Dentro de uma realidade ímpar na história da
humanidade, estamos presenciando a passagem do milênio como graves problemas
sociais e especialmente ambientais. São aspectos que muitas vezes se somam e
nos leva a questionar na incerteza do futuro que se aproxima...
Para
se ter uma idéia, estima-se que antes da presença da espécie humana na Terra,
a taxa de extinção natural das espécies era na ordem de 900.000 por um milhão
de anos, perfazendo uma média de uma espécie extinta a cada 13 meses e meio.
Hoje, segundo dados da União Mundial para Conservação – IUCN -, esta taxa
está por volta de 5000 espécies por ano, com um índice 5500 vezes mais
acelerado que o processo natural, ou seja, 13,7 espécies extintas por dia.
Segundo
estimativas de alguns pesquisadores, acredita-se que no próximos 30 anos serão
extintas 60 mil espécies de plantas no mundo, sendo que muitas delas serão
extintas sem serem conhecidas. Essa perda na biodiversidade do planeta é
irreversível, sendo fruto do descaso das autoridades governamentais e também
da maior parte da população, que por ignorância
ou omissão acabam contribuindo de uma forma ou outra com a extinção das espécies
.
No
nosso país especialmente, devemos engajar numa corrente de esforços que
envolva o governo, as entidades educacionais e os meios de comunicação, para
levantarmos a discussão na sociedade, conhecendo e participando de um
problema que envolve à todos.
O Brasil abriga a maior
biodiversidade, com cerca de 20% das espécies do planeta, além de possuir 28%
das matas tropicais e a maior bacia
hidrográfica do mundo. Possuímos uma gama muito grande de riquezas naturais em
diversos biomas, que são
verdadeiros patrimônios naturais da humanidade. Dentro das unidades de
conservação de
uso direto, possuímos 46 Florestas Nacionais, sendo que 68% destas são
encontradas na região Norte. Nas outras regiões, as florestas são delimitadas
em pequenas áreas, onde muitas das quais não possuem formação exclusiva de
florestas nativas, mas também áreas de reflorestamento, com Araucária, Pinus
e Eucalipto. Possuímos também 22 áreas de proteção ambiental e
9 reservas extrativista, além das unidades de conservação de uso
indireto que são destinados principalmente à pesquisa científica, a conservação
da biodiversidade e a educação ambiental. Essas áreas de uso indireto ficam
delimitadas nas Estações Ecológicas, Reservas Biológicas e Ecológicas,
Parques Nacionais entre outras áreas
de proteção.
Essas unidades de conservação, somam aproximadamente 4% do território
brasileiro, representando muito pouco em termos preservacionistas, e segundo a
WWF, algumas unidades de só existem no papel
. Além do mais, a exploração desordenada tem levado a fauna e flora
brasileira a um processo de extinção de espécies intenso, seja pelo avanço
da fronteira agrícola, seja pela caça esportiva, de subsistência ou com fins
econômicos, como a venda de pele e animais vivos, ou pelo comércio
extrativista de madeira. Este processo vem crescendo nas duas últimas décadas,
à medida que a população cresce e os índices de pobreza aumentam.
O IBAMA é responsável pela
publicação da lista oficial de animais ameaçados de extinção, que é
elaborado em conjunto com comitês e grupo de cientistas especializados em cada
grupo animal. O Brasil possui 208 espécies na lista oficial de animais, entre
elas estão o mico-leão dourado, o mico-leão-de-cara-dourada, mico-leão-preto,
jaguatirica, lobo-guará, onça-pintada, ariranha, tamanduá bandeira, baleia
jubarte, peixe-boi, boto-cachimbo, cervo-do-pantanal, veado-campeiro, sabiá-pimenta,
pica-pau rei, entre outros.
Na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção
divulgada também pelo IBAMA, encontra-se 106 espécies, entre elas encontramos
algumas espécies de bromélias, o jequitibá, o jacarandá-da-bahia, a
violeta-da-montanha,o mogno e o pinheiro-do-paraná. Sendo que algumas irão
brevemente aumentar essa lista e outras passaram para a lista de espécies
extintas, infelizmente!
Devemos proteger nossa fauna e a flora e preservar os ecossistemas.
Encarar que fazemos parte da natureza e que a cada espécie que se extingue é
de nossa responsabilidade. E se não abrirmos os olhos enquanto a tempo, talvez
não exista um planeta vivo para
nossos descendentes...
Mauro Afonso Rizzo
Carta
do Chefe Indígena Seattle (1854)
Resposta
do cacique Seattle ao governo dos Estados Unidos e ao Presidente Americano F.
Pierce que tentava comprar suas terras.
Um
exemplo sublime de consciência Holística e Ecológica. Uma denúncia à ganância
do homem branco, cioso de seu intelecto. Um grito contra a justiça
dos que
pensam ter o direito sobre a terra, excluindo seus semelhantes e outros seres
vivos. Um apelo ao humanismo:
"O
ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo
sopro: o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece
que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários
dias, é insensível ao [seu próprio] mau cheiro. (...)
Portanto,
vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se nós a decidirmos
aceitar, imporei uma condição: O homem branco deve tratar os animais desta
terra como seus irmãos.
O
que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma
grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece
com o homem. Há uma lição em tudo. Tudo está ligado.
Vocês
devem ensinar às sua crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós.
Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com a
vida de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas: que a
terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da
terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto
nós sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto
sabemos: todas as coisas então ligadas como o sangue que une uma família. Há
uma ligação em tudo.
O
que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. o homem não teceu o
tecido da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizermos ao
tecido, fará a si mesmo.
Mesmo
o homem branco, cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode
estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo.
Veremos. De uma coisa estamos certos ( e o homem branco poderá vir a descobrir
um dia ): Deus é um Só, qualquer que seja o nome que lhe dêem. Vocês podem
pensar que o possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível.
Ele é o Deus do homem e sua compaixão é igual para o homem branco e para o
homem vermelho. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu Criador. Os
brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos.
Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas
quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força
do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio
sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós,
pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos
bravios sejam todos domados, os recantos secretos das florestas densa
impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídas por
fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a água?
Desapareceu. É o final da vida e o inicio da sobrevivência.
Como
é que se pode comprar ou vender o céu. o calor da terra? Essa Idéia nos
parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água,
como é possível compra-los.
Cada
pedaço de terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro,
cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e
inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A seiva
que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem
vermelho...
Essa
água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o
sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem
lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é
sagrada e que cada reflexo nas águas límpida dos lagos fala de acontecimentos
e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus
ancestrais.
Os
rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e
alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar
e ensinar para seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E,
portanto, vocês devem, dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos
que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para
ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem
à noite e extrai da terra tudo que necessita. A terra não é sua irmã, mas
sua inimiga e, quando ela a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para traz
os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que
seria de seus filhos e não se importa... Seu apetite devorará a terra,
deixando somente um deserto.
Eu
não sei... nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades
fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho seja um selvagem
e não compreenda.
Não
há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa
ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas
talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente
insultar os ouvidos. E o que resta de um homem, se não pode ouvir o choro solitário
de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um
homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmuro do vento
encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou
perfumado pelos pinheiros. "