Espionagem

 

Numa das casas de Ryori estavam Shibushi e Ruk, que acabaram de chegar das suas missões. Shibushi estava com o braço apoiado nos ombros de Ruk, que o ajudava a entrar na mansão.

Ao chegarem dois empregados apareceram perguntando se o loiro estava se sentindo bem, o loiro assentiu com a cabeça, sendo assim os empregados pararam de enchê-lo.

Agora numa das salas os dois aliados de Ryori estavam conversando, Shibushi estava sentando em uma poltrona segurando um saco de gelo no local ferido e Ruk estava sentado de frente para ele pedindo desculpas todas as vezes que Shibushi gemia de dor.

- Então Yan que disse onde eu estava... Ele me traiu e tentou me matar!! - Ruk deu um soco na sua própria perna irritado com sua ingenuidade.

Ruk nem parecia ser um atirador profissional, ele tinha o cabelo azul bem escuro, seu cabelo era todo repicado e uma grande franja cobria o todo lado direito do seu rosto. Ruk usava três brincos em cada uma das orelhas, também possuía uma tatuagem em forma de uma Sereia no braço direto. Suas roupas eram todas escuras lhe dando um ar muito sombrio e seu corpo era de um verdadeiro soldado.

- As pessoa enganam... Não se pode confiar! - Diz shibushi.

- Quando vi você pensei que tudo estivesse perdido, pensei que se você traiu Nako...

- Nunca faria isso! - Shibushi Interrompeu-o.

- Sim, fui um tolo ao pensar nisso, mas como você disse... Não se pode mais confiar em ninguém! Nereida foi morta, mas com certeza ela também trairia Nako.

- Foi morta?! - Assustou-se.

- Não sabia?

- Na verdade eu estou sabendo de tudo agora! Nako me ligou e disse para ver qual de vocês eram traidores... Mas nereida?

- É. Eu soube que ela morreu de uma forma horrível! Coitada...

- Nossa... - Shibushi olha para o chão abalado com a notícia. E pensar que há pouco tempo os dois saiam para se divertirem.

- Parece que Sirie quer matar todos aqueles que possam ter contato com Nako, eu não sei o porquê desse ódio, você sabe?

- Não, eu nem sabia que Sirie estava vivo, mas eu me lembro que Ryori falava dele como um pai.

- Quem ensinou tudo ao nosso líder está prestes a querer matá-lo! Meio estranho, não?

- Muito, mas logo descobriremos o que está acontecendo! - Shibushi encarou um dos olhos de Ruk com seriedade - Não existe ninguém que possa se aliar a nossa causa?

- Bem... Tem uma parte da gangue que está com Nako, mas não são confiáveis, mas nem todos vão trair Nako e se aliar a Sirie... Nako era um bom líder e nos anos que trabalhei com ele, eu prosperei muito! Eu me lembro que todos gostavam muito dele.

- Nem todos...

- Na verdade, não importa quem é o melhor chefe... O importante é ver quem vai lhe pagar mais!! - Ruk sorriu.

- O que foi?

- Nada, lembrei de algo que Yan me disse...

Shibushi olha meio desconfiado para o misterioso homem a sua frente, não sabia o que Ryori havia visto nele, pois pelo seu ponto de vista não sentiu confiança nele.

- Não me olhe assim! - Ele abre seus olhos prateados encarando Shibushi que se assustou ao ser pego no flagrante.

- É que...

- Não precisa dizer nada, sei que se preocupa com a segurança de Nako... - Sorriu.

- Hum...

- Não faça essa cara, sei que você o ama, mas não é correspondido!

- Isso não é da sua conta!! - Irritou-se.

- Não, não é mesmo, mas talvez possa ser! - Abriu um sorriso ainda maior.

- Está me flertando? - Perguntou indignado.

- Talvez!

- Não conseguirá nada!! - Disse alto.

- Quem sabe!

- Chega, eu vou embora!

O loiro sai da sala sob o olhar de Ruk, que começou a rir quando o Shibushi saiu da sala.

- Interessante... - Ele diz enquanto cessava seus risos.

 

- Tem certeza? - Yuy perguntou meio afoito.

- Tenho!! - Ryori respondeu com seu tom impaciente de sempre.

- Deixe-me ir com você!!

- Não!

- Por favor! - Yuy o abraça impedindo que o ruivo saia do quarto.

