O Gato Poeta Inda o sol mal raiou E o sono é que prevalece, E já o gato se cismou De que lhe devo benesse. Logo sobe na cama, Põem pelúcia e atenta No tecido do pijama, Qual morder agora tenta. Maus hábitos de alguém, Que o gato é adotado, Miar não sabe – ó desdém –, Dá estalidos, o desgraçado. Disseram as bem-querenças, Que era coisas do coração, Mas as das parecenças, São pra mim coisas em vão. Ainda assim ficou a se chamar, Ao gato pardo: O Poeta; Mesmo não sabendo ele miar, Manhã cedo já desperta. E nós com ele e toda a casa E – se perguntássemos – vizinhos Incluídos, maldizendo da raça Do gato e também dos passarinhos. Mas como não nos metemos Em vida alheia nem somos assim Tão curiosos, logo adormecemos, Manhã dentro, perto do fim. Jorge Humberto 09/02/05 |