1. Por que os homossexuais são os mais discriminados
entre as minorias?
Luiz Mott - A homossexualidade era considerada um dos crimes mais graves, mais
hediondos, equiparado a matar o rei, até 1823, quando no Código
Penal Brasileiro deixou de constar a sodomia. A homossexualidade também
era tida como causa de castigos divinos: a Igreja difundia a idéia de
que Deus punia a humanidade com inundações, secas, etc. A própria
Aids seria um castigo divino por causa da homossexualidade. Segundo Freud, todos
nós temos um componente bissexual na nossa personalidade: 37% dos homens
do ocidente já tiveram ao menos dois orgasmos com pessoas do mesmo sexo
na idade adulta. A homossexualidade é forte no imaginário e na
cultura do ocidente. Ao mesmo tempo é vista como crime grave. Isso gera
uma homofobia internalizada, cria o ódio contra os homossexuais que tiveram
a coragem de sair da gaveta, enquanto aqueles que estão internalizados
ficam com ódio porque estão presos nesta gaveta. É um conflito
que provoca espinhas, prisão de ventre e outras neuroses.
2. Onde começa a discriminação
contra o homossexual?
Luiz Mott - Dentro de casa, o que é um dos problemas fundamentais. Quando
o pai descobre que o filho é gay ou lésbica, insulta, espanca,
expulsa de casa. Por outro lado, as outras crianças e adolescentes, negros,
judeus e deficientes físicos recebem dos pais todo o apoio para reforçar
a auto-estima e a identidade racial ou religiosa.
3. Quais são os tipos de violência
praticados com maior freqüência contra os homossexuais?
Luiz Mott - A violência começa pela própria omissão
da mídia, que não noticia eventos importantes sobre a homossexualidade.
A violência também é verbal, na rua, nas escolas e nos meios
de comunicação, que ainda se referem aos homossexuais com termos
pejorativos ou caricatos. Há discriminação em locais públicos.
Travestis são proibidos de entrar em shopping center. Eles não
podem servir o exército e, se descobertos, acabam expulsos. A igreja
não permite a entrada de homossexuais. Fisicamente, os homossexuais são
espancados pela polícia, porque na visão da polícia e da
Justiça o gay é sempre um suspeito, mesmo que seja a vítima
de algum ato ilícito. Mas a violência mais grave são os
assassinatos e nisso o Brasil é o campeão mundial: a cada dois
dias um gay, uma lésbica ou um travesti são mortos, vítimas
da homofobia.
4. O senhor sabe informar quantos homossexuais foram
assassinados este ano?
Luiz Mott - O Grupo Gay da Bahia, desde sua criação, vem coletando
notícias sobre assassinatos de homossexuais. Infelizmente, não
existe no Brasil uma estatística sobre o chamado "crime de ódio",
como acontece nos Estados Unidos e na Austrália. Temos de nos valer do
noticiário na imprensa ou até de informações orais
para este levantamento. Nos últimos vinte anos documentamos 1.830 assassinatos
de homossexuais. Este número talvez represente só a metade dos
casos, pois não cobre todos os estados e não temos acesso a todos
os jornais. Muitos homossexuais também têm sua opção
sexual omitida na imprensa, por orientação da família ou
por desconhecimento da polícia. Na década de 80 a média
era de um assassinato a cada semana; na década de 90, um a cada três
dias; e, em 1999, um a cada dois dias. No ano passado, 199 homossexuais foram
assassinatos, sobretudo gays, seguidos de travestis e por menor número
as lésbicas. Em 2000, até o novembro, foram 98 assassinatos.
5. Qual estado ou região onde se registra
mais violência?
Luiz Mott - Em todos os estados e regiões existem crimes homofóbicos.
São Paulo apresenta mais ocorrências por causa da própria
densidade populacional, vindo depois o Rio de Janeiro. Um detalhe é que
em terceiro lugar está Pernambuco, que não é o terceiro
estado mais
6. Onde começa a discriminação
contra o homossexual?
Luiz Mott - Dentro de casa, o que é um dos problemas fundamentais. Quando
o pai descobre que o filho é gay ou lésbica, insulta, espanca,
expulsa de casa. Por outro lado, as outras crianças e adolescentes, negros,
judeus e deficientes físicos recebem dos pais todo o apoio para reforçar
a auto-estima e a identidade racial ou religiosa.
7. Quais são os tipos de violência
praticados com maior freqüência contra os homossexuais?
Luiz Mott - A violência começa pela própria omissão
da mídia, que não noticia eventos importantes sobre a homossexualidade.
A violência também é verbal, na rua, nas escolas e nos meios
de comunicação, que ainda se referem aos homossexuais com termos
pejorativos ou caricatos. Há discriminação em locais públicos.
Travestis são proibidos de entrar em shopping center. Eles não
podem servir o exército e, se descobertos, acabam expulsos. A igreja
não permite a entrada de homossexuais. Fisicamente, os homossexuais são
espancados pela polícia, porque na visão da polícia e da
Justiça o gay é sempre um suspeito, mesmo que seja a vítima
de algum ato ilícito. Mas a violência mais grave são os
assassinatos e nisso o Brasil é o campeão mundial: a cada dois
dias um gay, uma lésbica ou um travesti são mortos, vítimas
da homofobia.
8. O senhor sabe informar quantos homossexuais foram
assassinados este ano?
Luiz Mott - O Grupo Gay da Bahia, desde sua criação, vem coletando
notícias sobre assassinatos dehomossexuais. Infelizmente, não
existe no Brasil uma estatística sobre o chamado "crime de ódio",
como acontece nos Estados Unidos e na Austrália. Temos de nos valer do
noticiário na imprensa ou até de informações orais
para este levantamento. Nos últimos vinte anos documentamos 1.830 assassinatos
de homossexuais. Este número talvez represente só a metade dos
casos, pois não cobre todos os estados e não temos acesso a todos
os jornais. Muitos homossexuais também têm sua opção
sexual omitida na imprensa, por orientação da família ou
por desconhecimento da polícia. Na década de 80 a média
era de um assassinato a cada semana; na década de 90, um a cada três
dias; e, em 1999, um a cada dois dias. No ano passado, 199 homossexuais foram
assassinatos, sobretudo gays, seguidos de travestis e por menor número
as lésbicas. Em 2000, até o novembro, foram 98 assassinatos.
9. Qual estado ou região onde se registra
mais violência?
Luiz Mott - Em todos os estados e regiões existem crimes homofóbicos.
São Paulo apresenta mais ocorrências por causa da própria
densidade populacional, vindo depois o Rio de Janeiro. Um detalhe é que
em terceiro lugar está Pernambuco, que não é o terceiro
estado mais populoso, mas onde ocorreu o maior número de assassinatos
nos últimos três anos. Isso mostra que ali existe uma forte discriminação
contra os homossexuais.
10.Quais medidas são necessárias para
acabar com esta violência?
Luiz Mott - Primeiramente, severidade por parte da polícia e da Justiça
em averiguar, julgar e punir exemplarmente esses crimes. Em segundo lugar, a
educação sexual obrigatória em todos os níveis escolares,
ensinando os jovens a respeitar a livre orientação sexual dos
indivíduos e a ver os homossexuais como cidadãos. A terceira medida
é conscientizar a própria comunidade homossexual para que denuncie
todas as violações dos seus direitos e grite. O grito é
a arma dos oprimidos. Essas propostas foram apresentadas ao Ministério
da Justiça.