnóstico com acurácia próxima a 95%, caracterizando-se o processo inflamatório por aumento de fluxo e de captação e a torsão aguda por fluxo e captação normal ou reduzidos. Na fase tardia da torsão pode ser observado área central de hipocaptação (necrose testicular) com halo de hipercaptação correspondendo a hiperemia periférica.
     

     

    Neurologia
  • 1-Cintilografia de Perfusão Cerebral- SPECT
  •  Radiofármaco: 99mTc-HMPAO (hexametilpropilenoaminoxima) 99mTc-ECD (etilenodicisteína)

     Não é necessário preparo, com exceção dos casos que necessitem de sedação para evitar movimentação durante o exame. O estudo tomográfico é adquirido cerca de 10 minutos após a administração endovenosa do radiofármaco.

     O HMPAO e o ECD, devido a seu caráter lipofílico, cruzam a barreira hêmato-encefálica. No meio intracelular o radiofármaco sofre modificações químicas, transformando-se em um composto hidrofílico que não atravessa a barreira e fica portanto retido no parênquima cerebral. A concentração do radiofármaco, estudada por cortes tomográficos (SPECT), é diretamente proporcional à perfusão cerebral regional no instante de sua administração. A perfusão cerebral é por sua vez um bom parâmetro da atividade metabólica cerebral, conforme verificado em estudos comparativos com marcadores metabólicos. As imagens cintilográficas caracterizam alterações metabólico-perfusionais, que podem ou não ter correspondência com os achados de tomografia computadorizada e ressonância magnética.

     Aplicações clínicas

     Demência: A cintilografia é um dos poucos métodos não invasivos que auxiliam no diagnóstico diferencial e acompanhamento evolutivo de demência ou pseudodemência. O padrão cintilográfico de hipoperfusão têmporo-parietal bilateral tem valor preditivo positivo de 80% para demência de Alzheimer.

     Epilepsia: Nos casos de epilepsia de difícil controle clínico e com indicação cirúrgica é fundamental a localização precisa do foco epileptogênico. Na ausência de alterações estruturais significativas, o estudo com HMPAO pode identificar o foco, caracterizado por área de hipoperfusão no período intercrítico ou hiperperfusão durante a crise.

     Traumatismo crânio-encefálico: A avaliação por métodos anatômicos (tomografia, ressonância) é fundamental, porém nem sempre explica o quadro clínico encontrado, Nestes casos o estudo de perfusão cerebral pode identificar áreas de alteração perfusional secundárias ao trauma mas sem correspondente anatômico. Além do efeito direto do trauma, a perfusão cerebral pode ser por exemplo afetada pelo contra-choque, fatores vasculares ou hipertensão intracraniana.

     Acidente vascular cerebral: A hipoperfusão é detectada quase de imediato após o infarto, mais precocemente e por vezes estendendo-se além da área detectada pela tomografia convencional. Podem ocorrer alterações perfusionais a distância, por deaferentação. A cintilografia com HMPAO abre a perspectiva de se avaliar alterações secundárias a vasoespasmo, episódio isquêmico transitório e vasculites.

     Diversos distúrbios psiquiátricos vem sendo intensamente pesquisados, com resultados muitas vezes conflitantes, talvez decorrentes da variação individual do estado metabólico cerebral em pacientes com a mesma patologia. Um dos padrões descritos com maior freqüência é o de hipoperfusão frontal nos pacientes com quadro depressivo maior.

     A confirmação do diagnóstico de morte cerebral, feita também pela fase angiográfica da cintilografia cerebral convencional, pode ser avaliada com alta acurácia pela ausência de fluxo e captação de HMPAO no sistema nervoso central.
     
     

  • 2-Cintilografia Cerebral - quebra de BHE
  •  Radiofármaco: 99mTc-DTPA (ácido dietileno triamino pentacético) 99mTc-pertecnetato

     Não é necessário preparo. O estudo é adquirido após a administração endovenosa do radiofármaco. A cintilografia cerebral convencional difere do estudo de perfusão cerebral, utilizando-se de marcadores aniônicos que não cruzam a barreira hemato-encefálica íntegra. A fase de fluxo mostra a progressão vascular do material e nas imagens tardias é pesquisada a quebra da barreira hemato-encefálica, mostrando-se como regiões de hiperconcentração do radiofármaco.

