O Canto do cisne Minhas mãos estão sujas Dos pecados que te acometi Minhas mãos vão nuas Como de mim tudo o que perdi. Meus dedos são garras O pouso de minha mão Traz o toque da morte com ela E eu apelo à razão Que me leve junto a ela Sem apelo nem comoção. Todo eu sou sombras Coisa informe e delicada E quanto mais eu me conheço Quanto mais não me mereço Mais e mais me envelheço Para esta vida pouco mais Que nada.. Ah, que se me cegassem os olhos O dia em que te vi E que as mãos me dormissem Ao chegar-me junto a ti – Como não há razão Que não supere a emoção Outro tanto de felicidade Esquecida na saudade. Mas ah, tu vinhas tão linda, Nobre, o traço esmiuçado Que eu logo supus morrer Para não te dar agravo Desse teu viver. Jorge Humberto 27, Setembro, de 2005 |