1. Nome, idade, profissão? Onde você
leciona ? Qual matéria? Há quanto tempo?
LUIZ MOTT, 54, antropólogo. Professor titular do Departamento de Antropologia
da Universidade Federal da Bahia desde 1979, vice chefe do departamento, recentemente
aprovado para o concurso de titular, nota 10, o posto mais alto da carreira
acadêmica.
2 Qual a sua formação acadêmica?
Bacharel e licenciado em C.Sociais pela USP
Mestre em Etnologia pela Sorbonne, Paris
Doutor em Antropologia, Unicamp
3. Você gosta de dar aula ? Ser professor
foi uma escolha, há muito planejada? Considera-se um bom profissional?
Sim? Não? Explique.
Gosto de falar em público e discutir idéias. Sigo o método
maiêutico de Sócrates (que era gay!) , fazendo com que os ouvintes
"deem à luz" suas idéias
4. Os professores gays têm o que comemorar no dia 15 de outubro,
dia do Professor? Sim? Não? Por quê?
Certamente 99% dos gays e lésbicas professores vivem presos dentro da
gaveta do enrustimento. Têm medo de se assumir, com medo de serem demitidos
ou terem sua carreira profissional prejudicada. 1% dos "assumidos/as"
raramente utiliza as salas de aula para falar a verdade sobre a homossexualidade,
embora todos os alunos e colegas saibam de usa orientacao sexual.
5. A sua opção homossexual é
de conhecimento da direção da escola? Dos alunos? Dos colegas
professores? Sim? Não? Por quê?
Sim, na qualidade de um dos gays mais públicos e midiáticos do
Brasil, desde que entrei na UFBa já vim assumido e um ano depois, em
l980, fundei Grupo Gay da Bahia
6. Como reage a direção da escola?
Os alunos? Os colegas professores? Os pais dos alunos?
Só uma vez chegou a meu conhecimento que um velho professor teria questionado
minha indicacao para ser chefe do depto. de antropologia, dizendo "E veado
pode ser chefe de departamento?" Se falam ou me criticam, tais maldades
não chegam a meu conhecimento.
7. Teve algum problema na escola, de ordem pessoal
ou profissional, por sua opção homossexual? Qual? Quais? Explique.
Quando do tal episódio do velho professor, denunciei ao chefe do departamento,
que investigou e o tal professor negou que tivesse dito.
8. Esta é a primeira escola em que leciona?
Trabalhou em outras? Quais? Como era encarada a sua opção homossexual?
Como aluno na USP e Sorbonne, era enrustido. Quando comecei a dar aulas na Unicamp,
idem, tanto que casei-me, tive duas filhas e depois de 5 anos de casamento,
divorciei-me assumindo meu caso com um jovem campineiro. Nunca ninguém
veio questionar tal decisão.
9 O que acha da idéia de envolvimento sexual
entre alunos e professores ? Já aconteceu algum caso assim consigo? Explique
melhor.
Nunca transei com alunos nem com colegas ou funcionários onde trabalhei.
Acho desaconselhável, pois certamente deve criar problemas para as duas
partes, embora não veja nenhum impedimento legal, pois sendo maiores
de idade, nada impede a proximidade amorosa ou sexual na intimidade.
10. A situação do professor gay tem
melhorado com o passar dos anos? Comente! Se tiver, cite exemplos!
Soube de professores gays que tiveram suas notas conferidas para ver se privilegiava
os rapazes! Há casos de professores homossexuais que foram perseguidos
no Rio Grande do Sul, na década de 80, pela Secrtaria Estadual de Educacao,
e entraaram na justiça. Há um professor em Natal que sofreu contrangimentos
por ter publicado um poema homoerótico numa revista nacional.