     Aplicações clínicas

     A perda da integridade da BHE é um achado encontrado de forma não específica em tumores primários benignos ou malignos, tumores metastáticos, acidente vascular cerebral, infecções, etc. Por este motivo a concentração de radiofármaco na fase tardia da cintilografia cerebral é um achado pouco específico, sendo importante a análise conjunta com o quadro clínico.

     A confirmação do diagnóstico de morte encefálica é por outro lado uma situação na qual o método tem alta especificidade, caracterizando-se pela ausência de fluxo sanguíneo na fase angiográfica (decorrente do aumento de pressão intracraniana).
     
     

  • 3-Cintilografia Cerebral com Tálio ou MIBI - SPECT
  •  Radiofármaco: 201Tálio (cloreto de tálio) ou 99mTc-MIBI (metoxi-isobutil-isonitrila)

     Não é necessário preparo. O estudo é adquirido após a administração endovenosa do radiofármaco. A captação do radiofármaco depende não só da quebra de barreira hemato-encefálica como também de mecanismos de transporte ativo no caso do tálio (análogo do potássio transportado parar o meio intra-celular pela bomba sódio-potássio), dependentes da viabilidade e atividade celular.

    Aplicações clínicas

     A cintilografia cerebral com tálio pode auxiliar no diagnóstico diferencial entre recidiva tumoral ou alterações pós cirúrgicas/ actínicas, muitas vezes difícil pela tomografia ou ressonância. Considera-se que a hipercaptação de tálio indique a presença de células tumorais viáveis e portanto de recidiva.
     
     

  • 4-Cisternocintilografia
  •  Radiofármaco: 99mTc-DTPA (ácido dietileno triamino penta acético)

     Não é necessário preparo. As imagens são adquiridas nas incidências anterior, posterior e laterais de crânio em intervalos de 2 até 24 horas após a administração do radiofármaco por punção lombar ou subocciptal.

    A distribuição e dinâmica liquórica é estudada por cintilografias obtidas em diferentes intervalos de tempo.No caso de suspeita de fístula liquórica pode ser complementado pela colocação de tampão de algodão em narinas e ouvidos. O radiofármaco pode ainda ser administrado por punção ventricular ou injeção no reservatório de válvula de derivação.

     Aplicações clínicas

     Hidrocefalia: O diagnóstico diferencial de hidrocefalia comunicante inclui a hidrocefalia de pressão normal, causa de demência potencialmente tratável quando diagnosticada precocemente. A HPN caracteriza-se cintilograficamente pela inversão do fluxo liquórico, com ascenção e reabsorção do radiofármaco nos ventrículos laterais.

     Fístula liquórica: O trajeto fistuloso e a eliminação do radiofármaco em secreções podem ser detectados pela cintilografia, com menor risco que a administração intratecal de contrastes iodados.

     Derivação ventricular: A progressão do radiofármaco auxilia na definição de perviedade do sistema de derivação em casos duvidosos.
     

    Pneumologia
  • 1-Cintilografia Pulmonar - estudo de perfusão
  •  Radiofármaco: 99mTc-MAA (macroagregado ou microesferas de albumina)

     Não é necessário preparo. O estudo é iniciado após a administração endovenosa do radiofármaco, nas incidências anterior, posterior, laterais e oblíquas de tórax.

    As partículas de albumina, devido a seu diâmetro, impactam na rede capilar pulmonar quando administradas por via endovenosa. Esta microembolia não traz repercussões clínicas, por ser transitória e envolver menos que 0,1% dos vasos. As imagens obtidas demonstram a distribuição do fluxo sanguíneo na microcirculação a partir da artéria pulmonar.
     
     

  • 2-Cintilografia Pulmonar - estudo de inalação
  •  Radiofármaco: Aerossol de 99mTc-DTPA (ácido dietileno-triamino pentacético)

     Não é necessário preparo, sendo entretanto um exame de difícil realização em crianças abaixo de 5 anos e pacientes entubados. As imagens são realizadas nas incidências anterior, posterior, laterais e oblíquas de tórax após a inalação do radiofármaco

     O aerosol de DTPA deposita-se em vias aéreas e alvéolos, por impactação e sedimentação, sendo demonstrada a distribuição do material inalado nas cintilografias.

