O ser que pensa...   (2005/6)

 

    A mente é essencialmente uma geradora de conceitos, ela sente o UNIVERSO REAL, e constroe para si mesma seu próprio UNIVERSO MENTAL, feito de conceitos abstratos e relativos, a mente faz uma leitura daquilo que sente, e o torna real pra si mesma.

    Sentir, quase que sentimos da mesma forma, mas os filtros por onde esse sentir passa, são diferentes para cada mente, são filtros construídos com as regras morais adquiridas ou formuladas, baseadas nos conceitos também adquiridos ou construídos.

    Mas, o que é a mente que pensa, sente e pensa sobre o que sente?

    Há uma separação clara, instintiva, entre a mente e o corpo. A mente está contida no corpo, mais especificamente em um órgão chamado cérebro, que parece ser uma interface de contato entre a mente e um mundo material.

    A grande "pegada" de Réne Descartes, (...a única certeza que tenho, é que eu penso, logo eu existo...). Sim, essa parece ser uma verdade incontestável, eu penso, não interessa sobre o que eu penso, pois o objeto do meu pensar pode ser uma ilusão, mas eu penso, eu sou algo que pensa, eu sou uma mente.

    Uma mente cercada de ilusões? Eu penso sobre essas ilusões, formulo meu mundo à partir dessas ilusões, que geram conceitos em mim, sou um saco de conceitos, e assim construo o meu mundo.

    Onde estou quando penso? Tenho a noção de espaço, de estar situado em mim mesmo, perante o mundo. Minha mente/eu, está contida em um limite espacial, não é como se eu estivesse no mundo todo, todavia posso me imaginar em qualquer lugar do mundo, mas esse imaginar ainda reside dentro de mim, e o mundo que eu imagino é meu, só posso caminhar por entre ele, nas coisas dele.

    E tenho também a noção de outras mentes, posso ver a forma dos corpos que as abrigam, e pelas expressões que essas mentes geram nesses corpos, posso ver partes delas.

    Voltemos à mim, enquanto mente.  Pareço estar em um casulo, os sentidos, portas de entrada de sentires, me trazem informações sobre o que me cerca, mas nunca posso ter certeza de que aquilo que me cerca é real ou ilusão, sei que há algo real à minha volta, mas minha forma de ver esse real será sempre uma ilusão própria, ou a forma que eu decodifico a realidade.

    Eu mesmo seria uma espécie de ilusão? A forma como me vejo, seria real? Penso em mim, como a forma que vejo em um espelho, mas, esse não sou eu de fato, o ser que pensa está imerso em algum lugar, o corpo é uma ilusão que caminha por entre ilusões.

    Então o que seria o ‘’eu-mente’’ ? Já que seria essa a minha única certeza, o pensar, o ser; entretanto, onde estou ?

    Será que sou um sistema que faz parte de um outro maior? Se eu penso, sou dinâmico, um sistema portanto, sistema dentro de sistema, os sentidos recebem cores vindas desse sistema maior, ele parece criar um mundo à partir dele mesmo, onde nós interagimos segundo certas regras básicas . E assim ficamos ‘’presos’’ à esse mundo ilusório criado à partir de um suporte real.

    A finalidade .

    Principalmente gerar cores.   Isso mesmo, a geração de cores para os eus-mentes, isso significa ter-se sobre o que pensar, isso é pura dinâmica do pensar, pensar sobre as ilusões, criar mundos internos, dividir-se, fragmentar-se para depois descobrir-se de novo.

    Uma dinâmica interminável de sentir e pensar sobre o que se sentiu, criar sobre esses sentires, causando sentidos e

sentimentos, gerar mundos internos e cada um de nós tem assim um universo próprio, um UNIVERSO MENTAL que interage com os outros.

    No Universo Real, os elementos que o compõem, são eternos, indestrutíveis, embora altamente mutáveis em forma e ação.

    Esses elementos também formam o sistema da mente consciente, isso significaria ter-se uma mente modificável também, e que parece surgir,(o sistema e a organização da mente) vazia de informações sobre si mesma e do ambiente à sua volta.  Então sua ‘’missão’’ à partir desse momento parece ser:  sentir, coletar informações/cores , e tentar entender tudo o que seus sentidos podem captar, e por esse meio compreender a si mesmo, ou talvez apenas jogar com as ilusões decodificadas, jogar com os conceitos gerados, regras internas .

    Isso faz-me pensar que tudo pode ser um imenso JOGO de ilusões, o tabuleiro é REAL mas o jogo em si é uma ilusão, as regras são também ilusões, exceto as regras do tabuleiro, e cada mente forma um jogo diferente.

 ...      (não terminado)

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