Sem Despedidas

*

Respeito por si mesmo,

Respeito pelos outros,

Responsabilidade por seus atos.

*

Uns dias passaram depois da invasão na fortaleza de Sirie, havia descoberto-se que o espião Aki, por sorte não era um agente duplo, ele conseguira invadir a fortaleza com as suas próprias habilidades, isso é, ele era realmente muito bom no que fazia.

A matança de Sirie ainda continuava, via-se a cada dia líderes, políticos e fortes empresários em caixões de madeira acompanhados por pessoas entristecidas. A policia não sabia o que estava acontecendo, pois uma ronda de crimes estava acontecendo, tudo estava um caos, até a economia estava em jogo no momento, parece que Sirie sabia muito bem quem eliminar primeiro.

Enquanto toda essa tempestade caia sobre o atual governo, Ryori tentava arranjar meios de estar um passo a frente de Sirie, para poder finalmente capturá-lo antes que ele dê um passo maior e o pegue primeiro. O circo estava se fechando tanto para Ryori quanto para Sirie, agora era só uma questão de tempo para que mestre e discípulo se enfrentem.

As estrelas cobriam todo azul escuro do céu, a noite estava mais quente que o normal. O cheiro de Dama da Noite infectava toda a mansão dando um bom agrado a todos os seu hospedes e o bater do vento nas folhas das árvores davam um som bem relaxante. No principal quarto da mansão um casal apaixonado deitava-se em uma imensa cama, seus corpos nus eram cobertos por finos lençóis.

- Que calor... - Yuy reclama passando a mão na testa.

- Mas é muito bom ficar assim juntinhos! - Diz Ryori o abraçando.

- Ahhh! Desgruda Ryori! - Yuy o empurra delicadamente.

- Hummm... Mas você está uma graça coradinho desse jeito!

Ryori segura os pulsos de Yuy o prendendo, impedindo que o moreno o repelisse novamente. O ruivo dá um impulso pro lado ficando em cima de Yuy, segurando seus pulsos na altura da sua cabeça. Outro sorriso é visto no rosto de Ryori quando ele se senta no abdômen de Yuy e fica a encará-lo. O moreno estava sério, olhando Ryori com muita atenção, não deixando nada escapar do seu olhar atencioso.

Os dois sempre se admiravam ou faziam isso quando o outro estava dormindo, ou quando os dois estavam sozinhos. Não importava o dia, o tempo e nem a ocasião, eles sempre se admiravam.

Ryori inclina seu corpo pra frente capturando os lábios macios de Yuy com os seus, logo um beijo muito saboroso é iniciado por ambos, as mãos que antes seguravam os pulso do moreno agora iam descendo por seu corpo nu. Yuy abraça as costas do ruivo com força puxando-o para mais junto de si, os dois corpos já suados estavam colados, ao longe pareciam ser um único ser.

Beijos eram depositados no pequeno rosto de Yuy e este sorria para Ryori de um modo bobo, mas não infantil, ao contrário, Yuy provocava muito o seu amante fazendo ele ficar louco com seus gestos. A temperatura do quarto pareceu ficar mais quente e o antigo cheiro de flores se misturava com o de sexo, ambos concordavam em pensamento que essa era uma ótima mistura.

Os lençóis foram ao chão num segundo, agora a luz da lua revelava os corpos que se moviam na cama e o silêncio começou a ser quebrado por sussurros de amor. Uma língua quente e habilidosa descia para o peito de Yuy chegando até seus mamilos para depois serem capturados pelos lábios de Ryori, quando encontrou abocanhou-os na hora dando fortes lambidas e leves mordidas no botão rosado, que já estava ficando vermelho.

As mãos de Yuy encarregavam-se da pele de Ryori, que já estava ficando avermelhada com os fortes apertões e unhadas que ele dava inconscientemente no seu amado. Ryori nem sentia os arranhões, mas é claro que sentia as mãos de Yuy nele, mas isso o deixava mais estimulado a continuar.

- Ryori... Me deixa... - Yuy pede.

- Humm... - Ryori continua o seu serviço sem dar atenção para o moreno.

Yuy faz um pouco de força e afasta Ryori de si, queria lhe proporcionar prazer também e fazia tempo que não fazia isso, já que da última vez foi tão rápido. Ryori deixou o moreno ficar por cima dele a contra gosto, pois estava se divertindo com o banho de saliva que estava dando em seu amado, mas já estava estranhando Yuy não intervir em seus planos como sempre fazia.

