POLÍTICA &
PROFISSÃO

A política é como uma paixão. Uma vez fisgado pelo cupido da política você se apaixona ardentemente pela profissão. Mas é necessário tomar alguns cuidados para não se contaminar com a AIDS da política.

A política tem uma correlação muito forte com o poder. Há que se separar o poder da política para se compreender o que existe de tão belo na arte de fazer política. Geralmente, quando alguém chega ao poder passar da posição de político a posição de politiqueiro. Isso acontece porque o vírus do poder começa a contaminar o político e a doença, se não for contida tem três estágios até que se transforme no tenebroso e mortal vírus do "HIV político". A primeira etapa da enfermidade é o prazer pelo poder; na segunda etapa da doença o político começar a mentir para alcançar seus objetivos; já na terceira fase da doença o político já perde a sensibilidade pelo social e passa a sentir prazer em fazer obras demagógicas. Deste último estágio para aquisição do vírus fatal basta corromper-se, daí então, como dizem por aí "o indivíduo se enterrou no mar de lamas de uma vez por todas", e não há mais cura para ele, só um milagre o poderá salvá-lo.

Há registo na história mundial sobre políticos que conseguiram manter-se longe dos vírus maléficos. Alguns destes chegaram, em um dado momento de suas vidas, a pegar algumas viroses gripais, como; egocentrismo, autoritarismo, absolutismo, arrogância e demagogia, mas conseguiram se recuperar. Portanto, é perfeita mente possível se fazer política sem se contaminar, para isso é necessário que o político possa olhar no espelho e se ver como um profissional ético e com caráter, sem encobrir-se com mascaras pessoais.

A busca pelo profissionalismo é sempre um importante passo para um homem de vida pública que deseje ser político. Todos os que buscam a política como meio de satisfazer aos seus interesses se perdem no caminho, pois já se iniciam na profissão sem um caráter básico para qualquer profissão: "Desejar dar o melhor de si na área que escolheu para ser um profissional". Por aí tudo já ficou comprometido. Se for assim é melhor nem entrar, pois eles já não são nem candidatos a corruptos, eles já entram na política pelas portas da corrupção pessoal e isto será o seu fim.

A história mundial é rica em gafes e erros políticos que, promovidas por pragas de vírus, levaram estes homens públicos a morte profissional pública. Na galeria dos que se deixaram se contaminar pelo vírus, registra-se até um presidente muito conhecido, Richard Nixon, que mentiu para o congresso de seu país e teve caçado o seu mandato, caiu no esquecimento, depois morreu pobre e abandonado pela sociedade de seu país.

Já na galeria dos que se recuperaram e saíram vitoriosos na luta contra o vírus registra-se um presidente, anos antes ao caso narrado, John F. Kennedy, do mesmo país. Kennedy foi pivô de um escândalo muito maior, mas quando viu-se na obrigatoriedade de se deparar com o congresso de seu país teve a humildade de pedir desculpas a nação, contou a verdade dos fatos e disse ter tomado aquela decisão porque na ocasião julgou ser o melhor a fazer por sua nação. Depois de perdoado morreu assassinado, porém até hoje é respeitado em todo o mundo. Porém nem todos os que agem com verdade e integridade são mortos e em sua maioria conseguem mudar a realidade de seu país e melhorar a qualidade de vida.

A integridade na política nem sempre está em alta, por causa demagogia. Mas se as vezes a demagogia supera a integridade, nas urnas, é porque houve falta de perseverança dos íntegros em permanecer na luta mesmo que aparentemente derrotados. Um bom exemplo de perseverança na política deve ser creditado ao Presidente Abraão Lincon. Assim, a perseverança se mostra um grande aliado dos verdadeiros e íntegros ideais. A perseverança é um fator importantíssimo na política profissional, pois sem ela ninguém chega a lugar algum. E por falar em perseverança, temos um notável exemplo em nossa história, o Presidente Jucelino Kubitsheck, que veio de família extremamente humilde e com toda a perseverança formou-se em medicina e conseguiu ser presidente do Brasil. Notável a performance dele, porque superou a todos os embargos e bloqueios impostos pela elite da nação e venceu na disputa interna do partido para sair candidato e depois nas urnas do país para ser eleito presidente.

