EXISTE AMOR ETERNO?
Por: jaime nunes mendes


Em um dos seus sonetos, o poeta Vinicius de Moraes, referindo-se ao amor entre um homem e uma mulher, escreveu:
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
É isso. Na esfera humana o amor não pode ser imortal, já que é chama, ou seja, apaga-se com o tempo. Deve ser infinito apenas enquanto durar. Sim, é verdade. Na lógica restritamente carnal, o amor é como uma fagulha que o vento espalha, como um centelha que se esvai com o mais fraco vento. Ama-se tanto e quanto for conveniente. É o amor do tipo pasta de dente: ama-se (ou usa-se) enquanto houver conteúdo. Entenda-se por conteúdo tudo aquilo que se evapora: dinheiro, beleza, inteligência, posição social, sexo etc. Portanto, é o amor (desculpem-me pela comparação) do tipo contonete: usa-se e joga fora.
Pessimismo? Frustração?
Podem ser ambas as cousas. No entanto... Vá lá. Deixemos de lado as escusas.
Eu acredito no amor eterno. E falo do amor entre duas pessoas. Dirá alguém: “E a morte? Não faz cessar o amor?” Ou como indagou o saduceu a Jesus: “Ora, houve entre nós sete irmãos; e o primeiro, tendo casado, morreu e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão. Da mesma sorte o segundo, e o terceiro, até ao sétimo; por fim, depois de todos, morreu também a mulher. Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, visto que todos a possuíram?” (Mt. 22:25-28). Parafraseando o indagador: “Portanto, na ressurreição, qual dos sete ela vai amar mais?”
Bem... (Vejam só onde fui me meter?). Vejamos...
Eu acredito em amor eterno. E no mistério eterno. Deixo, pois, para os teólogos o concreto, o que é suscetível de explicação. Aqui fico na minha abstração. E até lá...




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