A OPINIÃO QUE FAZ A DIFERENÇA
   

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PAULA TOOTHS

Viver, viver

                       Para poder crescer


LONDRES (ING) -
É horrível crescer! Será mesmo? Ou será que você não cresceu ainda?

Perdemos o encanto pela própria vida e encontramos uma longa Estrada de responsabilidades.

Não temos tempo para nos fascinar com histórias alheias. O tempo passa tão depressa que não é mais suficiente para todas as tarefas.

Falta tempo para brincar. Sobra tempo para nada. Tempo!!! É isso que deixamos de ter. Menos tempo de vida. Menos tempo para realizarmos nossos desejos. Menos tempo para as pessoas que amamos. Talvez por isso que gastamos os melhores anos das nossas vidas correndo como loucos atrás de fortunas para "comprarmos" o tempo ali na frente. Não ganhamos. Nesse caso, perdemos os melhores anos de nossas vidas!

O pouco tempo que nos sobra, geralmente argumentamos, brigamos, provocamos guerras desnessárias. Não temos tempo para pensar em que estamos perdendo mesmo. Mais tempo!

Tinhamos tempo para arquitetar respostas fantásticas para problemas inexistentes. Agora que precisamos das soluções, não temos tempo, maldito tempo, para formulá-las. E então, dependemos delas para sobreviver.

Não temos tempo para contar mentiras mirabolantes para o diretor da escola, nem para nosso chefe.

A pressão do tempo também nos rouba o sorriso do rosto. Mas o tempo é cruel e não poupa esse mesmo rosto doce das estampas adquiridas com as horas dos relógios que não param. O espelho não para de contra que o tempo e ousado e tenta ser mais veloz que nós. Se espertos, corremos para uma clínica e tentamos parar o processo. Ganhar um anos nos olhos, outros nos lábios, alguns no silicone e de tempo em tempo, reparamos o abdomem.

Ganhamos receio do futuro. Receio? Antes, queríamos o futuro. Contavamos as horas para o próximo verão.

Se eu fosse criança uma vez mais, apenas seria criança. Nem mais e nem menos. Seria menos medrosa. Brincaria mais. Sonharia mais. Deixaria os problemas por conta dos adultos. Viveria mais e me preocuparia menos. Seria feliz. Deixaria a maquiagem e o salto alto para a minha mãe. Pensaria mais antes de magoar. Afinal de contas, eu tinha tempo até para pensar antes de falar. Definitivamente, eu teria sido apenas criança!

Crescer não tem o mesmo sabor!!! Café deixa de ter cheiro do campo fresco. Não temos tempo de tricotar com a vovó ou de costurar com a tia um topinho para usar no bailinho sábado a noite. Bailinho? Sábado a noite? Amigos? Raridade. Não temos tempo. O coração não over palpita quando vê aquele gatíssimo da academia. Academia? Precisamos trocar duas horas de sono por um corpinho perfeito.

Muitos problemas, poucas respostas. Erramos porque não conhecemos o caminho para encontramos nossos objetivos e já não temos ninguém mais para culpar, a não ser a nós mesmos. Crescer não tem graça. É assim que escutamos a vida inteira.

Tudo bem que a vida deveria ser um obrigatório conto de fadas, mas eu não estou falando com crianças e todos sabemos que crescer…. Arghhhhhh. Só a palavra provoca arrepios. Então, bleblebrrrrrrruuuuu! Voltem a fita!

Crescer é um tesão! (Mas a falta de tempo é tanta, que eu já tinha até esquecido o que tesão significa. Epa, não sei nem se esta palavra continua em uso. Nunca mais escutei.)

Crescer é bom para lá da China. Podemos ir para a China sem os nossos pais. E podemos ir para uma mega balada que começa a meia noite ou comprar as quinquilharias que quizermos.

Não precisamos ficar bonzinhos o ano todo para ganhar um presentão no Natal. Podemos comprá-los e ainda assim, continuamos bonzinhos. Crescer é engraçado. Descobrimos diferentes valores e sabores nas coisas e nas pessoas.

Se você não quiser arrumar o seu quarto ou a sua casa, não terá ninguém para reclamar. Ficamos mais solitários, mas é bacana também ter a própria compania. Descobrimos as nossas virtudes. Não temos como correr de nossas covardias. No começo, você sente os espinhos, mas logo encontra as rosas. Nos descobrimos. Nos entendemos. Reencontramos valores. Reencontramos sonhos. Planejamos lutar por eles.

Podemos ter uma tv bem grande e mudar de canal sem perguntar se alguém está assistindo.

Não tem de fazer lição de casa e nem limpar lancheira, mas de quase em sempre tem trabalho de montanha para terminar em casa e cozinha para organizar.