     Aplicações clínicas

     As alterações perfusionais pulmonares são observadas de forma pouco específica em diferentes patologias (processos parenquimatoso, vasculares e mesmo secundário a alterações ventilatórias), sendo muitas vezes necessária a análise conjunta dos estudos de perfusão e ventilação.

     Trombo embolismo pulmonar: O quadro-clínico radiológico é geralmente insuficiente para firmar o diagnóstico de embolia pulmonar. Por ser um método pouco invasivo e com alta sensibilidade e especificidade, a cintilografia é o método de eleição para estes casos, reservando-se a arteriografia para pacientes com instabilidade hemodinâmica, indicação cirúrgica ou com cintilografia inconclusiva. O padrão cintilográfico observado é de áreas segmentares ou subsegmentares de hipoperfusão com ventilação normal (padrão discordante). Embolia pulmonar de outras origens, vasculites, compressão vascular extrínseca e hipertensão pulmonar secundária à embolia também podem ser avaliados cintilograficamente.

     Shunt pulmonar: Em pacientes com cardiopatias cianóticas ou fístulas artério-venosas pulmonares parte do macroagregado de albumina administrado impacta na circulação sistêmica e não na pulmonar, acompanhando o desvio de fluxo sangüíneo. A porcentagem de radiofármaco captado no pulmão em relação ao corpo inteiro serve como parâmetro quantitativo de avaliação e acompanhamento, inclusive após intervenções cirúrgicas.

     Permeabilidade da membrana alvéolo-capilar: Após ser inalado o DTPA atravessa a membrana alvéolo-capilar e cai na circulação sistêmica, sendo eliminado pelos rins. Imagens sequenciais de tórax permitem calcular a velocidade de clareamento do radiofármaco dos pulmões, determinada pela permeabilidade da membrana alvéolo-capilar. Esta permeabilidade se encontra aumentada principalmente em processos inflamatórios.
     
     

  • 3-Cintilografia pulmonar com Galio 67
  •  Radiofármaco: Gálio 67 (citrato de gálio)

     Não é necessário preparo. Imagens nas incidências anterior e posterior de tórax são adquiridas 48 horas após a administração endovenosa do radiofármaco. O gálio comporta-se como análogo ao ferro e após sua administração é transportado por proteínas séricas, principalmente transferrina. A captação observada em processos inflamatórios se deve ao aumento de aporte sanguíneo, alterações de permeabilidade vascular e extravasamento de proteínas ligadas ao gálio, assim como a presença de receptores de ferro e transferrina nestes sítios.

     Aplicações clínicas

     A cintilografia com gálio é um método não invasivo e com alta sensibilidade na detecção e acompanhamento de processos inflamatórios pulmonares.

     Pode ser empregada para diagnóstico, avaliação terapêutica ou confirmação de atividade inflamatória pulmonar (processos intersticiais, fibrose pulmonar, etc.). O método é especialmente importante para pacientes sintomáticos e sem alterações radiológicas ou para pacientes com alterações radiológicas que no entanto podem ser atribuídas apenas a seqüelas de doenças prévias.
     

    Sistema esquelético
     
     
  • 1-Cintilografia Óssea
  •  Radiofármaco: 99mTc-MDP (metileno difosfonado)

     Não é necessário preparo. A adequada hidratação do paciente facilita a excreção renal do radiofármaco. O fluxo sanguíneo e grau de hiperemia regional podem ser avaliados nas imagens adquiridas imediatamente após a administração endovenosa do rádiofármaco (fases de fluxo e equilíbrio). A captação óssea nas imagens adquiridas após 2 horas é proporcional à atividade osteometabólica, se devendo principalmente a adsorção do radiofármaco aos cristais de hidroxiapatita.

     A cintilografia pode detectar variações de até 5% no metabolismo ósseo, geralmente precedendo as alterações radiológicas, oferecendo alta sensibilidade e baixa dose de irradiação mesmo no rastreamento de todo esqueleto. O estudo tomográfico (SPECT) pode localizar melhor algumas lesões, em especial na coluna. Em alguns casos pode ser necessária a complementação com estudo radiológico localizado, que apesar de menos sensível tem maior especificidade.

