Esta página tem como objetivo informar ao público brasileiro quanto à Igreja Católica Greco-Melquita e quanto a todas as demais igrejas católicas orientais. Essas igrejas são um patrimônio de todos os católicos.

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Mensagem escrita por Philippe Gebara gebara@gmail.com, paroquiano da Igreja Melquita no Rio de Janeiro e líder de várias comunidades no Orkut sobre catolicismo oriental,e e webmaster do sítio de ícones Sarkomata (http://ubbibr.fotolog.com/sarkomata). Pedimos desculpas pois por alguns dias esta mensagem foi erroneamente colocada como sendo do Arcebispo Melquita do Brasil.

Páscoa do ano 2006



Cristo ressuscitou dos mortos, venceu a morte pela morte e deu a vida aos que estão nos túmulos!

Assim como Cristo nasceu de sua mãe, saiu do sepulcro. Ele, que é único Filho do Pai, foi também primogênito de sua Mãe, e ainda o primeiro, com sua ressurreição, a nascer da morte. Seu nascimento não maculou o selo de virgindade de sua Mãe, nem sua ressurreição violou o do sepulcro. E, por isso, já que não posso expressar seu nascimento em palavras, não posso também sua ascensão da tumba.
São João Crisóstomo¹

Amados irmãos e irmãs,

Nosso Santo Padre, com sua reflexão, tem como intuito primordial dizer-nos que não se pode abarcar o mistério. No entanto, pode-se fazer algo melhor: deixar-se abarcar por ele, submergindo-se em um lugar qualquer de sua extensão.² É isso que a Igreja, desde seu início, vem fazendo, tendendo mais e mais para a plenitude da Verdade Divina, quer mercê da contemplação e estudo dos crentes, que as meditam no seu coração (cfr. Lc. 2, 19. 51), quer mercê da íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais, quer mercê da pregação daqueles que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade. Não podemos, porém, penetrar no dogma se não o reconhecemos. Não podemos anunciar as conseqüências da Revelação se não a aceitamos. Por isso disse F. Nietzsche "Se querem que eu acredite no Redentor, mostrem-se mais redimidos".

Dessa forma, em ocasião da Páscoa, devemos lembrar de São Paulo exortando-nos a manter viva em nossos corações a Ressurreição, pois é ela que dá sentido à nossa fé. Sem esse episódio, ela seria vã. E como é fácil duvidar da Ressurreição! E como é fácil esquecer dela!

Da mesma forma rápida que "desceu", Jesus "subiu". O que são uns 30 anos para a história? E qual é a importância de um discurso de um louco para a humanidade? Ambos foram decisivos, na medida em que aquele tempo foi superado e esse discurso concretizou-se. Eis o Ressuscitado!

Quanto mais, portanto, duvidam de nossa fé, devemos como Cristo continuar a sustentá-la, o que vai torná-la para não ainda mais clara, seguindo sua tendência já apresentada para a plenitude. É justamente nos momentos de perseguição, como é o caso presente, onde, por exemplo, uma notícia extremamente perniciosa sobre o "Evangelho de Judas" se espalha, é que devemos afivelar o cinturão da Verdade.

Já que citamos tal apócrifo, convém refutá-lo. E o faremos à luz de nosso texto inicial escrito por São João Crisóstomo.

Como se sabe, aquele manuscrito é gnóstico, ou seja, toma a matéria como cárcere da alma, matéria da qual o homem deve se libertar para atingir a salvação. Segundo nosso Padre e a Sagrada Doutrina, contudo, o espiritual ultrapassa, sim, o corporal, mas não o destrói, nem o anula. Melhor ainda, eleva-o. Jesus não salvou a humanidade aniquilando-a, até porque isso seria impossível (a não ser nas mentes dos defensores da "cultura da morte", cabe ressaltar), mas o fez precisamente dentro de sua própria estrutura, saindo do ventre sem rompê-lo e do sepulcro sem abri-lo. Cristo venceu o nascimento - enquanto transmissor do pecado original - pelo próprio nascimento. Cristo venceu a morte - enquanto violência para nossa natureza - pela própria morte. É por isso que o Cristianismo, aproveitando a meditação de nosso Papa Bento XVI, em sua Encíclica "Deus é Amor", não rejeita de modo algum a corporeidade enquanto tal; declara tão-somente guerra à subversão devastadora na qual fomos encerrados pelo pecado de nossos primeiros pais.

Termino com uma carta do segundo século escrita por São Policarpo, desejando a todos nós que suas palavras se façam realidade, a fim de que sejamos testemunhas sempre vigilantes da Ressurreição e tenhamos, assim, firme convicção em nossa própria:

"Que Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, e que o próprio Eterno Grande Sacerdote Jesus Cristo, o Filho de Deus, ajudem-nos a crescer na fé e na verdade, no infalível amor e na fuga de qualquer raiva, na paciência e na tolerância, e na calma e pureza. Abra-se, assim como todos os seus, e também todos aqueles debaixo do céu que um dia irão acreditar em Nosso Senhor Jesus Cristo e em seu Pai quem O ressuscitou da morte, a permitir que Ele lhe garanta um lugar entre Seus santos."

Uma Feliz Páscoa a todos e às suas famílias, pois Al Masiah Qaam! Haqqan Qaam!/ Christos Anesti, Alithos Anesti!/ Cristo Ressuscitou, Verdadeiramente Ressuscitou!


¹ELYA, John, Carta Eparquial Pascal de 2004 (http://www.melkite.org/sa67.html)

² CANTALAMESSA, Pe. Raniero O.F.M. Cap, Segunda pregação da Quaresma «Com o que sofreu, aprendeu a obediência», ante o Santo Padre e a Cúria Romana, na Capela Redemptoris Mater do Palácio Apostólico do Vaticano. (http://www.zenit.org/portuguese/visualizza.phtml?sid=86951)


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