Não precisamos tirar as notas máximas na escola. E se frequentarmos um curso, podemos ter uma nota apenas aceitavel, média. Não precisamos da assinatura dos nossos pais no boletim. Mas temos de pagar pelo curso.

Os banhos podem ser longos. Podemos derreter em uma banheira quentinha com incenso fédido e escutar música de gente maluca. Quem vai reclamar, se todos os seus vizinhos fazem o mesmo? Mas somos nós os responsáveis pelas contas quilométricas no final do mês.

O coração não tem mais tempo para se empolgar. O fôlego fica gasto. A memória está tão ocupada que não tem mais espaço suficiente para armazenar nem bons momentos. Faremos novos. Qual o problema em reciclar? Melhor remédio para esquecermos o que não mais faz parte de nossas vidas.

Crescemos é descobrimos que os adultos dão mais valor às coisas materiais porque não temos tempo de sentirmos emoções, enquanto as coisas materiais estão postas aos olhos. E quem é que não gosta de um par de sapatos, uma bolsa de crocodilo, dirigir um carro superpotente com cheirinho de novo ou voar de primeira classe para uma ilha deserta afrodisíaca?

Crescemos é nos tornamos crianças malvadas, com direito a sexo, bons vinhos, dirigir e não dar satisfação ou explicação para o mundo. Alguém se atreve a dizer que tudo isso não é uma delícia?

Aprendemos que veneno mata sentimento e ainda assim, envenenamos. Machucamos para ganhar espaço e satisfazermos nosso próprio ego. Egoísmo é prazeroso também. Pelo menos nunca escutei reclamações de quem não precisa dividir o guarda-roupa ou o banheiro, mas já escutei milhares de quem precisa.

Competimos com nossos próprios limites físicos e mentais, mas não paramos jamais. É uma eterna corrida contra o tempo que já não temos mais. Não podemos rebobinar a fita na vida real, mas podemos aproveitar cada segundo dessa Linda jornada. Torná-la diferente e fantástica a cada dia. Quem é que garante que reencarnaremos, que teremos uma outra vida, uma outra chance, uma outra oportunidade? A vida é agora e essa é a nossa chance. É a oportunidade única de aproveitarmos esse instante, esse dia, esse ano. Amanhã, já será mês que vem e no mês que vem, ano que vem. É maluca a relação da vida e do tempo. Mas já não temos mais a vida inteira para realizarmos tudo o que queremos. E ainda que tivessemos, não teríamos tempo suficiente. Queremos demais e temos tempo de menos. Deveríamos filtrar mais os nossos desejos para conseguirmos administrar melhor o pouco tempo que nos resta. Concentrariamos energia em menos coisas, o que facilitaria o aparecimento das soluções.

Desaprendemos a mentir e viramos mais políticos. No começo, parece ruim. Impacta. Depois, mudamos o foco dos binócolus, deixamos a maturidade mais próxima e automaticamente descobrimos tantas vantagens.

Podemos fazer o que quisermos. O problema está nas conseqüências. Mas com cautela, tudo na vida pode ser possível e pode ter seu encanto.

Desde dormir na casa do namorado/a sem ter de dar explicações. Ir para uma festa sem ter hora para voltar e não voltar se preferir. Não corremos o risco de ter de devolver o molho de chaves de casa para os pais. Até viajar e desaparecer por uma semana. Ou hibernar dentro de casa com telefone e computador desligados um final de semana inteirinho.

Mas será mesmo que sabemos o que estamos fazendo? Sabemos como e onde queremos chegar? Será que aprendemos em tempo as medidas e os limites da vida?

Eu não sei se sei, ou se estou no caminho certo, mas amo esta brincadeira de crescer. Ser dona do próprio nariz não tem preço. Ser criança, foi, passou, e história. Não volta.

Se prepare para amanhã. É misterio. Você não tem tanto controle como pensa ter. Neste caso, preocupações só trarão mais marcas em sua pele que luta para enganar os olhos do mundo com a aparência de dez anos mais jovem.

Viva! Viva e viva o dia de hoje. Ontem já foi e amanhã ainda virá. Concentre-se no hoje. A vida é uma grande oportunidade e este momento que quase já foi, não voltará. Aproveite, o máximo que puder!

Não tenha preguiça de viver! Não tenha preguiça de ser feliz!

Um Natal sensacional e um ano novo com um "novo você", de momentos muito bem vividos, com muita história para contar.


Um abraço do tamanho do meu coração,

Paula Tooths Guedes

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Paula Tooths, é jornalista especializada em produção de cinema e TV em Londres
    


SEGUNDA
 22/12/2008

Paula Tooths é
jornalista
especializada
em produção de
cinema e TV em
Londres
















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