HEBRAICO: A LÍNGUA DE UM POVO
Por: jaime nunes mendes

De todas as línguas existente hoje, o hebraico foi a única a ter uma particularidade lingüistica deveras singular. É sabido que as línguas, primeiro são utilizadas na linguagem oral, sendo necessário um longo período para se transformarem em veículos de comunicação escrita. Com o hebraico ocorreu exatamente o oposto: tendo existido por vários séculos como língua escrita, utilizada apenas em linguagem litúrgica, ressurgiu, tornando-se língua oficial de Estado.

Essa particularidade do hebraico pode ser explicada pela singularidade do povo que a fala. Embora tenha permanecido um longo tempo restrita ao âmbito religioso e familiar, é errôneo supor que foi uma língua morta. Na consciência de seu povo, ela permaneceu intacta,  imbuída e norteada pelo sagrado. Era fenômeno raro a existência de um judeu que não falasse o hebraico. Ademais, mesmo no período em que se manteve como língua da Torá, o hebraico, mediante influentes judeus, conseguiu a proeza de introduzir em línguas estrangeiras, vernáculos próprios do judaísmo. E, o que mais impressiona, é o fato de ter havido uma enorme quantidade de livros escritos nesse idioma, sendo algo bastante comum a cópia e a edição desses livros, os quais circulavam largamente em várias partes do mundo. Desse modo, a unidade intelectual do povo judeu, manteve-se em todas as partes onde eles viviam.

“Haveremos de falar hebraico”? Indagou Theodor Herzl, ao questionar sobre qual idioma deveria ser falado no novo Estado Judeu: “Quem, entre nós, sabe hebraico suficiente para pedir um bilhete de trem”? ... “O idioma que vier a ser o mais útil na vida quotidiana será imposto, sem violência, como idioma principal. A comunidade do nosso povo é, por certo, muito singular”.

Pois bem. Herzl duvidou que o Hebraico poderia tornar-se língua de Estado. Na verdade, muitos judeus assimilados, que haviam esquecido totalmente suas origens, ignoravam o idioma de seus pais. O Próprio Herzl, na mesma obra, referindo-se à Língua Hebraica, chamou-a de
“dos miseráveis e tortuosos jargões, idiomas do gueto, dos quais nos servimos atualmente”.

Porém, mesmo antopática ao "pai do sionismo", o Hebraico o ressurgiu, triunfou sobre a lógica, superou o desenvolvimento normal das línguas. Hoje, é idioma de Estado, língua de um povo que não esquece o seu passado.




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