- É perigoso, quero que fique aqui! Tem uns guardas de confiança te protegendo!

- Não quero, quero ficar com você! - Yuy abraça Ryori com mais força.

- Não vai acontecer nada, preciso falar com Ruk! - Ryori já tentava se livrar dos braços que o prendiam com delicadeza.

- Mas... Mas o Shibushi vai estar lá também!!

- Ahhh! Então é isso, está com ciúmes!!

- Não estou não!! - Disse irritado.

- Não se preocupe, não existe mais nada entre nós!

- Mas ele gosta de você ainda?

Ryori ficou um tempo em silêncio até que respondeu que o loiro não gostava mais dele.

- Mentiroso!!! - Yuy grita.

- Como pode afirmar isso com tanta certeza? Nós já conversamos, é claro que nós nos gostamos, mas é como irmãos, entende isso?

Yuy solta Ryori e se vira de costa com os olhos cheios de lágrimas, Ryori toca seus ombros e diz bem próximo ao seu ouvido.

- Não te trairia, nunca... Nunca mais... - Disse a ultima frase num sussurro.

- Nunca mais? Você já me traiu antes?? - O moreno virou-se para ele irritado.

- Sim... - Ryori fecha os olhos preparados para os escândalos do moreno.

- COMO??? QUANDO?? POR QUE? NÃO GOSTA DE MIM?!

- Calma, foi há muito tempo!!

- Mesmo assim, você não podia.... Não devia! - Yuy ia dizendo enquanto ia caindo no chão até ficar de joelhos.

- Foi quando você foi até a sua terra natal... Eu fui falar com ele e aconteceu, mas depois disso eu nunca mais lhe trai... Eu era inseguro na época, mas agora eu sei muito bem o que eu quero!! - Ryori se ajoelhou ficando na sua frente.

- Eu... Eu não posso criticá-lo... Pois eu também... Lhe... Traí!

Agora quem não conseguia encarar alguém ali era Yuy e ficou ainda mais nervoso já que Ryori não falava nada.

- Não... Não vai dizer nada? - Encarou a face sem sentimentos do ruivo.

- Quantas vezes? Com quem? Quando?

- Com meu amigo de infância e foi quando viajei até a minha terra natal!

- Com seu amigo de infância? Você gosta dele?? - O coração do ruivo parou de bater uma vez ao pensar na possibilidade que o moreno não gostava mais dele.

- Não! Não! Eu, bem... Foi um deslize, me perdoe!!

- Acho que nós dois não podemos falar nada um pro outro!

- É mesmo.

- Ok.

O ruivo se levanta e abre a porta do quarto pronto para sair, mas Yuy o chama com uma voz chorosa.

- Ryori?

- Hum?

- Não vai me levar?

- Te... Levar? - Ryori pensou um pouco e viu que aquela pergunta tinha dois sentidos.

Ryori virou-se para o moreno que ainda estava na mesma posição, ele fecha os olhos pensando no que poderia fazer até que diz um sim.

- POSSO?! - Yuy vai correndo na sua direção lhe dando um beijo.

- Mas prometa que vai se comportar!

- Háháhaháhá... Não sou mais uma criança!

- Mas se parece às vezes!

- ù.ú

Ryori riu da sua cara contrariada e o puxou para outro beijo e depois saíram do quarto, pois se ficassem mais um tempo ali acabariam não indo mais.

- Aonde vão? – Mafuri, que estava na sala mexendo em alguns documentos, pergunta.

- Vamos até Monte Belo, não voltaremos hoje! - Ryori diz já saindo de casa.

- Tome cuidado senhor Mafuri, até mais! - Yuy acena para o pai que agora se encontrava sozinho no apartamento.

 

O porsche branco de Ryori já se dirigia até sua casa, estava a uma alta velocidade e por isso mesmo que Yuy não parava de enchê-lo com historinhas de pessoas que morreram em acidentes de carro.

- Chega!

- Desacelera!

- Não!

- Não pode correr assim! Vai morrer.

- Não me importo!

- Vai me matar junto!

Ryori encarou o moreno de lado e desacelerou um pouco seu carro. Yuy sorriu para o lado contrário de Ryori para que ele não visse, para que não ficasse irritado. Um tempo depois os dois chegaram a enorme mansão que ficava em Monte Belo. Ao chegar foram bem recebidos por alguns empregados.

