A VERDADEIRA FINALIDADE DO DÍZIMO
Por: jaime nunes mendes

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes” (Ml. 3:10).
Em nossos dias poucas passagens bíblicas são tão divulgadas quanto esta. Em algumas denominações, o “trazei o dízimo” é mais e enfatizado do que, por exemplo, o “vinde a mim”. O motivo parece óbvio, afinal é com os dízimos suados dos irmãos que muitos ostentam seu luxo e mantêm sua boa vida.
Não estou discutindo a autenticidade bíblica do dízimo. Esta é mais do que óbvia. O que questiono é a forma como muitos o pedem, e o modo como o empregam. O dízimo é para o mantimento na casa do Senhor, e não para o sustento de quem não quer “pegar no pesado”.
“Mas não obrigamos ninguém dar o dízimo!”, dizem eles. Mas, será que não obrigam mesmo?
Bem. Se para ter meus problemas financeiros resolvidos, se para ter um bom emprego, se para ter prosperidade financeira, eu devo dar o dízimo, então, neste caso, há uma obrigatoriedade disfarçada em forma de chantagem. O dízimo, volto a escrever, é para manutenção da casa de Deus. Esse deve ser o objetivo único do dízimo; as bênçãos advindas dele são apenas conseqüências. Portanto, o dízimo não é uma espécie de investimento, em que o montante dos juros são resultados da soma total desse investimento: quanto mais eu “invisto”, mais próspero eu me torno. A Bíblia apenas relata a ação de uma pobre viúva, que deitou algumas moedas na arca do tesouro; não nos é dito que por esse ato ela tenha ficado rica. Quando Abraão deu dízimo de tudo, ele já era um homem próspero. Não consta que foi esse ato que o tornou assim.
Hoje, chega a ser vergonhoso (para não usar outras palavras) a insistência de alguns pregadores pela questão do dízimo. É claro, não obrigam, literalmente, ninguém a dar o dízimo; não ameaçam com bombas a quem não entregar o envelopinho; não põem um revólver na cabeça de alguém e diz: “Dá ou desce!” Contudo, a arma que usam é pior ainda, porque atinge a emoção da pessoa, mexe com os sentimentos dela. Ninguém que, freqüentando habitualmente uma determinada igreja, e, ouvindo constantemente sobre os “benefícios” do dízimo, há de permanecer inerte aos exaltados apelos de tais pregadores. A consciência dessa pessoa o oprimirá de tal forma que todas as suas mazelas financeiras serão atribuídas à sua recusa em dar o dízimo. Daí ouvir-se freqüentes relatos de pessoas que tiraram do “leite da criança”, para “dar ao pregador”. Não é átoa que a questão financeira é a principal causa de escândalos entre os evangélicos. O maior argumento de um ímpio, hoje, para não se converter ao Evangelho, fundamenta-se na questão do dinheiro. Não digo que sejam válidos estes argumentos; porém, são verídicos.
Não tenho provas, nem bíblica nem humana, para refutar a instituição do dízimo. O governo não libera verbas para nenhuma religião. O dízimo, portanto, faz-se extremamente necessário. Porém, não deve ser "imposto".


...VOLTAR