Distúrbios Meu ser rude e cruel, digníssimo portador, De toda as dores (as existentes r as que ainda não criei); meu fel, signatário do desejo mais profundo, De meu ser inacabado – inadaptado –, Que, das águas saindo, às águas quer Voltar; minha amantíssima escuridão, Que sempre me acompanha, para os casos De excepção, rosa rubra a florescer, na Imensidão dos oceanos perdidos, que são Meus inermes passos neste mundo, que Não percebo; meu querer, sem ter querer, A perder-se infinitamente, aquando de seu Primeiro fulgor; Ser tudo e nada, ao mesmo tempo, E sobrar-me o escárnio de mim mesmo; Minha obsessão por todos os vidros partidos e os Que se mantêm, ainda, Inteiriços – principalmente estes os últimos; Minha rectidão, pelo puro, Nesta terra de ninguém, nesta terra de gente impura, Plena de vícios e de enganos mil; Oh, quem houvesse, aqui, que soltasse amarras, De meu ser profundo, imerso e escuro, Como quem desfolha uma flor pela Primavera, Bico de lacre, de minha meninice, verdelhão, Em figo maduro!!! Jorge Humberto 03/02/05 |