- Senhor Nako!! - Ruk aparece na entrada da casa.

- Ruk, que bom vê-lo!

Os dois apertaram as mãos.

- Oi! - Yuy acenou para o rapaz.

- Oi! - Ruk estende sua mão, cumprimentando Yuy.

Ryori sorriu com a timidez do seu amado e o puxou pelo braço para entrar na casa. Os três estavam indo para sala conversando sobre tudo que estava acontecendo, Yuy apenas ficava ouvindo tudo com os olhos arregalados. Era tanta morte, tanta mentira, tanta sujeira que até se sentia mal ouvindo tudo aquilo.

Ao chegarem na sala Yuy sente-se mal ao ver o loiro sentado com as pernas cruzadas em uma das almofadas jogadas no chão, percebeu que ele lhe deu um olhar mortal também.

- Shibushi seu rosto! - Ryori se aproxima dele vendo o estrago que Ruk fez.

- Me perdoe, eu já pedi perdão, mas eu não sabia que era o Shibushi disfarçado! - Ruk diz mansamente para Ryori.

- Está doendo muito? - Ryori pergunta ignorando todo mundo que estava na sala e pôs as mãos no rosto de Shibushi.

Yuy quase pula no meio deles para separá-los, mas se lembrou que Ryori lhe disse que Shibushi não gostava mais dele, mas o olhar do loiro era tão apaixonado que ele estava na duvida.

Ryori se tocou no que estava fazendo e parou, Shibushi lhe sorriu de um modo divertido e depois sorriu para Yuy que não entendeu nada.Após Yuy dar um aceno com a cabeça para Shibushi, ele se sentou numa das poltronas e ficou calado, apenas ouvindo a conversa entre os três.

Pelo que pôde ouvir, soube que Ryori tinha uns cinqüenta homens ao seu lado, mas pela cara do ruivo isso não parecia suficiente. Ouviu também que Sirie talvez quisesse governar Rondon para depois dominar Nodai, já que era o lugar onde existia a maior central de tecnologia do mundo. Dominando Nodai, Sirie poderia se tornar um grande governante se apossando de toda a tecnologia de Pratania, fazendo todos dependerem dele, mas como faria isso ninguém sabia.

Ruk havia feito uns contatos e assim havia descoberto que Sirie havia desenvolvido um novo tipo de arma, era um raio laser muito poderoso que tinha a capacidade de detonar um país do tamanho da Greogia.

- Ele é um louco!! - Ryori comentar indignado.

- Enquanto você só pensava em ficar no seu tráfico, em apenas conseguir dinheiro e poder entre os outros traficantes... Sirie já pensava em dominar o mundo! - Ruk diz ao ruivo.

- Isso é meio que ridículo, parece mais um filme, Sirie treinou Ryori para que ele pegasse o lugar dele, para que ele pudesse ficar trabalhando em sua arma secreta, mas para isso ele teve que se fingir de morto, para que ninguém o perturbasse. Agora que conseguiu o que queria ele vai voltar ao poder do tráfico, pois com isso ele conseguira muitos homens para trabalhar com ele e logo chegará ao poder em cima de tudo que o Ryori criou! - Yuy diz rindo.

Todos ficam olhando abismados para o moreno, que ficou meio incomodado.

- O que foi? Falei besteira? - Perguntou envergonhado.

- Meu Deus! É isso mesmo!! - Ruk disse.

- Como chegou a essa conclusão? - Ryori pergunta.

- Ouvindo a conversa!

- Claro que sim! - Shibushi disse meio enciumado.

- Então Sirie me deixou no lugar dele, para que quando ele voltasse não precisasse começar tudo de novo, ele queria que eu cuidasse de tudo, queria que eu aumentasse o território... Ele queria que eu preparasse o palco para sua grande festa! - Ryori se levanta do sofá mostrando-se bastante irritado.

Era doloroso pensar que você era apenas um brinquedo nas mãos de um lunático, era difícil aceitar que uma pessoa que você prezava tanto, era na verdade o pior de todos os ratos.

- O que fará Senhor? - Ruk pergunta.

- Sirie vai se arrepender te ter ressuscitado!! - Ryori abriu um sorriso ansioso, agora sentia o sangue assassino escorrer por suas veias.

 

Em um lugar em Rondon estava Sirie com um exército o ouvindo com muita atenção. Sirie estava num palco bem grande com um microfone nas mãos.

