Treinamento militar ou espionagem?
Tiros
na Selva Amazônica. Operações de guerra na maior floresta do mundo. São
militares estrangeiros em treinamento. O tenente Krawchuk, do exército
americano, já fala o português. O nosso idioma também está na ponta da língua
do capitão Guionie, do exército francês. “Conhecer o igarapé, a selva,
tudo isso foi muito importante para um oficial militar que tem que aprender
outros tipos de treinamento, outros tipos de mundo”. O capitão Hanon, do exército
inglês, deixa claro o objetivo da presença estrangeira na Amazônia: aprender
técnicas de sobrevivência e operações de guerra na selva. “Agora conheço
melhor minhas reações na selva. Na França, não tenho estas situações difíceis”,
diz Guionie.
Americanos, alemães, franceses e ingleses se
juntam aos militares brasileiros. Todos têm uma única missão: aprender a
combater na selva. Ali, os brasileiros são os professores, os estrangeiros,
alunos. “300 estrangeiros já se especializaram em combate de guerra na
selva”, conta o coronel Araújo Lima. Ele é quem testa a capacidade dos
militares estrangeiros. É o comandante do CIGS - Centro de Instrução de
Guerra na Selva. São 12 semanas enfrentando os perigos que a floresta impõe.
Os últimos dias do curso são decisivos. Eles
estão há 48 horas sem beber, comer e dormir. Já caminharam 36 quilômetros
carregando 50 quilos de equipamentos. O sargento Wilson, do exército inglês, e
o sargento Sirnames, da Legião Estrangeira Francesa, estão no limite. “A
gente nunca sabe quando é o limite do homem. Tem momentos que penso que vou
morrer. Aqui vejo que o limite está muito próximo da morte”, diz o sargento
francês.
Mais exausto, o sargento inglês diz que é muito
difícil um estrangeiro se adaptar à Selva Amazônica. “O soldado brasileiro,
filho de índios, tem mais chance de vencer uma guerra na selva”, diz ele, que
é confirmado pelo tenente Meirelles: “Nenhum estrangeiro consegue ser melhor
que o soldado brasileiro, mesmo aqueles especialistas rangers e mariners
americanos. “Por que abrir a floresta para estrangeiros? Quem garante que eles
não são espiões? Eu sei que alguns são espiões, e é aí que eu tenho a
oportunidade de apresentar as dificuldades que eles vão ter se um dia
resolverem invadir”, comenta o coronel Wilson.
A Floresta Amazônica, que corresponde a 55% do
território brasileiro, é prioridade dos militares por causa da cobiça
internacional. As frases a seguir foram tiradas do arquivo do comando militar da
Amazônia:
"Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas
externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas".
Margareth Thatcher, 1983
"Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é
deles, mas de todos nós. Oferecemos o perdão da dívida externa em troca da
floresta".
Al Gore, 1989
"O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia".
François Mitterrand, 1989
"O Brasil deve delegar parte dos seus direitos sobre a Amazônia
aos organismos internacionais competentes".
Gorbachev, 1992
“Caso o Brasil resolva fazer uso da Amazônia,
pondo em risco o meio ambiente nos Estados Unidos, temos que estar prontos para
interromper este processo imediatamente".
General Patrick Hugles
“Cada um de nossos guerreiros de selva vale dez de qualquer um
estrangeiro. Eles podem até invadir, mas não sairão vivos da floresta”.
Coronel
Wilson
Reportagem
extraída do Fantástico.