Nas colheres
São as pessoas assemelhadas
Às colheres que tenho no faqueiro;
Umas são brilhantes. Prateadas!
Outras de plástico. Do barateiro.
Quando olho para elas, que vejo,
O côncavo interior desfalcado,
Lembro-me de mim, e nelas revejo,
O meu interior todo alterado.
Porém, miro então o outro lado,
E atento, então, o côncavo exterior.
Tudo normal! No sítio bem colocado,
Faz lembrar um mundo de esplendor!
No entanto, o mais importante,
E nem por muitos lembrado,
É que o côncavo mais perturbante,
É, dos dois, o mais bem desenhado.
Pois tão bem suporta no seu pedaço
Os mais gélidos cubos de gelo,
Como amontoa em tão pouco espaço
Um aninhado infinito de quente pelo.