RELIGIÃO, SEITA E HERESIA
Por: jaime nunes mendes

Segundo a Nova Enciclopédia Internacional de Webster, religião é a crença e culto praticados por um grupo social, no qual uma força sobrenatural é objeto de reverência e devoção, tendo em comum as seguintes características: o reconhecimento de uma força sobrenatural, a mediação sacerdotal, o uso do ritual para estabelecer uma relação com o sagrado, e um senso comunitário. De um modo geral, os dicionaristas definem a religião como um conjunto de práticas e princípios que governam as relações entre o homem e a divindade. Portanto, do ponto de vista meramente lingüístico, pode-se afirmar que os evangélicos fazem parte de uma religião, ou seja, a religião cristã.
Em relação à palavra seita, o dicionário Lello Universal afirma que é a reunião de pessoas que professam a mesma doutrina, mas que é diversa da geralmente seguida. Etimologicamente,  a palavra seita vem do latim “secta” que significa “linha de conduta, princípios, maneiras de viver, escolha filosófica” etc. Diz-se, especificamente em teologia, daqueles que se separaram de um comunhão principal. Foi por isso que os judeus tachavam o cristianismo de seita, uma vez que os cristãos desligaram-se do judaísmo, que era a religião “principal” da época: “Mas confesso-te isto: que, conforme aquele caminho que chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas” (At. 24:14).
A palavra heresia é de origem grega “haíresis” que quer dizer ato de tomar, escolha, gosto particular etc. No latim “haeresis” significa opinião, sistema, doutrina. Nos dicionários, heresia a é definida como uma doutrina contrária aos dogmas de uma igreja ou religião. Teologicamente, indica um erro voluntário e persistente, oposto a uma doutrina biblicamente estabelecida.
Convém lembrar que a existência da Inquisição esteve diretamente relacionada à figura do herege e da heresia. Todos os esforços empreendidos pela Igreja Católica mediante o Tribunal Inquisitorial, não tinha outro objetivo senão o aniquilamento da heresia e a eliminação do herege. Mas, quem a Igreja considerava um herege? Veja a definição do Manual dos Inquisidores: “Conclui-se que herege é quem se apega intransigentemente ao erro, pertinácia essa cuja expressão é a recusa de abjurar” ( Eymerich, Nicolau. Manual dos Inquisidores. Tradução: Maria José da Silva. Editora Rosa dos Tempos, 1993).   O “erro”, segundo os inquisidores, pode ser sintetizado num único ponto: discordância ou contestação das “verdades” estabelecidas pela Igreja. Assim, os excomungados, os opositores do catolicismo, os que cometem “erros” na interpretação dos livros canônicos, os que têm opiniões divergentes às da Igreja, os que não aceitam suas doutrinas e sacramentos são igualmente hereges, estando portanto sujeitos às penas estabelecidas pela Inquisição, dentre as quais, a fogueira.
Para finalizar, observe agora o que disse o apóstolo Paulo acerca das heresias: “E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós” (I Co. 11:19).



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