     Aplicações clínicas

     Tumores: A sensibilidade da cintilografia óssea é superior a do RX de esqueleto no estadiamento e acompanhamento de pacientes com suspeita de metastáses ósseas (95% x 70%). É indicado nos tumores com alta prevalência de metastatização óssea (ex: carcinoma de próstata, mama ou pulmão), pacientes com metástases extra-ósseas ou alterações bioquímicas sugestivas. A cintilografia é também indicada no estadiamento a distância e avaliação de recidiva local de tumores ósseos primários (osteosarcoma, sarcoma de Ewing), assim como método auxiliar na caracterização de tumores ósseos benignos.

     Osteomielite: A alta positividade nas primeiras 48 horas do quadro contrasta com a demora de 10-14 dias para a manifestação radiológica. Isto torna a cintilografia óssea o método de eleição para investigação de osteomielite aguda, possibilitando o rápido diagnóstico e introdução de antibioticoterapia. As cintilografias com gálio-67, leucócitos marcados (ver abaixo) ou anticorpos policlonais podem ser empregadas de forma complementar na detecção de osteomielite superposta a outras patologias que causem aumento inespecífico da captação de MDP (ex: pós-operatório, osteomielite crônica).

     Traumas: A cintilografia com MDP diagnostica quadros com estudo radiológico negativo, como síndrome do stress tibial, fraturas de stress ou em locais de difícil diagnóstico como escafóide e arco costal. As complicações de fraturas (osteonecrose, distrofia simpática reflexa, pseudoartrose) ou soltura e infecção de próteses podem também ser avaliadas pela cintilografia.

     Doenças vasculares: O estudo de fluxo e metabolismo ósseo permite avaliar a viabilidade óssea em enxertos ósseos, osteonecrose ou doença de Legg-Perthes. A necrose de cabeça femoral é detectada com sensibilidade semelhante a ressonância magnética, antes das primeiras manifestações radiológicas ou tomográficas.

     Outras indicações da cintilografia incluem a avaliação de alterações difusas ou focais do esqueleto em doenças metabólicas (osteodistrofia renal, hiperparatiroidismo, osteoporose) e a identificação e localização de lesões poliostóticas em patologias não tumorais (doença de Paget, displasia fibrosa).
     
     
     Processos inflamatórios e tumorais
     
     

  • 1-Cintilografia com Gálio
  •  Radiofármaco: Gálio 67 (67Ga-citrato de gálio).

     As imagens são realizadas de 24 a 48 horas após a administração endovenosa do radiofármaco, nas incidências anterior e posterior do corpo inteiro. Quando há interesse na visualização de estruturas abdominais é recomendado o uso de laxantes prévio a realização das imagens.

     O gálio comporta-se como análogo ao ferro e após sua administração é transportado por proteínas séricas, principalmente ligado a transferrina. A hipercaptação observada em alguns tumores e processos inflamatórios se deve ao aumento de aporte sanguíneo, alterações de permeabilidade vascular e extravasamento de proteínas ligadas ao gálio, assim como a presença de receptores de ferro e transferrina nestes sítios.

     As principais indicações do método são a localização de processos inflamatórios ou tumorais e a avaliação de atividade inflamatória ou tumoral em órgãos sem alterações anatômicas ou com alterações sequelares. Outros marcadores inflamatórios e tumorais de introdução mais recente incluem os leucócitos, anticorpos policlonais e anticorpos monoclonais radiomarcados.

     Aplicações clínicas

     Processos tumorais

     Linfoma: A sensibilidade do método é maior para o linfoma de Hodgkin, linfoma não Hodgkin tipo histiocítico e linfoma de Burkitt; principalmente quando em topografia extra-abdominal. A cintilografia avalia a infiltração tumoral e não apenas a dimensão dos linfonodos, complementando o estadiamento inicial e controle pós rádio ou quimioterapia feito pelos demais métodos de imagem.