Mas além de todos estes fatores, existe uma qualidade que é fundamental; um político verdadeiro tem que ter um profundo desejo de fazer com que o povo tenha uma melhor qualidade de vida. Isso é algo que não há como forçar o intimo para se ter, porque só nasce naturalmente, ou flui naturalmente do interior, ou não flui, tem que ser verdadeiro. Há muitos que pensam que podem ludibriar o povo como um modo para conquistar seus ideais, mas isso não dura e também é destrutivo para o próprio que pensa desta forma. É uma faca de dois gumes, corta sem que se perceba. Tudo tem um fim e o destes, que pensam que podem manipular o povo, geralmente é trágico.

A política é na verdade, a arte de desenvolver relações humanas, direcionando e concentrando forças para a produção do bem estar comum ao maior número de pessoas em uma sociedade. Para se realizar isso é necessário que se consiga obter internamente o verdadeiro desejo por fazê-lo, do contrário não funcionará desta forma e muito menos se chegará a este fim.

No Brasil geralmente um político nasce de outro político, mas nos países mais avançados isso não é comum. Na maioria dos países avançados o homem público nasce da reflexão popular, as pessoas começam a ver a capacidade de articulação numa determinada pessoa e passam a incentiva-la a candidatar-se. Quando a política está dentro dela então nasce um novo político. No Brasil, precisamos começar a incentivar novas lideranças em nossa comunidade. Lideranças que sejam conscientes, que não se deixem levar por modismos, convites tentadores, negócios, ou interesses de grupos. Os verdadeiros líderes estão escondidos na comunidade, geralmente não gostam de aparecer mas, ao ver injustiça logo toma a dor do injustiçado, ele tem que ter respeito pela comunidade.

O respeito por uma comunidade está diretamente atrelado as necessidades de uma região como um todo. Nem sempre o que é bom para uma comunidade é reconhecido pelo povo, principalmente por causa do costume que o povo adquiriu de se deixar levar pela aparência, que geralmente acompanha os projetos dos ricos demagogos, pessoas que se apresentam com condições de realizar obras sociais em virtude de sua condição financeira. Há também os que pelo desespero são levados a acreditar em promessas por causa dos pequenos recursos que lhes são destinados durante as campanhas, sem pensar no depois, nos quatro anos que virão.

Há que se estabelecer um comparativo entre o honesto e o desonesto. O povo só é bem instruído a votar quando seu líder tem a responsabilidade de levantar junto a comunidade questões do tipo:

  Um político que gasta numa eleição onde é candidato a vereador cerca de Us$ 400.000,00, concorrendo por um município em que seu salário acumulado somado as férias e ao décimo terceiro não ultrapasse os Us$ 180.000,00, nos próximos 4 anos de mandato, pode estar com boa intenção?  
 
Um político que constrói creches e as mantém através de convênios com o município, mas vota contra a construção de creches municipais está com boas intenções?
 
Um político que faz muitas obras e depois de concluídas estas obras aparecem mais problemas do que soluções, pode estar com boas intenções?
 
Um político que durante seu mandato permite que seja aprovado um orçamento mal elaborado, só para atender aos interesses do partido, tem boas intenções?


As questões esclarecedoras geralmente são simples, mas raramente o povo se envolve neste tipo de análise. É por isso que se faz necessário o surgimento de pessoas desprovidas de interesses pessoais se envolvam na luta pelo povo, junto aos poderes legislativo e executivo.

Com as mudanças estruturais propostas pela Constituição Brasileira, o maior poder no Brasil não está nas mãos do executivo, como muitos ainda pensam. Hoje o legislativo compõe o maior, dos três poderes, porém, não é concentrado. O poder do legislativo está distribuído por seus deputados e por seus senadores. Isso representa uma interessante desconcentração de poder, mas quem conseguir controlar o maior número de cadeiras no legislativo passa a controlar a nação, e aí reside o perigo. O poder concentrado nas mãos erradas é extremamente prejudicial e é nisso que um líder deve precaver-se. A democracia tem estas características e por isso necessitamos cuidar da manutenção deste aspecto. Nunca devemos permitir que haja concentração de forças na mão de um único partido, mesmo que este partido seja o seu, porque isto resultaria em perigo para você mesmo. Quando se tem responsabilidade desperta-se a consciência de que a sociedade não pode correr perigo algum.

 

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