Agora a língua de Yuy deslizava pela pele aparentemente pálida de Ryori deixando leves marcas, o moreno mordia a pontinha da orelha de Ryori, achava estranho este sentir prazer naquele lugar tão monótono, mas o que se podia fazer? O ruivo já era estranho mesmo. Contudo, Yuy já havia deixado aquele lugar, agora descia sua língua para um ponto mais sensível ao corpo de qualquer homem, deu uma olhada pra Ryori que lhe sorria maliciosamente.

- Vamos ver... - Yuy lhe sorri e com uma mão toca o seu membro inchado.

Um leve gemido não pôde deixar de escapar dos lábios de Ryori e o moreno sorri e continuar a apalpar o seu membro fazendo-o ficar cada vez mais louco em suas mãos.

- Vai logo!! - Diz impaciente.

Yuy começa a masturbá-lo sem muita força, fazendo Ryori rebolar na cama inclinado seu corpo para frente em busca de mais pressão. Yuy solta seu membro e cai de boca nele fazendo o ruivo gemer bem alto dessa vez.

Ryori jogou a cabeça para trás enquanto sentia a boca quente de Yuy envolver todo o seu membro, suas mãos seguravam com força o pouco lençol que estava em baixo dele e seus cabelos já grudavam na sua testa de tanto suor. Sentia o gozo chegando, não queria gozar agora, não ali, mas sim em outro lugar. Ryori pede num sussurro que Yuy pare e este obedece, já que queria o mesmo que seu amante.

Ryori se senta na cama puxando Yuy pelos ombros, os dois deram um forte beijo ao se encararem e enquanto se beijavam, o moreno senta de frente no colo de Ryori pronto para ser preenchido pelo membro duro e inchado dele. Duas mãos foram até a cintura do moreno a segurando com força, enquanto isso Yuy se ajeitava. Ryori posiciona o seu membro com uma mão na entrada de Yuy e este estava agarrado ao pescoço do ruivo.

Um grito foi ecoado pelo quarto quando a cabeça do membro de Ryori entrou em Yuy, o moreno fechou os olhos com força se agarrando aos cabelos ruivos. Ryori esperou um pouco e empurrou Yuy mais para baixo, enterrando seu membro dentro dele, agora sim os dois estavam juntos, agora pareciam um único ser banhados pela luz da lua.

Iniciou-se uma cavalgada em cima de Ryori, os dois amantes gemiam de prazer. Yuy sentia seu membro ser pressionado com força entre ele e o abdômen do ruivo, que lhe dava estocadas rápidas e fortes e por fim, o ruivo não agüentou mais e com um grito acabou gozando dentro de Yuy, que gozou também ao sentir o líquido de Ryori escorrer por suas pernas.

Os dois ficaram na mesma posição, abraçados, esperando suas respirações se normalizarem. Instantes depois os dois se encaram com um olhar febril e se beijam, parecia que a noite havia ficado mais quente, isso era o que o casal achava.

Na manhã seguinte, o som dos carros e vozes acordaram o casal que dormia abraçado. Ryori abre os olhos preguiçosamente e vê que horas eram, enquanto Yuy soltava um longo bocejo.

- Bom dia... - Yuy lhe dá um selinho na boca.

O ruivo lhe sorri e bagunça seus fios negros com sua mão, fazendo Yuy protestar um pouco.

- Já ta tudo bagunçado mesmo! - Ryori diz.

- Mas não precisa bagunçar mais! - Respondeu contrariado.

- Fica uma graça assim... - Ryori lhe dá um beijo de tirar o fôlego de qualquer um e lhe sorri.

Os dois sorriem, mas um som irritante desmancha o sorriso de Ryori. Um dos seus empregados batia na porta.

- Senhor Nako?

- O que quer?! - Perguntou impaciente.

- O senhor Shibushi lhe chama com urgência!

- Agora? O que é??

- É sobre o seu pai...

Nesse instante Ryori pula da cama enrolando um lençol envolta da sua cintura, ele vai até a porta a escancarando-a.

- Meu pai?!?!? - Ryori encara seu empregado com um misto de surpresa e medo.

- Sim... - Antes do empregado começar a falar, Ryori o segura pelo colarinho da camisa perguntando o que tinha acontecido.

Percebendo a situação difícil que o pobre empregado estava, Yuy resolve ajudá-lo, ele se levanta enrolando outro lençol na cintura e vai até Ryori, tocando em seu braço fazendo o ruivo soltar o empregado, que se afastou um pouco do casal.