     Hepatocarcinoma: A dificuldade de diagnóstico diferencial entre o hepatocarcinoma e lesões pseudotumorais (áreas de regeneração e fibrose) em cirróticos justifica o emprego da cintilografia nestes pacientes, na qual se demonstra acentuada captação de Gálio em superposição à área de hipocaptação de enxofre coloidal no mapeamento hepático convencional.

     Outras indicações incluem o estadiamento de melanoma e a avaliação de acometimento ganglionar por carcinoma broncogênico. A sensibillidade descrita para outras linhagens tumorais é variável, sendo discutível a indicação do método.

     Processos inflamatórios

     Pulmonar: O método permite a detecção de atividade inflamatória em patologias pulmonares como tuberculose, blastomicose, pneumoconiose, cujo padrão radiológico pode não fazer a distinção entre processo ativo ou sequelar. O acometimento pulmonar por colagenoses, fibrose pulmonar idiopática, pneumonite química (ex: amiodarona), pneumocistose e outros processos intersticiais, por vezes de pequena repercussão anatômica, são diagnosticados precocemente. Estudos sequenciais podem ser utilizados no controle evolutivo ou avaliação de resposta terapêutica.

     Abdominal: Indicado em pacientes com suspeita de processo infeccioso abdominal porém sem dados localizatórios, assim como em pacientes impossibilitados de realizar ultrasom e tomografia computadorizada ou nos quais estes se mostraram negativos.

     Ósteo-articular: O estudo com Gálio é utilizado na investigação de processo infeccioso superposto a patologias que acarretam aumento do ritmo de remodelação óssea, nas quais a cintilografia óssea com MDP não é conclusiva.

     Outros: O método pode ser empregado na localização de foco em febre de origem indeterminada, detecção de abscessos, nefrite, etc.
     

  • 2-Imunocintilografia
  •  Radiofármaco: Anticorpos monoclonais marcados com tecnécio-99m ou índio-111.

     Não é necessário preparo. As imagens da área de interesse são adquiridas geralmente de 4 a 24 horas após a administração de anticorpos marcados, sendo estes anticorpos específicos para antígenos presentes na patologia a ser investigada.

     Aplicações clínicas

     Tumores: Os anticorpos monoclonais em uso clínico são dirigidos principalmente ao melanoma maligno (anti-P97), carcinoma de cólon (anti-CEA) e de ovário (anti-CA19-9). A principal indicação é a identificação de metástases e envolvimento ganglionar pelos referidos tumores, principalmente quando em localização extra-hepática ou após manipulação cirúrgica ou radioterápica.

     Processo inflamatório: Anticorpos monoclonais anti-granulócitos são empregados para marcação in vivo de leucócitos, além disto anticorpos policlonais marcados podem também ser utilizados na detecção de processo inflamatório.
     
     

  • 3-Cintilografia com Leucócitos marcados
  •  Radiofármaco: Leucócitos marcados com 99mTc-HMPAO (hexametilpropilenoaminoxima).

     Não é necessário preparo. Os leucócitos são separados de amostra de sangue do próprio paciente, marcados com composto lipofílico capaz de atravessar a membrana celular (99mTc-HMPAO) e reinfundidos no paciente. A captação do radiofármaco no foco inflamatório é decorrente dos mecanismos de quimiotaxia e diapedese dos neutrófilos.

     Aplicações clínicas

     A cintilografia com leucócitos marcados tem alta sensibilidade e especificidade na detecção de focos infecciosos. Uma de suas principais indicações é o diagnóstico de osteomielite associada a fraturas ou cirurgias, situação que reduz a especificidade de métodos radiológicos e da própria cintilografia óssea. Outros processos infecciosos sem boa delimitação anatômica ou superpostos a outras patologias também podem ser avaliados, incluindo abscessos abdominais, infecção de próteses vasculares, doença inflamatória crônica intestinal (colite auto-imune).
     

     
     
    top
     
    voltar
    Voltar
    Adiante
     
     
    Adicione ao seu Google esta caixa de procura em luizmeira.com
     Olá! | Sementes | Clínica Doméstica | Iridologia | Alergia | Transgênicos 
     
    Luiz Meira 
    medicina de família
    crm 41.521
    +19 9612 6029
    msn :) falecom@luizmeira.com
     
     Clique para ver sobre publicidade neste site