- Agora vamos acabar com os fracos desse país e subir ao poder, o mundo não terá um bom futuro com esses políticos que regem o nosso país.

- Aeeeeeeeeeeeee!!! - Um grito de vitória foi solto todo o exercito.

Sirie sorriu para a multidão que o venerava com fidelidade.

- “Patéticos, todos vocês! Acredito que todo o homem que obedece a outro homem é um patético, se eu estivesse nesse exército... Eu mataria o homem que estivesse nesse lugar e pegaria o posto de líder para mim! Meu sonho ira se cumprir finalmente e nada irá me deter, nada!!”.

 

Dois dias se passaram e Ryori e Yuy ainda estavam em Monte Belo com Ruk e mais cinqüenta homens, fiéis homens que não abandonaram o ruivo mesmo que suas chances de vitória sejam nulas. Agora o casal estava na varanda do quarto vendo que a apreciada visão do jardim se transformara em preparativos para uma guerra.

- Quando isso vai acabar? - Yuy fala consigo mesmo, mas o ruivo ouviu.

- Isso não é apenas um briga, é uma guerra!

- Você acha que Sirie pode controlar Nodai?

- Não sei, sinceramente... Acredito que não! Ele pode até me derrotar, mas nunca conseguira realizar suas ambições... O povo quando não aceita algo luta por seus ideais, as pessoas irão se revoltar se Sirie for ao poder!

- Mas são apenas pessoas!

- Sim e são elas que regem o nosso mundo... São esses trabalhadores que mandam no mundo, e se eles se unirem a um ideal... Nada os deterá!

- Eu não sei...

- Yuy... Pense! Você acha que se apontar uma arma para as pessoas elas vão se calar? Muitas pessoas se atiram na frente dos seus inimigos, porque você acha que nós estamos um mundo democrático agora?

- Porque as pessoas se cansaram da ditadura de antigamente.

- Viu só? Elas se cansaram... E sempre que as pessoas se cansam uma revolução acontece!

- É mesmo... Você é muito inteligente! - Yuy sorri.

- Não, eu apenas vejo as coisas de outra forma!

Ryori abraça o moreno enquanto olhava seriamente para os homens trabalhando lá embaixo.

- “Mas com essas revoluções... Muitas pessoas morrem e eu não quero isso... Quero que nada de mal aconteça a você, prometi te proteger ao seu pai!”. - Ryori suspira ansioso por ver onde tudo isso iria acabar.

 

O casal estava abraçado numa boa na varanda, mas Ryori não podia desfrutar desse breve momento de paz, o dever lhe chamava.

- Yuy...

- Hum?

- Tenho que ir, depois nos falamos! - Ryori se desfaz do abraço.

- Vai demorar... Muito? - Yuy pergunta meio cabisbaixo.

- Não sei, mas farei o possível para voltar antes e...

- Não se preocupe, por favor, eu não sou mais uma criança, eu sei que está ocupado... - Yuy diz interrompendo-o - ... Nossa!! - Ele diz agora dando um sorriso bobo.

- O que foi? - Estranhou.

- Isso tudo é tão incrível, tudo aconteceu em pouco tempo, tantas mudanças... Tantas experiências e eu só estava tentando estudar em um bom colégio!

- Arrepende-se? - Perguntou encarando os azuis de Yuy.

- Sabe, Ryori... Apesar de tudo, eu não me arrependo, só de uma coisa, mas isso não tinha como se evitar! - Disse com seus olhos rasos d’água.

- Desculpe-me por isso...

- Não... - Yuy foi até o ruivo puxando seu rosto pelas suas mãos.

Os dois ficaram se encarando apaixonadamente, os seus azuis pareciam estar bem felizes, era uma sensação muito boa, mas seus lábios de repente pareceram-se mais secos que o normal, então seus lábios se uniram em um beijo calmo e cálido. Minutos depois os dois se separam com um leve sorriso de satisfação no rosto.

- Tenho que ir! - Diz Ryori.

- Hum hum! - Yuy faz um sim com a cabeça.

- Mas antes quero lhe entregar uma coisa! - Ryori entrou no quarto e Yuy o seguiu com muita curiosidade.

Ryori foi até seu armário e pegou algo, quando mostrou a Yuy ele abriu um grande sorriso.

