POSIÇÃO DA IGREJA
CATÓLICA ORTODOXA HISPÂNICA
SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE E OS HOMOSSEXUAIS NA IGREJA
Nos últimos tempos, muito se tem falado acerca da
homossexualidade e dos homossexuais em concreto. É dever desta Santa Igreja
Católica Ortodoxa Hispânica, esclarecer os fiéis e os amigos acerca da sua
posição perante esta forma específica de amar e de ser amado, nem sempre
compreendida e muitas vezes amordaçada e condenada por muitos, com base em
fanatismos religiosos.
Em primeiro lugar é necessário saber, que esta
orientação sexual é uma atracção afectiva entre pessoas do mesmo sexo, a
que se dá o nome de "homossexualidade". Embora a palavra possa causar
algum incómodo para alguns meios mais conservadores, nada tem de imoral,
pecaminoso, raro ou de contranatura, ao contrário do comportamento sexual de
muitos fanáticos religiosos, que se escondem com a capa da moralidade, a falsa
e pecaminosa moralidade.
Para a maioria dos cientistas, a
orientação sexual é o resultado de uma complexa interacção de factores
ambientais, cognitivos e biológicos. Na maioria das pessoas, a sua própria
orientação sexual forma-se quando ainda muito criança, existindo também
recentes e consideráveis evidências que sugerem que a biologia, incluindo aí
factores genéticos e hormonais inatos, desempenha um papel significativo na
sexualidade do indivíduo. Por outro lado, é muito importante reconhecer que
existem muitas razões que moldam a orientação sexual de uma pessoa, variando de
indivíduo para indivíduo.
A Igreja Católica Ortodoxa Hispânica entende que o
ser homossexual ou heterossexual não é uma escolha do indivíduo, pois os
mesmos não escolhem a sua orientação sexual. Concretamente em relação á
orientação homossexual, a Igreja entende que a mesma orientação nasce quase
sempre na adolescência, sem que tenha existido qualquer experiência sexual
anterior. Embora o indivíduo tenha a possibilidade de demonstrar ou não os seus
sentimentos, a orientação homossexual assim como a heterossexual não é uma
opção consciente que possa ser modificada por um acto de vontade.
A orientação homossexual não pode ser
modificada através de terapias, como acontece com muitos homossexuais que por
causa da coerção que sofrem por parte de familiares e até por parte de algumas
igrejas cristãs e grupos religiosos, tentam fazer em vão.
Para a Igreja Católica Ortodoxa Hispânica, qualquer
indivíduo homossexual, quer demonstre publicamente ou não a sua orientação
sexual, é uma criatura de Deus, resgatada pelo Sangue precioso de Nosso Senhor
Jesus Cristo, que possui dentro da Igreja os mesmos direitos e deveres que os
seus irmãos heterossexuais.
O ser homossexual e viver uma vida em comum com um
indivíduo do mesmo sexo, com dignidade, respeito e fraternidade, é plenamente
aceitável para a Igreja Católica Ortodoxa Hispânica, que não vê nessa atitude responsável
nada de imoral, contranatura ou de pecaminoso como alguns grupos religiosos
pregam, esquecendo-se que muito do que condenam no púlpito, praticam
Entendemos que o facto de um indivíduo
homossexual assumir a sua sexualidade, está fortemente relacionado ao ajuste
psicológico, pois quanto mais positiva for a identidade de uma pessoa, melhor
será a sua saúde mental e a sua auto-estima.
Para a Igreja Católica Ortodoxa Hispânica é importante
educar a sociedade e as nossas igrejas em relação à orientação sexual e à
homossexualidade, no sentido de diminuir o preconceito homofóbico Difundir
informações precisas sobre a homossexualidade é algo extremamente importante
para os jovens e menos jovens que estejam a sentir o desejo de entender a sua
própria sexualidade, seja ela homossexual, bissexual ou heterossexual. Os
falsos receios de que a informação acerca da homossexualidade incentivará á
prática da mesma carece de validade, pois a informação sobre a homossexualidade
não modifica a orientação sexual de ninguém.
Quanto ao afirmarem que a homossexualidade é
condenada pela Sagrada Escritura, cabe-nos apenas afirmar, que a Bíblia parece
condenar apenas, coisas distintas, em relação à homossexualidade:
- O estrupo homossexual;
- O ritual que envolve a prostituição homossexual e
que fazia parte do culto da fertilidade dos cananeus e que alguns judeus
passaram a idolatrar;
- A luxúria e comportamento homossexual por parte de
indivíduos heterossexuais.
Acerca do tema da homossexualidade como uma
orientação sexual, e sobre o comportamento consensual de que possuem esta
orientação, a Sagrada Escritura faz completo silêncio. Para muitos fundamentalistas,
Deus destruiu as cidades de Sodoma e Gomorra devido á prática de actos
homossexuais, o que não corresponde á verdade, pois o pecado de Sodoma e
Gomorra foi a falta de hospitalidade e não a prática de actos homossexuais.
O Senhor Jesus Cristo jamais pronunciou uma
palavra acerca da homossexualidade e dos actos homossexuais. Para ele não
existe homem nem mulher, escravo ou livre, judeu ou gentio, homossexual ou
heterossexual. Deus olha para o coração do homem e procura estar lá, através da
expressão natural do amor. Deus é amor, como nos diz São João, e somente os
actos identificados pelo amor têm importância.
A Sagrada Escritura não excluí
os homossexuais da fraternidade cristã, dentro dos limites análogos aplicados aos
heterossexuais, o que é o comportamento de toda a Igreja Católica Ortodoxa Hispânica. Ela está repleta
de versos discutindo a actividade sexual, desejo ou expressão. Qualquer
expressão da sexualidade que não esteja enraizada à lei do Amor ensinada por
Jesus Cristo é que deve ser vista como errónea e pecaminosa.
Para a Igreja Católica Ortodoxa Hispânica,
homossexualidade e heterossexualidade são perfeitamente aceitáveis para nós,
embora o modo de expressão de ambos não seja frequentemente conveniente,
aproveitável, construtivo, e benéfico ao indivíduo. Um cristão homossexual está
seguro pelas mesmas linhas mestras que regem o comportamento heterossexual,
isto é, para viver uma vida sensata, respeitável, honrável, baseada na fé,
respeitando a sua própria dignidade e a do seu semelhante.
Para Jesus Cristo, qualquer expressão da
sexualidade que rebaixe, explore, use e abuse de outra pessoa é algo
condenável, seja homossexual ou heterossexual.
É este o modo como a Igreja Católica Ortodoxa Hispânica entende a
homossexualidade e os homossexuais: todos são filhos de Deus, irmãos em Cristo.
Todos merecem compreensão, respeito e amor, pois a
homossexualidade é puro dom de Deus.
Mons. Dom ++ Paulo
Jorge de Laureano – Vieira y Saragoça
(Mar Alexander I
da Hispânea)