O JEJUM E A ABSTINÊNCIA

 

São João de Kronstadt - (+1908)

 

 

Aprendestes a ver Deus, a representá-lo para ti mesmo como sabedoria omnipresente, como Palavra viva e activa, como Espírito Santo vivificante? A Santa Escritura é o domínio da Sabedoria, da Palavra e do Espírito de Deus - Trindade; nela, Ele revela-se claramente: "As palavras que eu vos disse são espírito e vida" (Jo. 6, 63), disse o Senhor. Os escritos dos Santos Padres também são uma expressão da Sabedoria, da Palavra e do Espírito da Santa Trindade, na qual o espírito de uma elite (espiritual) da humanidade colaborou amplamente. As obras do homem comum deste mundo são expressão do espírito humano decaído, com todas as suas concupiscências, tendências e paixões. Nas Santas Escrituras, nós vemos Deus face a face e a nós mesmos tais como somos! Homem: conhece-te a ti mesmo, nelas, e anda sempre na presença de Deus.

Vocês sabem, o homem, em suas palavras, não morre; nelas, ele é imortal, pois elas falarão ainda depois de sua morte. Quantas palavras imortais se dizem ainda no meio de nós, que nos foram legadas por aqueles que morreram há muito tempo e que, às vezes, permanecem vivas nos lábios de todo um povo! Como é poderosa a palavra, mesmo a palavra de um homem comum! Mais ainda, então, a Palavra de Deus. Ela viverá através dos tempos e permanecerá sempre viva e efectiva.

Para que servem o jejum e a penitência? Por que fazer este esforço? Eles servem para a purificação da alma, a paz do coração, a união com Deus; eles nos preenchem de devoção e de espírito filial e nos dão segurança diante de Deus. Já há aqui, certamente, um bom motivo para nos levar a fazer jejum penitência. Uma recompensa inestimável espera o esforço consciencioso. Porém, será que ainda existem muitos no meio de nós que amam a Deus com um amor verdadeiramente filial? Existiriam ainda muitos que oram com todo abandono, com segurança, invocando o nome do nosso Pai do Céu dizendo: "Pai-nosso!"? Será que, ao contrário, esse chamado filial não cessou de ecoar nos nossos corações decaídos pelas vaidades deste mundo e seus prazeres? Nosso Pai dos Céus não estará longe de nossos corações? Não seria visto por nós mais como um Deus irritado, já que O abandonamos por um país longínquo? Sim, pelos nossos pecados, todos merecemos Sua justa cólera e o castigo, e é maravilhoso como Ele mostra-se paciente e indulgente a nosso respeito. Ele que não quer abater-nos como figueiras estéreis.

Apressemo-nos para apaziguá-lo com lágrimas e arrependimento. Voltemo-nos para dentro de nós mesmos; examinemos o nosso coração com honestidade e, vendo a imensidão de pecados que o torna inacessível à Graça Divina, veremos que estamos espiritualmente mortos.

 

 

Arcebispo Primaz Katholikos

Mons. Dom ++ Paulo Jorge de Laureano – Vieira y Saragoça

(Mar Alexander I da Hispânea)

 

 

Principal

Textos Diversos

 

 

Última actualização deste Link em 23 de Abril de 2009