- Meu coelhinho!!! - Ele agarrou sua pelúcia com força.

- Eu havia me esquecido de lhe devolver! - Ryori sorri.

Yuy nem dava mais atenção ao ruivo, ele estava rodando pelo quarto com seu coelhinho rosa nos braços, seu sorriso era de uma criança que acabara de ganhar o mais gostoso doce de uma loja e isso fazia Ryori se sentir bem.

- Vou indo! - O ruivo já ia se afastando, mas Yuy o chama.

- Obrigado! - O moreno diz.

Ryori lhe sorri e sai do quarto fechando a porta, agora o moreno se encontrava sozinho, mas esperaria por seu amor, não importando o quanto fosse.

 

Yuy havia tomado um banho e agora estava jogado no meio das cobertas com seu inseparável coelhinho de pelúcia, que na sua vaga memória havia colocado o nome de Ryo-kun. O moreno estava tentando assistir televisão, mas não passava nada de interessante para ele, até que ele deixou no canal de reportagens.

- Ahhhh! Que tédio!! - Yuy escorrega para de baixo das cobertas todo relaxado, mas uma notícia na televisão o faz se sentar rapidamente para prestar atenção.

O noticiário dizia:

Hoje às 15:25 h. os quinze ministro foram assassinados brutalmente por uma gangue de rebeldes”.

“Ainda hoje sete cientistas estrangeiros foram encontrados mortos perto de um depósito de lixo, todos eles haviam desaparecido há 2 anos, mas a perícia mostrou que eles foram mortos há algumas horas”.

 

- Meu Deus!! - Yuy sentiu-se mal, achou que tudo aquilo podia estar relacionado com Sirie.

- Algum problema senhor? - Um guarda entra no quarto olhando ao redor com cautela.

- Tudo bem, só estava vendo isso! - Yuy apontou para o noticiário.

- Ahhh! Já sabemos disso! - Disse o guarda.

- Já? E o Ryori também??

- Claro que sim! Mas eu vou indo então, qualquer coisa me chame! - O guarda sai do quarto olhando para todos os lados.

- Então ele já sabia... - Yuy diz preocupado.

 

Um vulto negro corria por todos o corredores com uma incrível agilidade, tudo que via era gravado em sua memória e tudo que tocava ia para os seus bolsos. Seu rosto era encoberto por uma mascara negra, mas por sua agilidade poderia se dizer que era um ninja muito habilidoso.

Os infelizes guardas que cruzavam seu caminho tinham uma morte rápida, todos caiam no chão silenciosamente por um dardo venenoso. Agora esse vulto cruzava a entrada secreta por onde entrara, mas agora fugia velozmente adentrando na imensa floresta que cobria a fortaleza que espionava até agora.

O vulto preto vai até um amontoado de folhas revelando uma moto, ele a pega com cuidado vendo se não tinha ninguém por perto, depois vai embora sem deixar nenhum rastro. No alto da estrada o vulto deixa sua máscara para trás revelando um belo rosto masculino, seus olhos verdes eram escondidos por um par de óculos escuros, seus cabelos loiros voavam ao vento, ao ver nem parecia mais o habilidoso vulto que corria pelos corredores de uma fortaleza.

Horas depois o rapaz chega a um ponto estratégico, ao descer da moto é recepcionado por dois homens fortemente armados, o rapaz os segue tranqüilamente até uma casa.

- Como foi Aki?

- Muito bem senhor! - Diz o rapaz ao seu líder.

- Foi descoberto?

- Não senhor Nako! - Ele sorriu.

- Ótimo, o que nos pode adiantar? - O ruivo pergunta ansioso.

Ao seu lado estava Ruk e Shibushi, eles conseguiram descobrir o esconderijo de Sirie graças à saída dos seus homens na tarde desse dia. Os homens de Sirie deixaram a fortaleza para se livrarem dos corpos dos cientistas seqüestrados, mas eles não perceberam que tinha gente rodando a cidade toda e todo movimento suspeito iria ser seguido, sendo assim logo acharam o esconderijo.

O ruivo admitia que Sirie sabia se esconder, era esperto demais se esconder em uma fazenda de gado, bem no interior de Rondon, uma cidade que não mostrava risco nenhum para ele. Aki sentou-se em uma das cadeiras, suas mãos tiravam dos seus bolsos tudo o que havia coletado.

