Que destino, ou maldição, Manda
em nós, meu coração? Um do outro assim perdido. Somos dois gritos
calados, Dois fados desencontrados, Dois amantes
desunidos.
Por ti sofro e vou morrendo, Não te encontro, nem
te entendo, A mim o digo sem razão: Coração... quando te
cansas Das nossas mortas esperanças, Quando páras,
coração?
Nesta luta, esta agonia, Canto e choro de
alegria, Sou feliz e desgraçada. Que sina a tua, meu
peito, Que nunca estás satisfeito, Que dás tudo... e não tens
nada.
Na gelada solidão, Que tu me dás, coração, Não é
vida nem é morte: É lucidez, desatino, De ler no próprio destino sem poder
mudar-lhe a sorte...
|
|