Percebia-se a preocupação de Ryori, sabia-se que ele tratava muito mal o seu pai e que não deu nenhuma importância para ele até agora, mas pelo visto o ruivo se preocupava muito com ele, isso é, ele apenas não demonstrava.

Ryori entra rapidamente em seu quarto, vai até seu armário vestindo uma calça jeans e uma camiseta preta, colocou seu velho crucifixo e uma bota de couro que era escondida pela barra desfiada da calça. Yuy apenas acompanhava o seu amor à distância, não falou nada, Ryori também não iria lhe dar atenção e nem se preocupava com isso já que sabia o que estava se passando no seu interior.

O ruivo vai até o escritório, ao entrar vê Shibushi sentado numa poltrona segurando o rosto com as mãos e Ruk em pé olhando para o lado de fora da janela.

- Nako? - Shibushi levanta o seu rosto ao ver o ruivo entrando.

- O aconteceu com meu pai? - Ryori se aproxima.

- Nako... Essa fita chegou hoje... - Shibushi apontou para uma fita que estava em cima da mesa do escritório.

- Uma fita? - Ryori pega a fita na mão a analisando com atenção.

- Tentamos achar quem a entregou, mas não foi possível, parece que isso tudo aconteceu de madrugada! - Ruk finalmente diz algo.

- Incompetentes! - Ryori se irrita - Bom, mas o que temos aqui?

Shibushi olha novamente para o chão, seus olhos carregavam muita angustia e isso preocupou Ryori, que se aproximou dele com a fita nas mãos.

- Tudo bem? - Pergunta.

- Nako... - Ele olha para o ruivo - Eu não queria que isso acontecesse, deveríamos ter cuidado disso antes, foi muito descuido da nossa parte!

- Ora!! Chega de rodeios, me diga logo o que está acontecendo!!

- Veja a fita, senhor! - Ruk diz.

Ryori olha para Shibushi e depois olha para fita, ele vai até a sala no caminho encontra o moreno e os dois vão juntos, Shibushi e Ruk vão também logo atrás deles. Ryori coloca a fita no vídeo cassete e se senta ao lado de Yuy.

*A gravação*

Na gravação mostrava uma sala de metal sem portas e janelas, não dava para saber onde estava o chão e o teto, só tinha uma cadeira de madeira no centro do salão, mas não tinha ninguém ali. Um barulho é ouvido e uma das partes da parede é aberta revelando uma imensa porta, nela entram três homens, eram dois guarda e um cara encapuzado. O homem encapuzado senta-se na cadeira contra sua vontade, logo seus braços são amarrados ao braço da cadeira.

Um rosto conhecido aparece na sala, era Sirie que estava com um sorriso muito maldoso, o rapaz se aproximou do prisioneiro retirando o pano que o encobria revelando o prisioneiro, que não era ninguém mais do que o senhor Mafuri. O rosto deste possuía arranhões e marcas roxas, sua expressão estava bem cansada, parecia um trapo. Sirie se aproxima dele e diz em voz alta.

- O que temos aqui!!

- O que você quer maldito? - Mafuri o olhava com uma fúria assassina, mas Sirie não pareceu se abalar com isso.

- Eu nunca gostei de você... Mas antes eu não podia acabar com você, mas agora posso! - Sirie tira uma faca da sua jaqueta.

- Não podia? E por que não??

- Por que Ryori iria me odiar se fizesse isso, mas agora eu quero o seu ódio para mim mesmo! - Sirie se aproxima de Mafuri com a faca nas mãos.

- Humm... Não conseguirá nada me matando! - Mafuri diz meio ressentido.

- Não creio, sei que Ryori não demonstra o que sente, mas sempre falou bem de você, ele não queria admitir que te admirava.

- O que está querendo com isso, Sirie? Por que está me dizendo isso agora? - Indagou confuso.

- Só estou comentando algo com você, já que nunca tivemos a chance de conversar antes... - Sirie fica de frente com Mafuri olhando bem nos seus olhos. - São incrivelmente parecidos, até no olhar se parecem.

- Você não se dará bem, meu filho não vai permitir que faça mais nada!

- Crê nisso? É um tolo mesmo, mas seu filho irá morrer... - Sorriu.