- Essa é a planta da nova arma de Sirie, que se chama Céu, essa é a planta da fazenda e esse são os levantamentos de tudo que aconteceu. - O rapaz apontava para todos os objetos da mesa.

- Bom, muito bom! - Ryori diz satisfeito.

- Obrigado senhor! - Aki se levanta com um sorriso no rosto.

- Pode ir agora, mas fique em contato! - Ryori diz.

- Sim senhor! - O rapaz sai da sala tranqüilamente.

- Podemos confiar nele, Nako? - Shibushi pergunta.

- Claro que não!

- Não??? - Engasgou com o susto.

- Ele não pode ter feito tudo isso em tão pouco tempo, conheço Sirie e sei que ele não é tão burro! - Diz Ryori, jogando tudo que Aki trouxe no chão uma única braçada, parecia estar bastante irritado.

- Por que está com ele ainda? - Shibushi perguntou inconformado.

- Porque ele é útil, pois é um agente duplo! - Diz Ruk ao loiro.

- Como? Agente duplo? - Olhou para Ryori, mas este saiu da sala com uma expressão irritada.

- Eu lhe explico, ele está trabalhando tanto para Sirie quanto para Ryori!

- Mas como?? - Indignou-se.

- Esses caras só pensam no dinheiro, quanto mais ganharem melhor e o pior é que ele é muito habilidoso! - Cruzou os braços fazendo um não com a cabeça.

- Hum? Mas então tudo que ele fez é mentira? - Perguntou olhando para a planta da arma no chão.

- Não...

- Não?? Ahhh que confusão...

- Ele parece ser um agente duplo, agora não sabemos se é realmente, mas isso pode ser verdade como pode não ser! - Sorriu para a expressão confusa do loiro.

- Deixa eu ver se entendi... - Fez uma pausa - ... Por ele ter conseguido tudo muito rápido significa que ele deve ter algo com Sirie, mas ele pode ter algo com Sirie e trabalhar para Ryori e quando ele sair daqui ele pode contar tudo o que viu aqui para o Sirie! É isso?

- Hummm... Aprende muito rápido! - Sorriu.

Shibushi fechou a cara para o rapaz na hora, mas este nem ligou e continuou no seu flerte.

- Acho que poderia lhe ensinar muito, é só me dar à oportunidade! - Disse se aproximando da cadeira onde Shibushi estava sentando.

- Não espere por isso tão cedo! - Respondeu rudemente.

- Não esperar tão cedo? Então eu tenho uma chance! - Ruk parou na frente do loiro com um sorriso bobo no rosto.

- Dá o fora! - Diz o loiro se levantando, fazendo os dois corpos ficarem bem próximos do outro.

Shibushi sentiu um frio lhe percorrer a espinha, essa aproximação havia lhe trazido uma sensação muito estranha, mas ao mesmo tempo gostosa. Essa sensação não vinha para Shibushi há muito tempo, já que limitou todos os seus sentimentos a Ryori.

- Tenho pena de você Shibushi, é realmente... - Ruk se aproximou mais ainda do loiro como se fosse beijá-lo, mas não o fez. - Uma pena mesmo! - Disse saindo da sala.

Shibushi olhou para o chão chateado, ergueu sua cabeça, mas não se motivou nem um pouco.

- É realmente... Eu sou digno de pena! - Pensa com os olhos rasos d’água.

- Mas se precisar!! Estarei lhe esperando... - A voz de Ruk soou bem baixa, pois já estava longe da sala.

Shibushi abriu um doce sorriso, ergueu novamente seu olhar sentindo-se melhor, por incrível que pareça havia se sentido protegido por Ruk, coisa que só sentia por Ryori. Quando vira Ruk da primeira vez nunca pensara que ele seria tão gentil com ele, pois o rapaz era diferente, ele não olhava só para a sua beleza externa. Com o pouco tempo que conviveu com ele pôde notar que ele tentava puxar assuntos e tentava também animá-lo às vezes.

Era algo novo para Shibushi, Ruk era uma pessoa nova em sua vida e era isso o que mais precisava no momento, agora só tinha que se acolher em novas asas para protegê-lo novamente desse mundo estranho, realmente as aparências enganavam, mas um dia teria que se proteger por si próprio, contudo essa não era a hora para aprender essa lição.

 

“Você descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, é uma das  poucas que o ajudam a levantar-se”.

 

Continua...