Pinião

Augusto calheiros e luperce Miranda

Pinião com Augusto Calheiros e Turunas da Mauricéia 1927

 

Pinião, pinião, pinião, oi

Pinto correu com medo do gavião

Por isso mesmo o sabiá cantô

Bateu asa e voou e foi comê melão

 

Essa sumana um gavião lá dos oitero

Chegou lá no meu terreiro biliscando pulo chão

E um pintinho que tava jun’da galinha

Foi correndo pa cozinha com medo do gavião

 

No meu terreiro tinha um pé de araçá

Onde um sabiá-gongá fazia seu palantão

Um dia desse ela tava descuidada

Quase morre degolada nas unha do gavião

 

O gavião é um bicho carniceiro

Quando bate num poleiro come os pinto qu’ele qué

Um dia desse um se trepou lá na mesa

Nunca vi tanta afoiteza, biliscou minha muié

 

Minha muié se assombrou-se nesse dia

Quase morre de agonia com uma dô no coração

Gritava tanto cus dois óio abuticado

Até que eu fiquei vexado cum medo do gavião

 

E é um bicho mais pió do que um cão

Não há muié que se livre do bote do gavião

O gavião quando tá aburrecido

Marca o bote na muié e finda pegando o marido

 

    Gravada originalmente em 1927 na Odeon pelo Turunas da Mauricéia e lançada em discos 78 rpm

    Outras gravações conhecidas são as de Almirante, Augusto Calheiros (1953), Nuno Roland (1958), Banda do Canecão (1973), Trovadores Urbanos (1997), entre outras.

    Augusto Calheiros fazia parte do grupo musical pernambucano Turunas da Mauricéia e foi quem de fato a cantou na gravação original. Em 1953, regravaria Pinião sozinho, também pelo selo Odeon e como gênero "embolada". Vale lembrar que o extraordinário bandolinista Luperce Miranda, também autor da música, fazia parte do Turunas.

    Pinião, apesar de ter a letra muito extensa e não sido feita propositadamente para fins carnavalescos, foi insistentemente tocada em um alto falante colocado em um edifício na frente da movimentada Galeria Cruzeiro, fazendo com que o povo a aprendesse e a transformasse em grande êxito no carnaval de 1928.

 

Letra com cifras


 

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