- Nunca, Ryori é muito forte, mais forte que qualquer um. É incrível como você não o conhece, sei quem é meu filho, eu o conheço melhor que ele mesmo, não é só porque eu me ausentei algumas vezes como pai que eu não o amo. Eu espero que você entenda isso, mas acho impossível já que nunca deve ter recebido o amor de ninguém na vida e se já tiver recebido com certeza esse amor devia ter se acabado num desastre, pois tudo que cruza seu caminho vira trevas, então você não poderá nunca alcançar o meu filho, já que você está muito abaixo dele!

Sirie irritou-se e nisso deu um soco no rosto de Mafuri machucando mais sua pele, mas Mafuri não soltou um gemido sequer ele voltou seu olhar vitorioso para Sirie, que parecia estar mais irritado.

- Bonitas palavras, irá morrer com toda sua filosofia! De que lhe serviu me irritar? Agora terá uma morte mais sofrida!!

- Já tive o meu tempo nessa Terra! - Diz corajosamente.

- Mas pelo visto não foi amado por seu filho! - Riu.

- O que posso fazer? Mas eu me sinto bem... Pelo menos eu o amei com toda as minhas forças, eu não tenho arrependimentos. - Sorriu.

- Não me diga que não tem medo da morte? - Pergunta apontando a faca na sua direção.

-  Respeito por si mesmo, respeito pelos outros e responsabilidade por seus atos... Aprendi isso, mas creio que alguém como você não descobriria isso nem em mil anos!

Sirie irritou-se de verdade agora, em um movimento rápido a faca ficou banhada de sangue. Mafuri estava com um pedaço da garganta cordada. Mafuri olhou para cima, seus olhos estavam brilhantes, parecia que choravam por dentro, mas nenhuma lágrima saíra dos seus olhos, seu coração batia cada vez mais devagar e o ar estava ficando mais difícil, não sentia nada, mas sabia que estava morrendo.

“Seja feliz meu filho, eu não me arrependo de nada... Só queria vê-lo novamente, talvez em outra vida eu...”.

As mãos sem vida de Mafuri caem lado a lado da cadeira, seus olhos estavam fechados e sua cabeça estava jogada para trás, todo o ar elegante daquele corpo fora embora em poucos segundos, agora só restava um cadáver sem vida jogado na cadeira.

Sirie olhou para câmera apontando a faca na sua direção, ele dá um sorriso e lambe o sangue que estava na lâmina com a língua. Não disse mais nada e saiu da sala jogando a faca no chão.

*Fim da gravação*

Ryori estava paralisado, desde que começara a fita, ele não havia movido um centímetro sequer do seu corpo, seus músculos estavam tensos, sua boca estava seca e seus olhos estavam arregalados, nem percebera que Yuy segurava sua mão, que já estava com uma temperatura abaixa do seu corpo.

Yuy estava chorando, Shibushi nem havia assistido à fita novamente e Ruk mostrava-se impassível.

- Pai... O que foi que fiz? O que foi que fiz? O que foi que fiz? Eu... Eu queria que... Que estivesse aqui... Agora... Comigo... Como antigamente, como nos velhos tempos, como no tempo em que éramos felizes, queria que o tempo voltasse, queria viver novamente aquela vida de antes, queria me afogar na ilusão daquele passado maravilhoso... Por quê? Por que com você? Justo você... Agora eu penso que você foi o que mais sofreu, foi aquele que mais suportou a dor, você foi muito forte pai... Me agüentou durante esses anos e tudo isso sozinho, enquanto eu estava nas ruas me drogando ou coisa parecida para esquecer tudo, mas você...Você não se desviou do seu caminho, você continuou em pé e mesmo não estando presente nas horas mais difíceis para mim, eu sabia, no fundo eu sabia que poderia contar com você, sabia que me estenderia à mão se fosse necessário. Que remorso sinto, agora eu posso entender por quê você era tão triste meu pai, agora eu vejo como fui um filho tolo e miserável, eu queria poder lhe ver novamente para lhe abraçar e lhe dizer te amo!

Todos chamavam por Ryori, mas o ruivo não respondia, pois estava em seus pensamentos, estava se culpando por tudo e se remoendo de remorso por dentro. Yuy o abraçou e ficou chorando em seus ombros lhe falando algumas palavras consoladoras, inúteis já que Ryori não estava mais nesse mundo.

*

“Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende  que  o tempo não é algo que possa voltar para trás.   Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores”.

 

“Descobre que as pessoas com quem você mais  se importa na vida são tomadas de você muito depressa por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos”.

 

Continua...