A OPINIÃO QUE FAZ A DIFERENÇA
   

São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

Tooor!!!


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Willkommen, Klinsi !!!

FRANKFURT/SÃO PAULO -
Ottmar Hitzfeld, técnico de renome na Europa, está com os dias contados como o grande comandante do Bayern München, da Alemanha. É bem verdade que ele não foi demitido, entretanto, comunicou sua saída, pouco antes do período de festas, à diretoria do clube. O motivo? Hitzfeld assumirá a Seleção da Suíça, país onde se lançou ao mundo, após o encerramento da Eurocopa, em julho deste ano.

Para o lugar do lendário treinador alemão, foi contratado um novato que mostrou ter estrela e competência: Jürgen Klinsmann ou Klinsi, como é tratado pelos patrícios de Goethe.

Klinsmann definitivamente não é um desconhecido na Baviera. Ele atuou pelo Bayern entre 1995 e 1997, período em que se notabilizou como artilheiro, participando das conquistas da Copa da UEFA, em 1996 e da Bundesliga, em 1997.

E foi durante esses dois anos em München que Klinsi teve a oportunidade de calar um de seus desafetos: o então capitão Lothar Matthäus. Há quem fale na existência de uma aposta feita pelo capitão com o zagueiro da equipe, Thomas Helmer, na qual a dúvida de um bom desempenho do atacante recém-contratado era o grande foco.

Matthäus, segundo contam, duvidava que Klinsi fosse capaz de fazer mais do que 15 gols no decorrer da temporada. A perda da aposta e a descoberta dela, sempre de acordo com as especulações, resultou na perda da braçadeira de capitão e numa dura punição a Matthäus.

Essa versão, no entanto, não é a verdadeira. O que aconteceu de fato foi que Matthäus agia como um verdadeiro informante passando muitas das informações internas e de bastidores do clube à imprensa, em especial para o jornal popular BILD.

A perda da faixa de capitão em 1996 - que passou a ser de responsabilidade da muralha humana Oliver Kahn - e a punição são verdade. Nessa mesma época, Thomas Helmer, Matthias Sammer e Klinsmann se reuniram com o técnico da seleção, Berti Vogts, para pedir o afastamento de Matthäus do time.

Como jogador, Klinsi não era daqueles centroavantes das antigas, que recebia a bola na área e decidia por absoluto. Era um jogador cerebral, alguém que sabia fazer gols, mas, quando necessário, bancava o garçom, deixando o colega de ataque na cara do gol. Já como treinador, Klinsmann é considerado um grande motivador. E motivação foi justamente o que faltou para o Bayern München em 2007.

Não se pode deixar de lembrar do belo trabalho realizado pela dupla Joackim Löw e Jürgen Klinsmann na última Copa do Mundo, disputada na Alemanha. A Seleção alemã não era formada apenas por estrelas, algo que chamasse a atenção ou alimentasse algum tipo de esperança. Ao contrário, antes da Copa a imprensa da Alemanha esperava pelo pior, não havia o mínimo de confiança!

Foi o Mundial ter início e a situação mudou totalmente. O torcedor foi ao estádio, entrou no clima festivo da Copa, coloriu a Alemanha em preto, vermelho e amarelo e se emocionou, vibrou, torceu como nunca!

O time, por sua vez, correspondeu à altura! Jogou com raça, determinação, garra. Brigava pela bola como um faminto por um prato de comida.

A eliminação na Semifinal, diante da eterna rival Itália, com dois gols no último período da prorrogação, foi lamentada por todos, mas reverenciada, aplaudida de pé pelo povo alemão que reconheceu a luta e o empenho dos atletas.

Depois do terceiro lugar na Copa de 2006, Jürgen Klinsmann ficou um tempo afastado, foi morar nos Estados Unidos, mas retornou à Alemanha pouco tempo depois.

Em 2007, com a demissão de Steve McClaren da Seleção inglesa, Klinsi foi um dos mais cotados a assumir o posto, fruto do belo trabalho realizado à frente da Seleção da Alemanha de 2004 a 2006. Mas ele não aceitou a proposta. Preferiu dar um tempo. Tempo que o Bayern München tratou de aproveitar para contratá-lo como o substituto de Ottmar Hitzfeld, seu treinador de 1995 a 1997, quando vestiu a camisa vermelha e branca.

A chegada de Klinsmann ao Bayern é, por assim dizer, a quebra de um tabu. Lembro que antes da Copa de 2006, Franz Beckenbauer, o Pelé alemão, fez duras críticas ao novo treinador. Depois do Mundial, a opinião do Kaiser - campeão como técnico na Copa de 1990, na Itália - já era outra. Foi um dos muitos a aplaudir Jürgen Klinsmann, um de seus comandados em 90, hoje funcionário, tendo em vista que Beckenbauer é o presidente do Bayern.

O desafio de Klinsi, a partir de agora, é o de pôr a casa em ordem, eliminar as vaidades, cobrar empenho e dar vida a um time, que é imbatível no papel, mas se mostra falível em campo. Respaldo para a realização do trabalho não faltará. Que ele tenha sorte e consiga atender aos anseios e esperanças, tanto da direção como dos torcedores do Bayern.

Willkommen, Klinsi !!!

stefan.kuper@online.de



Colaboração: Júnia Turra e Persio Presotto colunistas do MPR

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Stefan Kuper, é jornalista alemão, PhD em Filosofia, Línguas e Literatura Antiga e colunista deste Mandando Pra Rede
    



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