26/10/2006
O tratamento da trombose e de outras doenças cardiovasculares também ganhou um aliado marinho. Pesquisa do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para comparar a cartilagem humana com a de invertebrados do fundo do mar acabou em uma descoberta promissora no combate a problemas em veias e artérias.
Em órgãos das acídias — espécie oceânica popularmente conhecida como batata-do-mar — foram encontradas substâncias análoga à heparina, principal composto usado nos medicamentos de combate às doenças vasculares. O anticoagulante extraído do animal oceânico promete substituir o tratamento terapêutico atual, à base de heparina comercial produzida a partir de intestinos e pulmões de bovinos e suínos e diminuir riscos terapêuticos. “Por derivar de boi ou porco, o medicamento tradicional pode ter algum agente patogênico, como a proteína priom, causadora do mal da vaca louca”, explica o pesquisador Mauro Pavão, do Laboratório de Tecido Conjuntivo do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.
Efeitos colaterais
Segundo Mauro, a pesquisa começou sem a pretensão de desenvolver um novo medicamento para a trombose. A constatação da forte ação anticoagulante da heparina do invertebrado apareceu durante a fase de testes com ratos de laboratório. “Provocamos o aparecimento de trombose venosa e arterial nos camundongos para ver se a substância marinha prevenia a formação de trombose nas veias e artérias dos animais”, detalha.
A eficácia da substância foi menor que a do medicamento utilizado hoje, mas o pesquisador pondera que os efeitos colaterais são menos preocupantes. “A heparina comercial pode levar a sangramento e hemorragia. A heparina retirada da batata-do-mar não apresentou esse efeito colateral nos teste in vitro”, diz.
Fonte: Hércules Barros - Correio Braziliense