Fragmentos Uma História...zinho

Textos meus!

SER OU NÃO SER !?!?

"Era um garoto,

e como eu,

amava os Beatles e os Rolling Stones" - e eu amava este garoto!

Mas porquê justo eu?

Eu nasci homem, me sinto homem, adoro ser homem. Tenho sangue italiano nas veias, pertenço a uma tradicional família católica praticante, com dois primos padres. Mal comecei a andar e a falar e já era coroinha.

"Infelizmente nem tudo é

exatamente como a gente quer"

...

Me parece que as pessoas, em geral, acreditam que eu escolhi minha opção sexual como se escolhe a cor de uma camiseta: vermelha, azul, verde, branca, amarela, preta, ou rosa choque?

"- Só tem chopp. -

- Desce dois, desce mais"

Eu sempre tive muitos sonhos para realizar, e ser um "viado", realmente, nunca foi um deles. A única referência que tive de homossexuais em minha infância e adolescência eram alguns rapazes que se reuniam na praça envoltos em gritos esganiçados, trejeitos e roupas espalhafatosas. Eu queria ser muita coisa na vida, menos "aquilo".

Não quero parecer preconceituoso com meus amigos extrovertidos, travestis e transexuais - que são muito mais agredidos em sua dignidade humana que eu -, apenas quero dizer que não gosto de plumas, paetês e salto alto. Eu prefiro minha "calça velha, azul e desbotada / que você pode usar / do jeito que quiser".

Eu tive uma infância e adolescência muito boas, eu sempre me senti muito feliz, mas conforme a consciência de mim mesmo e do mundo que me cercava amadureciam, aumentavam a dor e a angústia de perceber que havia algo diferente em mim... E percebia também os problemas que esta diferença iriam acarretar: empregos seriam negados, amizades seriam desfeitas, meus pais sofreriam mais do que eu; enfim, efeitos sociais colaterais.

Busquei várias respostas, principalmente junto a Deus. Orei muito, chorei muito, implorava por uma mudança!

Foi só aos 21 anos de idade que encontrei uma resposta direta: descobri que existem muitos homossexuais iguais a mim, muitos mais diferentes de mim; e que Deus está preocupado com a ignorância, com a violência e com a miséria que se perpetuam em nosso planeta, não com o sexo da pessoa com quem eu transo.

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é"

Até hoje é difícil dizer isto para outras pessoas: empregos continuam sendo negados, amizades ainda se tornam inviáveis, expressões de repugnância são perceptíveis e as agressões são freqüentes; mas:

- Eu sou Homossexual, "com muito Orgulho, com muito Amor!"


When darkness come

And all songs were gone

when I don't even know I've existed

I want my body going down

Just the same as it came

The cold ground touching my lips

The grubs eating my eyes and balls

Worms passing by my bones

I just wanna be earth again

Reincarneating my flesh

not my soul

Turning my ashes into life again

turning my heart

turning my brain

Just the same as you

Just the same as all.


exercício de escrever exercício de pensar bobagens exercício de expressar o que sinto em algo sem nexo pesar palavras e trocá-las por olhares e estares sempre a fim


Estou com sede de palavras. Sinto cócegas enquanto meu sangue corre pelas veias e alimenta minha pele.

Se eu ficar imerso em silêncio poderei sentir o mundo girar. Quero deixar algumas lágrimas umedecerem a paisagem...

momentos de angústia, ansiedade, minhas mãos tremem, o pensamento ecoa

Preciso gritar!


Rua, movimento, carros, buzinas, motores, fuligem: o caos urbano.

Pessoas que andam, pessoas que falam, pessoas que correm, esperam, choram, enlouquecem. Um toldo amarelo, sujo, a sombra, um degrau.

Sobre o degrau, protegida pelo toldo, uma velha oferecendo rosas. Unhas sujas em uma mão enrugada e trêmula. Nesta mão uma rosa. Uma rosa sem cor, como os olhos da velha, que o tempo tornou turvo: os olhos, a vida. Olhos úmidos.

Há um avião passando. Logo mais, uma ambulância, e mais todos os barulhos que compõe o dia-a-dia de uma grande avenida. E a velha continua ali, parada, braços estendidos. Surda e muda. Ela sempre assistiu a vida assim, como um filme mudo e sem legendas.

Para ela existe apenas os movimentos e os odores; o silêncio é profundo, seus pensamentos não possuem palavras, são apenas sensações e formas.

Ela vende rosas vermelhas, pois gostaria de gritar, apesar de desconhecer a sensação do grito. Mas a rosa é vermelha, e contrasta com o cinza daquela avenida.

Será que um dia ela foi criança? Eu só me lembro dela assim: sentada, braços estendidos, mãos trêmulas, olhos úmidos.

Um dia comprei uma rosa e levei-a para casa. Fechei todas as portas e janelas e esperei a madrugada chegar para tentar ver aquela rosa em silêncio.

Mas que bobagem. O silêncio não existe. O que existe é a incapacidade de ouvir.

Então, temos a rua movimentada, a velha com seu silêncio e as pessoas com sua escuridão.


Ser em colapso

Sou em colapso

Estou em colapso

Me sinto em colapso

OU

nessas(C0M QUEM?/(DE QUEM?nestas palavras



... perdido numa noite escura (em Ilha Grande) ...


Vejo luzes que vagueiam sobre o mar escuro

meus olhos seguem luzes que vagueiam sobre o mar escuro

um mar escuro que arrebenta ondas em mim

como na música de Gil

e meus olhos se perdem no mar escuro

seguindo luzes que vagueiam

sem rumo

e levam uma mente atoa

a se perder em palavras

tão vagas quanto as luzes

que se confundem no mar escuro

com o escuro do céu

onde cintilam estrelas

que levam meu olhar perdido

a se fundir

neste universo vasto

universo céu

universo mar

universo ser assim

uma mente atoa

vagando em palavras

fundidas pelo olhar céu

pelo olhar mar

pelo olhar luzes e estrelas

com, fundidas, em mim